O Som da Alma escrita por Marina Evans


Capítulo 3
Os Evans


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu gostaria MUITO mesmo de agradecer à Blake e a Unicornia, que comentaram o capítulo anterior. Muito obrigado, garotas! Parte do motivo de eu ter postado o capítulo hoje devo à vocês, e a outra parte é que minhas aulas vão voltar segunda, então... Estou tentando postar quantos capítulos puder porque depois ficará difícil. Volto a pedir comentários, eu realmente quero saber o que estão achando e poxa vida, já estamos no terceiro capítulo então acredito que dê para ter uma opinião sobre, não? Quero saber o que estão achando, então pra quem só acompanha ou favorita sem comentar, gente, please. Gosto de saber a opinião dos leitores. Come on.
Até o próximo,
Beijos



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Depois que cuidaram das crianças, Scar e Lorens digiram-se à casa de Scar, que era ali mesmo. Tiveram que correr debaixo da garoa fina praguejando até chegar a uma simpática casa amarela de dois andares, agora já risonhas e ensopadas. Ao chegarem, se sacudiram na soleira da porta, resmungando pelo frio passado enquanto corriam pelo corredor reclamando da chuva. Subiram para os quartos e voltaram com toalhas no cabelo e roupas secas.

– Onde diabos estavam? - A voz masculina fez as duas erguerem a cabeça em direção à sala, enquanto desciam as escadas.

Sentados no sofá do sala, estavam os quatro irmãos mais velhos de Scar. Seth Evans, alto e atlético, segurando o controle enquanto fitava a irmã, assim como Paul, com cabelo estilo militar e um enorme sorriso nos lábios, Rob, alto e magro como um jogador de basquete, e Ryan, cuja pele bronzeada era resultado dos dias surfando debaixo do sol californiano.

– Estávamos no vizinho, cuidando daquelas pestes.

– Também conhecidas como crianças. - Scar piscou para os irmãos, enquanto eles riam voltando a atenção para a TV. Era uma partida de Fifa Street.

– Lorens cuidando de crianças, hm. - Seth comentou, pensativo. - Restaram sobreviventes?

– Onde ela escondeu os restos mortais? - Rob emendou, rindo quando a morena mal humorada lhe mostrou o dedo do meio.

– Calem a boca. Scar serve para essas coisas, eu não. - A garota anunciou, dando ombros enquanto largava-se no puff que tinha no canto da sala, bufando.

– O que tem para comer? - Scar questionou, animada.

– Que folgada. - Paul disse, com um sorrisinho, vendo a irmã caçula olhá-lo estreitamente.

– Convivência com você.

– Não, se você convivesse comigo seria linda, maravilhosa e glamourosa.

– Acrescente fresca também.

– Isso tudo é amor, só pode. - Rob intrometeu-se. - Na geladeira tem lasanha, lombriga esfomeada.

– Eu quero! - Lorens ergueu-se num pulo.

– Então você é a lombriga esfomeada.

– Essa é a Scar.

– Mas quem foi que disse 'eu quero'?

Lorens bufou, girando os olhos. Os quatro rapazes riram, os pares de olhos verdes voltando a se fixar na TV.

– Scar, seus irmãos são um saco. - A garota seguiu a amiga, que tinha ido para a cozinha. - Sabia disso?

– Aham. - Scar respondeu vagamente, tirando uma vasilha plástica da geladeira.

– Scar! - As vozes masculinas em uníssono ressoaram pela casa.

– Correção: eles são lindos, maravilhosos e glamourosos. - A caçula dos Evans disse, rindo quando os irmãos fizeram uma barulhenta comemoração na sala.

– Vocês não gostam de mim. - Lorens anunciou, birrenta.

Scar riu, dando a volta pela mesa. Fez um cafuné na amiga e colocou no microondas dois pedaços generosos de lasanha para esquentar, enquanto largava-se em um dos banquinhos que ficavam próximos ao balcão da cozinha.

Os Evans eram uma família grande. Primeiro vieram Seth e Paul, depois Robert e por fim os dois últimos que não eram esperados: Ryan e Scarlett. Depois daquilo Celiny Evans decidiu que definitivamente era melhor ser operada, atitude tomada por Carl Evans também, na época. Na opinião de Scar, era ótimo ter uma família grande. Eram unidos e se davam bem apesar de tudo. Os pais eram donos de uma loja de construção na qual os irmãos trabalhavam, apesar daquele fim sábado estarem todos ali. Após comer, ela e Lorens voltaram para a sala, largando-se nos lugares vagos do sofá, um móvel de couro preto enorme em formato de L totalmente confortável.

– O que houve que estão aqui? - Scar comentou, jogando as pernas por cima das de Rob.

– Cara, você é tão folgada. - O rapaz bufou, apoiando os braços sobre as canelas da caçula. Os cabelos castanhos formavam pequenos cachinhos, apesar de serem lisos.

– Você me ama. - Scar comentou, manhosa, sentando-se para dar um beijo na bochecha do irmão.

– A dedetizadora está lá hoje. - Foi Seth que respondeu, vago. - Droga Paul, como você é trapaceiro cara.

Paul apenas riu.

– Podíamos ir encontrá-los no Oceans para jantar - Scar comentou, e então olhou para Lorens, que tinha voltado ao puff novamente. - Lorens?

– Nope, passei o dia fora de casa. Aliás. - A morena ergueu-se, se espreguiçando. - Tenho que ir.

– Come e vaza. - Ryan estalou a língua, suspirante. - Essas garotas de hoje em dia.

– Depois que perde os dentes fica aí chorando todo imbecil e banguelo ainda por cima. - Lorens rosnou, olhando o rapaz cujos cabelos castanhos eram mais claros que os demais de forma irritada.

Todos riram. Céus, Lorens era tão estressada. Se não se conhecessem desde quando ainda estavam no berço, ela já teria quebrado alguns dentes deles. Despediram-se da morena e quando ela foi embora Scar resolveu tomar um banho demorado. Penteou os cabelos e os secou, deixando-os cair como uma manta sedosa pelas costas. Enfiou-se num par de jeans e numa regata verde escuro, acompanhada de all stars. Quando retornou à sala somente Seth estava lá, vendo TV. Scar largou-se ao lado do mais velho.

– Nenhuma garota para hoje a noite? - Perguntou, jogando as pernas por cima das do irmão.

– Hm, não. - O moreno apoiou os braços sobre as pernas da caçula. - Estou morto. Essa coisa de cuidar da loja no verão me mata. Em falar. - Ele aconchegou-se nas almofadas e observou a caçula. - Como foi hoje? Algum emprego?

– Nah. - Scar suspirou,

– Ah logo aparece alguma coisa. - O rapaz deu um tapinha na canela da caçula.

– É... Preciso muito disso. Como vou consertar meu Mustang sem grana. - A garota fez um biquinho. Ela tinha ganhado dos pais (e aquele foi o MELHOR presente do mundo!) um Ford Mustang 1967 preto e totalmente adorável quando fez seus 18 anos. O problema é que bem... O carro estava caindo aos pedaços, era inegável. E ela vinha, a um ano, tentando aos poucos retocar o veículo com a ajuda dos irmãos, que, aliás, tinham passado exatamente pelo o que ela estava passando naquele momento.

Seth tinha ganho de presente um Impala 1967 fantástico, que tinha passado pelo mesmo processo de restauração que Scar estava tentando submeter ao seu amado Mustang. Rob foi presenteado com um Dodge Charger 1969, Paul havia ficado com um gracioso Sp2 preto, e para Ryan havia ficado um Camaro 1980 azul metálico com duas faixas brancas atravessando o capô. Todos aqueles presentes também se deviam ao fato do tio dos cinco ter uma reconhecida concessionária de carros antigos. Eles presenteavam o carro, e eles que se virassem para restaurá-los. Por isso um sempre ajudava o outro com o motor ou que quer que fosse.

– Ah, não fique assim. Segunda procuraremos algo. Que acha? - Seth sorriu.

– Fechado. - Scar fechou a mão em punho e o rapaz completou o gesto ao bater o punho no da irmã.

Como combinado, foram jantar no Oceans. Encontraram os pais saindo da loja e de lá mesmo foram para o restaurante, que também funcionava como um café. Era impressionante que Celiny, no alto de seus 43 anos, e Carl, com seus 47, fossem tão... Joviais, ainda mais com cinco filhos já formados. Apesar dos mais velhos - Seth, Paul e Rob - estarem na faculdade, ainda havia Scar e Ryan, que estavam preparando-se para fazer o mesmo no fim daquele ano. E mesmo assim, Celiny tinha um corpo invejável, cabelos que lhe alcançavam os ombros e olhos castanho-esverdeados que a deixavam graciosa. Podia ser também os cílios compridos ou os lábios finos. Já Carl era a razão para tantos olhos verdes e rapazes altos e musculosos. O homem apresentava o mesmo físico, fartos cabelos castanholados, como os de Scar, e olhos também esmeraldinos, na mesma cor dos da caçula. Ele era risonho e bem humorado.

Pediram o jantar e riram, conversaram e se divertiram. Seth, Ryan, Paul e Rob foram encontrar alguns amigos na praia, ao passo que Scar permaneceu ali com os pais, alegando estar cansada, tinha andado o dia inteiro nas agências de emprego. Estava papeando com os pais quando algo lhe chamou atenção. Um dos atendentes, um rapaz que ela só tinha notado naquele instante, tinha saído numa corrida desembalada até um cantinho que havia perto do balcão, atendendo o celular. Scar não entendeu nada do que ele havia dito, mas perdeu-se observando-o.

Os olhos dele eram tão... Azuis. E havia os cabelos pretos, tão absurdamente pretos contra a pele de marfim dele. Era alto e forte, e estranhamente familiar a ela de alguma maneira, mas não soube dizer o porque. Só soube que estava o encarando fixamente quando uma mulher, conhecida, aproximou-se do desconhecido. Ele era magra pequena, cabelos curtos. Era Karen, a dona do restaurante.

– Que houve Gabe? - Ela falou num tom que Scar conseguiu ouvir.

– É o Jamie. Não pára de chorar. - O moreno suspirou. - Acho que terei de arrumar uma babá Karen. - Ele falou num tom levemente exasperado. - Logo as aulas vão voltar e tenho meu emprego aqui e... Não queria deixá-lo com qualquer um. - Por fim ele desabafou, jogando o pano de prato sobre o ombro, suspirante.

Scar observou a mulher chamada Karen olhar o tal Gabe de forma penosa, como quem queria fazer algo mas não podia. Até mesmo ela sentiu-se tocada diante da cena, que não durou muito quando o rapaz de olhos azuis voltou a falar.

– Karen, se importaria de eu ir ver Jamie?

A mulher abriu um sorriso de canto, maneando a cabeça.

– Não se preocupe. Vá lá.

Scar só viu o vislumbre do rapaz tirando o avental e pulando por cima do balcão, saindo pelos fundos. Ficou observando o lugar por onde ele tinha saído pensativamente.

Talvez ela pudesse ajudá-lo.


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