É incrível como os dias se transformam em semanas, semanas em meses e meses em anos. E com isso, tudo é esquecido como se fosse um passe de mágica, coisas passadas são passadas, ninguém mais se lembra delas, e com isso, as memórias se esvaem e novos dias chegam. Novos dias bons e outros dias maus, porém os bons sempre prevalecem.

E hoje uma visita especial para Caleb e Quinn bateu na porta, as crianças não esperavam já seus pais sabiam bem que eles viriam.

– Quinn, Caleb, vão abrir a porta – A mãe deles disse, sorrindo.

Eles saíram correndo até a porta, já que estavam em seu quarto que era no andar de cima, demoraram alguns poucos segundos para chegarem à porta. Quando abriram a mesma tiveram uma boa surpresa, muito boa mesmo, pelo menos para eles era.

– Fiora! – Gritaram alto, felizes, pareciam ter matado alguém de Noxus e estavam comemorando sua vitória.

Quinn foi desesperadamente para cima da amiga, abraçando-a, no momento que ela pulou quase que a Fiora caiu, mas se manteve firme, Caleb somente ria da atitude da irmã e da possível queda da sua amiga.

Fiora era amiga deles desde que sabiam de suas existenciais, ainda bebês, porém não se viam muito, já que Fiora era da realeza e eles simples agricultores que trabalhavam para o os líderes de Demacia.

Porém, mesmo assim, eram felizes.

O pai de Fiora entrou para falar com aqueles que já o aguardavam, negócios de família, conversa paralela e outras coisas que não importava, nem um pouco, as crianças que queriam se divertir.

Fiora vestia uma blusa azul, com gola formato v dourada, a manga da mesma era branca com a abotoadura azul, seu chapéu era preto com símbolos dourados, usava uma calça legue marrom com linhas amarelas. A típica roupa – simples – que os ricos usavam, mas uma coisa que ela não tinha, era frescura, não se importava de rolar no chão ou simplesmente se sujar no barro perto de sua casa, só queria brincar e treinar enquanto só podia sonhar com os dias de esgrima que supostamente viria quando ela tivesse a maioridade.

Quinn e Caleb usavam roupas parecidas com a de sua amiga, porém mais simples, uma manga comprida e uma calça legue, o frio estava próximo, Quinn gostava de roupas claras e Caleb, roupas escuras. Enquanto a garota usava uma blusa branca simples somente com o símbolo de Demacia estampado em sua blusa e uma calça mais para o marrom, Caleb usava uma roupa toda ou parcialmente preta, não dava para notar muito a diferença.

– Ei, Fiora, quer entrar na selva? Atrás de aventura! Você trouxe sua espada não? Vamos! – Quinn estava apertando as mãos da amiga, agora a mesma com cara de dúvida, não entendia o que Quinn falava, mas parecia tão animada que não queria estragar a ideia só por ser um pouco mais velha.

– Está bom... Mas não vamos muito longe – Fiora sorriu, assim como Caleb, correram para pegar as armas improvisadas que tinham.

Uma espada feita de pedra e um arco feito de um galho de arvore com algumas flechas também feitas de madeira davam para o gasto, pelo menos era isso que eles pensavam, afinal, não tinham recursos para armas boas e ainda mais, para eles, que eram crianças, um pouco maiores, somente, porém com um sonho que todos, inclusive eles mesmo, duvidavam conseguir.

Avisaram seus pais rapidamente, Fiora ficou na porta e só olhou para seu pai, que fez um positivo com a cabeça, autorizando ela a sair com os amigos. Todos correram para fora e Quinn fechou a porta, Caleb liderava o grupo.

– Vocês realmente sabem para onde estão indo, não? – Fiora falava meio apreensiva, já estavam bem longe de suas casas e já dentro de uma floresta que para muitos, era amaldiçoada.

– Está com medo Fiora? – Quinn falou animada, correu para o lado da amiga e pegou seu braço – Vamos, é só uma floresta, e estamos em maior número – E ela riu Fiora não achou engraçado, Caleb não olhou para trás.

– Vocês duas, parem, estamos entrando na parte mais densa da floresta, e se quisermos ter algo para nos divertir, teremos que ser silenciosos. – Caleb foi firme e decidido, Quinn soltou Fiora e foi para o final da fila, Fiora ficou com a mão no cabo da espada.

“O que estou fazendo? Eu que deveria liderar, afinal estou bem mais armada que qualquer um daqui!” Pensou, não gostava da ideia de ter alguém mais jovem no comando ou na sua frente, guiando - a, podia fazer isso sozinha.

Sorte não existe somente destino, já disse isso diversas vezes, e volto a repetir.

Avançaram aos poucos para mais e mais dentro da floresta, e a luz do lado de fora foi ficando pequena, fraca, e logo não se pode mais ser vista, agora somente pequenos raios que escapavam de entre as folhas das arvores podiam iluminar o caminho deles.

Caleb e Fiora estavam quase grudados um no outro, Quinn, mais distraída, estava um pouco afastada.

– Vamos para aquele lado – Caleb apontou e virou na pequena trilha, Fiora acenou afirmando o que ele disse e o seguiu.

Um grande estrondo pode-se ser ouvido, alguma coisa rolando, galhos quebrando e pedras se chocando, a escuridão sem fim para um fundo que era infinito, ou pelo menos parecia.

–Quinn! – A fala foi sonora e dupla, agitados e nervosos, correram para ver onde ela estava, mas não a viam em lugar nenhum, o que havia acontecido?!

Uma tosse fraca foi ouvida pelos dois – Estou aqui, Fiora, Caleb! – Gritava, com um pouco de dificuldade, ambos finalmente viram o que tinha acontecido com a garota.

– Tropecei na pedra e vim parar aqui em baixo, como sou desastrada – Sorriu, nem fazia noção do que realmente havia acontecido.

– Quinn fique ai, não vá para o fundo, nós tratemos ajuda! – Fiora gritava e já pegando no braço de Caleb, saiu correndo para achar novamente a trilha e sair da floresta, atrás de ajuda.

Somente quando não se dava mais sinais de passos deles ou de qualquer outra coisa que poderia ser vivo ou até mesmo morto, ela se tocou do que tinha acontecido. Havia visto um grande e belo pássaro azul que acabou a fazendo perder a noção do que estava fazendo e do que estava em torno dela, como se suas penas tivessem a hipnotizado completamente, o pássaro estava pousando no ninho que estava a sua cabeça, e quando foi avançando sem ver para onde ia e sem acompanhar o irmão e a amiga, ela tropeçou na verdade, no galho da arvore que estava a sua frente e rolou morro a baixo junto a pedras, galhos das arvores, folhas e com, infelizmente, o seu arco, que agora se encontrava em pedacinhos no meio de pedras e outras coisas, porém enquanto caia, viu algo que realmente queria muito ver.

– Aquele pássaro estava cuidando de um ovo, imagino se quando esse passarinho nascer será tão belo quanto seu pai, ou será que era sua mãe? – Riu baixo e foi tentar se levantar, mas não conseguiu, sua perna doía, e não era só ela. – Devo ter me machucado enquanto caia, será que eles vão demorar? – Encostou-se à parede de barro que estava atrás dela, não esperava ver nada demais, só olhar para o céu até eles chegarem, seu controlado e agitado irmão, e sua amiga guerreira.

– Você não deveria estar aqui – Uma rosa negra entrou na visão de Quinn. – Aqui é um lugar perigoso, e não vou poder ficar muito tempo lhe protegendo, mortal.

A garota olhou para seu lado, um rapaz aparentemente jovem, pele clara e cabelo branco, seus olhos eram verdes claros, dava para ver brincos em sua orelha esquerda, usava um manto que cobria seu corpo e o mesmo era preso por ossos como se aquela enorme e estranha estrutura fizesse o pano ficar em sua pele, usava botas fortes, pesadas, pelo menos era o que ela pensou, em suas mãos havia luvas, não pareciam ser macias, pelo contrário, pareciam pesadas e mortais se raspasse ou enfiasse aquilo em alguém havia poucas chances de não rasgar a pele, carregava uma lanterna em sua mão direita, como se ilumisse o caminho que passava com aquela fraca e inocente luz verde.

– Cai aqui, não tenho como voltar, meu irmão e minha amiga foram buscar ajuda – E sorriu, parecia tão calma mesmo sabendo que se algo acontecesse, não poderia fugir.

– Você não tem medo de mim? Poderia lhe matar agora mesmo – Sorriu, um sorriso sarcástico e malicioso.

– Não, e mesmo se assim fizesse, eu não me importaria.

Só depois de dizer isso que ela notou um detalhe a mais, que até o momento ela não tinha nem pensado e ele pouco importava, o cabelo daquele jovem rapaz estava solto, isso ela já havia notado, porem quando ele se virou, tinha duas pequenas mechas de seu cabelo que estava preso por uma pequena joia verde, lembrança de família?

– Você não pode ficar aqui, venha comigo.

– Não posso andar, e não vou com alguém estranho como você, e eu sei me virar, pode ir sozinho!

– Menina birrenta... Olha, se ficar aqui você irá morrer antes de seus amigos chegarem – O rapaz se aproximou de Quinn, mais e mais próximo e a pegou no colo.

– O que pensa que está fazendo?! Coloque-me no chão!

– Meninas são realmente chatas, apenas cale-se! – Agora aquele rapaz estava nervoso, e Quinn notou isso, então ficou quieta e parou de se mexer, somente se arrumando para não cair e ficando parada, sendo levada por aquele estranho rapaz que mais parecia, sim, a morte.

– Ei, qual seu nome? – A garota perguntou.

– Me chame como quiser anjo caído, morte, como bem desejar.

Ele deixou Quinn dentro de uma pequena caverna, ela se se encostou à parede da mesma, e o silêncio se prolongou por algum tempo, ele agora estava sentado na porta da caverna, por que aquele rapaz estava ajudando ela? E o que estava acontecendo?

Já estava anoitecendo e nem Fiora nem Caleb haviam aparecido, Quinn começou a ficar preocupada, mas o que se podia ser feito? Nada!

Um uivo de um lobo interrompeu seu pensamento, então era deles que aquele rapaz estava com medo?

– Você entendeu agora o porquê de eu ter lhe tirado de lá, não? Você seria jantar de lobo.

– Sim, mas a Fiora e o Caleb falaram que iriam voltar, eu não posso deixar alguma coisa acontecer com eles!

Quinn se encostou à parede e tentou andar, mas logo caiu no chão novamente, não parecia que iria conseguir andar tão logo.

– Você não vai parar não é? – O rapaz se levantou e ficou na frente de uma prateleira cheia de líquidos e frascos.

– Não até eles estarem bem.

– Então tome – Entregou uma pequena garrafa que tinha um líquido vermelho dentro – Tome, irá fazê-la melhorar, e leve isso também – Com a outra mão, entregou uma espada de pequeno porte, ajudaria para algo.

– Obrigada... Por que me ajuda? – Quinn olhou fixamente para os olhos do rapaz, pela primeira vez ele viu que a voz da garota era calma.

– Você me lembra de alguém. Agora beba e vá atrás dos seus amigos.

Aquele estranho moço simplesmente virou as costas, saiu da caverna e como um passe de mágica, sumiu em meio à escuridão.

– Com toda a certeza eu vou – Sorriu e bebeu aquele liquido – Até que tem um gosto bom.

Em poucos segundos estava se sentindo melhor, e seus machucados também estavam começando a parar de sangrar, o que tinha naquela bebida?

– Não tenho tempo para ficar pensando nessas coisas – Outro uivo de lobo fez ela se apressar – Eu preciso correr.

~..~

– Fiora você está vendo a Quinn? Já está anoitecendo, estou ficando preocupado.

– Se acalme Caleb, ela não deve ter ido muito longe, afinal ela escorregou daqui para baixo, não aguentaria correr para muito longe.

– Espero que ela esteja bem...

Lobos foram ouvidos.

– Mas o que?... Caleb prepare sua espada!

– O que foi? Fiora o que está acontecendo?!

– Calado! – Fiora tampou a boca dele com a mão

Caleb não estava entendendo nada, a garota pegou ele pelo braço e levou para um pequeno espaço escuro, na mesma hora alguns lobos passaram por eles.

– Lobos, temos que sair daqui rápido – Sussurrou para o garoto, não estava confiante que aquela matilha já havia saído.

– Espera ai... Lobos? A QUINN! – Tentou sair correndo, mas Fiora segurou ele pela camisa.

– Espere Caleb, temos que ir com cuidado, a Quinn está em perigo tanto quanto nós, vamos virar picadinho de lobo se sairmos que nem búfalos.

– Está bem, mas vamos rápido.

~..~

– Outro uivo? Fiora... Caleb... Onde vocês estão? Já chegaram? Espero que nenhum desses bichos tenha visto vocês...

Quinn continuava a correr, seu coração estava disparado, algo ruim iria acontecer isso ela tinha certeza, mas não poderia colocar seu irmão e sua amiga em perigo.

– Ah! Isso está me deixando louca calma Quinn, calma, primeiro vou achar o Caleb e a Fiora para depois achar um jeito de sair daqui.

Voltou a correr e agora para uma parte mais clara daquele lugar quando viu alguma coisa azul brilhante com a luz da lua.

– Fiora? – Falou bem alto, quase um grito.

– Quinn! Cuidado!

– Ahm? – Quinn se virou e foi o tempo para algo muito pesado cair em cima dela, babando sobre ela com um hálito horrível, sua espada agora estava longe dela.

– Fiora se afaste! – Caleb atirou um pedaço de galho afiado naquela coisa que havia prensado Quinn no chão.

No momento que Caleb atirou aquilo, Quinn se apressou a sair de baixo daquela coisa e correr para perto de seu irmão e sua amiga no caminho pegou a espada que havia deixado cair quando aquela coisa a derrubou.

– Lobos, uma matilha, vários deles, não vamos conseguir sair daqui até pelo menos alguns deles serem mortos – Fiora se posicionou em posição de ataque, estava pronta e concentrada para matar. – No meu aviso, vamos para cima, terá que ser uma luta rápida.

Caleb e Quinn se olharam, decididos, para saírem vivos, teriam que matar.

Fiora avançou rápido, o primeiro que veio para cima dela ela o cortou ao meio, sua espada banhada agora pelo sangue do inimigo, ela estava gostando desse sentimento.

Quinn e Caleb avançaram não muito rápidos, tinham um pouco de receio em matar, diferente da amiga, mas não puderam evitar quando três lobos avançaram em seus pescoços, em um ato de segurando, enfiaram a espada no céu da boca daqueles lobos que os ameaçou e o ultimo que havia avançado foi morto pela sua amiga com uma espada em sua barriga.

Mais e mais apareciam, e como estavam em menor número começaram a se preocupar.

– Temos que sair daqui, vamos acabar morrendo! – Caleb gritou, enquanto Quinn atrás dele acertava outro lobo rachando o crânio do lobo ao meio.

– Temos que arranjar um jeito de despistar eles e sair daqui logo, eles não vão parar de vir. – Quinn estava usando o lobo que acabaste de matar como escudo para outro, Fiora estava cortando e atravessando a espada nos lobos um pouco a frente deles.

De repente algo entrou na frente deles e uma enorme barreira cobriu o lugar que eles estavam.

– Corram crianças, rápido, eu os segurarei para vocês.

– Essa voz... É você! Mas você irá morrer!

Aquele rapaz que Quinn havia visto mais cedo agora estava novamente a sua frente, a salvando de novo, mas havia algo mais na sua roupa, em sua aparência em si, uma mascara e uma foice?

– Apenas corram! – Jogou a foice na direção deles, as crianças foram um pouco para trás com medo de serem atingidas e correram para algum lugar que poderia fazê-las subir.

Finalmente conseguirem subir e sair daquele lugar, Caleb e Fiora começaram a andar para fora da floresta, porém Quinn ficou olhando por alguns segundos aquele rapaz que a salvou pela segunda vez.

– Fique vivo! – Ela jogou sua espada e saiu correndo atrás de Fiora e Caleb.

– Pode deixar criança, pode deixar... – Sua foice e sua mascara começaram a pegar fogo, um fogo verde, surreal.

Quinn, Caleb e Fiora andaram mais um pouco até chegar a sua casa, esta noite Fiora dormiria com os gêmeos.