Gray

- Eu... – o murmúrio fora simplório e hesitante. Por um segundo, enquanto fitava aqueles olhos belos e brilhantes, o moreno cogitou a ínfima possibilidade de voltar a trás com suas palavras, de desistir de toda aquela burrice; mas algo em seu interior o obrigava a aquilo, e esse mesmo algo lhe dizia que deveria continuar, por que seria errado, tanto consigo quanto para com Juvia, aceitar e iludir ainda mais o amor da pobre garota. – Eu sinto muito Juvia, mas eu, realmente, não posso.

E apenas aquelas miseras palavras foram o suficiente para que a chuva desabasse sobre seu corpo castigando-o tanto quanto as lágrimas cruéis da donzela a sua frente. Fitou o guarda-chuva rosado ir de encontro ao chão, isso antes de dar as costas e se afastar murmurando uma desculpa tola.

Gray já não suportava mais aquilo. O amor de Juvia não era algo que ele merecia ter, da mesma forma que ela não merecia alguém como ele.

E mesmo tempo plena certeza e consciência de que o que estava fazendo era certo, era impossível para si não se arrepender. Por que ele gostava da mulher chuva de uma forma inexplicavelmente encantadora e da mesma forma que admirava o quão brava ela era em persistir em si por tanto tempo, o moreno temia sobre o futuro dela. Por que ao seu lado podia não haver um futuro.

Era doloroso e agonizante. Ele queria poder estar do lado dela e acalentar os medos dela, queria dar amor à mulher de água, mas seu coração ferido não o permitiria e ele sabia exatamente disso. E era por isso que ele fazia o que fazia naquele exato momento.

Mesmo que doesse, era necessário. Mesmo que isso terminasse de machucar seu doce coração de gelo, Gray ainda sim não podia voltar atrás com suas palavras, não quando tinha plena consciência de que havia – certamente – alguém que poderia amar Juvia tanto quanto ela o amava.

Enquanto caminhava sob a chuva o jovem mago de gelo podia apenas deixar-se banhar sobre as gotículas frias e tristes da melancolia do céu cinza.

Não estava tudo bem, mas – talvez um dia – fosse ficar tudo bem.

Os passos sob a água que se empoçava apenas o levavam cada vez para mais longe do corpo esbelto que ainda encontrava-se parado sob a chuva observando-o afastar-se. E quando viu-se longe o suficiente. Quando teve certeza de que ela não podia mais lhe ver e que, agora, encontrava-se tão longe dela quanto o desejado, o Fullbuster permitiu-se fitar o céu nublado e frágil.

Esperava que ela ficasse bem. Por que isso que ele fizera fora por ela, e apenas ela. Para que ela não se machucasse. Para que não se ferisse e iludisse.

Sorriu fracamente enquanto observava a imensidão acinzentada e melancólica.

Seria pedir muito para que o céu o engolisse e o fizesse desaparecer de uma vez?