Falando de Flores escrita por Arabella


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Ei, se você é um leitor, obrigada por gastar teu tempo aqui, espero que goste.Se você é uma amiga minha, obrigada por vir depois de eu insistir.Se você é minha mãe, não leia isso, tá, mãe?Quero muito que vocês gostem. Beijos



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“Cresci numa cidade pequena e quando a chuva caia, eu ficava na minha janela sonhando com o que poderia ser.”

Kelly Clarkson (Breakaway)

Ana Valentina, desencosta da porta! Tira esse pé da janela ou vou fechá-la. Se ela abrir você cai na estrada!

Apertei furiosamente o botão do volume do MP3 e percebi que já estava no máximo. Troquei para a música mais barulhenta e fingi não ter escutado minha mãe, continuando com o pé pra fora da janela.

– Ana Valentina! Não faça eu ter que parar o carro!

– 1º Pare de me chamar assim. A única pessoa que gosta desse nome é você. E é V-a-l-e-n-t-i-n-a! 2º Se eu cair, melhor ainda, eu aproveito e volto pra casa de onde nunca deveria ter saído! – eu disse tirando os fones do ouvido, me afastando da porta e encarando a minha mãe pelo retrovisor enquanto ela dirigia.

– Filha, já conversamos sobre isso. Eu e seu pai sabemos que o melhor pra você é ir morar comigo. – Minha mãe respondeu em um tom mais calmo, olhando pra mim e para o meu irmão no banco do carona.

O Guilherme era meu meio-irmão mais parecido com a mãe. Ele era alto com cabelos caramelo, olhos claros e nariz talvez um pouco grande demais. Ainda não conseguia entender como as pessoas acreditávam que tínhamos o mesmo sangue. Não, essa não é a hora que eu vou dizer que sou feia pra caramba. Acontece que ele é muito alto e tem a pele bronzeada, enquanto eu? Humpf. Meus 1,60 m fazem os caras da bilheteria do cinema pedirem minha identidade por duvidarem da minha idade. Meus olhos eram de um verde tão forte que por muitas vezes tive que me segurar para não socar as pessoas que diziam que era lente, meus cabelos, que agora tinham voltado ao tom natural, um loiro tão claro que chegava perto do branco, eram tão mal cuidados pelas tintas... A verdade é que, eu realmente não me encaixava nessa família. E eu não digo isso só por causa das aparências.

– Tina, tenta entender, não dava para você ir assim para a Austrália com o Fernando, perder o resto no ano letivo. – ele falou, com a voz superior de sempre.

– Maninho – disse, ironicamente –, olha aqui, vou falar a última vez: eu não gosto dessa cidade, se você gosta dessa capital cheia de prédios e praias poluídas? Legal, mas me sentia muito melhor onde eu estava, com meus amigos, minha vida, sem vocês.

– Se sentir bem? Praia poluída? Quer que eu te lembre que você não põe nem o pé na piscina desde que... – Guilherme começa, estava me segurando para não abrir a porta dele jogá-lo no asfalto quando minha mãe grita.

– Já deu! Os dois! Não aceito isso dentro do meu carro, ninguém dá mais um pio até chegarmos.

Eu botei os fones e me encostei novamente na porta ignorando o primeiro comentário da minha mãe. Nenhum pio, era justamente o que eu queria.

Depois de alguns estantes a zona de guerra parecia devastada. Ninguém abriu a boca mais nenhuma vez. Senti algo puxando a barra da minha blusa e lembrei da presença do Lucas no carro. Ele dormira no momento que saímos entrei no carro, quando minha mãe me pegou no aeroporto internacional. Devia ter acordado com o barulho dos gritos.

Ele era muito branquinho, como eu, seus olhos estavam assustados e arregalados. Dos três meio irmãos que a assim chamada mãe me arrumou, ele definitivamente era o único que eu supria algum sentimento bom. Talvez me identificasse com ele, talvez só o entendesse. Sussurrei que estava tudo bem e ainda ia demorar pra chegarmos, bendito homem que resolveu construir o aeroporto quase que em outra cidade. Ele deitou a cabeça em meu colo e, abraçado em seu travesseirinho voltou a dormir. Como eu queria poder dormir assim e esquecer do resto. Senti meus olhos esquentarem e apertei a pulseira em meu pulso onde se lia “Bad girls don’t cry”. Ainda não sabia o certo a razão da Júlia ter me dado aquela pulseira dois minutos antes de eu entrar no carro. Partindo para o aeroporto. Partindo para o primeiro dia do resto da minha miserável vida. Talvez ela achasse que serviria de mantra ou me ajudaria a não querer matar ninguém nessa próxima linda e longa etapa morando com o ser que me deu a luz e sua prole.

O carro continuou em silêncio até entramos no condomínio onde morava a minha tia e minha avó. Estacionamos em frente aquela casa antiga e grande onde nasci.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Comete, fovorite e divulgue ❤Mari



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