Preguiça

Não podemos começar dizendo que era difícil vê-la irritada. Na verdade, não vê-la irritada era um acontecimento que raramente acontecia. E ele sabia disso quando resolveu se casar com ela. Ou devo dizer, quando ela resolveu que deveriam se casar. Ela era decidida, ele sabia.

Casaram-se. E não foi um mar de rosas. Ele sabia que não ia ser então para ele estava como no planejado. Tirando os arremessos de panela, os gritos e os olhos cheios de ódio, ela era doce. Doce como um limão. Ele sabia.

Mas apesar dos pesares, eram felizes. Quando estavam a sós além dos costumeiros : problemática e preguiçoso , havia as trocas de carinhos, a confiança mútua. Coisas necessárias em um relacionamento duradouro e seria duradouro, ele sabia.

E no momento em que passamos relatar este pequeno fato da vida a dois do casal Temari estava irritada. Um nível de irritação que Shikamaru classificava como Irritação Temari. Os braços cruzados sobre a barriga, os olhos crispados de raiva, e aquilo saindo dos ouvidos dela? Fumaça?

Ela realmente estava irritada. Com ele, e o pobre Nara nada podia fazer , pois alheio a irritação de sua eterna problemática , dormia serenamente como um bebê. E ali estava o “xis” da questão. Ele dormia. Ela não. Ele sonhava. Ela não. Ele não sentia dor. Ela estava sentindo a pior cólica de sua vida. TPM.

Mais um pouco e ela daria um golpe ninja ao se remexer na cama na clara tentativa de acordar pela trigésima oitava vez seu querido marido. Marido! Cuspiu as palavras em pensamento. Como conseguiu ser capaz de casar com aquele , aquele.. aquele... PREGUIÇOSO!

Era única palavra que definia Shikamaru naquele momento. Preguiçoso! Preguiçoso! Preguiçoso! Repetiu em pensamento. Remexeu-se de novo na cama. Como ele conseguia continuar dormindo enquanto ela praticamente tinha uma amostra grátis de parto com toda aquela cólica. Maldito preguiçoso!

─Argh! ─ um resmungou escapou de seus finos lábios.

Que vontade de apertar aquele pescoço para acordá-lo. De pular como uma criança mimada na cama para derrubá-lo. Ah! Como seria satisfatório vê-lo acordar com um galo na cabeça depois de cair “acidentalmente” da cama. Um pequeno sorriso cortou os lábios dela.

Shikamaru e sua preguiça inseparável. Perdeu as contas de quantas vezes brigaram pelo simples fato dele não conseguir fazer nada que ela pedia no horário que ela mandava. Ele sempre a olhava com aquele ar desleixado, com aquele sorriso de lado e dizia que havia esquecido. Mas ela sabia! Ah, ela sabia. Não era esquecimento, era preguiça. E como odiava preguiça! Odiava a preguiça com cada átomo do seu ser.

─ Temari? ─ A voz sonolenta de Shikamaru alcançou os ouvidos irritados de Temari.

─ O que é? ─ Delicada como um tijolo, foi o que Shikamaru pensou ao ouvir a resposta, ou grunhido, de Temari.

Ele sabia que não adiantava discutir, que ela sempre ganhava e realmente ele estava com... preguiça de brigar aquela hora da madrugada. Então fez o que sempre fazia de melhor. Virou-se para olhá-la nos olhos, e puxou-a pela cintura trazendo-a para mais perto.

Seu nariz pousou na curva do pescoço de Temari, que soltou um suspiro de satisfação ao se sentir no lugar que ela mais gostava no mundo: aconchegada ao seu amor.

─ Vamos dormir, problemática.

Temari suspirou sorrindo. Apesar de tudo ela o amava. Até porque não era nada demais.

Era só... preguiça