Aitai escrita por Ayame Kioshi
Notas iniciais do capítulo
UM ANO DEPOISSSSSSSSSSSS eu escrevi o penúltimo capítulo dessa porra.
Me desculpa. Tem alguém que ainda acompanha isso?
Se tem, esse pedido de desculpas é pra você. Serião.
Boa leitura~ :3c
[Shion— 16:07] Sabe...
[Shion— 16:07] Você podia ao menos ter fingido que sentia falta de mim um dia desses e ter mandado uma mensagem.
[Shion— 16:07] Seis meses? Sério?
Não tinha esperanças de que o rato realmente fosse respondê-lo. Algumas coisas tinham mudado bastante desde a última vez em que se viram, que também foi a última vez em que se falaram. Arriscava dizer que ambos já haviam se tornado pessoas completamente diferentes naquele meio-tempo: as coisas aconteciam muito rápido no lugar onde Nezumi vivia. Era agitado.
E uma pessoa como Shion era fácil de ser esquecida.
Era disso que o albino estava convencido. Era com aquele pensamento que deitaria a cabeça no travesseiro naquela noite. Mas aí, o celular vibrou. Não só uma, mas duas vezes, e uma das notificações era exatamente dele.
[Nezumi— 16:10] E aí.
[Shion— 16:10] ...
[Shion— 16:10] "E aí"?
[Shion— 16:10] Nezumi...
[Shion— 16:10] O que aconteceu?
[Nezumi— 16:11] É mais fácil você perguntar o que não aconteceu.
[Nezumi— 16:11] Foram seis meses, como você disse.
[Shion— 16:11] Certo.
[Shion— 16:11] Eu... vou ser mais específico, então.
[Shion— 16:13] O que aconteceu entre a gente?
Cinco minutos viraram dez, e então quinze, vinte. Sem nenhuma resposta. Mas o celular mostrava que o dono dos cabelos escuros tinha de fato lido o que lhe fora enviado na hora em que o mais novo havia o feito, e que estava sendo ignorado. Ou esquecido, de novo.
Talvez o destino da relação deles fosse difícil de responder rapidamente. Ele podia estar pensando sobre o último encontro dos dois; a noite que passaram juntos, o sol que viram nascer, a discussão que veio assim que o primeiro pássaro pôs-se a cantar. Não achou que seria algo sério na época, porque os dois já tinham brigado por coisas triviais antes. Agora, já tinham sido seis meses. Metade de um ano.
[Shion— 16:25] Não me deixe sem resposta!
[Nezumi— 16:26] Por que você está correndo atrás de mim?
[Nezumi— 16:26] Você teve a chance perfeita de achar uma pessoa melhor.
[Nezumi— 16:26] Uma garota que pudesse te ver o tempo todo. Que não vivesse em um lugar perigoso. Que soubesse te amar melhor.
[Nezumi— 16:27] Assim como eu achei.
[Nezumi— 16:27] Você não deveria ter me mandado nada.
[Shion— 16:27] Eu não caio mais nessa...!
[Shion— 16:27] Você sempre tem um motivo para tentar se afastar de mim.
[Shion— 16:27] Então eu sei que você não tem outra garota. Mas...
[Shion— 16:27] Por que, dessa vez? As coisas não estavam ruins!
[Nezumi— 16:27] Elas nunca vão ser boas!
Mesmo relendo a frase, não a digeriu. Não era como se não esperasse aquele pessimismo vindo do maior, só que, por algum motivo, sentia que tinha algo a mais escondido ali nessa vez. Algo que não podia perguntar, porque ele não iria lhe falar.
[Shion— 16:30] O que fizeram com você?
[Nezumi— 16:30] Que?
[Shion— 16:30] Depois que a gente se viu...
[Shion— 16:30] Alguém fez alguma coisa para você?
[Shion— 16:30] Eu fiz alguma coisa? Você percebeu alguma coisa? Alguém percebeu no seu lugar?
[Nezumi— 16:30] Não pergunte tudo de uma vez. Eu não vou responder todas as questões juntas.
[Shion— 16:31] Responde só a que for verdade!
[Nezumi— 16:31] E por que eu faria isso?
[Shion— 16:31] Porque quando as pessoas precisam de ajuda, elas pedem para os outros em vez de guardar para si...!
[Shion— 16:31] E eu que vim falar com você, então é muito mais fácil você falar agora, já que não precisou correr atrás de ninguém antes de explodir!
[Nezumi— 16:32] Por que você é sempre assim?
Do outro lado da história, as costas do rato escoravam-se contra as suas intermináveis prateleiras de livros, sentindo-as balançar e derrubar alguns contos vez ou outra, quando se movia de modo brusco demais. Estava agitado demais para ficar deitado; já tinha andado em círculos pela casa quatro vezes naqueles poucos minutos de conversa e esperava que, agora, o barulho de livros caindo eventualmente o distraísse o suficiente.
Ele se esquecia o quanto a vida dele era difícil quando estava perto de Shion. O tempo em que os dois ficaram afastados fez com que ele se recordasse com o que ele tinha que lidar sem a neblina que o amor trazia junto cegando-o. Sua vida não era programada como a do albino. As pessoas que estavam em sua volta não eram tão receptivas. O mundo era mais cruel.
Nezumi sobrevivia. Não vivia.
[Shion— 16:33] Assim como?
[Nezumi— 16:40] Você acha que tudo pode ser solucionado se você estiver envolvido.
[Nezumi— 16:40] Eu queria que fosse tão fácil. Que a minha vida girasse só em torno de você.
[Nezumi— 16:40] Ela não gira, infelizmente.
[Shion— 16:40] Eu... não quis dizer isso.
[Shion— 16:41] A gente não pode se ver de novo?
[Shion— 16:41] Não precisa falar o que aconteceu. Talvez... não seja mesmo da minha conta... não mais.
[Shion— 16:41] Mas foi cruel da sua parte me deixar sem notícias. Eu só preciso te ver de novo. Prometo que...
[Shion— 16:42] ...
[Shion— 16:42] ...te deixo em paz depois disso.
Aquilo não era o que Shion queria ter dito.
E não era o que Nezumi queria ter lido.
[Nezumi— 16:45] Amanhã. Eu vou aí.
[Shion— 16:45] Certo. Amanhã...
[Shion— 16:45] Nezumi?
[Nezumi— 16:46] O que é?
[Shion— 16:46] Venha mesmo. Tá bem?
Deveria ficar chateado por todas as vezes em que as conversas dos dois acabavam daquele jeito; o menor perguntando algo importante e o maior ignorando-o. Não conseguia.
Ademais, por saber que aquilo poderia acontecer, não disse que o amava. Temia que ele não o respondesse. E aquilo sim o deixaria chateado.
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