[Nezumi— 18:01] Você morreu?

[Shion— 18:03] Que pergunta normal.

[Shion— 18:03] Morri?

[Nezumi— 18:03] Anda ocupado?

[Shion— 18:04] Um pouquinho. Tenho que me dedicar um pouco mais nos estudos, e passar o dia todo conversando prejudica isso.

[Shion— 18:04] Por que?

[Nezumi— 18:04] Nada. Nenhum motivo em especial.

Era claro que o moreno não admitiria que sentiu a falta dele.

Porém, era mais claro ainda que o albino já tinha notado por conta própria.

Não comentou, de qualquer forma. Conhecia bem aquele homem e, provavelmente, ele começaria a negar-se caso revelasse que já tinha entendido o motivo da preocupação. Apenas ficou encarando a tela do celular por um tempo, desacostumado com a luz do aparelho, até que mais uma mensagem veio para si.

[Nezumi— 18:06] De qualquer forma, um dos ratos sumiu.

[Shion— 18:06] Qual deles?!

[Nezumi— 18:07] Eu não decorei os nomes estúpidos que deu pra eles.

[Nezumi— 18:07] Também não sei diferenciá-los. Mas notei que faltava um.

[Shion— 18:07] Você tem que procurar ele!

Como se tivesse recebido a notícia de que um familiar próximo havia falecido, o menino estava exaltado. Gostava dos ratinhos que ficavam circulando pela casa do mais velho, um por um, e era por isso que tinha até nomeado eles. O fato dele não lembrar mais dos nomes — porque ele sabia antes, tinha certeza disso — era irrelevante agora, já que a sua preocupação estava desviada para outro ponto.

Determinado, voltou a digitar.

[Shion— 18:07] Ele pode ter se perdido em algum lugar!

[Shion— 18:07] Ah, Deus...

[Shion— 18:08] Já procurou em baixo da sua cama? E no banheiro? Entre os livros? Na cozinha?

[Nezumi— 18:08] Oh, wow.

[Nezumi— 18:08] Quanta preocupação.

[Nezumi— 18:08] Já procurei, não achei nada.

[Shion— 18:08] Então não procurou direito, Nezumi.

[Nezumi— 18:09] Tch...

[Shion— 18:09] Faça assim: deixa todos eles na sua cama, pra eles não se perderem, e aí você começa a procurar o que falta pela casa, porque ele pode estar se escondendo...

[Nezumi— 18:09] Não.

[Shion— 18:10] E se ele estiver se escondendo, vai ser muito mais fácil achar ele sem que os outros atrap- ei, por que não?!

[Nezumi— 18:10] Deixa pra lá. Uma hora ele aparece.

[Shion— 18:10] Uma hora ele aparece?!

[Shion— 18:10] Isso é insensível, Nezumi! Ele pode estar morrendo de medo agora, com frio, esperando você achar ele!

[Nezumi— 18:11] ...Shion.

[Nezumi— 18:11] É só

[Nezumi— 18:11] um rato.

[Shion— 18:12] É o seu rato.

[Nezumi— 18:12] Você fala como se eu tivesse perdido uma criança...

[Nezumi— 18:12] Se preocuparia tanto assim se fosse uma?

[Shion— 18:12] É óbvio.

[Nezumi— 18:12] E se fosse eu?

Por um momento, o dono dos cabelos esbranquiçados empacou.

Tinha certeza de que se preocuparia muito mais com ele; de que chamaria a polícia de todo o mundo para ir atrás do homem, e não descansaria por um segundo até encontrá-lo.

Não queria parecer tão desesperado por ele, no entanto.

Foi por isso que demorou mais do que deveria para lhe dar uma resposta.

[Shion— 18:16] Sim, também.

[Shion— 18:16] Quer dizer, você tecnicamente também é um rato...

[Nezumi— 18:16] Você entendeu o que eu queria dizer.

[Nezumi— 18:16] Mas é bom saber.

[Nezumi— 18:17] Cravat está aqui. Eu só estava brincando.

Cravat. Era um dos nomes que tinha dado.

Então, ele se lembrava...

[Shion— 18:17] Hamlet e Moonlit também?

[Nezumi— 18:17] Também.

[Shion— 18:17] Então você mentiu sobre a fuga do Cravat e sobre não saber os nomes deles...

[Shion— 18:17] ...pra saber se eu me desesperaria assim por você?

[Nezumi— 18:17] Talvez.

[Nezumi— 18:17] Quem sabe.

Enquanto um lado seu queria abraçá-lo, o outro desejava batê-lo por ter o assustado sem motivo algum.

Apesar daquilo, amava o jeito que aquele rapaz tinha de saber das coisas, de testá-lo com qualquer brincadeira, por mais complicado — e inusitado — que aquilo fosse às vezes.

Sorriu, sabendo que o outro não conseguiria vê-lo.

[Shion— 18:18] Idiota...!

[Shion— 18:18] Não brinque com isso. Eu amo você.

Do outro lado, a situação era a mesma.

[Nezumi— 18:18] Eu sei. Só queria confirmar.