Fiquei observando-a dormir, mas sempre atento pra que Bernardo não me visse por ali, ou sentisse meu cheiro, - a coisa ficaria feia caso isso acontecesse e o que eu menos queria era “treta” pro meu lado, ainda mais com Bernardo, motivo de tanto ódio e desgosto na minha vida, eu poderia mata-lo, eu tive oportunidades, e não digo que faltou vontade... O que me faltou foi coragem, coragem de matar um cara que eu considerava como um irmão pra mim. Bernardo era meu melhor amigo, vivemos parte da nossa eternidade juntos, até irmos para o castelo e conhecermos Angelina... Ela era a garota mais linda e apaixonante de toda Voltaire, seus cabelos eram longos e pretos, tão escuros quanto uma noite sem Lua, seus olhos era grandes e puxados, sua boca era pequena, porém carnuda, ela era linda, em todos os aspectos, foi sua beleza interior que fez com que eu me apaixonasse. E Bernardo sempre me apoiando, pra enfim, quando eu estivesse longe, me apunhalasse pelas costas.

Angelina sumiu, eu pensei em ir atrás, mas fui impedido, eu nunca mais a vi, meu coração ansiava pelo seu amor, era o único motivo pelo qual eu vivia, e Bernardo acabou com a minha única expectativa de vida. Decidi me desligar, nada mais valia a pena, nada mais me importava, eu não me arrependeria de nada, mas se um dia eu encontrasse Angelina, eu a perdoaria, por tudo, e meus sentimentos voltariam, por ela, unicamente por ela... Mas Larissa teve o mesmo efeito que Angelina sobre mim.

Ela abriu os olhos e se olhou no espelho que tinha atrás da porta, virou assustada ao me ver, aquilo me fez rir, eu disse olá quase que impossível de ouvir, ela se escondeu nas cobertas e pediu pra que eu saísse imediatamente, antes dei alguns recados, avisei que sairíamos e que esperaria por ela lá embaixo.

Em menos de 30 minutos Larissa abriu a porta, e eu apareci, ela estava linda, simples e linda. A simplicidade de Larissa, era o que mais me chamava atenção, ela não precisava daquele monte de maquiagem ou roupas caras para se tornar bonita... Seu sorriso, era o único acessório necessário pra que ela ficasse completa, e ao me aproximar, ela sorriu. Coloquei o capacete nela e disse para segurar firme. Cantei pneu e acelerei.

Levei-a num pico que eu, - particularmente, achava romântico, mas não só por isso, era meu lugar pra pensar... Era o lugar qual eu levaria uma garota especial, e bem... Ela era. Larissa ficou encantada com tudo, as luzes que eram possível serem vistas da cidade que agora se tornará pequena, e principalmente com o Sol se pondo e a aparição inesperada da Lua. Corri até uma pequena casa de madeira que eu tinha lá por perto pra passar a noite e onde deixava minhas coisas e peguei meu violão, voltei em menos de 2 minutos, sentei-me em uma pedra, e ela me olhou. Eu sorri e chamei-a para perto, ela veio e tocou meu joelho assentindo com um sim, e um sorriso lindo não só nos lábios, mas em seus olhos também. Toquei uma música pra ela, música que ouvi quando estava indo vê-la e sem querer, - mas sem querer mesmo! – lembrei-me da pequena de cabelos castanhos avermelhados e sardas no rosto.

Larissa adorou a música, e estávamos próximos demais ao final dela, eu não me contive, ela era linda, seus olhos fixos nos meus me deixavam louco, por um impulso talvez, uma força maior, ou sei lá o que havia sido aquilo. Eu a beijei, um beijo diferente dos que dei em Angelina, era diferente, tinha calor, tinha sentimento, era algo recíproco, eu não conseguia conter minha felicidade, em tantos anos, eu estava feliz, eu estava muito feliz! Mesmo sabendo que aquilo era errado, eu não me peguei a pensar em Bernardo... Pois eu tinha duas certezas: eu estava apaixonado por Larissa, e seu coração também batia forte por mim.