Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Queríamos agradecer pelos belíssimos comentários. Hoje mesmo tentaremos postar mais um...
Boa Leitura!!!



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Eu passei a última hora, logo depois que acordei, pensando nos acontecimentos de ontem sem encontrar soluções para meus problemas. É fato que Eric tem acompanhado de perto o treino dos iniciandos e isso não é algo para o qual ele daria sua atenção. A não ser que ele esteja atrás de alguma coisa ou de uma informação.

Embora na maioria das vezes ele não se comporte como um, ele é um dos líderes do Destemor e, como tal, se voluntariar para supervisionar o treinamento não faz sentido. Com o que aconteceu ontem, vejo que desde o começo ele tem estado de olho nela.

Isso me fez imaginar que talvez Tris seja como eu. Talvez ela seja divergente e assim como acontece com todos aqui, se isso for mesmo o que ela é, ela corre mais perigo no Destemor do que em qualquer outro lugar. Ela me odeia, mas mesmo assim, eu não posso deixa-la sozinha e vulnerável. Por mais que ela não me queira por perto, eu não tenho escolha.

E também não é o único motivo. Preciso descobrir mais sobre os negócios escusos entre a Erudição e o Destemor.

“Hey, Quatro, senta aqui.” - Shauna diz enquanto aponta para a cadeira vazia ao seu lado no refeitório.

“Onde está Zeke?” - pergunto tomando o lugar.

“Ah, ele? Não sei.” - Ela responde com a cara azeda, certamente brigaram. - “Mas e você, como está? Nunca mais conversamos, você está sumido!”

“Tenho andado ocupado com os iniciandos. Não vai me dizer por qual motivo brigaram dessa vez?”

“Nada demais, o vi conversando intimamente com uma mulher aí.” - diz ela

“Quem?” - pergunto.

“Tori.” - Zeke responde sentando à minha frente. “Eu já falei que estava perguntando sobre uma tatuagem, aí essa maluca ficou toda irritadinha e saiu pisando duro.”

“Então porque quando voltei, você estava sentado, quase que DEITADO e sem camisa? E ela ao seu lado, tocando o SEU ombro?” - Shauna pergunta quase gritando.

“Como é que você acha que se faz uma tatuagem? Você é tão ciumenta que aposto que nem viu que ela estava desenhando isso aqui.” - Ele responde puxando a camisa e mostrando o desenho.

“Ah, é porque parecia que...”

“Sabia que você fica uma graça quando está vermelhinha de ciúmes?” - ele fala sorrindo.

“Ei, eu estou aqui, pelo amor de Deus.” - falo rindo.

“Já pode sair se quiser. Não sei se você reparou, mas nós estamos fazendo as pazes aqui, Quatro.” - Zeke fala.

Afasto os dois com as mãos, separando-os e começo a rir. Logo eles se juntam às risadas.

“Então quer dizer que já estão namorando oficialmente?” - pergunto enquanto me levanto.

“Sim.” - Zeke reponde enquanto a encara.

Não, claro que não. Eu nunca namoraria você, Zeke.” - ela provoca.

“Se você está assim e ainda não namoram, quero nem imaginar quando estiverem.” - Saio rindo e vou até a sala de luta, onde todos já me aguardavam. Escrevo no quadro-negro os nomes de quem lutará.

Will X Myra

Christina X Albert

Peter X Edward

Tris X Molly

Pensei sobre isto ontem, com os hematomas de Tris praticamente curados será mais fácil para ela vencer uma luta, e Molly é a candidata ideal já que venceu duas lutas. Tris precisa disso para ficar melhor classificada.

As lutas iniciam e os resultados são como o esperado. A primeira luta Will ganha. Sinto o sono querendo ganhar espaço em mim, me encosto ao lado da parede. Há dias que não tenho tido uma noite de sono tranquila. Meu corpo está tenso como quando era na época da minha iniciação.

Na segunda luta, Christina é rápida, distribui alguns chutes em Albert e o vence. Peter e Edward demoram um pouco mais. Peter é ágil, mas o seu oponente é mais forte e preciso em todos os socos. Edward é o que tem as maiores chances de se tornar um membro definitivo, entre os transferidos. Depois de minutos, Peter cai no chão e perde.

Ao final desta luta, meu corpo já está completamente desperto. A próxima luta será a de Tris e eu me viro para ela. Seu rosto está sério e ela não olha para ninguém, além de Molly. Franzo o cenho e percebo que o que seu olhar demonstra não apenas seriedade e foco, mas sim ódio. Pela primeira vez não reconheço os olhos doces que me cativam. Não reconheço a garota no centro da arena.

Será que ela ainda está com raiva por ontem?

Isso não faz sentido, considerando que seu olhar de ódio não está dirigido à mim, mas à sua oponente.

“Era uma marca de nascença que vi na sua nádega esquerda?” - Molly diz sorrindo para que todos a escutem. - “Meu Deus, você é tão pálida. Careta.”

Tris não reage ao comentário. Ela apenas fita sua oponente com um olhar frio e calculista. Penso no que Molly deve ter feito.

E aquele comentário sobre ter visto Tris nua?

Eu fico irritado por não poder fazer nada. É claro que tenho ciência das coisas horríveis que fazem com ela, por causa da sua origem. Só que eu tenho que ser parcial e ela também não aceitaria qualquer tipo de ajuda que viesse de mim. Não a conheço muito, mas já percebi que ela é orgulhosa.

Desencosto-me da parede e me aproximo delas. Observo Tris atentamente.

A tensão é quebrada quando Molly parte para cima dela com um soco, que aparentemente era para acertar a sua mandíbula. Tris se desvia rapidamente, dirigindo o punho precisamente no estômago de Molly. O sorriso que Molly ostentava desaparece. Ela desfere um soco contra Tris que a bloqueia antes de seus punhos atingirem seu alvo.

Tris tenta usar seu cotovelo, como eu a ensinei, mas Molly se desvia e atinge as costelas de Tris que assim que se recupera, devolve com outro soco e uma rasteira. Molly cai no chão e Tris dá chutes e pontapés no seu estômago, fazendo o rosto e o corpo dela sangrar e se contorcer de dor.

Olho para o lado e vejo Eric sorrir de leve. Nem havia percebido que ele estava ainda lá. Fico meio nervoso porque aquela, em pé, batendo numa garota completamente rendida, não é a minha Tris.

Vou até ela e puxo-a com toda a minha força para fora da arena, e vejo seus olhos queimando raiva nos meus. Ela respira fundo encarando Molly que ainda está no chão, como se quisesse memorizar a cena.

“Você já venceu. Agora pare. Eu acho que você deveria ir embora. Vá dar uma volta.” – digo ainda alarmado, querendo afastá-la daquilo tudo.

“Eu estou bem.” - Ela desvia seus olhos de mim e olha friamente para Molly, antes de completar. - “Agora eu estou bem!”

Eu a solto e vou até Molly para leva-la à enfermaria. Ela geme de dor, enquanto anda. Seu nariz está sangrando, provavelmente deve estar quebrado.

“Aquela Careta vai me pagar.” - Molly murmura entre gemidos de dor.

“O que você quis dizer quando a chamou de pálida?” - pergunto secamente.

Nada.”

Entro na enfermaria e a entrego para Elly que a coloca em uma maca próxima onde Peter repousa, depois de ter disso nocauteado por Edward. Peter levanta a cabeça e olha para Molly com um sorrisinho.

“Você também? Mas... Espera. Você não ia lutar contra a Careta?” – ele pergunta espantado. - “Você perdeu para a Careta, como?”

Antes que ela respondesse, Drew chega e eu resolvo sair da sala. Quando estou próximo à porta, escuto eles comentarem sobre a “brincadeira” que fizeram com Tris. Se for o que eu realmente entendi, compreendo a sua raiva agora.

As lutas terminaram e por hoje os transferidos estão dispensados. Eu gostaria de ajuda-la porque ela é como eu. Uma Careta. Só que assim como eu, quando ela fez sua escolha, ela sabia que não seria fácil e agora terá que enfrentar seus problemas com os outros inciandos, sozinha.

Se eu demonstrar piedade por ela, será a Abnegação transparecendo em mim. Isso poderá levar as pessoas a nos observarem mais e isso é tudo o que não precisamos.

Ao virar no primeiro corredor, escuto batidas e passos pesados. Calmamente, me recosto atrás da coluna mais próxima da sala de controle. Aqui, não serei visto, mas poderei ouvir.

“Mas... isso não é permitido. Preciso das ordens de Max em primeiro lugar. Não posso simplesmente entrar nesses arquivos e lhe informar sobre a Careta. Max sabe disso?”

“Não pergunte apenas obedeça. Se esqueceu de que sou um de seus líderes” – reconheço a voz de Eric. Diga-me!”

“Tudo bem, aqui diz que seu exame de aptidão não foi gravado. Ocorreu algum tipo de erro, isso é normal. De toda forma, seu resultado foi inserido manualmente.”

Alguns segundos de silêncio.

“Que estranho. O resultado dela foi Abnegação, mas ela escolheu o Destemor. Não foi muito inteligente.”

“Quero que fique de olhonela para mim.” – outra vez a voz de Eric. – “Se vir algo suspeito me chame e isso é uma ordem.”

Saio apressado para não ser notado. Tenho mais certeza de que Tris corre um sério perigo, principalmente agora que Eric possui esta informação sobre seus testes. Ela não deve ter tido a mesma orientação que eu tive por isso eles foram apagados. De toda forma, alguém a ajudou também.

Ninguém nunca desconfiou de que eu poderia ser divergente porque Marcus quebrou as regras e me preparou para o teste de aptidão. Ele me disse exatamente o que fazer e o que responder caso fosse questionado sobre estado de consciência na simulação.

Odeio pensar novamente nessas coisas. Pensar nisso me traz o reconhecimento de que se não fosse pelos resultados falhos em meu exame, eu poderia estar morto. Pior que isso, se não fosse por aquele miserável, eu certamente estaria morto.


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Notas finais do capítulo

Gostaram???
Esperamos que sim...
Se houver erros perdoem-nos, por favor!!!