Divergente - por Tobias Eaton escrita por Willie Mellark, Anníssima


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Thamy Loniel adoramos seu comentário e bem-vinda à nossa Fic!
Clove di Angelo, Miss Death, Nicky Fletcher, amamos seus comentários, e estamos felizes por agradar.
Aí está, espero que gostem!!!



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Depois de uma noite cansativa, onde meus sonhos se embaralharam com a realidade, só o que me resta a fazer é levantar. Me apoio contra o travesseiro, enquanto massageio meu pescoço. Penso em minha antiga casa na Abnegação. E se eu tivesse sido valente o suficiente para enfrentar Marcus. Será que eu me sentiria melhor agora? Ou estaria pior?

Eu, que enfrentei a morte ao pular de um telhado, e que por livre e espontânea vontade me submeti a um intenso esforço e dor física para concluir os estágios da iniciação, que enfrentei minha própria paisagem do medo – na qual Marcus sempre foi o maior e intransponível obstáculo - não tive coragem de enfrentar meu próprio pai.

Ser um membro do Destemor implica que devo ser corajoso para encarar meus medos de frente, mas falho miseravelmente porque fui – e mesmo longe, continuo sendo - submisso a Marcus. Ainda sinto o mesmo medo daquele garotinho que tentava se refugiar em um quarto para não sofrer punições severas, ouvir os gritos de sua mãe discutindo com seu pai ou ser trancado em um armário, sozinho e escuro.

Horas e horas trancafiado dentro do pequeno e sombrio armário sob a escada rendeu-me uma claustrofobia. Dois dos quatro medos a que sempre retorno em minha paisagem estão direta ou indiretamente relacionados com meu algoz.

“Talvez você nunca pertencerá à este lugar.”

“Ainda existe a possibilidade de largar tudo e se juntar aos sem-Facção.”

“Os planos aparentemente secretos, mas inegavelmente escusos que a Erudição tem tramado com a ajuda do Destemor não deveriam te envolver.”

“Ser um sem-facção é melhor que ser um covarde, ou um assassino, como certamente será o caso se continuar inerte.”

Várias coisas giram em minha cabeça, me trazendo ansiedade e confusão e já estou totalmente desperto, decido me levantar de vez e tomar um banho para que minha mente esqueça o poder que ela tem de me machucar.

*************************

Caminho até a sala de lutas porque não tive cabeça para ir para o refeitório. Segundo minha caderneta, são nove lutadores e, portanto, um transferido não lutará hoje. Olho novamente a lista decidindo se faço ou não o que quero...

Sim, darei um tempo a ela. Hoje, Tris não lutará.

Os primeiros serão:

Albert X Will.

Christina X Molly.

Observo-os entrar então começo:

“Já que vocês estão em número ímpar, um de vocês não vai lutar hoje.”

Tris parece satisfeita ao olhar para o espaço vazio ao lado do seu nome. Will e Albert estão um de frente para o outro na arena, protegendo seus rostos do jeito que os ensinei fazer. Dou o sinal para começarem, Albert começa dando um soco bem forte na mandíbula do oponente que tropeça para o lado meio confuso. Eric entra na sala e já olha com satisfação a cena. Na mesma hora, Al bloqueia um soco. O seu único problema é ser lento, pois assim que desvia o soco, Will que é bastante rápido o lança no chão.

Eles continuam lutando e olhando para mim como se aguardassem um sinal, indicando o término da luta, mas nada posso fazer, não é isso que determinam as regras do Destemor.

“Vocês acham que isso é um lazer? Lutem um contra o outro!” - Eric grita próximo a mim, e eu o encaro, afinal, o instrutor aqui sou eu, ele é só um bajulador que se diz líder.

“Mas...” - Al começa. - “É pontuado ou algo assim? Quando essa briga termina?” - Ao que rapidamente Eric responde. - “Acaba quando um de vocês estiver incapacitado de continuar.”

“De acordo com as regras um de vocês pode ceder.” - Eu digo controlando minha voz porque esta intromissão de Eric no meu treinamento está passando dos limites.

“De acordo com as velhas regra, nas novas ninguém cede.” - Eric diz enquanto me encara. Lembro-me da nossa luta, a qual ele fez questão de se valer da possibilidade que havia em ceder, desistir... Claro, depois de ter recebido socos na mandíbula, pontapés no estômago, chutes nas costelas entre outros. Na verdade, ele me deve o sorriso que ostenta hoje. Talvez um dente nem lhe faça tanta falta assim...

“Um homem corajoso reconhece a força do outro.” - Digo, tentando recordá-lo de que ele mesmo desistiu de nossa luta. A julgar pela carranca em que seu rosto se transforma, ele certamente lembrou-se da nossa experiência feliz.

“Um homem corajoso nunca se rende.” - Ele responde querendo parecer superior a mim. Nós nos encaramos e minha vontade é de tirar Al e Will de lá, levar Eric até o lugar que eles ocupam no centro da sala só para poder socar a cara dele de tal forma que seria difícil distinguir o que seria olho e o que talvez pudesse ainda ser sua boca.

“Isso é ridículo.” - Diz Albert cortando meus pensamentos. Eles falam algo, mas não presto atenção, pois meu olhar só está em uma pessoa. Aperto meus punhos. Então Al nocauteia Will.

“Levante-o.” - Eric fala. Vou até o quadro e circulo o nome do vencedor.

Enquanto Eric anuncia a próxima luta, apoio Will pela cintura e o levo para o hospital, na certa será hospitalizado. Recordo-me bem que ele foi o garoto com quem Tris estava conversando e para quem estava sorrindo. Se não fosse pelo fato dele estar a ponto de desmaiar, eu me sentiria feliz por ele ter perdido a luta e apanhado um pouquinho.

É mais forte do que eu e não entendo porque nutro sentimentos ruins por um garoto que sequer conheço. Na verdade, eu sei e isso é estranho porque o fato é que não quero nenhum garoto muito próximo a ela.

Calma aí Tobias você realmente pensou isso?! Chegamos à enfermaria e me dirijo à responsável.

“Presente para você Elly.” Eu digo enquanto ela o examina.

“O que aconteceu? Apanhou até desmaiar?” - Ela pergunta.

“Eric, aconteceu. Esse aí foi nocauteado.”

“Ah, Eric. Está tudo explicado então.” - Espero ela terminar os curativos e conversamos um pouco. Elly aparenta ter 30 anos, acho que ela é a pessoa mais velha que trabalha aqui na enfermaria. Depois que ela acaba, me retiro, estava tentando me acalmar e consegui. Não volto para a arena porque não estou a fim de bater em alguém...

*************************

No dia seguinte a mesma coisa. Ele se intrometendo em todas as lutas, mas tento fingir que nada está acontecendo, embora o meu lado da abnegação grite por justiça. Controlo-me e só falta mais uma, olho para o quadro para ver quem é e me assusto. Tris? Contra Peter? Agora ele passou do limite!

Observo Tris vir ao centro da Arena e Peter já está sorrindo.

“Você tá legal Careta?” - Ele diz enquanto sorri para ela, junto todas as minhas forças para não socar a cara dele. - “Parece que você está prestes a chorar. Talvez eu pegue leve com você se você chorar.”

Vou perder o controle se não sair daqui. Cruzo os braços porque ainda tenho realmente dúvida de em quem quero bater. Eric ou Peter?

“Vamos lá careta.” - Ele continua, pensando bem quero socar Peter... - “Só uma pequena lágrima. Quem sabe se você implorar?”

Tris reage a esse comentário e ele é rápido o suficiente para derrubá-la no chão. Eric fala algo, mas eu não presto atenção, meu sangue está fervendo de tanta raiva que estou sentindo. Peter a chuta, distribui socos em sua face. Torço para que ela pelo menos finja um desmaio, mas não, ela levanta sempre. Isso não me deixa nada bem.

Perdendo o controle em:

Cinco, ela está sofrendo (...)

Quatro, ele é cruel (...)

Três, ela não pode nem reagir (...)

Dois, eu estou com raiva, meu coração aperta (...)

Estou confuso.

Um, acho que eu gosto dela!

Retiro-me da sala, meio zonzo com a descoberta, e muito irado por não poder fazer nada. A luta que eu agendei para ela foi com a Molly. Eric irá me pagar por isso.

Vou para o lugar que sempre vou quando me sinto assim. O barulho da água batendo contra a rocha faz meus pensamentos saltarem para fora da cabeça, junto com a vontade de quebrar o focinho de Peter. Tenho que me concentrar, agora que a vi numa situação real de perigo, entendi o que realmente sinto, quero ser algo para ela, mas e se...

Meus pensamentos são cortados porque preciso ter uma conversa que não posso adiar.

Eric.

*************************

“Hey, onde você esteve?” - Diz ele enquanto me aproximo. - “Tive que colocar Tris na enfermaria, a garota não se abatia por nada. E as outras lutas...”

Antes que ele pudesse continuar, sou tomado pela raiva e quando dou por mim estou com uma das mãos envolta do pescoço dele, o levantando do chão e o empurrando contra a parede. Ele começa a ficar vermelho devido o meu aperto. O ar lhe falta, mas não afrouxo meus dedos.

“Para mim não importa se você é ou não um líder do Destemor.” - Falo friamente enquanto olho em seus olhos. - “Eu sou o instrutor e não você. Eu decido quem vai lutar contra quem. Não modifique e nem altere minhas ordens. Procure algo melhor para você fazer, pois pelo que eu saiba, Max mandou você apenas observar ou me auxiliar na arena de luta, provavelmente porque para um trabalho como um líder de verdade ele saiba que você não é, digamos assim... suficientemente capaz! Será que me entendeu?”

Ele acena com dificuldade, então o liberto do meu aperto. Me retiro sem olhar para ele e caminho para a sala de controle. Excluo a gravação de nosso pequeno desentendimento. Eu sei, contudo, que esta nova cena ficará marcada na vida dele, assim como na minha. Nenhum de nós esquecerá. Devo me preparar para o troco que certamente virá.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram?
Eric só pode ser a cria do Snow.