Parecia que estava na Russia à um século,mas só havia se passado um dia inteiro desde que voltei para Moscou,e as horas estavam se arrastando dolorosamente.

Não conseguia passar um minuto sem pensar na vida que deixei para trás em Seattle.Pensava nas meninas,nos meus cunhados,nos meus sobrinhos...e principalmente em Edward.Como será que ele havia recebido a noticia da minha volta para a Russia?.

– Coma Bella.-mamãe me tirou de meus pensamentos.

Estávamos sentadas na mesa da cozinha,e ela havia posto um prato com sopa de tomate na minha frente.Eu não estava com o mínimo apetite.

– Vai ficar doente assim Bella,não come nada desde que chegou.

– Não estou com fome.-disse sem muita vontade de estabelecer uma conversa.

– Meu amor,eu sei que esta triste mas não é se suicidando por inanição que se resolve nossos problemas.

Sem querer argumentar muito,apenas acenei com a cabeça e me concentrei a forçar um pouco a sopa,para que passasse pela minha garganta.Assim que cheguei a metade do prato,me dei por satisfeita e parei de comer.Comecei a retirara o prato da mesa para lava-lo,mas mamãe me impediu:

– Deixa que eu lavo.Vá se deitar um pouco.

Fiz o que ela mandou,apagando instantaneamente no momento em que alcancei minha cama.

Meu sono foi tranquilo,graças a Deus sem sonhos.Eu não suportaria rever os rostos das pessoas que um dia foram minha família.Não gostava nem de pensar sobre isso,muito menos sonhar.

Abri os olhos e fiquei encarando a janela,com a luz do poste iluminando a noite que já havia caído e uma parte do quarto.Com a visão periférica percebi uma sombra no canto do quarto,empoleirada na antiga poltrona estampada,não havia nada ali quando fui dormir.

Fiquei com medo até de me mexer.Todas as possibilidades passavam pela minha cabeça,menos aquela que realmente era.Não pude acreditar quando senti o cheiro familiar do meu marido.Ou melhor,agora era ex-marido.

Edward estava sentado na poltrona velha do meu quarto,destoando completamente do apartamento velho,da época da união soviética,em que eu morava.Ele enriquecia o ambiente com sua presença,nunca imaginei que Edward ,rico do jeito que era,um dia entraria no lugar onde passei a maior parte da minha vida.Mas apesar de toda a riqueza,ele tinha um bom coração.Um coração que eu ainda amava.

Não sei a quanto tempo ele estava ali,mas não percebeu que eu estava acordada.De repente senti um aperto no peito.Qual seria o propósito de sua presença?.E o que estava me deixando mais curiosa, é como ele entrou em casa,mais precisamente no meu quarto?.

Resolvi acabar com o suspense,e levantei rapidamente acendendo o abajur e o pegando de surpresa.

– O que esta fazendo aqui?.-comecei,me sentando na beirada da cama mais distante da poltrona.

– Vim em missão de paz.-ele disse fazendo um gesto com a mão direita como se estivesse balançando uma bandeira branca imaginaria.

Quando eu ia falar alguma coisa ele foi mais rápido.

– Já passou da hora de te contar tudo.Eu sei que esta brava,respeito isso.Escondi coisas de mais de você,agora estou disposto a me abrir.Se você ainda quiser ouvir.-Ele disse com um semblante triste e abatido.

A única coisa que eu consegui fazer foi assentir.Todas as perguntas que eu queria fazer foram esquecidas.

– Bom,já que ela é o começo de todos os meus problemas nada mais justo que começar com Tanya.

Ele respirou fundo e continuou;

– Eu ja fui noivo de Tanya.Mais não porque eu quis,e sim porque foi arranjado.Minha família não tinha todo esse dinheiro que tem hoje,quando eu e meus irmãos éramos crianças,nosso pai trabalhava na empresa concorrente da de Aro Volturi.Papai tinha varias idéias ótimas,mais seus chefes não lhe davam credito.A empresa de Aro estava a beira da falência,foi então que ele ofereceu ao meu pai para entrar de sócio e salvar a empresa.Papai aceitou,mas para isso Aro queria que uma "fusão" entre nossas famílias acontecesse.Então tiveram a infeliz ideia de casar os filhos Cullens com as filhas Voltures.Para resumir a historia,nós nos casamos com as irmãs assim que tínhamos idade suficiente.Durante o primeiro ano de casamento,eu tinha vontade de estrangular Tanya todos os dias.Porem não podia,assim como também não podia me divorciar ate completar três anos de casado,era o que dizia as clausulas do contrato assinado pelos meus pais.Mas tinha uma clausula,e foi essa que me salvou,em que se lia que o divorcio poderia acontecer se houvesse uma alta traição por parte de qualquer indivíduo envolvido na "negociação".Quer saber o que Tanya fez para o acordo ser desfeito?.-ele perguntou.

Demorei um tempo para perceber que falava comigo,mas ele não esperou por uma resposta minha.

– Irina engravidou de Emmett logo no começo do casamento dos dois.Ela estava eufórica com esse bebê,assim como o restante das duas familias.Aro estava especialmente obcecado com o herdeiro que estava para chegar.Ele mimava Irina de todo o jeito possível.Tanya tinha ciúmes dessa atenção que a irmã estava recebendo.Porem,antes dessa gravidez completar três meses,Irina sofreu um aborto.Ela ficou devastada obviamente,fez meses de terapia e mesmo assim isso não foi suficiente para evitar que ela sustasse com a filha de Rosa...

– Meu Deus,foi por isso que ela sequestrou a Natasha!.-eu o interrompi e declarei o obvio.

– Sim,Irina queria muito ter tido esse filho.Eu acho que ter visto os filhos de Rosalie,que ela não teve a afetou psicologicamente...Mas voltando a Tanya,ela percebeu que era sua chance de ocupar o lugar que quase foi da irmã em dar um herdeiro as famílias.Só havia um problema,ela não estava gravida.E como ela precisava de um filho rapidamente,antes que alguma das suas irmãs passassem a sua frente e engravidassem,ela resolveu enganar a todos nós.Pagou uma moça,para que essa desse o bebê que esperava para Tanya quando nascesse.Tanya usava uma barriga falsa,e não me deixava toca-la ou vê-la nua.Mas a farsa foi descoberta,durante uma noite,quando ela ia a cozinha beber agua,tropeçou rolando as escadas.A barriga falsa foi descoberta pelos paramédicos.E graças a isso eu me livrei dela,e ainda consegui livrar Jasper e Emmett das garras das outras Voltures.

Depois de escutar essas loucuras,dignas de se encontrar em uma novela mexicana ,eu não sabia o que dizer a Edward.

– Será que depois de tudo isso,eu posso ganhar um abraço pelo menos?.-ele perguntou abrindo o sorriso que eu tanto amava.

Como se uma força mágica me puxasse,eu me joguei em seus braços.Lugar de onde eu nunca deveria ter saído.E também percebi o quanto senti sua falta nessas quase 48 horas separados.