A Winter's Tale escrita por ArchMage


Capítulo 17
Acerto de Contas




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A grande montanha gélida de Skyrim ecoava com o som das portas de High Hrothgar se abrindo, Sarkhan, Selundar e Miraak, acompanhados pelos Greybeards se moviam em direção ao pátio do templo, ao se aproximar do arco que iniciava a trilha para o topo da montanha, Sarkhan percebe algo curioso, o vento cortante e implacável não estava atravessando a montanha e o caminho estava limpo.

— O que aconteceu aqui? – Pergunta Sarkhan olhando para o arco que ligava o pátio à trilha.

— Nós limpamos o caminho recentemente – responde Arngeir – de fato, ao chegar lá em cima você irá encontrar com a pessoa que pediu humildemente para subir.

— Pensei que vocês não abriam esse caminho para ninguém – diz Sarkhan encarando o monge – quem foi que subiu? A quanto tempo?

— Uma pessoa que você conhece, se quiser mais detalhes terá que subir Dragonborn – diz o representante dos Greybeards – nós íamos comentar com você a respeito disso quando você chegou, mas... – encara Miraak - ... fomos surpreendidos e interrompidos.

— Não tem problema – responde Sarkhan rapidamente querendo evitar que Miraak tivesse a oportunidade de abrir a boca novamente e criar mais problemas. – Iremos subir, tempos difíceis estão chegando, eu preciso falar com ele uma vez mais.

O trio então começa a escalada pela montanha de gelo, a escalada que Sarkhan e Miraak já haviam feito no passado, nos minutos iniciais da trilha o silencio permaneceu constrangedor entre eles, até que Miraak indagou;

— Dragonborn, quando chegarmos no topo, quero que você me dê a oportunidade de conversar com Paarthurnax a sós, não quero que interfira – diz o primeiro, encarando o topo da montanha enquanto caminha.

— Não permitirei que você ataque Paarthurnax, ele foi meu mentor e é um dos poucos aos quais eu confio de verdade – diz Sarkhan encarando Miraak.

— Se você interferir, eu irei ataca-lo também, e eventualmente dois dos três irá morrer no combate – explica Miraak – se isso acontecer, sua guerra vai acabar antes mesmo de começar, decida suas prioridades.

Sarkhan permanece em silencio, procura palavras para retrucar o que Miraak havia dito, mas não há o que retrucar, Miraak tinha razão, se ele interferisse, Miraak iria ataca-lo, e sem Hermaeus Mora para auxilia-lo na luta, Sarkhan teria grandes chances de perder, sem contar que Miraak possuía um Thu’um mortal contra dragões, se Miraak decidisse atacar Paarthurnax, o dragão não teria nem sequer chance de resposta.

A medida que o topo se aproximava, a sombra de uma ameaça surgia na mente do Dragonborn, ele foi capaz de usar o Thu’um do Alduin para trazer um Dragonborn a vida, será que o Thu’um do Miraak, o lendário Thu’um com quatro palavras de poder, que era capaz de exterminar um dragão e absorver sua essência em um segundo,também seria efetivo contra outro Dragonborn?

Sarkhan nunca havia pensado nisso, mas Miraak havia dez mil anos de idade e experiência, Hermaeus Mora havia dito claramente que apenas uma pessoa havia contemplado o vasto conhecimento de Apocrypha e sobreviveu para contar, então, o que aconteceu com outros? Será que Sarkhan foi o único? Ou será que Miraak exterminou cada Dovahkiin que tentou desafia-lo? Sarkhan sabia que Miraak era poderoso o suficiente para exterminar outros Dragonborns, nem mesmo os Sacerdotes eram páreo para ele, afinal antes que Vahlok o derrotasse, ele selou vários deles por Solstheim.

—Chegamos! – Diz Selundar animado ao ver o topo da montanha mais alta de Tamriel – que lugar incrível, não existiam locais assim em Morrowind – conclui o Dunmer olhando a incrível vista da grande montanha, a visão de Whiterun de um lado e de Ivarstead de outro, com Kynesgrove logo ao horizonte fazia com que essa fosse a vista mais bela de toda Skyrim.

Miraak simplesmente caminha até a pedra Draconica no centro, coloca uma das mãos na parede entalhada do monumento e limpa a fina camada de neve e gelo que cobria o que um dia havia sido um patrimônio histórico da supremacia dos Dragões, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o som de asas ecoa pelo topo da montanha, e no momento que o dragão ancião com escamas cor de bronze aterrissa, o sangue de Sarkhan congela com o receio do que estaria por vir.

—Drem Yol Lok Dovahkiin – Diz Paarthurnax olhando para Sarkhan – Humm não sabia que você havia trazido Fahdon – um amigo – para minha humilde montanha.

— Dragonborn! – Uma voz feminina chama por Sarkhan vindo de algum lugar das rochas do topo da montanha, inicialmente Sarkhan não sabia quem era, mas aparentemente o Nerevarine tinha um sentido mais apurado para identificar pessoas.

— Você! Breton! – Diz o Dunmer colocando a mão em sua espada e preparando-a para o saque – o Rei a exilou, o que você ainda está fazendo em solo Nord?

— Delphine!? – Exclama o Dragonborn surpreso-  então os Greybeards concederam a passagem para você? O que você veio fazer aqui? – pergunda Sarkhan fazendo um sinal com a mão para que Selundar não puxasse sua arma ainda.

— Bom... – Delphine remove o capuz de couro que estava usando para se proteger da neve e começa a se explicar – Inicialmente eu ia embora de Skyrim, mas ao passar pela montanha eu me perguntei se ... caso eu conhecesse Paarthurnax pessoalmente, eu seria capaz de tentar compreender a sua posição em relação a ele.

— E? – Pergunta o Dovahkiin – Paarthurnax aparenta ser perigoso e ainda acha que deve ser exterminado?

— Bom, enquanto a ser perigoso eu não sei... – explica a Breton – mas passei as últimas cinco horas aqui conversando com ele sobre as mais diversas coisas, de como ele lutou ao seu lado contra Alduin, de como ele te ajudou a encontrar o Elder Scroll na torre de Mzark, e de como você vem meditar com ele de tempo em tempo.... e... – A Breton fica extremamente envergonhada -... eu não o vejo como um inimigo em potencial, não que eu confie nele, afinal ele é um dragão, mas eu acho que consigo ver a centelha do bem nele.

A reunião parecia estar extremamente agradável, Delphine, a Breton que um dia ajudou ativamente na derrota de Alduin aparentemente havia finalmente mudado de ideia em relação ao extermínio de Paarthurnax, e Paarthurnax também aparentava satisfeito por conversar com outras pessoas além do Sarkhan, que o vinha visitar em torno de uma vez por mês. Estava tudo indo perfeitamente bem, até alguém abrir a boca.

— Que reunião mais tocante – a voz maligna do primeiro Dragonborn ecoa em um tom sarcástico – Eu até esperaria até vocês terminarem esse momento lindo de vocês, mas eu e essa criatura temos assuntos para resolver, não é mesmo Paarthurnax, General de Alduin, exterminador da grande fortaleza de Graden Hal – conclui Miraak se aproximando lentamente do dragão - hi ofaal wuth (você envelheceu) ...

— Dragonborn, quem é esse homem? – Pergunta Delphine para Sarkhan.

— Eu sou Miraak, e você deve ser muito grata por eu não explodir a sua cabeça por se referir a mim dessa maneira – diz Miraak com um leve tom de ódio em sua voz.

— Eu perguntei para o Dragonborn – retruca Delphine imediatamente.

— E eu respondi! – Diz Miraak em voz alta, de uma forma tão potente que sua própria voz soa como um Thu’um, tão poderoso que a neve acumulada nas pedras que estavam empilhadas no topo da montanha desaba, e um leve tremor se expande pelo solo – Agora Sente-se ... JOR – Miraak pronuncia apenas uma palavra em draconico e a Breton cai imóvel de joelhos– Não quero que vermes estraguem esse momento.

— Você... Faal Diist... O primeiro... – diz Paarthurnax virando seu pescoço em direção a Miraak – Essa é a primeira vez que vejo você assim... Geblaan... completo.

— Eu esperei dez mil anos, torcendo para que nenhum outro Dragonborn o matasse para que eu o pudesse faze-lo pessoalmente, general. – diz Miraak o encarando de frente.

A Ponta do dente do dragão e a superfície da máscara do primeiro estavam a menos de 15 centímetros de distância, era possível sentir a tensão entre os dois, era audível o estalar dos dedos do primeiro Dragonborn à medida que ele mexia sua mão, ao mesmo tempo que era possível escutar as escamas do grande dragão se mexendo levemente, à medida que seu corpo também se preparava para o combate eminente.

O vento forte da montanha finalmente derruba uma pequena pedra solta, e o seu barulho despertou o combate entre os dois mais antigos de suas raças, o senso de combate de ambos era similar, soltaram o Thu’um da baforada de fogo simultaneamente e grande parte da neve que cobria o topo da montanha agora restava derretida ou até mesmo evaporada.

Paarthurnax estava enferrujado, Miraak apesar de ser tão antigo o quanto, participou ativamente de lutas recentemente, sendo seu último oponente o ultimo Dragonborn, mas não era o suficiente para o primeiro clamar a vantagem, seu corpo ainda não estava regenerado completamente e estava instável.

O dragão ancião decide levantar voo para conseguir vantagem aérea, mas seu opoente tinha o conhecimento completo das táticas de combate dos dragões, e rapidamente usou seu Thu’um Forma Gélida para congelar uma das asas do Dragão e evitar que ele saísse do solo.

O incomodo de uma asa imóvel congelada pesando seu corpo para o lado oferecia distinta desvantagem para Paarthurnax, que começara a ficar preocupado com o resultado da luta, afinal, se não pudesse voar estaria totalmente suscetível aos ataques físicos de Miraak.

— Hey, vocês dois! – Diz Selundar desesperado ao puxar sua lendária espada “Trueflame” e explodi-la em chamas, mas antes que sequer pudesse intervir na luta, sentiu a mão de Sarkhan segurando seu ombro e impedindo-o de agir – Você vai ficar aí parado enquanto esses dois se matam?!  Que tipo de líder você é?! – Berra o Nerevarine ao encarar o Dovahkiin nos olhos.

— Eu apenas não quero arriscar que você também morra nesse combate – diz Sarkhan com uma voz tremula, a verdade é que o ultimo dragonborn não sabia o que fazer, se ele assumisse um lado da luta significaria que o outro lado iria ataca-lo, e em qualquer uma das hipóteses ele sairia perdendo um aliado essencial.

— VOCÊ MATOU A MINHA FAMILIA! – Berra Miraak cravando sua lamina na membrana de couro da asa esquerda do dragão com toda sua força.

O dragão urra, a intensidade de seu berro demonstra a dor que Paarthurnax sentiu ao ter a lamina maligna de Miraak perfurando sua carne. Miraak insatisfeito com o pouco nível de sofrimento do dragão, saca seu cajado e invoca os tentáculos negros de Mora que prendessem e esmagassem a asa do dragão, quebrando-a. O som de ossos quebrando era audível, juntamente com os berros de dor do dragão ancião.

O Som trovejante do Fus Ro Dah de Miraak estremece toda a montanha, arremessando o Dragão contra a pilha de pedras situadas em uma das extremidades do topo da montanha com força, pedregulhos caem encima de Paarthurnax, aleijando-o a ponto de que não pudesse mais levantar-se.

— Você... se tornou ... Mul... Hi Los Saad Vahzah Dovahkiin (Você é mesmo um verdadeiro Dragonborn) – Diz o ancião, sentindo o sangue escorrer pelas suas asas, e por entre os seus dentes.

— Sabe por que eu não ajudei Hakon, Felldir e Gormlaith a exterminar Alduin aquele dia? – Diz Miraak limpando a lamina da sua espada com a parte de sua túnica que cobria suas pernas. – Por que eles me disseram que você iria nos ajudar no combate final.

— Ful... tol d-druv ... (então foi por isso...) - diz o Dragão se esforçando para se manter consciente.

— EU PREFIRO VER O MUNDO QUEIMAR AO AJUDAR O DESGRAÇADO QUE MATOU A MINHA ESPOSA E MINHA FILHA! – Berra Miraak partindo para a última investida contra Paarthurnax, seu alvo era a testa do dragão, ele sabia que Paarthurnax não iria conseguir reagir, o dragão já estava semimorto a essa altura - Pruzah Guur (Adeus) – diz Miraak em um tom baixo de voz antes de liberar seu último Thu’um para a investida contra o dragão. – WULD.

O coração de Sarkhan batia forte com a angustia e desespero por ver seu mentor e melhor amigo a beira da morte, no instante que Miraak disparou com seu Thu’um para o golpe final contra Paarthurnax, o ultimo dragonborn simplesmente não pode mais se segurar, ele jogou Selundar de lado, empurrando-o para o chão, olhou fixamente para Miraak tentando mirar com ele em movimento, e desferiu seu Thu’um, ele sabia que tinha apenas uma chance e se não conseguisse, o líder dos Greybeards teria sua alma absorvida por seu pior inimigo.           

“GOL HAH DOV” (bend will/controlar mente)

Miraak simplesmente capota no meio de sua investida e começa a rolar pela a neve, sua espada fica para traz e ele se esforça para ficar de joelhos.

— Hah, você ousar usar o meu próprio Thu’um contra mim? – Pergunta Miraak de forma arrogante, mas sem conseguir esconder que estava ofegante.

— GOL HAH DOV – Sarkhan solta repetidamente o Thu’um Bend Will contra Miraak.

— Não! – Diz Miraak começando a perder o controle – Não é possível!...

— GOL.. HAH.. DO – e Sarkhan é interrompido por Selundar, que o empurra e o faz perder o foco. – O que você pensa que está fazendo Dunmer?! – Berra Sarkhan com o seu aliado o Nerevarine.

— Eu é que pergunto! – Retruca o Nerevarine – eu não sei o que estava fazendo, mas se continuasse a fazê-lo, o Miraak iria virar uma simples marionete sem vontade própria!

— Ele é perigoso demais para estar vivo! – Diz Sarkhan com uma expressão de angustia em seu rosto – Eu me enganei, ele não pode me ajudar...

— Se me matar só por que eu estava prestes a matar alguém importante para você, então você e eu não somos tão diferentes assim... Dragonborn – Diz Miraak ofegante caído no chão sem nem conseguir se mover. – Afinal essa também é a minha motivação.

Sarkhan então percebe que Miraak está certo, Miraak está sempre certo, ele é sempre sarcástico arrogante e parece ser extremamente inconsequente, mas sua dura visão do mundo nada mais é do que a realidade.

— Você jurou que iria me ajudar a vencer a guerra Miraak, se me disser agora que pretende honrar sua palavra, eu irei acreditar em você....

— Eu... – pronuncia Miraak mas sem concluir a sentença.

Alguns segundos de silencio se passam, a ansiedade e antecipação pela resposta final do primeiro Dragonborn é notável, Sarkhan anteriormente havia falado de forma bastante autoritária e chantagista que se Miraak quisesse ter sua vida de volta, ele teria que ajudar na guerra, isso foi a dias atrás ainda em Midden, quando Dunlain sacrificou sua essência divina, mas agora, Sarkhan estava implorando pela ajuda de seu antagonista, para ter poder de combate o suficiente para exterminar a doença de Tamriel chamada de Aldmeri Dominion.

— Quando o último Elfo cair – diz Miraak gaguejando enquanto se levanta lentamente – Quando a última gota de sangue mer dos seus oponentes for derramada... – Diz Miraak se posicionado em pé, se sustentando com uma das mãos no joelho. – Essa luta irá continuar ... – Levanta a cabeça e encara Sarkhan nos olhos....

“Sobre esses termos, eu aceito o seu pedido de ajuda. ”

 


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