Entre Mundos escrita por MakaSama


Capítulo 10
Capítulo 10 - Um Novo Começo




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   Algumas horas de sono depois, Layla acorda totalmente descansada e com muita energia, ela sente seu corpo relaxado e leve como uma pluma, mas ela tem uma sensação que ainda está sendo reabastecida.

Layla olha diretamente para a porta enquanto desce as escadas, não há mais a luz do sol, ela procura por Melissa nos cômodos, mas não a encontra, “Ela deve estar dormindo”.

Ela vai em direção á porta da casa, já que tinha dormido tanto tempo ia aproveitar que agora estava descansada, poderia aguentar qualquer coisa....bem, ou quase isso.

A noite está linda, o céu está um pouco estrelado, mas um pouco da claridade ainda estava presente, apesar da noite já vir lentamente subindo, aumentando a escuridão, um mal pressentimento percorre o corpo e os pensamentos de Layla, a floresta á frente dela está totalmente sombria e parece convidar a qualquer um que passasse por ali, convidar a enfrentar o medo e saciar a curiosidade sobre as criaturas que habitavam aquele lugar á noite.

— Dizem que á noite a floresta do reino e a floresta negra se tornam uma só, sem barreiras, nem leis, as criaturas mais assustadoras saem para caçar e as inofensivas se escondem —

 Uma voz conhecida ecoa entre as árvores que estão próximas a Layla... É Merlyn.

  — Você como sempre tentando me assustar... Sabe? Juro que não te entendo, uma hora você cuida de mim, outra você quer me matar, outra quer que eu vire sua aprendiz e outra hora me manda embora...garoto indeciso.... —

Layla o ouve descer de uma árvore e vir em sua direção, os barulhos de seus passos dividem lugar com os sons estranhos vindos da floresta.

— Mas no final é sempre a mesma coisa, você tem medo de mim, imitação de guardiã. Bom, façamos um trato, toda vez que você acertar um golpe em mim, conseguir aprender coisas novas relacionadas a seu poder e fazer as coisas que te peço com êxito, te responderei uma pergunta, se você não tiver nenhuma, te respondo alguma coisa que clareie a sua mente sobre coisas como...hm...onde você está, por quê está aqui, o que tem de tão especial em você para ser tão conhecida, a história desse lugar e outras coisas do tipo —

— Certo, quando começo? —

— Agora, suba em meu telhado, você tem habilidade o bastante pra fazer isso sem nenhum esforço, se acha que consegue faça como eu —

— Mas...mas ­— Layla fala enquanto vê Merlyn subir em uma árvore, pular alto e cair lá em cima do telhado, de pé, perfeitamente

— Isso acontece devido a força de impulso, a maioria das pessoas aqui desse mundo, tem habilidade, força ou poderes incríveis, certamente você tem ao menos um desses, e vai poder subir aqui sem problemas, bom, se você tiver grande força, dará um impulso com os pés, e conseguirá subir aqui, mas cuidado pra não ir muito longe, e fique leve na hora do pouso, já se você acha que tem poderes de magia concentre-se em.....voar... — Merlyn dá uma pausa e fica um pouco perplexo pois vê a impaciência da garota com sua fala, nisso ela rapidamente sobe na árvore e dá um impulso, mas apesar de não chegar até lá em cima, ela se segura na calha, se balança e com um salto mortal para frente ela salta pro telhado e para de frente pra ele

— Então professor? Aprovada? —

— É, até que é um bom começo, mas eu esperava que você fizesse igual a mim —

— Desculpe, mas tenho habilidade, não força —

— Certo, imagino que você tenha muitas perguntas ­—

— Que lugar é esse? —

— Em um lugar bem longe da superfície, você está bem abaixo do mundo humano, mais precisamente em uma camada dentro da terra, onde nenhum humano consegue chegar, pois é muito quente, e obviamente é protegido por uma camada mágica — Ele fala pacientemente, mas a expressão de Layla não é uma das melhores

— Ok.....Deixe me respirar um pouco — Layla está perplexa — Então o que a Melissa disse é verdade, como eu temia, ah meu deus! — Ela põe as mãos na cabeça, e dá alguns passos, tentando engolir a informação ­—Ok...ok,mas, quem é Willian? —

Merlyn nessa hora se assusta um pouco, ele respira fundo, parecia que aquele nome lhe despertava lembranças não muito boas ou então memórias bastante marcantes em sua vida, ele mantém o olhar fixo no horizonte e por um momento era como se Layla não estivesse ali, seu olhar percorre o céu estrelado e ele solta outro suspiro profundo.

— Não é hora para isso agora, há informações que é muito cedo para saber, você vai conhecer primeiro cada lugar dessa floresta, vai conhecer seus poderes e a si mesma... —

Ele faz uma pausa

— Infelizmente, não sei por quanto tempo você vai conseguir se manter escondida de Jonh, e a propósito ele não é quem você pensa, o pai dele facilmente o controla, Jonh tem um irmão gêmeo, ele só está tentando ajudar a corporação e de qualquer modo, você irá decidir de que lado ficar na hora certa, mas antes disso irei te treinar e te explicar sobre esse mundo —

— Hm...me fale sobre essa tal floresta negra e essa floresta do reino, isso daí não é tudo uma floresta só? — Layla se aproxima um pouco dele

— Era...antes do Rei Marvylus morrer, mas depois que um dos príncipes assumiu o cargo, que foi o mais velho no caso, depois que ele se tornou o novo rei tudo mudou, os que não seguiam as ordens do rei, eram mandados para fora dos domínios dele, e aqueles que estavam do seu lado, ficavam obviamente perto dele, nisso, o que era pra ser a floresta negra, que no caso só ficariam as criaturas que estavam contra o rei, virou a floresta do reino, pois a maioria dos seres daqui, são seres digamos assim... “do bem”, na floresta que era pra ser do reino se tornou a floresta negra, pois lá vivem criaturas não muito amigáveis, como Trolls, elfos negros, magos negros, uma parcela de monstros mágicos e por aí vai...ainda há aqueles que ficaram do lado do rei por puro medo, não participaram da batalha que houve por medo de morrer... — Merlyn fez uma pausa para respirar e para que mais informações viessem a sua mente, até que num suspiro ele fala

— Antes que você pergunte, foi uma batalha na qual as criaturas foram contra os guardas do rei para tirá-lo do cargo e colocar seu outro irmão, que em questões de juízo era o mais novo, só que também era o mais bondoso e realmente partilhava dos pedidos do povo, mas por lei e direito, o filho mais velho tinha que assumir o trono— Enquanto fala, Merlyn senta-se e logo Layla senta-se também

— Hm...entendo...agora que lembrei...por quê aquela matilha, quer dizer alcatéia...ah, por que aquele bando de lobos falantes nos atacou? Porque me matando ele seria curado da maldição? —

— É verdade, já tinha me esquecido..tenho uma hipótese, além de mim só os membros da corporação sabem que você está aqui...se você for mesmo aquela que todos procuram, o rei e seus milhares de sócios-comparsas já devem ter descoberto que você está aqui...então mandaram aqueles cachorrinhos pra terem certeza, pelo que conheço aquelas víboras dos membros da realeza, ou eles tem poder suficiente ou mandaram uma maga de magia negra pra rogar a maldição sobre os carinhas, transformando-os em lobos e prometeram para os indivíduos que se te pegassem seriam curados da maldição... —

— Seu vocabulário não é igual o daqui..hahaha — Ela comenta — Mas, a propósito, como você sabe tanto? ­—

— Quando eu lutava junto de meu pai, tive que descobri-los, estudá-los para se possível aniquilá-los, mas falhamos resultando...— Merlyn fez uma pausa e pousou  o olhar por um tempo naquele céu estrelado e aquelas sombras que envolviam a floresta. Mesmo olhando para frente Layla olhou de relance e teve quase certeza de que viu Merlyn encher os olhos d água, Lágrimas de tristeza...depois ele volta a realidade e puxando um pouco de ar, responde — Na morte de meus pais...Melissa foi quem mais sofreu, e eu infelizmente mal posso acalmá-la, nem eu até hoje me recuperei disso..imagine ela, uma garotinha que na época ela tinha uns quatro anos — Merlyn passa rapidamente as mãos nos olhos e como atendendo aos pedidos dele, Layla dá um forte abraço em Merlyn, essa era uma coisa que ele realmente não esperava, foi pego de surpresa, por um carinhoso abraço surpresa...ele aproveitou o momento não para chorar, mas para relaxar e deixar os pensamentos ruins deixarem sua cabeça.

— Obrigada... — Ele disse em um sussurro

— Tudo bem.. — Layla o solta...ela havia feito por puro impulso, era quase como se não controlasse seu corpo

E em outro ato inesperado, Layla tira seus braços dos dele, levanta, dá dois passos a frente e pula do telhado, Merlyn fica sentado, parado e novamente perplexo com a atitude daquela garota maluca, ele levantou e foi até a ponta do telhado, colocou um pé na calha e as mãos na cintura e ficou olhando confusamente pra doida varrida que se encontrava, encarando – o com uma cara de que era ela que sabia das coisas por ali, impacientemente, disse quebrando o silêncio daquela cena inusitada

— Vamos logo senhor “eu sou foda e bato em quem eu quiser”, eu quero conhecer logo essa floresta e testar meus poderes, quero poder te dar uma surra só pra me vingar de ontem — Ela deu um largo sorriso e deu as costas para Merlyn, foi andando enquanto rapidamente se perdia na escuridão daquele bosque, ele sem saber o que dizer ficou alguns segundos a observando e tentando descobrir o ela realmente queria, mas logo se deu conta que se não se apressasse a perderia pelo meio daquelas sombras.

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— Me tirem daqui!! Mas que droga! Eu nunca fiz nada a vocês! Posso até ajudá-los a matar quem você quiser, sei lá, posso ajudá-los, MAS PRA ISSO VOCÊ TEM QUE ME TIRAR DAQUI!! — O homem falava enquanto batia de punhos fechados na porta de ferro, era ferro puro e muito resistente, mas aquela pequena fenda na porta fazia sua voz ecoar pelo corredor.

— Cale a boca, humano miserável!! Você deveria estar agradecido por vossa majestade te dar água, comida e ter poupado tua vida, mas ainda reclamas? Se não tivessem me dado ordens de te manter vivo, já estaria com a cabeça solta do corpo — Rebatia o guarda á sua porta

 Depois desse breve momento de revolta e dessa conversa não muito confortável com o soldado, Michael voltou a sentar no chão daquele quartinho, que na verdade era uma cela, mas até que era um lugar confortável, não fedia a lixo, tinha uma mesinha e uma cadeira velha, em cima estavam sua deliciosa refeição, um copo de vinho envelhecido vindo diretamente do mundo humano e seu javali do mato assado, aqueles javalis que tanto assustavam as criaturas da floresta do Reino e da floresta negra e que devido ao feito louvável de algum caçador maluco e corajoso, aquela carne lhe fora servida, mas que a carne era gostosa era, e a cozinheira havia preparado com tanto amor, o amor que nem parecia existir em um lugar como aquele.

Ele saiu do chão de terra e pedras e deitou-se na sua cama, as camareiras não gostavam dele, não como a cozinheira gostava, então raramente lavavam seus lençóis e roupas, mas tudo bem, pois ele era um prisioneiro não um hóspede.

Michael já havia passado muitos meses lá dentro, quase havia perdido noção de tempo, mas aquela janela arredondada com um pequeno vidro, fazendo refletir a luz e deixando escapar belos raios de sol, fazia com que ficasse atualizado sobre o mundo lá fora, sabia quando era tarde, quando era noite, quando era inverno ou verão, outono ou primavera... Falando nisso, coisa estranha era aquela, aquele mundo cheio de magia, também tinha lá suas semelhanças com o mundo humano.

Mesmo sendo um simples humano, diferente de todas as criaturas que habitavam aquele lugar, Michael aprendeu a apurar todos os seus sentidos e até um pouco de sua intuição, seu cérebro trabalhava muito com um pouco de açúcar ou com qualquer pequena porção de comida e bebida. Desde que foi preso ali, começou a estudar o lugar, sabia o acontecia dentro e fora do castelo, tirava informações aqui e acolá, um pouco ali e um pouco aqui, montava o quebra cabeças e sabia de tudo o que estava acontecendo, de ruim e de bom, o estranho era que dificilmente tinha informações sobre porque estava ali, mas tudo que podia descobrir sobre isso, ele descobria, o que era quase nada até agora.

Naquela tarde as coisas estavam estranhas, na verdade as coisas estavam diferentes a cerca de um mês atrás, um movimento quase imperceptível havia começado entre os superiores, os generais, os membros da realeza e até o próprio rei, eles agiam estranho, como se esperassem alguma coisa e estivessem se preparando, às vezes via os generais correrem de lá pra cá, de cá pra lá, certa vez ouviu alguns generais falarem sobre alguns visitantes e uma reunião, essa foi a única vez, pois infelizmente não falavam nada aos soldados e aos de postos mais baixos, o que fazia Michael ficar por fora do assunto.

Os únicos rumores que havia até agora era que alguém muito esperado havia chegado ao reino, apenas isso, muitas perguntas rondavam sua cabeça, quem era essa pessoa, eram os tais visitantes? Ele tinha alguma coisa a ver? Não tinha respostas e Michael odiava não saber, não ter o que queria. Então naquela tarde, o movimento imperceptível virou um grande movimento, por muitas vezes viu o melhor general, o soldado mais querido pelo rei, o braço direito, parar em frente a sua porta e ficar ali parado, quase imóvel, depois saiu e voltou, ficou mais um tempo e depois saiu novamente, era como se ele esperasse ordens de um superior e ele estava muito impaciente pelo jeito, seja lá o que estivesse acontecendo, mexia com muitos, daquele lugar e aquela pequena intuição que Michael havia aprendido a ter, dizia que a coisa era encrenca das grandes.

Depois de algumas horas de espera, Asagi, o japonês que não tinha traços de japonês e que era considerado, depois do Rei, um dos membros mais importantes da realeza, chegou a porta de Michael, pediu para que um dos soldados próximos abrisse a porta, abaixou um pouco a cabeça e entrou no quartinho, olhou ameaçadoramente para trás mantendo-se de costas e girando apenas a cabeça para os guardas que estavam na porta

— Deixem-nos a sós — Disse quase em um sussurro

Quase que automaticamente, os três soldados que o acompanhavam e os dois que estavam de prontidão na porta, abaixaram a cabeça num rápido sinal de reverência e saíram, deixando a porta com uma pequena brecha, deixando escapar a luz que vinha das janelas do corredor, fazendo o quarto ficar um pouco mais iluminado que o normal.

— Então ó vossa majestade o que o traz aqui? — Falou Michael enquanto levantava-se da cama e colocava-se com um dos joelhos no chão em sinal de respeito e reverência, depois ele puxou a cadeira para o homem assustador a sua frente e sentou-se em sua fedorenta cama.

— Imagino que desde o começo você não tenha nem idéia do que faz aqui, não é humano? — O homem se senta na cadeira, que com o peso do corpo faz um pequeno “tréc”, seu casaco marrom que vai até os joelhos lhe confere um ar assustador, intimidando qualquer um, mas pelo contrário do que se via, Asagi sempre estava, digamos assim, de bom humor, nunca havia feito mal a ninguém, se não lhe fosse dada a ordem pelo o rei.

— Não senhor, mas antes de qualquer coisa, só gostaria de lhe pedir uma coisa —

— Diga homem, se for algo que eu possa fazer — Asagi falou e isso lhe conferiu um ar quase amigável

— Poderia não me chamar mais de humano, pois tenho nome e este é Michael, prazer em conhecê-lo — Disse o prisioneiro ao mesmo tempo em que se perguntava se não havia ficado louco e enquanto estendia a mão, num gesto quase amigo.

Para a sua surpresa, Asagi apertou-lhe a mão e deu um sorriso, fazendo a cicatriz em seu rosto abrir e mostrar o quão profundo a marca era, aquele homem causava certa confusão na cabeça de qualquer um.

— De qualquer modo, não sou homem de perder tempo então vou logo lhe dizendo que eu estou aqui, por causa de um assunto que envolve você e muitas pessoas, hoje você irá ao encontro do rei e ele lhe dará todos os esclarecimentos possíveis sobre porque você está aqui e o que terá que fazer para sair — Asagi levantou-se e foi caminhando até a porta, o homem é tão alto que teve que novamente abaixar a cabeça ao passar pela entrada — Venha me siga —

Michael quase não acreditava que aquilo estava acontecendo, seus dias naquela cela estavam contados, mas seu maior medo e maior curiosidade era o que teria que fazer... parece que dessa vez tinha se metido em uma encrenca daquelas, do tipo que nem Willian conseguiria lhe tirar, ou talvez até sim, se estivesse vivo Will faria de tudo para tirá-lo daquela enrascada, levando em conta também que ele só tinha conhecido aquele mundo por conta de seu amigo.

Enquanto andavam pelo estreito corredor, cada um com seus pensamentos perdidos, cada um com seus problemas para resolver, Asagi resolveu quebrar o silêncio

— Cuidado com as palavras, Huma..Michael, o Rei está de mal humor hoje, se eu não estivesse com pressa, lhe daria direito a um banho, mas você pode fazer isso depois de conversar com o Rei —

— Obrigado —

Depois de atravessarem o extenso corredor, Asagi pediu passagem para os soldados que estavam em guarda nas portas de saída, eles a abriram, e Michael e Asagi saíram, Michael parou um pouco e sentiu o ar, inspirou fundo e depois continuou a andar, pois Asagi já ganhava distância, eles agora estavam subindo por uma escada em forma de espiral, ela não era tão grande, mas era muito quente devido ao calor das tochas embutidas e ao fato de que provavelmente aquele era o único lugar onde não havia janelas.

Alguns metros depois, Asagi tira um molho de chaves do bolso de seu casaco e abre a porta, esta é feita de madeira, com uma grande fechadura de ferro, há uma grande barra de madeira, prendendo-a, esta barra aparenta ser muito pesada, mas o homem de casaco marrom a pega com facilidade, segurando-a com uma mão só e colocando-a encostada na parede do lado.

— Vamos, vá logo se preparando, infelizmente nem eu sei o que vai acontecer —

— Certo — Michael falou em um vacilo, deixando escapar seu ar de desconfiança.

Eles estavam em um grande espaço, tão grande que nem podia ser chamado de corredor, haviam duas portas de cada lado, elas estavam bem longe uma das outras, bem a frente o prisioneiro já podia ver o trono onde o Rei ficava e os lugares onde os membros da realeza sentavam, ele tinha uma vaga lembrança de que logo a frente ficava o salão principal e o salão dava para a porta principal de saída e entrada, ele também lembrou que do outro lado do salão, havia outras portas e outra escada.

Os dois homens, Michael e Asagi...o alto de casaco marrom, luvas pretas de couro, cabelo curto social, calça social, uma blusa branca por dentro e outra blusa preta por fora, com botões, e o mais baixo todo sujo de areia, mas com um terno bem alinhado, o sapato social limpo, a barba mal feita e o cabelo loiro escuro bem arrumado, mas não de um modo certinho, mas meio assanhado deixando –o com um ar mais jovem, passam pelo salão, que como sempre um brinco, o chão brilhando e os monumentos todos quase que reluzentes, dando a impressão de que acabaram de ser feitos, não mostrando as marcas do passado, é...aquele castelo tinha história, já tinha sido palco dos maiores escândalos, palco das coisas mais fúnebres e algumas vezes das coisas mais felizes, com suas paredes sempre refletindo o passado e quase novas á espera do futuro.

Um fato estranho era que aquele lugar nunca estava sem ninguém, sempre havia ao menos um Membro Da Realeza ali, sentado, pensando... Descobrindo como vai surrupiar mais ouro das criaturas, como vai conseguir mais escravos pelo reino, como vai dominar tal lugar, mas justo naquele dia, não havia ninguém, um pé de alma viva, Asagi como se já esperasse isso, continuou andando, fingindo não prestar atenção no medo de Michael

— A coisa é séria, droga...isso cheira a merda da grande....— Michael falou, achando ter apenas pensado e não transmitido seus pensamentos a aquele ser sinistro a sua frente

— Maior do que você imagina, se eu puder ajudá-lo farei, com toda a certeza..— Asagi falou se segurando para não rir do humano á suas costas, que agia como aquele javali que ele havia matado, com medo, tão forte no começo, tão inteligente, mas em uma situação dessas agindo feito rato, feito um bicho acuado, inofensivo

— Ahn? Você, você leu meus pensamentos? Você não deveria fazer isso — Disse Michael, ele agora mostrava todo o seu medo, tremendo um pouco a voz

— Isso é porque você não pensou, falou... — Asagi deu um pequeno sorriso de lado

— Ah, certo...certo, desculpe, já estamos chegando? — Ele falou, pois, não havia se dado conta que já estava nas escadas, havia apenas uma janela, em forma arqueada e com um vitral, nas cores azuis e pretas, e com algumas partes transparentes, era o desenho de um homem com duas grandes asas negras, ele voava em direção aos céus, segurando uma espada.

Era uma escada em forma espiral, nos degraus estranhamente havia azulejo de cor preta, e com desenhos em forma de losangos, estava tão limpo, tão brilhoso, que ás vezes Michael achava que ia escorregar.

Michael pousou o olhar por algum tempo naquele vitral, era um anjo? Asas negras? Não, naquele mundo não havia anjos, era algo bem maléfico, e que tinha asas, mas dificilmente haveria “bons anjos” naquele lugar.

Um tempo depois e eles estavam em um salão, a primeira coisa que se via quando adentrava-se no salão era o trono do Rei, e obviamente nesta ocasião, O Rei, “Hm..até que o Rei é bem atraente( Não que eu costume achar outro homem bonito além de mim, mas...há exceções ), cabelos negros em cima dos ombros, lisos, pele branca, nariz um pouco grande, olhos vermelhos...” Pausa “Espera!! Olhos vermelhos?? Ah Droga! até o Rei é um monstro!! Onde é que eu fui me meter...” Esses eram os pensamentos de Michael.

Dos lados havia uma bancada em forma de meia lua, do lado direito a bancada parecia ser mais ornamentada e até um pouco mais alta, era feita de prata pura, havia desenhos de coroas, homens e mulheres sentados em tronos de tamanhos iguais, nesta mesa sentavam os Membros Da Realeza, na outra bancada, um pouquinho mais baixa e com monumentos e desenhos relativos á guerra feitos em um material totalmente desconhecido para Michael... Parecia prata, mas a cor era diferente, era um tipo de prata escuro, mas muito reluzente, nessa bancada havia os generais, todos imponentes e de rostos rígidos, a maioria eram homens fortes, vestidos em suas armaduras de ferro ou aço, mas na verdade só era parecido com esses materiais, pois os equipamentos eram feitos de uma substância sólida encontrada em um lugar próximo ás barreiras mágicas que dividem o mundo humano do mundo mágico (Segundo os Elfos aquele material era propriedade dos Deuses e que quem o pegasse seria punido, todos os materiais daquela região era chamado de Sangue dos Deuses (ou Tesouro de Íliria) e quem criou aquilo foi a Deusa Íliria, Esposa de Marvylus, Maga que derrotou Ghyes , o maior mago negro que já existiu e que quase exterminou todos os guardiões do Reino), poucos haviam conseguido chegar no local, então obviamente O Rei havia se interessado, ou era ao menos isso que Michael tinha conseguido descobrir, e mesmo que agora não pensasse muito nisso, ele também tinha essa ambição, aquele material desconhecido no mundo dele, valeria milhões.

Havia algo estranho entres os generais, no meio deles havia dois homens, mas que pareciam mais dois garotos de tão magros e jovens, um deles refletia no rosto a alegria, ele não era nada sério, tinha o cabelo curto social bem loiro, liso, pele parda, boca larga, olhos verdes, nariz grande e afilado, rosto meio quadrado, meio triangular, mas leve, sem muitas expressões fortes, naquele momento ele escondia o sorriso no rosto, mas ainda era possível perceber que ele não queria estar ali, já o outro ao seu lado, tinha o rosto mais sério e frio do que todos os guardas dali, pois eles só refletiam o passado, cravado em sua pele morena, o que a vida obrigou a eles a se tornarem, mas aquele garoto não, a ambição estava escrita na cara dele, a vontade de estar na luta e estraçalhar aquele que tentar cruzar seu caminho, estava á mostra nos músculos fracos de seu corpo, que agora que Michael prestava atenção, ele usava uma armadura quase negra, e o garoto loiro uma armadura quase branca, o que era que aqueles moleques estavam fazendo ali? báh, muitas perguntas, pouco tempo para respostas, ele queria mesmo era vazar dali, o mais rápido possível, esqueceria as milhares de perguntas facilmente, era só colocar o pé pra fora de lá, daquele mundo maldito de gente doida, de coisas estranhas, talvez se conseguisse sair vivo dessa, nem pensaria mais em voltar para pegar os materiais que...é lhe deixariam rico, mas vivo, apenas com muita, mas muita sorte.

— Vossa Majestade!­ — Bradou Asagi ao chegar ao meio do salão, ele fez sua reverência pondo-se com um dos joelhos no chão e levantando – se, logo depois de todos ali presentes, menos o Rei, se levantarem como sinal de respeito.

— Ferrou — sussurrou Michael enquanto caminhava de cabeça meio baixa ao encontro de Asagi.

— Guardas! — Uma voz que veio lá do alto do trono, ecoou pelo salão, fazendo automaticamente os soldados que estavam na porta pegarem uma cadeira ao lado e levarem para trás de Michael, empurrando-o de uma forma que o fez rapidamente sentar, eles percebiam que ele estava com medo.

Asagi se afastou e foi ao lugar no lado do trono do Rei que já lhe estava reservado, bem no meio á vista de todos, tendo do outro lado da Majestade, o próprio irmão do Rei.

— Então, sem mais delongas que comecemos esta... — O Rei sussurra para seu irmão ao lado — Como é mesmo que se chama?—

— Reunião — Samuel sussurrou de volta

— Isso mesmo, Reunião, que comecemos esta REUNIÃO!! — O Rei levantou-se para dar mais ênfase a sua gafe, que fora despercebida apenas por ele próprio, mas obviamente por medo, ninguém falara nada e só o acompanharam em seu ânimo.

— Continuando, Humano como é teu nome? — Ela fala com arrogância

— Michael, Vossa Majestade — O silêncio reinou absoluto

— Certo, ainda não sabe o que tem que fazer, pois então irei começar, lembra de tua filha? —

— Desculpe Vossa Majestade, mas, quem? ­— Michael realmente não havia entendido

— A Filha que tu viste nascer — “Esse rei é realmente muito estranho, desconfio que seja louco ou esquizofrênico” Michael pensa — Layla? — Disse com um ar de espanto no rosto

— Sim, a própria, pois então, o guardião Willian, aquele maldito que quis me destruir, colocou seu sangue nela, plantando uma semente maldita, por muito tempo este poder manteve-se dormindo, mas recentemente foi acordado, então antes que ela caia em mãos erradas com seu grande poder, temos que trazê-la pra cá, é ai que você entra na história...—


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