Unfollow the White Rabbit escrita por Babi Sorah


Capítulo 1
CORRE!


Notas iniciais do capítulo

Se eu tivesse que descrever esse texto, diria que ele é mais uma crônica do que uma fanfic.
Já tinha escrito há um bom tempo e lembrei que ele estava mofando entre os meus jornais no Animespirit, então resolvi publicá-lo aqui e mostrá-lo a vocês.

Boa leitura!



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“Que dia é hoje?”


“Que horas são?”


Talvez estas sejam as perguntas sinceras que mais faço diariamente.

Mas, infelizmente, não é sempre que encontro pessoas gentis e dispostas a respondê-las. Há vezes em que elas passam depressa por mim, fingem não me ouvir ou simplesmente zombam de minha pessoa.



Não posso! Vou me atrasar! Preciso ir!

É isso que seus rostos dizem para mim.

E eu apenas dou risada por dentro, pois elas me fazem lembrar do Coelho Branco – sim, exatamente aquele que atraiu Alice até o País das Maravilhas. Sempre apressados, preocupados, ofegantes, sempre correndo para chegar ao encontro com a Rainha, seja lá onde for.

Pensando bem, talvez todo mundo esteja se transformando um pouco em Coelhos Brancos nos dias de hoje. Afinal, toda essa correria caótica que vejo ao meu redor confirma isso.

E é aí que está o problema.

Nessa estória, sinto que não conseguirei me tornar um coelho branco como os demais. E nem sei se quero.

Não uso relógio e os calendários pouco me são úteis.

E por falar em calendários...


Desde que consigo me lembrar, quando adquiro um calendário novo eu sempre vou direto conferir as datas que julgo realmente importantes e as guardo no único lugar onde consigo organizar minhas coisas: na memória.

Estas datas são os dias da semana do meu aniversário e do aniversário dos meus amigos (embora raramente consiga dar os parabéns no dia correto); os feriados nacionais, os dias de fazer as compras mensais; e por último, o dia da matrícula de seja lá qual curso que eu esteja fazendo ou precise ter.

Após fazer isto, simplesmente me esqueço do bendito bloco de papel e o deixo pregado na parede como um enfeite. E só. Provavelmente, eu não irei olhá-lo mais uma vez pelo resto do ano, a não ser para movê-lo do lugar para retirar a poeira enquanto estiver limpando o meu quarto.

Os dias que se seguem, eu apenas os vivo um após um o outro, do meu jeito. E se preciso me informar de alguma data ou hora para um compromisso, pergunto as pessoas ao meu redor e escrevo lembretes à caneta no meu caderno.

Já me disseram que este meu hábito é um defeito, que é um sinal de descaso e que beira ao prejudicial. Mas não importa o quanto digam, ainda não sou capaz de olhar para um bando de números e transformá-los em dias. Não gosto da ideia de limitar meu ano a doze retângulos numerados.

Acredito que o tempo é, acima de tudo, relativo. Nada mais que uma ilusão. E ilusões são sentidas, não cronometradas. O que dura para uns, é efêmero para outros. Uma existência longa não é o mesmo que uma vida completa.

E por pensar assim, com essa minha insistência em não contar os grãos que caem na ampulheta, eu acabei construindo (para o bem ou para mal) minha própria percepção:

Um dia equivale a uma tarefa. Uma semana dura um compromisso. Um mês é uma conclusão. Um ano é um objetivo. E um erro é um feriado.


Bem, nesse caso, se não posso me tornar um coelho, acho que quero ser um Gato de Cheschire.

Pelo menos assim, caro leitor, se algum dia você se sentir como uma Alice e estiver desorientado, eu poderei sorrir e te mostrar o caminho. E talvez até lhe fazer companhia caso queira descansar.

Nos vemos por aí!


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por ler!