Pernico! escrita por LauraSama


Capítulo 6
Cap 5 - A esperança é a última que morre


Notas iniciais do capítulo

Não me matem, por favor! Aposto como muitos de vocês acharam que eu tinha simplesmente abandonado a fic. Mal começou o yaoi. Acontece que o colégio, somado ao meu pc cheio de vírus e um bloqueio de escritor me impediram de postar um capítulo novo por... quase 2 meses, acho. Leitores, vcs sabem que eu amo muito vcs, nunca os abandonaria, por favor não me matem... Enfim, chega de mimimi. Prometo que nunca mais faço isso. Agora, de presente, aqui está um capítulo bem mais comprido que o normal.



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Os dias passavam vagarosos a bordo do Argo II. Principalmente para alguém que só assistia enquanto seus amigos se arriscavam em aventuras épicas, usando como desculpa o fato de ainda não ter se recuperado psicologicamente de sua desventura no Tártaro. Como Nico passava a maior parte do tempo sozinho naquele navio enorme, estava sendo atormentado pela sua tendência a pensar demais. Ele se recusava a sair nas missões da mesma forma como procurava sempre matar a aula de Educação Física, quando frequentava a escola.

O problema não era que ele se julgasse incapaz de ajudar, é que ele evitava o trabalho em equipe, por seus próprios motivos inexplicáveis. Não gostava de estar cercado de pessoas, mesmo que precisassem de sua ajuda. Especialmente, procurava ficar longe de uma pessoa em especial, pois sempre que o via sentia a paixão arder e paralisar o seu bom senso.

Nico parecia o Slender Man, uma figura pálida vestida de preto, sempre oculta pela escuridão, e observando fixamente Percy Jackson como um stalker que ninguém havia flagrado ainda. Aquela experiência não havia lhe dado esperança, apenas o havia deixado ainda mais fechado e temeroso, sem coragem para sequer cumprimentar Percy. E ele se odiava por aquilo, mesmo sabendo que o ódio não o levaria a lugar nenhum.

Sem perceber, foi se tornando como as sombras que sempre o cercavam. Aos poucos, deixou de falar até com Hazel. Passava a maior parte do tempo em seu quarto, escrevendo e desenhando seus pensamentos em um pequeno diário, ou dormindo seu sono sem sonhos e repleto de trevas. Era uma vida deprimente que ele proporcionava a si mesmo. Mas sabia que o futuro lhe reservava algo. Mesmo após praticamente perder a fé na vida, Nico ainda acreditava em destino.

Apenas durante a noite, enquanto todos os outros dormiam exaustos após um dia longo de batalhas, é que Nico se sentia confortável para abandonar sua toca, dar longas caminhadas em círculos pelo convés do navio e respirar um pouco do ar salgado do mar, que lhe lembrava, como sempre, Percy Jackson. A escuridão noturna, pontilhada pela luz reconfortante das estrelas, parecia ser a única que o entendia e acolhia.

Mas, certa madrugada, sua paz foi subitamente interrompida pelo som de passos. Passos suaves e estranhamente familiares. Nico nem precisava olhar para saber quem estava se aproximando. Sentiu o coração falhar e não conseguiu se virar. Talvez, se ele fingisse que não houvesse visto, Percy fosse embora. Mas não. Parecia que estava esperando um momento em que ambos estivessem completamente sozinhos juntos para parar de ignorá-lo.

– Oi. Não consegue dormir? – Percy o saudou com sua voz alegre como sempre. Não parecia estar achando aquela situação tão desconfortável quanto ele. Caminhou para a frente do filho de Hades, encurralando-o.

Nico abriu a boca mas sua voz travou. Apenas assentiu cautelosamente. Percy não ia ataca-lo, mas poderia fazer coisa pior.

– Bem, já que você passa o dia inteiro dormindo, é de se esperar. Sabe, é de dia que acontecem as coisas legais. Seus poderes de filho de Hades fazem falta nas missões. – Percy continuou tagarelando como se não houvesse percebido que Nico não o queria ali. Ele disse “seus poderes”, não “você”. Nico tinha a impressão que era totalmente descartável. Isso fazia a raiva borbulhar em seu peito.

– O que me obriga a ajudar vocês? – Ele perguntou em resposta, friamente.

– Você não estaria simplesmente ajudando a gente. Seu papel é indispensável para impedir Gaia. Você é um dos 7, lembra?

– Nenhuma profecia afirma isso.

– Mas é óbvio. Você é importante, Nico. – Seus olhos verdes brilhavam no escuro, calorosos. Havia sinceridade naquelas palavras. Pela primeira vez em alguns anos, Nico conseguiu acreditar sem hesitar. Um pequeno esboço de sorriso, bonito como uma joia rara, se formou inevitavelmente em seus lábios.

– Sou mesmo?

Percy riu. – Por que você não consegue acreditar? Eu sei que ninguém nunca te disse isso, deve ser porque ninguém tem coragem de falar com você. Você fica lá, todo misterioso. Nós mal te vemos.

Agora, além do sorriso, Nico estava enrubescendo. Ele quis cobrir seu rosto e sair correndo. Não conseguia se controlar. Algo naquele garoto derrubava todas as suas barreiras com algumas palavras amigáveis.

– É que... Eu sou tímido. É isso.

Percy sabia que não era só isso. Deu de ombros.

– Bem, você poderia fazer um esforço. Eu sei que você é um cara legal. Mas enfim, eu precisava conversar com você, e não é só por isso. Sabia onde poderia te encontrar, mas estava enrolando. Eu sempre te vejo caminhando por aqui.

Como Nico não havia notado? Ele não era o único por ali que sabia como ser discreto. Percy podia ter até visto ele falando sozinho, com seus próprios fantasmas. Mas não parecia se importar. Ele continuou falando, porém havia certa hesitação em sua voz.

– E-eu queria pedir desculpas pelo que aconteceu naquela noite.

Nico prendeu a respiração. Óbvio que era isso. Percy podia ser amnésico, mas ele com certeza não havia simplesmente esquecido aquele momento.

– Por que desculpas? – Nico praticamente sussurrou.

– Por eu ter te deixado lá. Eu fugi. Fui um covarde. Nico...

– Não precisa dizer mais nada. – Nico, quase involuntariamente, deu um passo a frente, encurtando o espaço entre os dois. – Eu também fui um covarde em ter ignorado você. Já basta saber que aquilo tudo foi real.

Dessa vez, foi Percy que travou antes de responder. Quando ele finalmente falou, Nico pôde sentir o calor de seu hálito fresco.

– Foi mais que real. Foi de verdade, de todo o meu coração. Isso me perturba todos os dias. É difícil resistir, mas eu sinto que tenho que tentar, por causa de... Você sabe, Annabeth.

A centelha de esperança que se acendeu em Nico foi quase imediatamente apagada pela mágoa do ciúme. Percy era mais covarde do que ele podia perdoar. Ele iria realmente trocá-lo por Annabeth? Mesmo correspondendo? Não é possível amar duas pessoas de uma vez. Mas talvez não fosse apenas isso, talvez fosse também a vergonha de assumir. Mesmo assim. Covardia, covardia. Os dois eram covardes em suas próprias maneiras.

– Então por que me dá esperanças? – Nico poderia desmoronar em lágrimas ali mesmo, mas se controlou, tentando ao menos parecer firme.

– Porque... Porque eu tenho esperança também, não entende? Eu posso esquecer Annabeth e todo o resto. Só por hoje.

Não era como se uma noite bastasse, mas era o suficiente por enquanto. No calor do momento, Nico esqueceu de protestar, esqueceu de usar a razão, principalmente porque logo depois de terminar aquela frase Percy o agarrou e o beijou intensamente. E ele o beijou de volta. E antes que percebessem o que estavam fazendo, já estavam de volta a cama de Nico, arrancando as roupas um do outro. Antes de amanhecer, Percy for embora para não levantar suspeitas, dessa vez lembrando de dizer adeus.

Aquilo poderia ter acontecido todas as noites. Mas a felicidade de Nico durou muito pouco, porque menos de 24 horas depois Percy e Annabeth se perderam. Aparentemente, para sempre. E junto com Percy, a alegria de viver passageira de Nico caiu de um abismo.


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Notas finais do capítulo

Meio esquisito esse final, né? Só lembrando que minha fic se passa num universo meio alternativo e eu posso inventar as doideiras que eu quiser u.u. Espero que tenham curtido. Escrevo em mais em breve, dessa vez juro pelo Rio Estige!



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