Não tirei essas palavras das páginas de um diário dramático, e muito menos de um blog sofrido. Foram apenas palavras que surgiram na minha cabeça e abafaram os ruídos do mundo em minha volta, e senti necessidade de me exilar e ficar em silêncio. Talvez por pura hipocrisia deixe de poetizar para enfim falar do que propus desde o começo.

Sinto um vazio só de pensar em como me sinto ridícula em todas as vezes que me aproximo dele com um roteiro em mãos. Do que fazer, de como falar e de como apenas preferiria me afastar e nem sequer olhar pra ele. Apenas deixe de pensar. Penso que posso ser ridícula porque simplesmente isso é ridículo! Talvez você pense que meu drama juvenil seja apenas uma manifestação interna de mim mesma, que quer mais do que tudo mudar as coisas. E está certo. Quero exatamente isso. Mas a verdade é que palavras vão sempre valer menos que uma ação. Por isso deixe de questionar, e somente reflita. Problemas são só problemas. Não tente aumentá-los ou diminuí-los quando sabe que eles têm o mesmo valor. Se me perguntar desde quando isso acontece não vou saber te responder. As lembranças que tenho só confundem minha mente, podendo me fazer mentir sem consciência. Só posso te responder com certeza que tínhamos uma relação boa. Sorrisos pra lá, sorrisos pra cá. Era sólido. Palpável. Quase visível. Por um momento volto a ser criança e relembro de quando chegava da escola com ele me trazendo na garupa da bicicleta. De quando o abraçava ser rancor... Quando tudo era apenas inocência. Logo a ilusão acaba e me trás a realidade mascarada de felicidade. Incredulidade. Tudo não passa de ilusão. Vejo um pai e uma filha sentados do lado oposto de um único mundo. Nenhum sorriso, só uma carranca no rosto e um olhar cheio de ansiedade pra sair logo dali, por parte da filha. Ela sou eu? Cadê aquele amor todo de quando jovem? Não sei... Simplesmente não sei.

Penso que não sei mais o que fazer. O mundo hoje em dia é tão corrido que não te permite de forma alguma parar para reparar os danos que você mesmo causa. Ou seja, é como uma fita que quando rasga não a nada para se fazer. Ela só vai continuar girando defeituosamente, isso se o dano for pequeno. Uma relação é como a confiança. Uma vez quebrada, é difícil e quase impossível consertar. Não que o meu “problema” seja exclusivo, e incrivelmente importante para qualquer pessoa além de mim. Seria egoísta e muito arrogante por pensar na possibilidade.

Por mais que penso no que fiz de errado... Me pergunto... Quando foi que rasguei a fita? Onde foi que errei? Ou a relação que tínhamos era muito fraca ou... O tempo simplesmente corroeu o que restava das sobras. Mas agora não adianta profanar ídolos que nem sequer existem e muito menos Deus. Culpe você, por tudo que está dando errado na sua vida agora. Já foi, esqueça. Mas é difícil né? Falar é fácil. Quero apenas tornar um hábito o difícil. Que tudo volte a ser como antes. Que possa dizer “eu te amo” sem nenhuma falsidade ou hesitação nas palavras. Que o difícil fique fácil.

Se por acaso eu puder comprar uma fita nova, será que tudo vai ficar bem? Mas porque comprar? Quanto capitalismo. Até mesmo nas relações sentimentais tem que haver dinheiro? Deixa pra lá. Mas continuo achando difícil alguém te dar a fita de graça. Mas o que é isso? Estou incentivando você a mendigar uma fita? Não me dê ouvidos. Apenas lute. Isso não é nenhum livro de auto-ajuda para você pensar assim. Mas vou ser hipócrita por um momento e te dar este conselho:

Apenas lute.

Se esforce.

Não deixe algo tão valioso como isso, solto por ai. Nunca se sabe quando alguém pode roubar sua fita.

Seja egoísta o suficiente para não quebrá-la nunca.

E se quebrar... Conserte-a.

Não deixe o tempo fazer algo por você... Porque se ele o fizer, te garanto que só irá te causar mal.

Talvez eu siga meus próprios conselhos. Afinal porque não? Quando digo sobre relações, não estou monopolizando tudo para somente o meu doloroso problema. Só não fique como eu. Não se deixe levar por um dano qualquer. Você ainda tem tempo. Restaure-a. Lute por ela. Não a deixe escapar nunca.

Porque senão você pode acabar como uma velha rancorosa e ranzinza que não amou seu pai o suficiente e não disse “eu te amo” a tempo. Porque a Morte não era vidente ou porque simplesmente pouco se importava em levá-lo.