Naruto Gokusen escrita por yin-yang


Capítulo 1
#1: Sanjou! Mitarashi Anko.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente aqui está o primeiro capítulo de "Naruto Gokusen", já planejada há meses. Espero que gostem. Uma boa leitura!

Att,
yin-yang.



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Ela se arrumava rapidamente, como se estivesse atrasada. Penteava seu cabelo e, assim que o fazia, colocava seus óculos. Pegava sua bolsa e pastas e seguidamente saía correndo de seu quarto. Passava reto dos outros membros daquela casa em direção à porta, onde, de modo desajeitado, tentava colocar seu sapato social.

– Ojou[1]...? – Pensou em chamá-la, enquanto comia seu farto café da manhã.

– Estou atrasada, Jiroubou. – Disse ela, deixando seus pertences de lado para poder se calçar. – Não tenho tempo para conversas.

– Mas...

­– Mas nada, Jiroubou. – Dizia ela, ficando novamente em pé com seus materiais em mãos. – Ittekimasu[2]! – Despediu-se ela ao abrir a porta, quando passou a correr.

– Não vai querer nenhum onigiri?! – Disse o gordo subordinado, mostrando a bandeja ao alto com diversos bolinhos de arroz.

Ligeiramente, a mulher voltava e pegava dois, três bolinhos para si e enfiava um inteiro na boca. Assim, ela sorriu, embora com a boca cheia. E então se foi correndo novamente.

Ao lado de fora da mansão, ela encontrava com inúmeros subordinados, que paravam para cumprimentá-la. Desviava de todos, até que ela trombava em alguém. Derrubava tudo o que carregava – inclusive os onigiris –, fazendo-a resmungar instantaneamente.

– Está tudo bem, Anko? – Disse o homem de meia idade, trajado em um yukata acinzentado com faixa azul. Seus cabelos eram pretos e longos. Sua pele era pálida, o que fazia realçar sua maquiagem roxa e seus olhos amarelos.

– Orochi ojii-chan[3]! ­– Exclamou ela, desfazendo aquele mau humor todo. O subordinado ao lado do respeitável Orochimaru catava todos os pertences da senhorita e os entregava em ordem, seguido de uma reverência. Levantava-se a mulher, agradecendo ao outro.

– Hoje então é o seu primeiro dia na escola. – Começou o mais velho, com suas mãos ocultas dentro das mangas. – Confiante?

Com a pergunta alheia, ela hesitou em responder. Pensou um pouco e então sorriu embaraçosa.

–... Na verdade, não muito. – Confessou ela, coçando sua cabeça com a mão livre. – Vai ser minha primeira turma e, bom, não sei como vou lidar com eles exatamente. Mas não tem problema! – Exclamou ela, agora calorosa. – Mesmo porque ser professora é meu maior sonho de toda a minha vida!

– Tenho certeza que a ojou vai se dar muito bem, não é mesmo, Orochimaru-sama? – Disse Kabuto, o subordinado ao seu lado, quase um braço direito.

– De fato, Kabuto. Anko será uma ótima professora, assim como qualquer coisa que ela faça, ela dá o seu melhor. – Terminou ele, sorrindo de canto para a neta. – Não é melhor você já ir? Vai chegar atrasada.

Com as últimas palavras do outro, a mulher voltava à realidade e se lembrava de que já estava atrasada. Assim, ela fazia outra revência e assim passava a correr de volta, como fazia antes de encontrar seu avô.

– Boa sorte! – Gritou para a mais nova o homem antes de entrar na mansão.

Aquela era Mitarashi Anko, 24 anos, professora recém-formada. Perdeu os pais em um acidente de carro ainda quando criança e, desde os sete anos de idade, passou a morar com o avô materno, Orochimaru, líder mafioso da segunda geração dos Yakuza. Seu avô e seus subordinados querem que ela dê continuidade aos negócios da família, mas, assim como sua falecida mãe, Anko quer tentar viver em meios lícitos. Seu maior sonho, desde criança, é ser professora. Respeitando a decisão da neta, o líder Yakuza resolve apoiá-la em sua decisão. E, naquele momento, ela estava prestes a começar a viver seu sonho e ambição.

Ela corria o mais rápido que podia. Afinal, não era nada agradável chegar atrasada logo em seu primeiro dia de trabalho. Como não dirigia, o meio de transporte que sempre utilizava para de ir de um lugar para outro era o ônibus coletivo. Caso contrário, a única escolha era a pé. Para que isso não acontecesse, correu com todas as forças. Sorriu quando se aproximava do ponto de ônibus, entretanto, sua alegria fora embora quando o ônibus passou por ela e a ultrapassou. Desesperada, passou a correr ainda mais. Via a porta do ônibus se abrir e ainda não havia chegado ali.

– Ai, merda. – Sussurrou ao pensar alto. Acelerou sua velocidade, esforçando-se para conseguir pegar o transporte a tempo. – Espere por mim, senhor motorista! – Gritou ela enquanto corria. Quando finalmente conseguia chegar ao ponto, as portas do ônibus passaram a se fechar. – Ah, fala sério... Alguém me diz que isso não está acontecendo com—

Antes mesmo que ela terminasse a frase, uma mão, ao lado dela, segurou a porta.

– Por favor, deixe-me subir no ônibus. – Disse uma voz rouca masculina.

Anko virava para olhar quem era. No mesmo instante que o via, sentiu seu coração bater mais forte. Seus cabelos eram prateados de tão belos. Tinha cicatriz em um dos olhos, os quais eram negros. Ele trajava uma jaqueta marrom, a qual fazia contraste com sua pele alva. Ele então subia no veículo e a olhava. Estendia sua mão para ela, para que pudesse subir.

– Entre, senhorita. – Disse o homem elegante.

–... Totalmente meu tipo. – Proferiu ela, deixando com que seus pensamentos tomassem formas de palavras.

– Perdão? – Indagou ele, um tanto confuso.

Ao notar o que havia dito, tentou disfarçar, envergonhada. Se pudesse, enfiar-se-ia em um buraco e jamais sairia de lá.

– C-Claro! – Respondeu ela, constrangida e gaga. Pegou na mão alheia e então subiu no veículo. – Arigatou[4].

O interior do veículo coletivo estava lotado. Não tinha espaço suficiente para ambos. Assim, ficaram espremidos em meio àquelas pessoas. Grudada nele, a professora ficava enrubescida.

– Deus, super meu tipo! – Sussurrou para si mesma, como se conversasse sozinha.

– Está bastante lotado, não acha? – Disse ele, fitando-a com um sorriso em seu rosto.

Ao notar que a conversa era com ela, enrubesceu seu rosto. Sorria de volta, um tanto acanhada.

– V-Verdade, né?

De modo repentino, o ônibus freava bruscamente, fazendo com que aqueles que estavam de pé se desequilibrassem. Anko, inclusive, pensou que fosse direto ao chão, quando aquele homem a segurava pela cintura para que não sofresse a queda.

“Ai, Deus! Será que estou sonhando?”, pensou ela, encantada com aquele início de manhã. Era inacreditável, na verdade, que aquilo estivesse acontecendo com ela!

– Está tudo bem? – Perguntou-a, ainda a segurá-la.

– H-Hai [5]... – Respondeu-lhe, encantada, quase hipnotizada pela tamanha beleza alheia. – Arigatou gozaimasu...

Ele então novamente sorria para a mesma, o que a deixava toda derretida. Estava no mundo da lua, flutuando pelas nuvens ao ver aquela linda expressão gentil do outro. Viajava em sua imaginação, onde, em sua mente, já estava vestida de noiva, prestes a se casar com aquele lindo homem. Quando se dava por si, o veículo havia chegado ao último ponto, onde desceria.

– Que coincidência. – Disse aquele que a acompanhava. – Não sabia que desceríamos no mesmo ponto.

Ao notar que ele ainda estava lá, ficou realmente alegre.

– Que coincidência maravilhosa! – Exclamou ela, alto, de modo que o restante do pessoal ali presente a observasse. Ao notar o escândalo que havia feito, ela riu nervosa, constrangida. Sem dizer nem mais uma palavra, a mulher descia do ônibus logo em seguida do outro.

– Em qual sentido agora você vai? – Perguntou o mesmo, com suas mãos enfiadas no bolso da jaqueta.

– Bom, eu vou para cá agora... – Disse ela, indicando com o corpo para a esquerda. – E você?

– Nossa, é uma pena. – Disse ele, um tanto decepcionado. – Meu trabalho é do outro lado. De qualquer forma – continuou ele, agora sorrindo novamente para ela – foi um prazer acompanhá-la.

– Ah, que isso! Eu que tive esse prazer... – Respondeu-lhe, suspirando, notoriamente apaixonada pelo outro.

– Então, agora eu preciso ir. Até mais. – Falou o mesmo, passando a acenar para Anko.

Toda boba, ela acenou de volta enquanto ele passava a correr, como se estivesse atrasado, quando então ela notava que ele deixava cair um livro de sua bolsa. Ela foi até o objeto e o catava do chão.

– Ei, você deixou seu livro cair! – Gritou ela para o mesmo, porém, ele parecia não ter ouvido e logo assim partido. – Poxa, e agora? Nem o nome dele eu perguntei... – Perguntou-se, enquanto olhava para o livro. – Romeu e Julieta, de William Shakespeare... – Lia em voz alta o título e então arregalava os olhos. – OH-MEU-DEUS! – Exclamou a professora. Esboçava um tolo sorriso em seu semblante. – Isso... SÓ PODE SER O DESTINO! – Assim, ela agarrava o livro juntamente com seus materiais e seguia saltitante o seu caminho, cantarolando. – Romeo-sama ♥

xxx

Em frente ao portão do colégio, Anko parava antes de adentrar ao estabelecimento. Suspirou fundo, confiante, com um largo sorriso no rosto.

Konoha Dansei Sen’you Koukou Gakuen[6], conhecido também como Kodakou... – Disse ela, enquanto lia o nome da instituição em sua fachada. – Yooooooshi, aqui vou eu! – Assim, ela entrava no colégio.

Como se tratava de um colégio exclusivo para garotos, não se via menina alguma.

– Ohayou gozaimasu[7], sensei[8]. – Disse um grupo de alunos, que passava por ela.

­– Ohayou gozaimasu. – Respondeu ela, contente. Começava a se sentir em casa. Era seu primeiro emprego, mas, afinal, o que poderia temer?

– Então você é a professora nova? – Disse uma mulher de jaleco branco que logo se juntava à Anko. Tinha seus cabelos negros repicados, com suas íris rubras. Usava um batom tão vermelho quanto à pigmentação de seus olhos. – Meu nome é Kurenai. Yuuhi Kurenai. Sou professora da enfermaria.

– E eu sou Katou Shizune, professora de inglês. – Disse uma terceira cujo cabelo, igualmente negro bem como seus olhos, era curto. Sorriu gentilmente para a mais nova integrante do corpo docente. – Prazer em conhecê-la.

– A-Ah, olá... – Disse Anko, um tanto quanto desconfortável. Afinal, não conhecia ninguém. – Eu sou Mitarashi Ank—

– Vamos agilizar nossos passos. – Cortou Kurenai a fala alheia. – Não é legal logo no seu primeiro dia de serviço levar bronca, hein, Mitarashi-sensei. – Completou ela, dando uma piscada para a mesma.

Ao chegar à sala dos professores, as duas que acompanhavam Anko foram para suas mesas, deixando-a na porta. Entrava vagarosamente, fitando todos ali presentes. Colocou suas coisas sobre uma mesa vazia, a qual aparentemente parecia lhe pertencer. Seguidamente, ela ia até à mesa da diretora e de seu vice-diretor.

– Com licença, por favor... – Anunciou educadamente para aqueles superiores. – Diretora Tsunade, certo...? – Disse um pouco receosa. A diretora parava de escrever e então encarava a professora novata, esperando-a falar. – Sou Mitarashi Anko. Prazer em poder trabalhar com vocês.

O silêncio pairava naquela sala. A diretora continuava a encará-la, bem como seu vice. Engolia a seco, um tanto tensa quanto à resposta. Entretanto, ao contrário do que se pensava, Tsunade abria um largo sorriso e depositava sua mão sobre o ombro da professora, aprovando-a.

– Seja bem vinda à equipe de Kodakou, sensei. – Declarou a mais velha. Olhou para o vice-diretor e então voltava com seus afazeres. – Vice-diretor Ebisu-sensei, por favor, apresente nossa nova professora ao resto da equipe.

Com a aprovação da diretora, Ebisu tentou contestar.

– M-Mas, diretora Tsunade, eu não acredito que ela seja qualificada o suficient—

– Eu a contratei, eu sei o que eu faço. – Respondeu a superior objetivamente. Voltou a olhar para Anko, sorrindo. – Não se preocupe com isso. Sinta-se à vontade.

– C-Certo... – Respondeu sem opção o vice. – Venha aqui, Mitarashi-sensei. – Disse o mesmo, orientando a nova docente. Bateu palma para chamar a atenção dos demais professores ali presentes – Professores, preciso de um minuto da atenção de vocês.

Com o chamar do vice-diretor, o corpo docente voltava seus olhares para centro, onde estava Ebisu e Anko. Ela estava um tanto nervosa. Afinal, não era fácil se sentir tranquila quando todos a estão observando.

– Essa é a Mitarashi Anko-sensei, nossa mais nova docente do Kodakou. – Disse ele, sério.

– Bom dia, mina-san. –Cumprimentou-os ela. – Meu nome é Mitarashi Anko. Prazer em conhecê-los. – Apresentou-se a mulher, fazendo uma pequena reverência a todos.

Quando Anko sorriu, paralisado ficou um professor, encantado com o jeito dela.

– Meu Deus, super meu tipo. – Sussurrou ele. Ele então correu a encontro da mesma, pegando em sua mão. – Prazer em conhecê-la, Mitarashi-sensei! – Exclamou ele, todo radiante. – Sou Maito Gai, professor de educação física! Qualquer coisa, você pode contar comigo. Eu estarei sempre pronto para te ajudar! – Declarou, animado.

Anko assim retirava sua mão da dele, dando um sorriso nervoso.

– C-Claro, Maito-sensei. – Disse ela, um tanto receosa.

– Ela ficará responsável pela turma do 3º ano D. – Explicou Ebisu, enfatizando a turma.

Com um sorriso, ela fez uma reverência em nome do agradecimento. Contudo, ao vice-diretor anunciar a turma daquela, todos ficaram calados e nem palmas sequer deram com aquilo. Anko olhou ao redor, observando a expressão de piedade dos demais.

– O-O que tem de errado, pessoal? – Perguntou ela, um tanto incomodada.

– Ai, que dó de você. – Disse Shizune enquanto colocava sua mão sobre a boca. – Muita falta de sorte...

– C-Como assim, gente? – Perguntou, um tanto preocupada com o comentário alheio.

– Qualquer coisa, Mitarashi-sensei, sou da enfermaria. – Falou Kurenai. – Se precisar de um curativo ou algo do tipo, estarei lá.

– N-Não, gente... Espere um ponto. – Pediu a nova professora. – Eu não estou entendo nada.

– Mitarashi-sensei, não deixarei com que façam mal algum a você! – Declarou de peito estufado Gai.

– Vice-diretor! – Exclamou ela, confusa, necessitada de uma explicação.

Ebisu apenas sorriu maliciosamente, como se aquilo o divertisse. Ele então entregava à recém-contratada um conjunto esportivo vermelho e um tênis de corrida.

– É melhor se trocar para isso. – Disse o superior. – Vai precisar para poder correr mais rápido.

– Hã? ... Correr? – Questionou.

– Boa sorte, Mitarashi-sensei. – Provocou Ebisu, dando meia volta para retornar à sua cadeira.

–... Isso só pode ser brincadeira, né? – Sussurrou ela, indignada enquanto olhava para aquele moletom avermelhado. Olhou para o alto, suspirando. – Por que, Deus? Por quêêê?

xxx

Ao terminar de se trocar para o traje sugerido, ela pegava todo o seu material para dar sua aula. Seguia o corredor da escola, onde, adiante, estaria a sala de sua querida. Afinal, o que haveria de mau? Eram só adolescentes, já prestes a se formarem. Não haveria de ter problema.

Cantarolava enquanto, aos poucos, se aproximava da sala. Notava que o ambiente começava a ficar mais escuro – as paredes pichadas, as janelas quebradas... Tudo isso era possível se notar ali. Sua voz passava a desaparecer a cada passo que dava.

– N-Não tem problema nenhum, não é mesmo, Anko? – Disse para si mesma, tentando não desanimar.

Finalmente de frente com a porta que separava ela e os alunos, ela respirava fundo. Era possível ouvir os gritos e as bagunças que eram feitas dentro daquela sala. Virou para trás, estendendo seu braço com sua mão bem aberta. Encarou-a, concentrada. Respirou fundo novamente para se encorajar.

– Fight... Oh! – Pronunciou-se com seu grito de guerra pessoal Assim, ela se virava para a porta, esboçando um animado sorriso.

Ela então abria a porta da sala, de modo a adentrar na mesma logo em seguida. Aquela sala estava, de fato, uma verdadeira bagunça!

– Ohayou! –Anunciou ela com um sorriso em seu rosto, sendo completamente ignorada. – Pessoal?

Naquela sala, havia alunos de vários tipos: uns chutavam as carteiras, outros pichavam a parede, enquanto outros formavam rodas para briga.

– Ohayou! – Tentou novamente agora com uma voz mais alta, porém sem resultados. Aquilo começava a deixá-la irritada. Respirou fundo e, assim, direcionou-se a um dos grupos de alunos. – Com licença, vocês podem, por favor, se sentar? – Pediu ela gentilmente.

Os garotos pareciam ter percebido a presença dela na sala, porém, assim como antes, nada disse. Era, então, ignorada pela terceira vez. Eles continuavam com suas algazarras.

– Hein, pess—

– Cale a boca, maldita! – Gritou o mais gordo da turma ao encará-la, furioso.

­–... Maldita? –Repetiu ela, desfazendo o sorriso no rosto. Arqueava sua sobrancelha, um tanto quanto incomodada.

– É. – Disse um outro sentado sobre a carteira ao lado do primeiro. Esse tinha cabelos curtos e castanhos, com seu rosto tatuado em vermelho. – Não nos atrapalhe, maldita.

Ao ser chamada pela segunda vez daquela forma, sentia uma veia saltar em sua testa, irritada. Foi até a mesa do professor e ali jogou os materiais sobre o móvel com força, provocando um barulho estrondoso.

– JÁ DISSE PARA VOCÊS SE SENTAREM, SEUS DESGRAÇADOS! –Alterou a voz,

Com a ação da professora, todos se calaram e paravam tudo o que faziam. Ficaram assustados. Afinal, que professor teria coragem de chamá-los de desgraçados? Revoltados, contestaram contra a docente, porém totalmente ignorados pela mesma.

– Cale a boca! – Disse uma grande massa da sala, chutando as carteiras, enquanto outros partiam para cima.

– Desgraçada é a sua mãe, sua maldita! – Gritou aquele aluno gordo arrogante novamente, dessa vez, porém, direcionando um soco contra a professora.

Para a surpresa de todos, ela impedia o golpe do outro ao segurar com força o punho alheio. Ela o encarou com seu olhar repressor.

–... Vocês ainda não se sentaram, seus desgraçados?! – Exclamou ela, fazendo a sala toda se calar.

Do fundo da sala, portanto, se ouviu o arrastar de uma carteira. Lentamente, um loiro rapaz, de estatura média, se levantava de sua carteira ao se espreguiçar. Observou toda aquela confusão ao seu redor e, ao ver aquela estranha dentro da classe e, pior, segurando o soco do companheiro, ele, pois, passava a se direcionar encontro com a mais velha.

– Naruto! – Disse o gordo, que tinha seu braço imobilizado.

– Acabe com ela, Naruto! – Disse outro aluno ao fundo.

Os olhares entre o loiro e a professora se cruzavam, ambos sérios.

­­– Hey, você – Pronunciou-se o garoto, com suas mãos no bolso –, solte o Chouji.

– Ahn? – Fez menção de desafiá-lo, contudo, ao se tocar no que fazia, arregalou os olhos, percebendo a falha que havia cometido.

A sociedade não podia saber que ela era Orochi terceira geração. Agindo daquela forma, porém, seu segredo poderia estar em risco. Soltou rapidamente a mão do outro, levando a sua própria na cabeça, coçando-a, sem jeito.

– Haha, minha nossa! Como isso pôde acontecer, né? Mas que coisa! Ahaha haha hahaa! – Riu constrangida, tentando disfarçar.

Com aquilo, a sala toda, inclusive Naruto, ficou sem compreendê-la. Inicialmente, ela parecia ser uma coisa e depois outra.

–... Qual o seu problema? – Perguntou o loiro, um tanto quanto confuso.

– Problema? – Repetiu Anko ainda com seu sorriso sem jeito. – Aaaah, sabe como é, né? Adoro filmes de ação. Como sou muuuito influenciável, acabo querendo incorporar os personagens. Aha haha haha! – Riu novamente de si ao disfarçar.

– Você é estranha. – Disse o outro, enquanto a observava.

– Eu sou? Ahaha haha! – Continuou a rir enquanto passava a organizar a sua mesa. – Pessoaal, vamos sentar cada um em sua carteira! – Exclamou ela ao aproveitar o silêncio da turma.

Ao passo que todos iam para seus respectivos lugares, Anko suspirou aliviada. “Por pouco... Pensei que não ia ter escapatória, ufa”, pensou, enquanto abria o livro de chamada. Observava os alunos, ainda se ajeitando dentro da sala, principalmente Naruto, ao qual conversava com seus colegas de turma. Uzumaki Naruto... Então ele deve ser o líder do bando”, mentalizou ela ao notar o funcionamento da sala de aula.

– O que foi? – Indagou o líder ao perceber que estava sendo observado.

– N-Nada, imagina! – Respondeu-lhe sorridente a professora. – Haaai, agora vou me apresentar! – Disse ela enquanto pegava o giz em mãos. Virava-se para a lousa, escrevendo seu nome e sua idade no mesmo. – Meu nome é Mitarashi Anko, 23 anos. Sou professora de matemática, responsável por essa turma e, a propósito, solteira. Prazer em conhecê-los!

Ao virar para a turma, via que todos riam. Sem entender o porquê, ela sorriu enquanto guardava o giz utilizado em seu estojo de madeira.

–... O que é tão engraçado, pessoal? – Perguntou ela, curiosa em saber do que se tratava.

– Você! – Disse o sobrancelhudo com uma bola de futebol em cima da carteira.

– Eu? ­– Perguntou a professora, sem jeito, ao interpretar aquilo como um elogio.

­– É. – Disse o garoto tatuado no rosto em vermelho. – Você parece uma Miss!

– Miss? – Repetiu ela, totalmente contente ao ouvir tudo aquilo deles.

Miss Panta[9]! – Completou o aluno.

Com o jogo de palavras feito por ele, o resto da sala caiu na mais alta gargalhada.

­– Boa, Kiba! – Comentou Chouji, quase chorando de tanto que ria. Batia na mão do amigo, comemorando uma espécie de vitória.

– Vocês... – Murmurou ela, contendo-se para explodir em raiva. Cerrou os punhos com força enquanto fechava os olhos e respirava fundo, tentando manter a paciência.

A zoeira da turma estava longe de acabar e a veia da testa da professora passava a saltar, com seu sangue fervendo. Antes que pudesse erguer qualquer voz par alguém, pôde se ouvir a porta da sala se abrir bruscamente, de modo que causasse um estrondo. Seu olhar direcionou-se diretamente ao local, observando a entrada de mais alguns alunos. O primeiro tinha cabelos negros espetados presos com um elástico; o segundo usava um gorro preto, escondendo totalmente seus cabelos, e óculos de sol, tapando seus olhos; o terceiro, cujos cabelos castanhos ficavam soltos, possuía um olhar perolado, intimidador, e tinha sua testa enfaixada com ataduras, como se tentasse esconder algum ferimento; e o quarto e último tinha cabelos igualmente negros como o do primeiro, porém lisos e repicados. Andava com as mãos no bolso, enquanto adentrava na sala.

Com a chegada daquele grupo, parte da sala ficava tensa. O clima ficava um tanto quanto... Denso. Lee, Kiba e Chouji se levantavam rapidamente de suas carteiras e iam ao encontro daqueles três primeiros. Os seis passavam a se encarar intensamente, como se brigas estivessem prestes a acontecer.

Os recém-chegados, porém, logo depois ignoraram a presença daqueles, passando direto por entre eles. Seus ombros se chocavam, de maneira que puderam irritar os outros.

– Espera aí, seu desgraçado. Vai me ignorar mesmo?! – Gritou Kiba, virando Shino para si e lhe golpeando com um soco no rosto.

– Como é que é, seu vira-lata de merda? – Tomou Shikamaru as dores do amigo, partindo para cima do outro.

– É isso mesmo, veado de bosta.

Aquilo foi o estopim para a sala virar novamente um verdadeiro caos. Os demais alunos, não envolvidos na briga, igualmente passaram a se rebelar; chutavam carteiras, socavam um ao outro.

– M-Minna[10], acalmem-se, fiquem quietos! – Pediu a professora, erguendo sua voz na esperança de que fosse ouvida, porém completamente ignorada. Respirou fundo e, mais uma vez irritada, fechou os punhos. – Omaera[11]... JÁ CH—

– Já chega! – Gritou o moreno recém-chegado. Ele encarou aos demais, fazendo-os todos pararem com a algazarra. Voltou a fitar Naruto sob um olhar de superioridade.

A professora observava a movimentação, desde o comando feito pelo outro até recuo da metade da sala. Observou o modo como ambos se encaravam. “Dois líderes?”, pensou Anko, “Tsc, isso vai dar mais trabalho do que eu imaginava”. Para quebrar a tensão da sala, ela sorriu, batendo algumas palmas para chamar a atenção.

– Hai haaai. Vamos todos voltando para seus lugares! – Disse ela, alegre. Fora até os alunos atrasados, batendo levemente nas costas dos mesmos. – Vocês também.

Sasuke, então, parava de olhar para Naruto e, assim, passava a encarar a professora enquanto ela praticamente obrigava seus companheiros a se sentarem.

– Quem é você? – Perguntou Shikamaru, com suas mãos no bolso.

– Eu sou Mitarashi Anko, professora responsável pelo 3º D.

– Professora? – Questionou Shino, olhando para a mesma por cima de seus óculos escuros.

Aquele grupinho, então abriu um sorriso sarcástico, até irônico, inclusive Sasuke.

– O que foi, gente? –Perguntou Anko, sem entender o motivo de tal ato.

– Nada. – Disse Sasuke, ainda a fitar a professora. – Vamos.

Com o comando, os outros três o seguiram, passando assim, a se retirarem da sala.

– Depois da aula, Naruto. – Intimou o líder moreno ao loiro, sério, antes de sair.

– O-Onde vocês vão? -- Perguntou ela, enquanto os observava andar em direção à porta novamente. – Ainda estamos em aula!

Sem responder à pergunta alheia, eles partiram. Irritada, ela correu até a porta, de onde chamou a atenção dos mesmos.

– Voltem agora para a sala, vocês quatro. – Alertou-os.

Sasuke assim parou de andar ao virar para trás, encarando-a. O restante, assim como o líder, também o fizera.

– Nós... – Iniciou Neji, o de cabelos longos. – Não confiamos em professores.

Não confiar? – Repetiu ela. – Por qu—

– Porque vocês, professores, são todos iguais. – Concluiu Sasuke ao interromper a professora. – Nada mais.

De tal modo, o moreno voltou a caminhar, bem como os demais passaram a segui-lo, sem sequer olhar para trás. Anko apenas continuou a observá-los, em silêncio, pensativa. “Não confia em professores, hm?”, suspirou ela e colocava suas mãos sobre a cintura, “Estou vendo que terei dificuldades com essa turma.” Esticou seu braço novamente com sua mão aberta, concentrando-se.

– Força, Anko. – Disse a si mesma. – Fight... Oh!

Respirou fundo uma vez mais e, determinada após seu grito de guerra pessoal, retornou à sala, totalmente empolgada. Abria a porta com tudo, com um grande sorriso estampado no rosto.

– Estou de volta, Pesso... – Antes mesmo de concluir sua fala, ela analisava a classe e reparava que ninguém mais estava ali. Seu sorria se desmanchava e, no lugar, se formava uma expressão desanimada. –... al. – Suspirava, indignada. – Por que isso, minha gente...? POR QUÊÊÊÊÊ?! – Gritou ela, olhando para o alto.

xxx

– Aquela professora é de fato uma burra mesmo, né? – Comentou Kiba, na saída da escola, ao caminhar juntamente com seus amigos.

– Haha, verdade. – Concordou Chouji, rindo do assunto. – Até um pão de Yakissoba pensa mais do que ela. Como era o nome dela mesmo? Dango?

­– Não, seu idiota! – Retrucou o primeiro ao dar um tapa na cabeça alheia. – Era... Hm... – Ficou pensativo enquanto andava. – Ah, não importa! Não é, Lee, Naruto? – Chamou ele pelo colega, porém sem obter resposta. – Lee? Naruto?

Ambos estavam mais adiante, quase que isolados dos outros dois. Ambos pareciam sérios.

–Você realmente pretende ir lá, Naruto-kun? – Disse o chinês enquanto quicava a bola de futebol com o pé. – Se quiser, nós vamos juntos com você.

­– Não, Sobrancelhudo. – Disse o loiro, enquanto olhava para frente enquanto andava. – Esse assunto é entre mim e ele. Não quero envolver vocês na briga. Mesmo porque ele me pediu 1x1, nada mais justo. – Ao chegarem na esquina do colégio, o líder parou enquanto via seus companheiros igualmente pararem. – Bom, a gente se despede aqui.

– Aaaaaah, mas já? – Reclamou Kiba enquanto dava uns cascudos no gordo.

– Fui intimado para uma luta. Não posso recusar. – Disse Naruto com seu sorriso no rosto, convicto de sua vitória. – Mesmo porque todo mundo sabe que eu sou o mais forte.

Com o comentário alheio, o grupo inteiro riu. Kiba, pois, estendia seu braço com o punho fechado acompanhado de seu sorriso confiante:

– Vai lá que a vitória é tua, irmão. Arrebenta com aquele pau no cu do caralho.

– Pode deixar, Kiba. – Respondeu-lhe. – Até mais, galera.

Assim que Naruto seguia outro rumo, o garoto tatuado agarrou igualmente o pescoço de Lee, de modo que ficasse no meio dos dois amigos:

– E aí, que tal a gente a partir de agora ir pro Karaokê? – Disse enquanto olhava para os mesmos.

– Super concordo! – Respondeu Lee, animado com a ideia. – E você Chouji?

– Cara... Hoje não vai dar. Preciso fazer umas coisinhas. Foi mal.

– Ah, pare com isso, Chouji! – Retrucou o de cabelo castanho. – Qual é que é, mano? Vai abandonar os parças?

– Foi mal mesmo. É que realmente não vai dar. – Desculpou-se o gordo. – Fica para a próxima.

– Tsc, fazer o quê, né? Pff. – Conformou-se Kiba. – Da próxima você não escapa, falou?

– Ah, falou!

De tal maneira, mais um havia se despedido, restando apenas aquela dupla.

xxx

Desanimada, Anko saía do colégio sem ter dado uma aula sequer. Olhava para o relógio de pulso, ao qual ainda marcava dez horas da manhã. Suspirava, enquanto andava pela cidade. Estava um tanto quanto irritada. Segurava firmemente seus materiais, resmungando.

– Quem aqueles gaki[12] pensam que são, hã? – Pensava alto durante sua caminhada para a casa. – Ah, se eu encontrar um deles na rua, eu juro... Juro que não vai ficar barato. Ah, se não vai!

Olhava para a sua pasta em suas mãos, na qual o livro perdido daquele maravilhoso homem estava guardado. Seu humor repentinamente mudava; agora, totalmente apaixonada.

– Ah, Romeo-sama... Queria tanto te encontrar de novo... – Dizia enquanto deixava escapar seus longos suspiros.

Mais alguns minutos de caminhada, ela avistava a pequena barraca de Dango Orochi, ao qual pertencia aos seus subordinados Jiroubou e Kidoumaru. Ao notarem-na, eles acenavam para a herdeira, todos contentes. Ela sorria de volta e, rapidamente, corria até os mesmos. Já ali, ela deixava seus pertences logo em seguida puxava um banco de madeira para assim se sentar.

– Ojou! – Anunciou Kidoumaru, sorrindo para a mulher. – Vai um dango feito no capricho? – Ofereceu-lhe.

Com a oferta do subordinado, os olhos de Anko brilhavam de tamanha vontade. Aquela era sua guloseima favorita. Não tinha como resistir à tamanha tentação. Mas, em contrapartida, aquele era o serviço daqueles dois. Não era justo.

– N-Não, Kidoumaru... Não devo. Além disso... Estou de dieta. – Recusou-se, quase que numa luta contra si mesma.

– Tem certeza, ojou? – Perguntou ele, com o prato de dango em mãos.

– Se você não quiser, eu mesmo vou comer. – Completou o subordinado gordo ao lado do outro. Ele fitava fixamente para a comida, quase babando.

A professora arrostou o rapaz como se o fizesse com um rival. Ela se levantava e, inabalável, tomou a louça da mão do outro. Triunfante, ela voltava a sorrir e logo pôs a se sentar novamente, pegando o palito com o doce.

– S-Se é assim, por que não... Né? – Disse ela, tão feminina.

– H-hei... – Respondeu Jiroubou, apenas a assentir com o que a herdeira dizia, embora chateado por não poder comer aquele dango.

Ao ver aquela cena, o outro riu apenas enquanto fazia mais e mais daquele prato.

– Pare de reclamar, Jiroubou! – Gritou o mesmo, sério. – Ao invés de ficar querendo disputar o que não é seu, me ajude aqui a trabalhar!

– Hei, aniki. – Concordou o obeso, sem hesitar ou protestar.

Assentiu Kidoumaru, desfazendo seu semblante delinquente e, assim, voltava a ser gentil com a mulher.

– A propósito, ojou... – Começou ele enquanto ela comia. – Por que saiu tão cedo da escola?

Com o questionamento alheio, Mitarashi-sensei engasgava com o pedaço de dango. Engoliu-o, restabelecendo novamente sua respiração. Sem jeito, ela coçou a cabeça, como se tivesse vergonha do que iria responder.

– Ahn... Então... Sabe o que é... – Disse pausadamente. Ambos a olhavam, atentos à resposta. Vendo que não tinha escapatória, ela suspirou, desanimada. – Eles me passaram a perna.

– Como assim, te passaram a perna?! – Indagou Jiroubou, transtornado. Ficou furioso. – QUEM ESSES DESGRAÇADOS PENSAM QUE SÃO?!

Jiroubou. – Repreendeu Anko a atitude do subordinado apenas com uma palavra e um olhar.

– Hei.[13] – Acalmou-se o brutamonte, respeitoso. Abaixava a cabeça, enquanto voltava a ajudar o irmão de criação em seus afazeres.

– Mas como eles conseguiram fazer isso? Ojou é da nossa 3ª Geração Orochi. – Questionou Kidoumaru, surpreso com o acontecido.

– Eles são espertos, Kidoumaru. E bastante arrogantes também. Acreditam que até de maldita eles me chamaram? – Disse ela, totalmente concentrada em seu doce. Ah, como adorava dango!

Des... – Começou o moreno, trêmulo de raiva.

– Hm? O que foi, Kidoumaru? – Olhou para o subordinado ao perguntar-lhe de boca cheia.

–... NINGUÉM CHAMA A NOSSA OJOU DE MALDITA! – Gritou irado, deixando o dango recém-preparado cair no chão meio arenoso.

Desesperada ao ver aquele doce divino cair daquela forma, Anko enfureceu. Semicerrou seus olhos e assim passou a encarar o rapaz enraivecido. Ela jogava o prato descartável de sua mão no lixo, sem deixa-lo de afrontá-lo.

– Kisama[14]... KIDOUMARU! – Gritou agora ela, levantando-se como se sua expressão se transformasse na de um demônio. – Como você ousa derrubar a comida dos deuses?!

– S-Sunmasen[15], ojou... – Abaixou a cabeça, reprimido pela advertência da outra.

Com suas mãos na cintura, a professora suspirou, desanimada. Desfazia seu semblante rígido e, assim, sorria para eles.

– Vocês não têm jeito mesmo, não é mesmo?

– H-Hei... – Responderam eles, sem jeito.

Ao ouvir a resposta de ambos, ela se agachava para catar o doce desperdiçado do chão e assim jogá-lo delicadamente ao lixo.

xxx

– Aqui está o seu pedido, okyaku-san[16]. – Disse o vendedor de crepe. – Quatro crepes tamanho jumbo de bacon com dobro de queijo.

Rudemente, Chouji pegava sua comida e pagava o senhor. Sem agradecer, assim, ele dava meia-volta, caminhando pelas ruas de Arakawa. Apesar de sua falta de educação, ele estava feliz naquele dia. Estava à procura de um emprego, nem que fosse temporário, e estava convicto de que o encontraria. Distraído, um rapaz consideravelmente alto e forte, trajado de vestes largas e acessórios ostentosos, trombava na rua com o garoto. Sem conseguir salvar a tempo, seus crepes espatifaram na calçada devido ao impacto do atrito. Irritado, Chouji segurou o maior pelo colarinho, empurrando contra a parede— ele ainda sequer havia dado uma mordia no salgado.

– Olha por onde anda, seu vagabundo! – Exclamou alto o gordo.

Antes mesmo que o outro pudesse retrucar, o menor lhe dava um soco no rosto, de modo que aquele fosse ao chão.

– Seu verme. – Disse Chouji após dar aquela surra.

Dava, por fim, as costas para o desconhecido, ainda que a resmungar. Antes pudesse começar a andar, ouvia som de vários passos atrás de si, o que o fez virar uma vez mais para ver o outro. Quando notou, porém, que aquele rapaz já não estava mais sozinho. Pelo contrário: ali estava uma gangue. O que aparentava ser o líder se aproximava do mais gordo, com uma espécie de cassetete na mão, e sorria sádico.

– Parece que você andou brincando com um dos meus amigos. – Disse o mesmo enquanto tinha seus colegas a acompanhá-lo vagarosamente. – Que tal agora nós nos divertirmos com você?

Sem pensar duas vezes, Akimichi correu. Não costumava fugir de uma briga, mas um contra cinco era idiotice. A gangue, porém, não deixaria aquilo barato. Sendo assim, eles também passaram a correr, contudo, atrás do estudante. Embora acima do peso, ele corria rápido— na verdade, o máximo que conseguia. Para despistá-los e se esconder dos mesmos, Chouji entrou num barracão abandonado. Ofegante, ele os despistava atrás dos fardos de cimento que havia no local. Trêmulo de exaustão, ele pegava seu celular e o discava para Kiba, na tentativa de vir ajudá-lo a bater naqueles outros.

xxx

­– Kidoumaru, eu quero mais dango. – Disse a ojou ao ter seus olhos a brilhar em vontade.

– Mais um? Mas a ojou não estava de regime? – Falou o mais gordo, enquanto ajudava o moreno a fazer aqueles deliciosos doces japoneses.

­– Cale a boca que eu não estou falando com você. – Retrucou ela, irritada.

– H-Hei... – Cabisbaixo, assentiu Jiroubou.

Atendendo à vontade da superior, gentilmente o mais alto preparava mais um espeto com três bolinhas coloridas de mochi e assim a oferecia, sorrindo. Observava o homem à sua volta, o comércio funcionando, quando então avistou dois estudantes uniformizados; um tinha o rosto tatuado em vermelho e o outro parecia estrangeiro – chinês, talvez – com cabelo de tigela.

– Ojou, o uniforme daqueles dois não é da sua escola? – Perguntou ele ao indicá-los os dois jovens com os palitos em mãos.

­Olhava lentamente para a direção indicada pelo subordinado, ainda que não estivesse prestando muito atenção enquanto saboreava a receita divina.

– E eles parecem estar vindo para cá, aniki[17]. – Disse Jiroubou ao mais velho.

Continuava desligada, quase que só presente de corpo. Entretanto, ao ouvir as palavras do maior e notar que, sim, realmente eram seus alunos, ela se engasgou e arregalou os olhos, aflita. Levantou-se do banquinho, escondendo-se dentro da barraca e atrás dos dois mafiosos.

– M-Me escondam aqui! Não quero que eles me vejam. –Disse ela, quase que aos sussurros.

­Não demorou muito para que Kiba e Lee chegassem à frente da tenda de dango, risonhos. Anko, às escondidas, apenas os observava.

– Oji-san, eu quero quatro dangos para viagem. – Disse o de cabelo acastanhado educadamente para a surpresa da professora.

­– Hai yo.[18] – Respondeu Kidoumaru com igual simpatia para os clientes.

Enquanto o seu pedido não ficava pronto, os adolescentes se sentavam nos bancos de madeira disponibilizados pela tenda, um tanto quanto ansiosos.

– Kiba-kun, quem você acha vai ganhar? – Perguntou o chinês enquanto quicava a bola com um dos pés, ainda que sentado.

– É claro que é o Naruto. Mesmo porque não suporto olhar para a cara de nenhum daqueles quatro, principalmente a daquele Sasuke. Não suporto aquela cara de nojento. Aposto qu—

Antes que terminar sua fala, ele a interrompeu ao ouvir seu celular tocar. Retirava de seu bolso da calça um aparelho rubro, bem como sua tatuagem no rosto. Abria-o para identificar a chamada.

– É o Chouji. – Anunciou ele, surpreso.

– Será que ele resolveu sair com a gente?

– Não sei. Vou atender aqui. – Disse ele, logo em seguida a apertar o botão e colocar o celular no ouvido. – Alô, Chouji. É o Kiba. Pode falar.

– Kiba, preciso da ajuda de vocês e do Naruto. – Disse Akimichi em voz baixa, quase inaudível.

– Chouji, fala um pouco mais alto. Não dá pra te ouvir direito. Quer ajuda pra quê?

– Eu to em cana. Tem uns caras me seguindo, querendo briga. To escondido aqui no antigo barracão da fábrica de materiais de const—

De repente, a ligação caía.

­– Chouji?! Chouji?! – Tentou chamá-lo aos berros ao telefone, porém sem resposta. Ele fechava bruscamente o celular, frustrado. – Que merda!

– O que aconteceu? – Perguntou o outro, sem entender absolutamente nada quanto viu o amigo se levantar, inquieto.

– Uns caras pegaram o Chouji no antigo barracão da fábrica de material de construção... Ele precisa da nossa ajuda! – Declarou Kiba, assentindo para Lee.

– Entendido. Então vamos!

– Vamos. – Concordou ele.

Pouco se importando com o pedido do dango, eles partiram. Anko observava o comportamento de ambos, totalmente impressionada com o caráter deles, que, em sala, jamais imaginou que eles teriam. Assim que eles se foram de fato, ela se levantou de onde estava, emocionada.

– Você tem bons alunos, ojou. – Comentou Kidoumaru.

– Excelentes, estou emocionada! – Respondeu ao outro, com seus olhos umedecidos e cheios de lágrimas acompanhados com um largo sorriso em seu rosto de orgulho. Secava os mesmo e respirava fundo, determinada. – Não posso ficar parada aqui. Meus alunos ali, precisando de mim, e eu aqui só comendo. Não! Não deixarei que nada aconteça a eles. – Dito isso, ela entregava seu dango, ainda na metade, para o mais gordo. – Jiroubou, pode comer. Até mais tarde, vocês dois!

Sem sequer ouvir a resposta de ambos, ela igual começou a correr para chegar ao barracão antes até que seus alunos, para que pudesse salvar o encrencado sem envolver os demais.

– Espere por mim, Chouji!

xxx

Debaixo da grande ponte de Arakawa estavam dois estudantes – um moreno e outro loiro – frente a frente, encarando-se mutuamente, enquanto outros três estavam deitados no gramado, próximo ao grande rio. Incomodado, o Uzumaki olhava para o trio e depois para o Uchiha.

– Você disse que éramos só nós dois nessa luta. – Disse o polaco.

– Ainda continua sendo. – Retrucou Sasuke, inexpressivo. – Estão apenas matando o tempo.

Após a explicação, nada mais foi dito. Ali, apenas o silêncio de ambos. O vento passava entre eles e os únicos ruídos possíveis de serem ouvidos eram o do trânsito e do som da música vindo do fone de ouvido que Neji, de olhos fechados, usava. Num trocar de olhares, os líderes sabiam que a luta já havia começado, de modo que se posicionasse, quando, repentinamente, um toque de celular passou a ser ouvido de dentro do bolso da calça escolar de Naruto. Esse tentou ignorar, mas a chamada era persistente.

–... Um momento. – Pediu o jovem cujos olhos eram azuis ao atender ao telefonema. – Qual é o problema, Kiba? Você sabe que eu est—

– Naruto, Chouji tá em perigo. – Disse o amigo ao celular enquanto corria.

– Como assim, o Chouji? – Perguntou o mesmo, indignado. – O que aconteceu?

– Uma gangue local o pegou. – Reportou. – Eles estão no antigo barracão da fábrica de material de construção. A gente tá indo pra lá... Será que não tem como dar uma ajuda não, irmão?

– Mas...

O loiro assim olhou para o moreno que, por um momento sequer deixou de prestar atenção na conversa do primeiro ao celular. Queria poder largar aquela situação para correr atrás do amigo, mas também não poderia fugir daquela batalha, ao qual está em jogo a honra de ambos. O asiático levantou sua cabeça para o céu, onde passou a observá-lo por algum tempo, até que assim cerrou seus olhos ao suspirar.

– Vá logo. – Disse esse, levando suas mãos ao bolso, voltando a abrir suas pálpebras e a fitar aquele fixamente de lado. – É seu dachi[19], não é? – Continuou, calmo. – Se ele está precisando de sua ajuda, então vá logo.

Surpreso com a atitude alheia, Naruto ficou paralisado por alguns segundos, até que voltava a si. Assentiu, em sinal de agradecimento, e logo começou a correr, ainda com o celular em seu ouvido.

– Ok, Kiba. Já estou a caminho.

xxx

Sem piedade, aquele grupo de adolescentes espancava Chouji. Uns o chutavam, outros socavam. O líder, porém, ainda apenas observava a cena com um sorriso sádico no rosto enquanto brincava com seu cassetete em mãos. Akimichi, embora todo acabado, mostrava-se forte e persistente. Vez ou outra conseguia dar uma surra em um dos rapazes, mas logo em seguida era neutralizado e era posto caído no chão.

– Esqueça, gorducho! – Disse o cabeça, afastado. – Isso que dá mexer conosco.

Detestava ser chamado daquele jeito. Tentou revidar, porém inutilmente. Quando tudo parecia perdido para o estudante, era possível se ouvir alguém ou algo bater fortemente no portão de ferro do estabelecimento. Receosos, todos paravam de agir e Chouji, sem forças para se levantar, igualmente apenas observou aquilo. Não demorou muito para que aquilo fosse derrubado e, finalmente a revelar o que era. Ofuscada pela claridade do dia, via-se a figura de uma mulher. O aluno de Kodakou forçou sua visão, tentando identificar quem era. Ao reconhecê-la, arregalou seus olhos.

– Mitarashi... O que você está fazendo aqui?! – Gritou o gordo, irritado com a situação. O que raios sua professora faria ali?

­– Cale a boca, refém! – Disse o líder. Com a ferramenta em mãos, ele golpeou o menor na cabeça, fazendo-o desmaiar. Assim que o fazia, voltava a sua atenção para aquela mulher à frente, encarando-o. – Quem é você?!

Com a pergunta alheia, ela sorriu enquanto caminhava lentamente em direção da gangue. Hesitantes, davam um passo para trás. Ela arrumava seu cabelo, passando vagarosamente a mão em sua franja. E a jogando para trás. Frente a frente com os delinquentes, ela arrostava o mandante.

– Eu? Eu sou a professora responsável por esse aluno que vocês andaram brincando.

Sem conseguirem disfarçar, os marginais gargalharam em deboche à resposta alheia.

Professora? E o que você vai fazer conosco, hein, dar advertência por mau comportamento? Não me faça rir, maldita!

Aquelas palavras soaram, para ela, como provocação ao invés de desprezo. Ela se aproximou mais um pouco do líder e, assim, esboçava um nítido sorriso falso. Num rápido de voraz movimento, Anko acertava um golpe direto e preciso no estômago alheio, de maneira nocauteá-lo de imediato e fazê-lo cair no chão.

Assustados com a ação da mais velha, o restante, em um ato de desespero, partiram para cima da yakuza. Ela, porém, estava calma e tranquila, a desviar dos golpes deferidos contra ela sem preocupação alguma. Em seguida, golpeava-os todos, sem exceção, com movimentos rápidos e eficazes. Assim que todos estavam caídos e derrotados, ela caminhou uma vez mais até o cabeça do grupo que, amedrontado, se levantava e fugia, sem olhar para trás. O restante também assim o fazia, deixando o estudante desmaiado e a professora apenas no local. Quando tudo acabou, ela suspirou e olhava para o aluno acabado.

– Você aguentou bem, Chouji. Está tudo bem agora.

Sorriu gentilmente, embora ele estivesse desacordado e não pudesse ver. Antes que pensasse em ir embora, ela ouvia passos se aproximando. Provavelmente eram seus alunos, amigos do outro, que vieram ajudá-lo. Ser vista ali não seria muito legal. Desesperada, procurava um lugar para se esconder, pelo menos até eles irem embora.

Ofegantes, os três alunos chegavam ao local. Encontravam Chouji caído, desacordado no chão. Correram até o mesmo, solidários.

– Chouji, Chouji! – Chamou Kiba enquanto o chacoalhava, na tentativa de acordá-lo.

– Acorde, Chouji-kun! – Disse Lee em seguida.

Com os esforços dos amigos, Akimichi se pôs finalmente a despertar, meio zonzo. Todos sorriram, aliviados. Quando finalmente se lembrava do que havia acontecido, ele se levantou, apreensivo.

– Cadê a senkou[20]?! – Disse, desesperado.

–... Mitarashi? – Indagou Naruto, confuso.

– É. – Afirmou com a maior convicção. – Ela chegou aqui derrubando o portão e... Aí... Eu não lembro.

Todos se olharam, preocupados com o amigo. Ele, definitivamente, não estava bem.

– Cara... – Começou Kiba, quase a gargalhadas. – Devem ter batido com muita força na sua cabeça. Não tem como alguém como uma professora derrubar um portão daquele.

– Mas é sério, porra!

­– Hai hai, Chouji-kun, já entendemos.

Assim, ambos ajudaram o amigo a andar. Naruto, por sua vez, ficou um momento parado, analisando as palavras do amigo. Olhava para o portão que, de fato, estrava tombada. Olhava para toda sua volta, atento, desconfiado.

– Naruto, vai ficar aí? – Perguntou ele, sorrindo. – Vai te deixar aí sozinho, boke[21].

– Já estou indo! – Respondeu ele, correndo até seus companheiros.

Anko, escondida, apenas observava o comportamento dos amigos. Assim que eles se foram, ela suspirou, aliviada, por não ter sido descoberta ali. Estava satisfeita mais uma vez. De todos os defeitos que aqueles jovens podiam ter, eles tinham uma grande qualidade: o companheirismo.

O dia, assim, passou rápido, até que a noite finalmente chegava e a lua tomava o lugar do sol. Sentados, à mesa todos os Orochi se fartavam no jantar, alegres. Ao tomar um gole de saquê, Orochimaru observava sua neta, aparentemente feliz. Ele sorriu, deixando seu copo um pouco de lado.

– Como foi seu dia, Anko? – Perguntou o avô, paciente. – Parece estar satisfeita.

– Sabe, ojii-chan... – Começou ela, enquanto comia sua refeição. – Apesar dos pesares, tenho vontade de me esforçar cada vez mais pelos meus alunos. – Disse ela com um sorriso no rosto.

– Os alunos da ojou são ótimos. – Comentou Kidoumaru.

– Não são? Eles são demais! – Disse a neta do mafioso.

Ao vê-la animada assim, o velho sorriu, satisfeito com a escolha da mais nova. Tinha certeza de que ela conseguiria, sim, alcançar seu objetivo com determinação e dedicação.

xxx

No dia seguinte, Mitarashi foi animada para o colégio. Vestida com seu conjunto esportivo vermelho, ela entra na sala com toda determinação, fazendo um barulho estrondoso ao abrir a porta. Todos a olharam estranhados. Sasuke e companhia, por milagre, haviam chegado cedo em sala, todos sentados em suas carteiras. O líder moreno a encarava, inexpressivo como sempre, apenas a observá-la.

– Ainda não desistiu de vir aqui, boke? – Disse Kiba com seu sorriso arteiro.

Ela, por sua vez, estava ainda mais radiante. Olhava nos olhos de todos, um por um, convicta. Batia no quadro negro com a mão, enquanto esboçava um largo e convencido sorriso.

– Eu, Mitarashi Anko, como professora responsável pelo 3º ano D, de Konoha Danshi Sen’you Koukou Gakuen, não medirei esforços para que possamos criar lembranças durante esse um ano que segue e ainda prometo: farei o máximo para que todos se formem juntos!

Com o discurso da professora, a sala ficou em silêncio. Era a primeira vez em que um professor prometia algo por eles e para eles. Sasuke apenas se debruçava na carteira, fechando os olhos.

– Idiota. – Disse o moreno ao pensar alto.

– Mas como vamos confiar em professores? – Disse Naruto, levantando-se, assim como no primeiro dia fez, e encarou a yakuza. – São um bando de mentirosos e traíras! Nunca confiaram em nós.

Anko então subiu em sua mesa e apontou o dedo para o líder loiro, ainda a sorrir.

– Vocês têm a minha palavra.

Assim, começava, de fato, a vida escolar do 3º ano D junto com Mitarashi Anko, a terceira geração Orochi.


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Notas finais do capítulo

[1] - Princesa/Senhorita
[2] - "Estou indo".
[3] - Avô.
[4] - Obrigada.
[5] - Sim.
[6] - Konoha Gokusen, Ensino Médio exclusivo para Homens.
[7] - Bom dia.
[8] - Professor(a).
[9] - Derivado de "Me espanta".
[10] - Pessoal/Galera.
[11] - Vocês.
[12] - Pirralhos/fedelhos.
[13] - Sinônimo de "hai".
[14] - Maldito/desgraçado.
[15] - Desculpe.
[16] - Cliente
[17] - Irmão.
[18] - Sinônimo de "hai".
[19] - Amigo/companheiro.
[20] - Sinônimo de "sensei".
[21] - Idiota.

#1: Sanjou! Mitarashi Anko. /fim



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