P.O.V. Nico di Angelo

Aqui no Acampamento Meio-Sangue, aprendemos a ser fortes, a combater monstros, que as seres mitológicos não são apenas que escutamos nas aulas de Histórias ou dos nossos pais para aprendermos com os nossos erros. Só não sabíamos que a dor era para ser sentidas por todos.

Esse foi o motivo que eu tinha fugido quando eu era menor; a dor. A dor de perder Bianca era simplesmente insuportável, como se alguém tivesse atirado em seu peito, e ela não saísse com facilidade, o que nunca saiu, essa dor eu ainda sinto.

Agora atiraram em mim mais uma vez.

Em Nina.

Travis.

Lydia.

O Acampamento.

Principalmente em Jane.

Não ouvi nenhuma notícia de Jane, sei que ela não consegue dormir a noite, se cai no sono, ela mesma se acorda com um grito. Acordando os chalés ao redor, não só o de Hécate.

Eu não durmo também, esse momento só me lembra do resto das percas de todos. Hazel até mandou uma mensagem de Íris para ver se eu estava bem, o que eu não estava, mas só em levou a mentir que eu estava bem.

As aulas foram dispensadas, como você deve ter percebido.

De vez em quando eu vou tomar café da manhã, as vezes não, de vez em quando eu checo se Nina está bem, o que ela nunca está, ela fica relendo o mesmo livro várias vezes. E diz que não quer conversar, que é melhor eu ir embora.

Jane deixou muito claro que não quer falar com ninguém. Ela nem olha mais para nossos olhos. Sempre com a cabeça baixa e fala quase sussurrando "Está tudo bem, eu vou ficar bem."

Connor morreu lutando, se você estiver se perguntando. Estava voltando do Acampamento, e foi pego de surpresa, não sabemos qual foi o monstro, Isaac o encontrou, estava com arranhões na garganta. O que deve ter o matado foram os arranhões.

Isaac deu um surto ao ver o corpo. Ele é novo no Acampamento, deve ter sido muito difícil ver o corpo de alguém morto, uma pessoa que você conhecia por suas pegadinhas hilárias.

E, não, não sabemos ainda qual é o pai ou mãe Olimpiano dele.

O enterro de Connor é amanhã. Esperam que Jane, Nina e eu façamos um discurso. Mas, você acha mesmo que isso possa acontecer? Eu acho que nenhum de nós vai ter a coragem de fazer isso, vamos tentar falar as últimas palavras para ele, cairemos na realidade que nunca mais veremos Connor, e não terminaremos o discurso.

O que está rolando entre eu e a Nina? Eu também não sei. Antes de saber da notícia de Connor andamos meio estranho perto de um e do outro, não falávamos nada sobre aquela noite. Mas, bem que eu sai muito contente para o chalé depois que ela me beijou, só sorria. Eu a beijei no Ano Novo, óbvio. Mas não tivemos muita sorte para o começo do ano, não acha?

Já é por volta das onze da noite, estou deitado no chão com a coberta em mim, cobrindo a minha cara. Como cheguei a esse ponto?

Alguém bate na minha porta, eu não atender, mas eu tenho, o que não quero.

Bate mais uma vez.

– Nico? - a pessoa pergunta por mim, e eu sei quem é.

Não quero que ninguém me veja. Mas, ninguém está vendo.

– Entra. - digo.

Nina abre a porta, e vem até a mim, sentando-se do meu lado.

– Oi. - ela fala.

– Olá.

Tiro a minha cara de dentro da coberta e me sento do seu lado, ficamos calados, sem nem trocar olhares ou compartilhar lágrimas, só ficamos do lado de um e do outro, isso basta.

Ela segura a minha mão.

– Por que você veio aqui? Achei que ia terminar pela milésima vez "As Vantagens de ser Invisível".

– E eu terminei pela quinta vez só. Eu não conseguia dormir.

– Nem dormir eu consigo fazer. - respondo, erguendo as sobrancelhas.

– Nem eu. Katie também, eu acho por ela gostar de Travis e ter sido amiga de Connor também. - ela força um sorriso.

– Eu acho melhor tentarmos ir dormir, está tarde. Eu fico com o chão e você com a cama.

– Mas- a interrompi.

– Nina, eu durmo aqui no chão a muito tempo, me acostumei já, a cama parece até desconfortável.

Ela se levanta se deita na cama e fica me olhando.

– Boa noite. - ela diz.

– Boa noite.

Estendo a mão, ela aceita segurando com força.

A observo fechar os olhos e cair finalmente no sono. E eu só fico a olhando.

Finalmente cai na real que eu a amo.