Em Busca da Fama escrita por fdar86
Em poucas semanas depois, no mesmo ritmo, elas já tinham se encontrado um pouco mais do que sete vezes. Sempre que elas tinham um tempinho marcavam de se encontrar. Embora Polly fosse muito tímida, com Cristal ela conseguia se soltar mais. Às vezes, porém, as palavras fugiam de sua cabeça, e o silêncio reinava no local. Em um desses encontros, Cristal tomou a palavra no momento de silêncio, em uma iniciativa bem discreta. - Você está namorando, Polly? Polly de repente achou estranho a pergunta. Não por não dever ser perguntado, mas por incrivelmente não haver o que ser falado. Honesta, Polly contou a outra que nunca namorou, por que nunca havia se interessado por nenhum garoto da sua cidade. E que, desde que ela se mudou, não estava tendo tempo para pensar nisso. Cristal apenas a observava, em silêncio, percebendo com atenção a todas suas expressões e gestos, como aqueles movimentos incansáveis na sombrancelha, e no cabelo, toda vez que Polly ficava nervosa com algum elogio tivesse lhe feito. - Cristal frizou a sombracelha. Isso nunca seria uma desculpa para ninguém, caso tivesse interesse. E como ela falava de tempo, se em apenas uma semana, Cristal a encontrou várias vezes? A modelo a olhou cada vez mais profundamente, como se tentasse desvender seus segredos com o olhar. E os gestos de nervosismo, recomeçaram, enquanto Cristal apenas sorriu. - E ninguém te interessa? Polly estranhou a pergunta depois do que ela já tinha respondido. Era como se Cristal estivesse insinuando que havia uma outra opção. Imediatamente Polly continuou respondendo com a verdade, apesar de estar um pouco assustada. Ou talvez, meia verdade. - Na verdade... Talvez. Cristal apenas fez o som de "Hm...", como se estivesse pensando em algo importante, diante do que havia escutado. As duas permaneceram em silêncio, até que a modelo falou: - Polly, vamos dar uma volta naquele parque atrás da agência? Depois eu terei um ensaio, e já fico por lá mesmo. No parque as duas se sentam na grama com os sorvetes em mãos. A conversa continua divertida porém, diferentemente do normal, Cristal ficava mais tempo calada e Polly falando. De repente, Cristal muda de assunto radicalmente, dessa vez sendo um pouco mais direta: - Não entendo como você ainda está solteira, sendo tão linda. - Você que é muito gentil. Em cerca de instantes, Cristal sorriu como se a estivesse provocando para beijá-la. Os lábios de Cristal nesse momento brilharam nos olhos de Polly, e pela primeira vez ela sentiu uma vontade súbita de beijar a garota, que foi rapidamente abandonada pelo seu medo de rejeição. Cristal a encarava docemente, e lhe disse ainda sorrindo. - Não, Baby, eu não estou sendo gentil, estou sendo sincera. A sombrancelha de Polly se levantou pela primeira vez,ao ouvir a palavra Baby. Era a primeira vez que era chamada assim por alguém que valesse a pena. E nesse momento, Polly não conseguia pensar em ninguém que valesse mais a pena do que Cristal. Ela era tão linda, tão inteligente, tão sexy, tão meiga. Não importava se era mulher ou se era homem. Era simplesmente o ser ela mesma o que Polly amava na modelo. Talvez essa percepção repentina tenha lhe dado uma coragem súbita, que a fez perguntar. - - Não, não. Cristal sorria como se quisesse dizer algo mais, induzindo uma continuação. Polly percebeu e acatou. - E... - começou a garota, ainda um pouco relutante. Era definitivamente muito tímida para essas coisas. Cristal olhava para Polly fixamente, ansiosa, como se pensasse se ela precisaria concluir a frase pela outra ou não. Acabou não precisando concluir, já que a pergunta que ela esperava apareceu logo depois, lhe fazendo morder discretamente os lábios. Cada passo acompanhando por Polly, que não conseguia mais tirar os olhos da garota. - Alguém em mente? - disse, displiscentemente. - Se esse alguém me quiser... Sim. - Cristal a encarou durante cada palavra pronunciada, fixamente, antes de virar seu rosto em direção à vista linda do parque onde estavam. - Eu tenho certeza que sim. - Disse, sem sequer parar para pensar. Embora isso lhe deixasse com ciúmes, a idéia de alguém, qualquer pessoa que fosse, não querer Cristal lhe parecia completamente absurda. Cristal que estava sentada na grama, ao lado de Polly, virou seu olhar, e se aproximou ainda mais da amiga. Polly observava cada passo de Cristal, que lhe deu um suave beijo em uma de suas mãos. Esse simples gesto de carinho fez com que Polly sentisse o seu coração em mãos, extremamente vulnerável e indefeso. Cristal continuou segurando sua mão, e acariciando-a, enquanto Polly compartilhava da menor vontade de largá-la. - E por que essa certeza? O coração de Polly bateu ainda mais forte ao ouvir a voz de Cristal tão perto. Ela poderia dizer muita coisa nessa hora, muitas palavras prontas, mas ela preferiu tirá-las de dentro do seu coração, e ser espontânea. - Por que eu te acho muito especial. Ah... mas vamos combinar! Quem não iria te querer, huh? Tão inteligente, tão forte, e ao mesmo tempo tão meiga... divertida e linda... A Cada palavra, uma aproximação, e quando Polly finalmente se deu conta, os lábios da garota já estavam buscando pelos seus, em um longo e suave beijo, que Polly nunca tinha pensado que seria tão bom. A cada movimento ela tinha mais certeza de que não haveria outra pessoa no seu coração tão especial quanto a garota que nesse momento a beijava.
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