Definitivamente, Matt e Jeff eram muito estranhos.

Eu me lembrei de que queria matar Matthew, mas eu iria dar uma pequena “trégua” e temporária, e talvez enganá-lo. Afinal, minha perna estava quebrada e o punho da minha mão direita estava enfaixado. Uma luta nessa situação não seria nada justo para mim.

Eu não fazia ideia de como diabos eles conseguiram fazer um túnel para o “meu” dormitório. E, sinceramente, não estava nada a fim de saber como eles fizeram isso.

— Bem, esperem. — disse Jeff. Ele andou pelos os cantos do dormitório, como se estivesse procurando alguma coisa ali. Então ele olhou debaixo das camas, até que debaixo da cama de Helena ele achou alguma coisa. Eu ia perguntar o que ele estava fazendo, e, assim que abri minha boca, ele fez um shhh, para que eu ficasse em silêncio. No extremo do quarto, ele pegou outra coisa, deu uma olhada rápida para se certificar, e respirou fundo.

Ele jogou as duas bolinhas pretas — ou sei lá a forma geométrica daquilo — no chão e pisou com força, despedaçando-as.

— Estavam nos grampeando. — ele disse. — Tinha um desses no dormitório do Matt e Travis. Eles ouviram sobre o nosso túnel.

— Eu disse pra você prestar atenção, mas você sempre ta mais interessado na droga do Avenged Sevenfold e sei lá do que. — disse Matt. — Sinceramente, você é um babaca.

— Não importa. — disse Jeff. — Eu sei sobre o ataque, os lobos... — ele olhou para a minha perna quebrada. — Enfim, esta história não é boa.

— Ah, sério? Não me diga. — falei com sarcasmo. — Pensei que essa história fosse boa e mais linda que todos os contos de fadas da Disney. Como: Olhe só! Nos atacaram! Que legal, não? — disse a última frase com uma voz fina.

— É sério. — disse Jeff. — Foi um ataque de verdade, e não um teste como eles sempre fazem.

— Teste? — perguntei.

— É uma longa história, mas o pessoal que atacou a Área 51 são os...

— The Owners. — Matt completou a frase de Jeff. — E Antes que o cuzão aqui fique enrolando pra falar algo, os The Owners são um bando de caras de todos os cantos do mundo que defendem a “verdade”.

— Hã, “Verdade”? Traduz. — disse.

Matt revirou os olhos.

— Eles sabem sobre... Uh... — ele deu uma pausa. — Nós.

— Como? — perguntei. — Ninguém... Ninguém sabe sobre nós! As pessoas não fazem a mínima ideia sobre isso. Como...

— As pessoas não sabem disso de um motivo bem óbvio: quase–alienação em massa. — disse Jeff. — Você sabe, aquela ideia de televisão e um não tão alto de qualidade escolar. Todos os países fazem isso. O problema é que o pessoal do The Owners sabe sobre tudo isso. Área 51, os dominadores... Eu acho que esse ataque foi só um aviso.

— Não me diga... — disse Matt com sarcasmo. — Eu pensei que esse ataque fosse algo completamente legal e divertido.

— Então tem um bando de malucos que se chamam The Owners e sabem tudo sobre nós e querem nos matar? — perguntei.

— Basicamente isso. — disse Jeff. — Mas eu acho que o que eles querem fazer é algo bem maior e de proporções mundiais.

— Eles querem também acabar com outras... Criaturas? — perguntei.

— Hã? — Matt perguntou. — Por que eles iriam querer acabar com animais?

Jeff revirou os olhos.

— Lobos, Metamorfos, Vampiros, Telepatas... — Jeff citou. — Claro que sim.

— Espere... Lobos? Vampiros? Então eles...

— Existem. — completei a frase de Matt. — E, acredite, eles não são nada simpáticos ou amigáveis.

Matthew não parecia acreditar muito naquilo.

— São tipo... Uh... Os de Crepúsculo? — Matthew perguntou meio confuso.

Jeff forçou uma risada, debochando da cara dele.

— Claro que não, seu imbecil. — respondi. — Eles são terríveis, principalmente os vampiros. Bem que eu queria que fossem iguais aos de Crepúsculo.

— Eles são...

— Não importa como eles são. — disse Jeff. — Alguma coisa muito estranha está acontecendo aqui. E precisamos saber urgentemente.

Então eu ouvi a porta bater.

— Hey, Sam. — ouvi a voz de Helena. — O treino já terminou.

— Vão. — disse, quase como um sussurro. Matt e Jeff saíram correndo até o túnel, na maior pressa do mundo, temendo que Helena entrasse no quarto e os visse. Em questão de segundos, eles já haviam ido embora, então eu disse alguma coisa e Helena abriu a porta, entrando no quarto, completamente cansada e exausta.

— O que você estava fazendo aqui? Eu ouvi passos de outras pessoas. — ela disse.

— Uh... Nada. — menti. Helena pareceu meio desconfiada, então olhou em direção do banheiro e...

O túnel havia sumido.

Aquilo havia sido muito bizarro. Bem, há alguns segundos havia um túnel enorme debaixo da pia, e ele simplesmente desapareceu, como se fosse alguma coisa maluca. Por um minuto, pensei que Matt e Jeff poderiam ter frequentado Hogwarts e ter feito isso, mas tirei isso da minha mente.

— Eu acho que estou ficando maluca. — ela disse por final.

— É... — concordei meio sem jeito.

...

— Não... — ouvi uma voz.

Eu estava dormindo. Desta vez, sem nenhum sonho o devaneios. A história dos lobos e os The Owners não saia da minha mente, mas ainda sim, de algum modo, eu consegui quase dormir em paz.

Quase.

Eu vi a imagem de um homem, estava muito borrado, mas aos poucos a imagem ficava mais nítida e próxima de mim. Ele tinha uma pele parda, talvez seja algum mestiço ou um nativo. E seus olhos eram bem azuis claros, exatamente vibrantes e iguais ao mar, e por um instante pensei que fosse lentes de contato. Seu cabelo era castanho-escuro, e era bem cacheado, porém um pouco curto. Em seu queixo, ele tinha uma barba rala. E usava umas roupas que eram no mínimo... Estranhas?

Ele parecia estar preso, e gritava inúmeras vezes, mas infelizmente, ninguém parecia o escutar — ou parecia fingir que não ouvia nada. Era como se ele fosse um mudo completamente indefeso.

Suas mãos estavam algemadas com correntes de ferro, e suas pernas também. Logo ele abaixou a sua cabeça, cabisbaixo, e logo parou de gritar, criando um completo e assustador silêncio.

— Eu vou me vingar. — ele murmurou.

Então eu senti uma mão tocar no meu ombro.

Eu rapidamente acordei assustada, olhando ao meu redor, como se procurasse algum “monstro” ou qualquer medo idiota assim. Meu rosto suava e eu estava meio ofegante. Quando tive certeza que eu estava ficando maluca e ninguém tocou no meu ombro, eu abaixei a minha cabeça e tentei normalizar a minha respiração.

Eu só conseguia me perguntar o que diabos de sonho era aquele.

Levantei a minha cabeça olhando para o relógio que estava na parede. Eram duas horas da manhã em ponto. Abaixei um pouco o meu olhar e vi que Helena ainda estava dormindo, e, diferente de mim, ela não sonhou com um cara pardo e bizarro.

Ouvi alguns sons vindo do banheiro.

Rapidamente a porta se abriu, e para o contrário de todos os meus instintos, era Jeff.

— Hey. — ele disse. — Você está acordada a esta hora?

Ponto de vista do Narrador.

Wright estava completamente nervoso.

Pela a primeira vez em toda a sua vida, ele não fazia ideia do que iria fazer. Como ele iria dizer aos seis homens mais poderosos de todo o mundo que o lugar mais seguro que já existiu foi invadido? E como iria dizer que não faz ideia de quem invadiu?

— Sr. Wright, creio que os responsáveis não possam esperar mais. — avisou um soldado.

— Estou indo. — disse Wright. — Só um minuto.

— O representante da Ásia disse que se esperar mais um minuto a audiência é cancelada. — disse o soldado.

— Certo. — disse Wright, dando alguns passos até a porta.

Ele respirou fundo, tentando procurar as melhores palavras para dizer o que aconteceu na Área 51.

— Finalmente, o representante da Área 51 chegou. — disse o representante da África. — Eu já não ia aguentar esperar mais um segundo.

— Desculpe. — disse Wright. — Eu acho que queiram saber o quê...

— Acha? Nós temos certeza. — disse o representante da Oceania.

— Como sabem, algo aconteceu com a Área 51. — disse Wright. — O local mais seguro e vigiado de todo o mundo.

— Era. — corrigiu o representante da Europa.

Wright se controlou.

— Certo. — disse meio contrariado. — Era. — ele deu uma pausa — Então, como sabem, de certo modo, a Área 51 foi invadida e hackeada por pessoas desconhecidas. Como resultado, tivemos um terrível apagão em todo estado do Arizona, e causando pequenos danos em nossas pesquisas.

— Pesquisas com criaturas sobrenaturais? — o representante da Europa perguntou. Wright balançou a cabeça positivamente, sendo um sim a sua pergunta. — Quais?

— Lobisomens e Metamorfos. — respondeu Wright. — Nossos lobisomens... Bem, eles estão foragidos.

Ele se lembrou da dominadora de água, Sam, que havia matado todos os lobos irados em questão de minutos. Ele evitou falar sobre isto, pois, caso os outros países soubessem disso, poderiam muito bem pegar a “guarda” dos outros dominadores e isto não seria nada bom para o seu poder. Com os quatro dominadores ás suas ordens, ele se sentia mais poderoso, poderia mandar eles fazerem qualquer coisa, que iriam cumprir, querendo ou não.

Então, a Área 51 é invadida, um cara bizarro aparece, e Sam Watters acaba matando vinte e seis lobisomens adultos e até fala latim fluentemente. Seu sonho perfeito de poder havia terminado, mas ele jamais iria admitir isso.

— Foragidos? — perguntou o representante da Oceania, forçando uma risada. — Diga a verdade, Sr. Wright. Creio que eles não estejam vivos agora.

A garotinha do seu continente os matou em minutos, pensou Wright. Legal, não?

— Prefiro acreditar que estejam vivos, afinal, não houve nenhuma pista de assassinato. Apenas uma invasão. — mentiu. — Precisamos fazer algo.

— E os dominadores? — perguntou o representante da Oceania. — Eles fizeram algo, Sr. Wright?

Wright começou a se sentir meio irritado. Por que eles tinham que fazer tantas perguntas assim?

— Eles... — pensou direito. Se lembrou de Helena e Matthew. O fogo nas mãos de Matthew iluminando tudo, e o fato de Helena ter rachado o chão daquela sala de um jeito incrivelmente perfeito. — Eles ficaram a salvo. E eu juro que não houve nenhum arranhão a eles.