A Filha de Ártemis escrita por Karol Mezzomo


Capítulo 16
A batalha final parte 1




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Estávamos em completa escuridão, eu só conseguia sentir meus dedos envolvendo o pêlo de Cérbero enquanto eu lutava para me segurar. Ao nosso redor era possível escutar ruídos estranhos que causavam frio na espinha. Cérbero deslocava-se tão rápido que dava a impressão de que a pele de meu rosto estava prestes a se soltar.

Resumindo: eu não recomendo viagens nas sombras.

Em um minuto eu não conseguia ver nada e no minuto seguinte as sombras se dissolveram em um novo cenário. Foi um alívio ver a luz do sol novamente.

Encontrávamo-nos no topo de um morro e a alguns metros de onde estávamos havia uma antena de sessenta metros rodeada de cercas de ferro e placas com aviso de perigo.

Do alto do morro enxergamos uma enorme cidade. Meu coração bateu mais forte quando a reconheci. Minha cidade natal. Nova York.

– Voltamos para casa. – disse eu descendo de Cérbero.

– Conseguimos. Cumprimos as doze tarefas. – disse Annabeth em meio a um grande sorriso.

O sol aos pouco ia se pondo atrás dos altos prédios da cidade que nunca dorme, quando me lembrei da profecia. Nossa missão ainda não havia terminado.

– Eu tenho que contar a vocês uma coisa. – falei olhando para Percy e Annabeth. – Quando encostei no diário ele me mostrou várias coisas, entre elas uma nova pro...

Nesse instante uma forte luz branca surgiu entre nós e fomos obrigados a desviar o olhar. Quando virei novamente a cabeça meus olhos encontraram os olhos cinzentos de uma linda mulher. Ela usava um vestido branco que ia até seus calcanhares, conforme ela se mexia o vestido parecia ondular com um brilho magnífico, assim como suas sandálias douradas. Não estava tão escuro, mas era possível ver a luz que irradiava da deusa iluminando o local em que estávamos. Seu olhar penetrante e sua expressão severa a deixavam com uma aparência sábia. Eu a reconheci. Era a mesma mulher que eu havia visto no diário, a mulher que conversava com minha mãe em meio a uma floresta. Atena.

– Mãe!- exclamou Annabeth.

– Minha filha. – disse a deusa.

Não vi Annabeth correndo para abraçá-la. Embora fossemos filhos de deuses não sabíamos qual seria a reação de nossos pais a um simples abraço. O grande poder que irradiava deles ás vezes nos causava receio de um simples toque.

De repente o chão começou a tremer tanto que quase caimos (com exceção de Atena, é claro). O tremor abriu uma pequena cratera a alguns centímetros de meu pé esquerdo e várias rachaduras ao nosso redor. Ao longe ouvimos um grito horrendo que me causou calafrios.

– Parece que Hades não está nem um pouco contente. – observou Atena.

Cérbero começou a uivar.

– Senhora Atena? Ele não sairia do mundo inferior para vir até aqui. Sairia? – perguntei.

– Não se devolvermos Cérbero o quanto antes. – respondeu a deusa. – Me entregue o pergaminho das tarefas.

Annabeth puxou o pergaminho da mochila e o estendeu para a deusa. Atena abriu a mão e ele voou diretamente para ela. Logo depois ela fechou fortemente a mão e o pergaminho desapareceu.

– Vocês terminaram as tarefas, mas o maior perigo que enfrentarão está apenas começando. – Atena olhou para mim e foi difícil sustentar seu olhar. – Nêmesis sabe que você está com o diário e ela já está se preparando para abrir a caixa. Você ainda se lembra da profecia?

Percy e Annabeth franziram a testa. Eu olhei para os dois.

– Quando toquei o diário ouvi uma profecia que fazia referência a mim, à Nêmesis e ao Monte Olimpo. – contei.

Eu me lembrava com exatidão de cada verso da profecia. Cada palavra ribombava em minha mente. Quando eu terminei de contá-la Atena se fez ouvir.

– Creio que todos vocês conseguiram interpretar a profecia.

Nós assentimos.

– O primeiro verso diz respeito à Cronos, o pai dos deuses. Zeus o derrubou do Olimpo e mandou-o para o Tártaro usando o Raio Mestre. – disse Annabeth.

– O segundo refere-se à Nêmesis e ao Monte Olimpo, dizendo que ela subirá ao topo dele. – continuei.

– “A humanidade encontra-se em perigo.” Porque Nêmesis estará com a caixa e irá abri-la. – terminou Percy.

O último verso não precisava de interpretação. Senti o olhar dos três recaindo sobre mim. Lembrei-me do que Atlas havia dito: “o destino do mundo está em suas mãos.” Eu devia deter Nêmesis. A profecia falava sobre mim. Se eu falhasse seria o fim. Além de abrir a caixa Nêmesis havia mencionado sobre o desejo de trazer Cronos de volta. Se o titã ressurgisse o Olimpo correria perigo, os deuses estariam em guerra.

Era por isso que Nêmesis havia roubado o diário. Ela não queria que eu ouvisse a profecia. Ela sabia que no momento em que eu a escutasse eu tentaria detê-la, pois a profecia me traria confiança. Ela dizia ser eu a única esperança.

E por causa da profecia agora eu sabia o lugar que Nêmesis havia escolhido para sua vingança. Agora eu entendia porque, segundo a deusa seria uma vingança perfeita. Pois foi no Olimpo que Zeus destronou Cronos e é no Olimpo que ela quer trazê-lo de volta. Tudo fazia sentido. A humanidade e os deuses contavam comigo.

Só havia uma questão não respondida.

– Quando exatamente seria o dia de comemoração pela queda de Cronos? – perguntei.

– Hoje. – respondeu Atena.

É claro, pensei. Olhei para o céu, o sol estava quase se pondo, aos poucos a noite surgiria. Percy deve ter pensado o mesmo que eu.

– Como faremos para viajar até a Grécia e deter Nêmesis a tempo? – perguntou ele.

– Os deuses não podem ajudá-los diretamente, mas seu pai, Perseu Jackson, teve uma ideia. Parece que é a primeira vez que ele pensa algo útil. – disse Atena.

Eu sorri levemente. Lembrei-me que Atena nunca gostou muito de Poseidon, desde o dia em que ela pegou-o com uma mulher no próprio templo da deusa. É uma longa história.

Atena olhou para o céu e nós fizemos o mesmo. Nosso problema esta resolvido.

– Muito obrigado pai.

Ouvi Percy murmurar ao meu lado enquanto observávamos três belos cavalos alados pousarem á nossa frente. Seus pêlos eram lustros e suas crinas sedosas e cumpridas. Os três cavalos eram negros como a noite. Ao pousarem sobre a grama um deles relinchou para o alto ao ver Percy.

– Também estou feliz em vê-lo Blackjack. – disse Percy caminhando em direção ao cavalo e lhe afagando o pescoço.

– Vocês devem partir agora. Não há tempo a perder. – avisou Atena.

Sua expressão assumiu um tom mais sério. Nêmesis esta prestes a conseguir o que tanto queria.

– Vamos. – falou Percy montando em Blackjack.

Annabeth virou-se para Atena.

– Adeus mãe.

Atena encarou sua filha e pela primeira vez vi tristeza em seus olhos misturada a uma crescente preocupação.

Desviei o olhar, senti que aquele momento pertencia somente a elas.

– Adeus minha filha. Cuide-se.

Annabeth assentiu e deu as costas a Atena.

Virei-me para a deusa. Percebi como Atena era uma mulher segura, confiante. O que quer que ela dissesse seria aprovado por todos porque estaria certo. Todos a seguiriam onde quer que ela fosse sem contestar. Era uma grande líder. Se ela tramasse um plano, este nunca falharia.

Lembrei-me dela em minha visão prometendo a minha mãe que eu ficaria bem e que ela falaria com Zeus. Era impossível não confiar em Atena. Ela sempre seria justa, não importa a quem favorecesse. Lembrei-me do aviso que ela havia dado a Annabeth sobre a vingança dentro de mim. Se não fosse por ela Nêmesis já poderia ter controle total sobre meu corpo.

– Obrigado. – falei.

Não precisei falar mais nada. Ela sabia ao que eu estava me referindo.

Atena concordou.

– Gabrielle, tem mais uma coisa sobre a qual preciso lhe avisar. O sonho que você teve essa manhã. Você sabe o que ele significa?

Eu havia pensado pouco sobre o sonho, mas havia percebido algumas coisas.

– Mais ou menos. – respondi. – Aquele lugar era onde estava construído o templo dedicado a minha mãe, não é? Aonde os fiéis iam para adorá-la na antiguidade e que agora se encontra em ruínas.

– Isso. – confirmou Atena. – Antes de ir ao Monte Olimpo sua mãe deseja que você vá até lá.

Lembrei-me da coluna em que eu quase tocara no sonho, e de Ártemis me avisando que ainda não era à hora. Havia algo naquela coluna.

– Algo que lhe ajudará na luta contra Nêmesis. – completou Atena.

Eu concordei, mas então percebi que embora me lembrasse do templo não conseguia me lembrar de sua localização. De qualquer modo não foi preciso perguntar isso á Atena, antes mesmo que eu abrisse a boca, a deusa deu-me a resposta.

– Éfeso. Fica na Turquia.

Nesse momento ouvimos outro tremor e Cérbero começou a latir. Olhei para o céu. O sol já havia se posto e em seu lugar a lua cheia ia surgindo.

– Preciso levar Cérbero de volta ao Mundo Inferior. – disse Atena. – Adeus Gabrielle. – ela virou-se para Percy e Annabeth. – Espero vê-los novamente.

Percebi que ao falar isso Atena havia olhado para Annabeth em particular. Eu podia entendê-la, Atena amava muito Annabeth.

A deusa começou a brilhar e nós desviamos o olhar enquanto ela assumia a sua forma divina e desaparecia levando Cérbero consigo.

Corri até Percy e Annabeth e subi no cavalo que havia sobrado.

– De que sonho minha mãe estava se referindo? – perguntou Annabeth.

– Conto a você no caminho para Éfeso. – respondi, e juntos ganhamos o céu de Nova York.

Os cavalos voavam a uma velocidade incrível. O vento frio batia em meu rosto ferozmente e minhas mãos geladas seguravam com força a crina do cavalo em que eu estava.

Já sobrevoávamos o atlântico quando terminei de contar meu sonho a Percy e a Annabeth. Era possível sentir o cheiro do mar e as pequenas gotículas de água que eram levadas pelo vento e salpicavam nossa pele.

Em menos de uma hora pousamos sobre um grande campo iluminado pela luz do luar. Desci do cavalo e olhei ao redor a procura de alguém, mas o campo estava vazio e silencioso.

A poucos metros de onde estávamos pude ver as ruínas do Templo de Ártemis exatamente iguais as de meu sonho. Respirei profundamente e fechei os olhos saboreando a maravilhosa sensação de poder que tomava conta de meu corpo naquele lugar. Eu me sentia mais forte, mais viva. Era uma sensação revigorante.

– É esse o lugar. – sussurrei para mim mesma.

– Devia ter sido um templo maravilhoso. É considerado uma das sete Maravilhas do Mundo Antigo, e era o maior de todos, superando até mesmo o de Zeus. Foi construído no século IV a.C., com 127 colunas de mármore, com 20 metros de altura cada. Duzentos anos mais tarde foi destruído por um incêndio e reerguido por...

Deixei Annabeth falando sozinha e comecei a caminhar entre as ruínas. Não demorei muito a encontrar a única coluna do antigo templo que ainda permanecia em pé. Observei-a de longe e sem que eu tivesse consciência do que estava acontecendo minhas pernas começaram a criar vontade própria e ir em direção á coluna. Quando eu estava a centímetros de tocá-la consegui forçar-me a parar.

Algo dentro da coluna me chamava e eu precisava tirá-lo de lá, fosse o que fosse.

Estendi a mão e devagar toquei o mármore frio de que era feito a coluna. Fechei os olhos.

– Alguns atribuem a construção do templo às Amazonas e... – dizia Annabeth enquanto se aproximava de mim.

– Annabeth! – disse Percy ao meu lado para chamar-lhe a atenção.

– O que foi? – protestou Annabeth, mas então ela olhou para mim e viu que eu mantinha os olhos fechados. – Ha, desculpa. Às vezes é difícil me controlar.

A força dentro da coluna aumentava e meus dedos começaram a formigar, a sensação passou para minha mão e inexplicavelmente a senti atravessar o mármore facilmente, como se ele não fosse um objeto sólido. Minha mão era puxada cada vez mais para o centro da coluna até que senti meus dedos encostarem-se a algo gelado que parecia ser feito de metal.

Envolvi o objeto com minha mão, fechei-a fortemente e a puxei para fora da coluna.

Eu segurava um cilindro de prata com aproximadamente doze centímetros e tampado nas duas pontas. Nele estava gravada uma frase em grego antigo que eu não tive dificuldades em entender: “Á minha filha, Ártemis a deusa da caça.”

– Como fez isso? – perguntou Annabeth.

– Parece um cilindro. Geralmente eles são usados para se guardar algo dentro. Tente abrir. – falou Percy.

– Não sei como fiz isso. – respondi á pergunta de Annabeth. – E não tem como abri-lo, não há tampa nem nada, é uma peça só.

Annabeth a observou mais de perto.

– Foi oferecido à Ártemis. E como diz: “à minha filha”, só pode ser um presente de Zeus. Será que não é o...

Nesse instante o objeto emitiu um brilho prateado, cada uma de suas extremidades começou a alongar-se fazendo uma pequena curva no final e terminado ligadas por uma corda. As minhas costas uma aljava de flechas apareceu. Reconheci o arco imediatamente. E nem pude acreditar que o estava segurando. Ele brilhava intensamente, iluminando Percy, Annabeth e a mim, nos deixando com um tom prateado. Era possível sentir o poder que emanava do objeto arrepiar nossos corpos.

Quando você tem em mãos a arma de um deus você se sente mais forte, invencível, capaz de qualquer coisa, e era exatamente assim que eu me sentia.

– O Arco de Ártemis. – disse eu completando a frase de Annabeth.

Eu lembrava-me dele preso as costas de minha mãe quando eu a vi pela primeira vez, no dia em que conheci Thalia e o restante das caçadoras. Era um objeto magnífico, mesmo sem usá-lo eu sabia que ele teria o poder de exterminar um exército de mil homens com apenas cinco flechadas.

– Gabrielle sua mão! – exclamou Percy.

Olhei para a mão que segurava o arco, onde a pele entrava em contato com a arma, pequenos filetes de fumaça começavam a subir em rodopios em direção ao céu. Uma dor insuportável começou em minha mão, uma ardência que foi subindo pelo braço. Minha mão estava queimando.

– Ai! – gritei largando o arco no chão, que tornou rapidamente a virar um pequeno cilindro de prata ao tocar o chão.

– Sua mão... Está em carne viva. – disse Annabeth olhando assustada a palma de minha mão.

A dor havia diminuído bastante no instante em que eu havia largado o arco, mas mesmo assim eu podia sentir um pequeno latejar.

– Você segurou o arco por tempo de mais. – falou Percy. – Essa é a arma de um deus, elas possuem muito poder, mesmo para nós, semideuses. Há histórias de mortais que seguraram em armas divinas e foram transformados em pó imediatamente.

Eu observei o cilindro que repousava na grama banhada pelo luar. Ele não brilhava mais, de longe poderia se passar por um simples pedaço de ferro.

Olhei para minha mão, notei que aos poucos a pele ia se recuperando, livre do poder do arco, as queimaduras iam desaparecendo.

Como eu usaria o arco para derrotar Nêmesis se nem ao menos conseguia segurá-lo por tempo suficiente para atirar mais de uma flecha?

– Como vencerei Nêmesis com este arco se nem posso segurá-lo? – perguntei, embora não soubesse exatamente para quem era dirigida essa pergunta.

Annabeth observou o horizonte. O tempo estava mudando, um vento gelado começou a soprar, nuvens negras começaram a encobrir o céu estrelado.

– Você só terá uma chance. A arma de um deus tem poder para matar outro deus. Foi por isso que sua mãe lhe deixou o arco, nossas armas não teriam a mínima chance contra Nêmesis.

Eu me abaixei e tornei a segurar o pequeno cilindro de prata. Nesse formato ele não emitia poder algum, e nem queimava minha mão. Devia ter sido ideia de Ártemis, assim eu poderia segurá-lo comigo até estar bem perto Nêmesis e assim que tivesse a chance usá-lo para matar a deusa. Como Annabeth havia dito seria uma única chance, se eu errasse não teria tempo para outra flecha e Nêmesis acabaria comigo. Se eu errasse tudo estaria perdido.

Minha mãe juntamente com os outros deuses havia me dado uma chance. Uma única chance.

Coloquei o cilindro no bolso junto com minha caneta.

Começou a trovejar. Relâmpagos vermelhos cortavam o céu. Os cavalos começaram a se agitar.

– Temos que partir agora. – disse Percy observando o céu. Sua expressão era séria.

Lembrei-me de Jéssica e da confiança que ela tinha em mim.

– Sim. – concordei. – Vamos acabar logo com isso.

Ao ver o Monte Olimpo de cima pude logo notar a origem da tempestade. O monte parecia mais um vulcão em erupção. Uma fumaça vermelha encobria o topo e os relâmpagos eram constantes. Uma forte chuva começou e ficou difícil enxergar dois metros a frente do rosto.

– O que são aquelas coisas? – gritei para me fazer ouvir em meio ao som da chuva.

Abaixo de nós, na encosta do Monte Olimpo havia centenas de criaturas estranhas cujas características não pude distinguir de longe.

– São demônios. – explicou Annabeth. – Criaturas nojentas que vivem nos mais profundos lugares da Terra. Parece que Nêmesis conseguiu formar um exército deles.

Olhei novamente. Tentei imaginar o que um mortal que passasse por ali veria. Era obvio que esta não era uma tempestade comum, a Névoa se encarregaria de encobrir a verdade.

Pousamos a dez metros dos pés do Monte Olimpo e olhamos para cima. Pude ver os demônios com mais clareza. A pele deles era marrom e parecia mais uma casca, como a pele das múmias em decomposição. Eles possuíam dois troncos que se juntavam em um só ao chegar à cintura. Em cada um de seus quatro braços havia uma espada e suas duas cabeças eram protegidas por elmos de ferro. Eles não possuíam olhos e nem lábios, era como o rosto de uma caveira, mas com a pele em decomposição e os dentes podres.

Havia pelo menos mil deles. Eram oito mil braços segurando espadas enormes.

– Se quisermos chegar a Nêmesis teremos que passar por eles. – disse Annabeth.

Nós nos entreolhamos, era óbvio que se fizéssemos isso morreríamos. Mesmo que nos defendêssemos de um golpe não conseguiríamos parar as outras três espadas que desceriam sobre nossas cabeças.

Há essa hora já estávamos encharcados da cabeça aos pés. Puxei minha caneta e a destampei. Eu sabia que não tínhamos muitas chances, mas se fosse para morrer, eu morreria lutando.

Percy e Annabeth se contiveram por um momento. Pelo canto do olho vi os dois trocarem olhares. Entendi que aquele simples olhar dizia muitas coisas. Percy pegou as mãos de Annabeth e lhe deu um breve beijo, mas intenso. Depois cada um puxou sua arma e seus corpos se enrijeceram em posição de combate.

Ouvi Annabeth fungar brevemente.

Nós três fitávamos a morte inevitável que pairava ao redor do Monte Olimpo, e sem tirar os olhos do demônio, falei:

– Sinto muito por ter que terminar assim. Sinto muito por meter vocês nessa.

Eu desejei poder estar ali sozinha, mesmo contra mil demônios. Eu me sentiria melhor em morrer sozinha do que levar meus amigos para a morte comigo. Foi então que ouvi uma voz as minhas costas.


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