[...] As trevas me abraçam... Mais uma vez...

Devo ir...?

Partilho com elas algo recíproco...

O que será...?

Sinto o carinho delas ao me tocar...

Embora frias, ainda são carinhosas...

Abracem-me, beijem-me... Posso senti-las...

Vivas, palpáveis, frias, ternas e eternas...

Palavras familiares ecoam em minha mente...

Oh trevas marotas!

'Agora e sempre...' Obrigado...

'Eu serei o seu lar...' Abracem-me, beijem-me...

Curvo-me em lisonjeio à tais palavras...

Recebo a rosa...

Sangue...?

Espinhos tentam-me... Sedentos por calor...

Cor... Odor...

Uma maçã! Meu sangue por uma maçã!

Eis que a bela princesa sorria...

Jamais vi sorriso como aquele...

Calafrio... Frio... Um cortante frio...

Percebi inveja nas cordas carrascas de meu bandolim...

Sua pele era pálida, fria, morta...

Suas vestes negras, instáveis, revoltas...

És, agora e sempre, o meu lar?

Assim como meu reflexo, não podia ver seus olhos...

Mas podia ver seu sorriso...

Uma quente lágrima de sangue escorre pelo meu rosto emocionado...

Um anel!

Desejaria poder ver seus olhos sob seus cabelos negros...

Embora possa sentir o seu carinho, não sinto seu calor...

Oh trevas marotas!

Não brinquem com os sentimentos de um morto...

Não brinquem com o coração inerte na caixinha...

Agora podia ve-los... Seus olhos...

Vermelhos-escarlate...

Nunca espelhos da alma foram tão literais...

Seus olhos, meus olhos...

Seu sorriso, meu sorriso...

Sua maçã, minha maçã...

Sua rosa, minha rosa...

Seu anel, meu anel...

Sua sede, fome, ânsia por calor...

Seu desejo por amor...

Oh trevas marotas! [...]