Music In My Heart escrita por Alyssa


Capítulo 1
Capítulo 1 - New York, Here We Go


Notas iniciais do capítulo

Comentemmmm, first story, a auto estima está em baixo por isso preciso de muitos comenterários u.uEspero que gostem!



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– Acorda Tália, acorda! – pediu uma voz chilreante, dando saltinhos na minha cama como uma criança feliz. Por fim, deixou-se cair a meu lado, cutucando-me levemente.

Respirei fundo e ainda de olhos bem fechados, virei-me para o outro lado, para a fonte da voz. Hesitante, abri um olho, e deparei-me com o rosto de Annabeth, a vaca a quem chamo de melhor amiga, a pouco centímetros do meu.

– O que foi caralho? – pergunto, piscando os olhos repetidas vezes para me livrar do embaço nestes.

Annabeth riu. Um som borbulhante e quente que frequentemente me deixa com vergonha do meu próprio riso, mais parecido com latidos e chiados do que com uma gargalhada propriamente.

Permiti-me um pequeno sorriso. Mas eis uma informação sobre mim: eu não sou uma pessoa matinal. De facto, acredito que seja muito mais complexo do que isso, sendo que na verdade, eu e a minha cama partilhamos um relacionamento amoroso avassalador. Uma paixão sem limites.

Talvez Luke tenha-se sentido intimidado. Eu não sei. O que sei, e por mais que tenha desejado que fosse os meus olhos a pregar-me uma partida, foi que o meu namorado de três anos tentou forçar a minha melhor amiga a beijá-lo. Eu gritei e gritei, e deleitei-me com a marca dos meus dedos no seu rosto, quando o atingi. Annabeth seguiu-me e foi uma das poucas vezes em 12 anos de amizade que me viu chorar. Agarrou-me e chorou comigo também, e passámos o resto do dia vendo filmes românticos, a criticar a ignorância das moças por acreditarem em promessas vãs, comendo gelado de morango com muito chantilly, pipocas de manteiga e incontáveis tabletes de chocolate. Quando a barriga começou a doer pela quantidade extrema de açúcar, preparamos um chá e passámos a noite acordadas a planear uma viagem a…

– Nova Iorque, Thals! Nova Iorque! – disse Annie, os olhos cinza a brilhar de excitação – E vamos perder o voo, se não estivermos dentro de quarenta minutos no aeroporto...!

Olhei rapidamente para o telemóvel que descansava em cima do criado mudo para confirmar as horas. Oh sim, como estávamos atrasadas.

– Merda. – praguejei, levantando da cama aos tombos.

De maneira nenhuma que ia perder este voo. Para além dos meus 18 anos recém-feitos, esta viagem foi a minha única consolação e o que me fez levantar todos os dias durante meses para ir à escola.

Entrei no banheiro com a muda de roupa que havia preparado ontem e troquei-me. Escovei os cabelos preto azeviche que caiam até o meio das costas e deixei-os soltos.

– Estava agora a pensar… Tens de falar palavrão o tempo todo? – pergunta-me Annabeth, brincando com alguma coisa na minha secretária.

Encostei-me ao batente da porta, com a escova de dentes na boca, e levantei uma sobrancelha descrente.

Annie olha-me, e enquanto faz um movimento de descaso com a mão diz:

– Deixa para lá.

Cuspo a água no lavatório e dou uma última olhada no espelho, sabendo que não havia tempo para a maquilhagem escura que geralmente usava. Volto ao quarto, calço as minhas open boots com salto, e aliso a camiseta dos Nirvana.

– Pronta – informo Annabeth calmante. Ela oferece-me um sorriso brilhante e me arrasta pela mão para o andar de baixo.

Fiquei feliz por Annie me ter obrigado a fazer as malas na noite anterior, que já estavam perfeitamente colocadas no hall de entrada.

Minha mãe também estava lá. Tinha grandes círculos pretos debaixo dos olhos azuis gelo e o cabelo era um emaranhado de fios loiros e cinza. Bebericava o café e instantaneamente senti-me culpada por deixá-la.

Por mais que a amasse, não seria capaz de passar mais um verão a cuidar dela e a lidar com os seus constantes ataques de bebedeira. Só que depois lembrei-me que antes de nascer ela estava a dar os primeiros passos na carreira de atriz, e então papai a engravidou e bem, ela teve de abdicar dos seus sonhos para cuidar de mim. Para piorar, não muito tempo depois, meu pai a deixou, e apesar de nunca terem realmente se casado, ele continuava a dar-lhe dinheiro para o meu sustento, e senti-me duplamente culpada por deixá-la.

Mamãe abanou as chaves à frente do rosto.

– Pensei que pudesse oferecer-vos uma boleia ao aeroporto – diz e ao ver os meus olhos arregalados, comenta – não te preocupes, eu prometo que estou sóbria.

Sorri, um sorriso largo que realmente alcançava os olhos e concordei.

Enquanto estávamos a transportar as malas para o carro, mamãe sussurrou-me ao ouvido:

– Que cabelos lindos, Thalia. Desejava tê-los escovado.

– Eu sei – asseguro-lhe. Pois realmente sei. A única razão para nunca tê-los cortado curto, foi por minha mãe. Em seus momentos de sobriedade, ela passava os dedos por eles e os escovava como se ainda fosse uma menininha. Eram momentos raros, e eu aproveitava cada segundo deles.

Não levou muito tempo até finalmente chegarmos ao aeroporto. Annie despediu-se da minha mãe com um abraço caloroso e logo pôs-se a colocar as malas num carrinho de bagagem. Olhei tensa para mamãe sem saber o que lhe dizer.

Ela revirou os olhos e apertou-me contra si, depositando um beijo no alto da minha cabeça.

– Vai embora querida, ou o avião vai partir, amo-te muito - sussurrou-me, ainda me apertando contra si.

– Vais ficar bem? – perguntei-lhe preocupada

Ela riu

– A mãe aqui sou eu, lembras-te?

– Ficas? – insisti. Porque a sua confirmação era a única coisa que acalmaria a minha culpa.

Ela suspirou derrotada

– Fico – disse-me a sorrir. – E tu?

– Sim – respondo com um sorriso mínimo.

– Agora vai, antes que Annabeth nos mate às duas. Agora.

Não digo mais nada, e muito menos olho para trás enquanto eu e Annie desatámos às corridas para o interior do edifício.

A bagagem foi despachada rapidamente, uma vez que todas as pessoas já se encontravam dentro do avião. Quando mostrámos as nossas passagens à mulher atrás do balcão, ela lançou-nos um olhar fulo e encaminhou-nos para o avião. Tinha uma resposta na ponta da língua mas achei que seria melhor deixar passar, em vez de ter de passar mais um verão em São Francisco.

– 1 e 2F, 1 e 2F… - sussurrou Annabeth, um olhar feroz nos olhos cinza, enquanto procurava os nossos assentos. Revirei os olhos e gargalhei, indo atrás dela. Os olhos dos presentes nesta divisão fixaram-se em mim como se fosse alguma espécie de atração de circo.

– Por amor de Deus… - murmurei irritada, sentando-me ao lado de Annie.

Mal senti o avião descolar, agarrei à sua mão firmemente. Eu odiava alturas. Morria de medo. Annabeth aparentemente desconhecia esse facto e olhou-me confusa.

– Não gosto de alturas – sussurrei-lhe. Annabeth, como o raio de amiga que é, começou a rir. Muito alto. E olha que ela é a mais normal das duas.

Olhei-a irada, sentindo a concentração de sangue nas bochechas.

– Descansa Thals. O máximo que pode acontecer é batermos contra uma nuvem – Afirmou, e voltou a rir novamente.

Larguei-lhe a mão. Podia morrer e lavar-me em suor mas de maneira nenhum iria perder o meu orgulho. Cruzei os braços à frente do peito enraivecida.

Annie suspirou. Levantei uma sobrancelha interrogativamente, e como resposta ofereceu-me um auricular. Ajeitei no ouvido e suspirei também. Mas decididamente não pela mesma razão que ela. Era um grupo qualquer de rapazes a cantar músicas de amor. Pop. E definitivamente, eu não gostava de Pop.

– Dispenso. – recusei e ela deu de ombros

– Eles são perfeitos – instruiu-me com um olhar sonhador – A fantasia de qualquer rapariga.

Revirei os olhos

– Eu digo-te o que é perfeição: o Slash nu na minha cama. Isso sim.

Annabeth não se deixou abalar pelo meu comentário. Continuou a falar como se eu não houvesse dito nada, e pôs um caracol loiro atrás da orelha antes de dizer excitadamente:

– Já pensas-te se encontrar-mos um amor de verão Thalia? Oh, que romântico!

Suspirei exasperada.

– Nada disso. Seria muito provavelmente o fim do verão. O que eu menos preciso agora é de um rapaz para me encher o saco.

Porque eu tinha um mês de férias em Nova Iorque, e tinha a intenção de aproveitar cada segundo.


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