Santuário de Atena, Grécia.

- Qual o motivo desta reunião? – Perguntou o cavaleiro de câncer.

- Foram notados cosmos suspeitos em um vilarejo, próximo aos Cinco Picos Antigos, em Rozan. –respondeu o cavaleiro de Áries.

- Também foram notadas formigas sendo esmagadas pelos cidadãos – disse revirando os olhos – É sério que vamos dar atenção a isso?

- Pelos deuses, Mephisto. Você sabe muito bem o que esta lá.

- Espere Hamal. Mephisto tem razão. Mesmo “eles” estando aprisionados, a área dos Cinco Picos nunca foram um lugar auspicioso.

Alzir ouvia a discussão com atenção, afinal, não havia sido ele a convocar a Reunião Dourada, e mesmo sendo o Grande Mestre, gostava de ouvir as opiniões dos outros e ver no que elas iriam resultar. Mas resolveu se pronunciar:

- Em apenas uma semana, cosmos poderosos e hostis foram notados em diversas regiões do globo. Os humanos vêm se portando de modo estranho, parecem estar revivendo a Guerra Fria. Atena tem sentido repentinas e fortes dores, seu cosmo esta abalado. Os poucos aspirantes que deviam ter retornado do treino não se apresentaram.

Os presentes se calaram por um tempo, afinal, até mesmo Mephisto podia notar que algo soava estranho. A maioria deles fora enviados em missões em mais missões durantes os últimos meses, a maioria das vezes, não encontravam nada, mas nem por isso deixavam de ir averiguar um caso em qualquer lugar.

-Eu poderei ir nessa missão? – Perguntou Lair, o cavaleiro de Leão. Mais por impulso do que por certeza de que iria. Como o mais novo dentre os Dourados, nunca fora enviado em nenhuma missão, mesmo naquelas consideradas “fáceis”.

Um trovão rugiu fora do santuário e, ao lado de Alzir, um poderoso cosmo brilhou com uma luz dourada

-Como os jovens de hoje são apressado. Na minha época, lavariam sua boca... - disse a silhueta desconhecida, com uma voz zombeteira – Com o seu próprio sangue HIHIHIHIHIHIAHAHAHAHAHAHHAAHHAHAAH!

Percebendo que ninguém riu de sua “piada” e a gafe que havia cometido, se calou e só então seu cosmo diminuiu, dando lugar a um corpo de um homem forte, aparentava ter cerca de 30, tinha longos cabelos azuis escuros que iam até metade de suas costas. Seus olhos e profundos e expressivos, cheio de divertimento. Trajava uma antiga armadura grega, o que soava como uma piada de mau gosto aos presentes.

-Tente, se puder – falou Lair, entusiasmado – Alias, quem é você?

-Deveria conhecer bem as pessoas antes de desafiá-las. Acho que você é o único que não o conhece, bem este é Kahard, meu irmão, e atual senhor de Jamiel.

-Hmm. Muito desprazer em conhecê-los, é um honra - mexeu um pouco com a cabeça. - para vocês.

-Chega Kahard! Por que pediu que eu convocasse esta reunião?

O novo “participante” assumiu uma expressão mais séria.

-Tentei deixar isso o mais sigiloso possível, mas parece que alguém aqui já sabia – olhou significamente para o cavaleiro de virgem, que manteve o rosto impassível – A exatamente uma semana, os humanos descobriram um dos templos de adoração grego em Esparta, que a muito fora soterrado. O que quer, ou quem quer que estivesse lá, matou todos os pesquisadores sem deixar nenhum vestígio, a não ser pelo poderoso cosmo. Algumas horas depois, senti uma forte cosmo-energia vinda de Bluegard e fui averiguar – Fez uma longa pausa, e seus olhos, antes brilhantes e divertidos, agora estavam obscuros e raivosos – Quando cheguei lá, não encontrei ninguém... Pelo menos, ninguém vivo. Houve uma grande matança. Pilhas e mais pilhas de corpos ao redor de algo – Kahard agitou os braços, e o holograma de uma estatua brilhou no meio dos cavaleiros- Uma estatua de um deus grego.

Todos os presentes olhavam aquilo, cada um com uma expressão diferente: Medo, surpresa, entusiasmo, angustia e até tédio. O silêncio se seguiu pelo que se pareceram anos, até que um Dourado saiu de sua posição e se para a saída, quase abrindo a porta.

Todos, sem exceção, arregalaram os olhos. Dentre todos os cavaleiros, Hacheli de Sagitário era aquele mais calmo, nunca faria algo sem o consentimento de seus superiores. Após recuperar do repentino movimento, Alzir se pronunciou:

- Hacheli, aonde pretende ir? A reunião ainda não acabou.

-Não é óbvio? Espectros, marinas, deuses, seja quem for. Ninguém tem o direito de realizar tal atrocidade. O povo de Bluegard já sofreu de mais, e também nos ajudou em antigas Guerras. Considere isso como uma retribuição.

-Sei que você nunca perdoaria qualquer um que realizasse tal ato, mas temo que seja tarde demais. Como eu disse, só havia pessoas mortas e a estatua – disse Kahard apontado para o centro da sala.

-Mesmo assim, tenho certeza que poss- Foi interrompido por passos.

-Tem certeza do que, Hach? – Perguntou uma voz feminina.

“Atena!” Exclamaram todos.

-O que faz aqui? Não devia se levantar tão cedo.

-Eu estou bem senhor Alzir – respondeu docilmente e, olhando para um Hacheli atônito, disse: - Tem certeza do que?

- Não é nada senhora Samira, estávamos apenas discutindo quem vencerá a copa nessa edição– Brincou Kahard, arrancando um sorriso de Lair.

-Não me façam de boba! Eu conheço, e muito bem, a estatua desse Deus. – fez uma careta de nojo.

Alzir lançou um olhar Kahard, e algum entendimento se passou entre eles.

-Tudo bem, acho que é mais que necessário que lhe contemos tudo o que sabemos – falou e Kahard assentiu.

xX

-Como assim? De acordo com o que me contaram, depois da primeira e última Guerra Santa contra Ares, ele e seus guerreiros foram fortemente selados; os poucos remanescentes fugiram para o Hades (Reino)

Samira, a reencarnação de Atena, agora sentada no trono do Grande Mestre, olhava de Alzir para Kahard, incrédula.

-Ainda não temos certeza. Pode ser que seja alguém tentando usar o poder de Ares. – falou Hacheli, tentando acalmar Samira.

-É impossível. O cosmo de Ares é tão poderoso e destrutivo como o próprio, sem contar na loucura e no peso que carrega. Somente uma verdadeira reencarnação poderia hospedar o espírito do Deus sem sofrer quaisquer danos. – Disse Alzir.

-Então é isso? Estamos em Guerra?- Perguntou Mephisto.

-Francamente! Às vezes me assusto com o poder de seu raciocínio. – Disse o Cavaleiro de Libra – Até mesmo Lair já compreendeu.

-Ah, obrigado... Espera ai. O que você quer dizer com “Até mesmo Lair” – disse o raivoso leão.

-Calem-se – vociferou Alzir – Seja como for, estamos em estado de alerta. Ninguém entra e ninguém sai do santuário sem o meu consentimento.

-Enviaremos dois grupos, cada liderado por dois de vocês. Um ira para Bluegard, e checara se esta tudo bem com o selo do Deus dos mares, não podemos arriscar um Guerra tripla... O outro vai para Delfos. É duro admitir, mas precisamos dos conselhos daquele velho – disse um emburrado Kahard.

O espanto era evidente no rosto de quase todos os cavaleiros de ouro. Em parte por Kahard chamar alguém de “velho” e em parte por irem a Delfos, pois só se adentrava naquele lugar com uma autorização expressa de Alzir ou Atena. Nenhum dos atuais Dourados tinham ido até lá.

-Afinal, o que vamos fazer lá? Falar com o Oráculo? – Perguntou o cavaleiro de escorpião. Mesmo sendo de certa forma uma piada, muitos ainda acreditavam que o famoso Oráculo Delfos vivia por lá.

-Não. Vocês vão conhecer o mais velho cavaleiro vivo. Já participou das Guerras Santas contra Poseidon, Hades e Ares. A velha e mortal Fênix, Ikki!