Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 10
Hora de partir


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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Klaus estava surpreso. Desde que tinha sido confiado por Gaio, o conselheiro, a ser seu embaixador entre os leprachauns, levando consigo a insígnia do trevo de 4 folhas, sua responsabilidade havia dobrado já que ele também precisava achar a relíquia da terra. Depois da discussão entre sus familiares, ele resolveu não manter contato com qualquer um de seus irmãos, até mesmo o pequeno Adam. Rom e Fagner tinha se virado contra ele, talvez fosse muita audácia sua pensar que eram ciúmes dele ter sido escolhido e os dois não, mas a única coisa que queria era que Suzana acordasse. O gnomo tinha passado a noite toda, dentro de seu quarto lendo e procurando informações que pudessem ajudar na missão a Irlanda, mas obviamente todos os livros falavam acerca das aventuras de seus antepassados, no caso Tito que conquistou a Baviera e expulsou muitas hags e dagdas mas apenas uma informação que ele nunca tinha reparado: segundo os manuscritos de Paracelso, que era alemão, muitas raças gnômicas antigas compartilhavam um culto em comum, aos celtas e nórdicos: Ostara. Ele nunca tinha ouvido falar daquela palavra, mas já era um avanço.

O diário do alquimista Paracelso era cheio de mistérios, até mesmo para Klaus. Em certos momentos ele mostrava saber mais do que qualquer outro elemental, chegando a mencionar uma concepção que também aferiu a Lao Zi, alquimista que atravessou os portões do Yeti e entrou em Shambala: a iluminação. Como a maioria dos gnomos, ele acordava tarde no inverno, portanto não se sentiu surpreso ao ver que seus pais e irmãos ainda dormiam. Desde que tinha 9 anos, ele era o irmão responsável, Fagner ganhava todo o crédito por simplesmente dizer que se preocupava com a tradição e a família, Rom simplesmente o seguia, e Fagner, seu pai, mesmo sabendo disso era distante a todo e qualquer assunto familiar, seu foco era proteger a todos independente do que acontecesse.

Klaus sentiu uma pontada de vergonha quando admitiu ter perdido seu gorro. Para outros elementais aquilo parecia ser uma tremenda bobagem, mas para os gnomos uma grande vergonha. Se ele mal conseguia manter a paz entre sua família, como faria para unificar raças de Gnomos tão diferentes e que se espalharam pelo mundo com suas respectivas culturas e trajetos? Parecia uma missão ainda mais impossível do que adquirir a relíquia da terra. O gnomo suspeitava que a relíquia tivesse uma relação com a insígnia que Gaio deu a ele, ou ao conselho, mas nem mesmo Paracelso tinha comentado sobre tais sigilos.

Quando acordou de manhã e viu Suzana já em pé e conseguindo se levantar por meio do cajado de Moisés não conseguiu se conter de ânimo: acordou Jack (que tinha dormido com Kathe em outro quarto) que quase incendiou o lugar assustado, e foi em busca de Katherine e então se deparou com Rose. Ninguém conhecia Rose mais do que Klaus, ela era um menininha quando seus pais viajaram para Rosenheim, no sul da Alemanha, e a acharam sozinha. Magna a chamou de Rose, não só em homenagem ao lugar, mas por ser bonita como uma rosa. Ambos não se davam bem, desde que Klaus admitiu ter algo por ela, mas isso era passado. Assim como os outros, sabia que ela era a única kitsune encontrada.

Depois de Klaus, Kathe e Rose irem até a sala, onde Jack aguardava sentado ao lado de Suzana, viu que seus pais já estavam lá amparando a garota, diferente de Fagner que encarava Rose, Adam dormia graças à mãe deles mas Rom brincava com cartas;

–Olha só quem chegou- falava Fagner com um tom galanteador -Olá Rosa sumida, tem roubado muitos turistas ultimamente?-

–E você, Fag? Tem cantado muitas garotas sem êxito?- defendeu Kathe. Rose exprimiu um sorriso sem graça, ela não gostava que a defendessem;

–Vocês- falava Magna -Agora não é hora de brigar, Suzana tem algo a dizer- a ondina estava ainda quebrantada desde a noite passada. Seus cabelos pretos, lisos e longos estavam arrumados como rabo de cavalo, usava shorts e sandálias fora a camiseta azul e a coberta que a cobria;

–Eu... eu tive um sonho- falava ela, trêmula. Apesar de ter acordado e falado com Klaus, ele sentia que a garota estava distante dele, também pondera: no dia anterior ela mal tinha completado 14 anos, já havia entrado em uma batalha e convocado o poder do cajado, que ainda usava para se manter firma como uma espécie de fonte espiritual;

–É o que você diz há minutos..- murmurou Jack. O salamandra estava como sempre pálido, com os cabelos escuros lisos e olhos castanhos -O que o sonho falava?- a ondina o repreendeu com o olhar e disse;

–A primeira mãe é mais poderosa do que imaginamos. Ahura vai usar o que ela tem a seu dispor para nos destruir, e principalmente aqueles que estão entre nós- Por um momento todos ficaram quietos e se entreolharam, até mesmo Rom que na verdade ouvia a tudo e todos;

–Eles querem deixar tudo escuro e sombrio. O Samhain é o começo do grande final- Mesmo que com a imaturidade de Fagner, ele também compreendia o que estava acontecendo. Os acontecimentos futuros eram maiores do que qualquer outra coisa que a humanidade possivelmente já passou;

–Precisamos ir para a Irlanda- falou Klaus, fazendo todos se dirigirem a ele. De repente, a timidez dele fluiu como algo comum;

–Nós precisamos ir ao conselho dos leprachauns antes que seja tarde, e achar a relíquia logo- falou Katherine. Seus cabelos loiros, como já tinha reparado, haviam crescido, deixando ela um pouco irritada;

–Existe algum caminho ou rota, que permita irmos o mais rápido possível?- perguntou Jack segurando a mão de Suzana, deixando Klaus um pouco nervoso. Wagner pensou um pouco e respondeu;

–Eu e Magna íamos sempre ao conselho por meio do primeiro freixo-

–O que é o primeiro freixo?- perguntou Rose que parecia não atentar ao diálogo deles;

–O primeiro freixo- começou Klaus -É a primeira árvore plantada por um gnomo como marco de seu território, como símbolo de que aquele lugar lhe pertence. Normalmente, o freixo é imortalizado graças a permanência de tal raça gnômica no lugar mas... O que isso tem haver?-

–Querido, existem coisas que guardamos de você seus irmãos até que fossem maiores, mas aparentemente a hora chegou- falava Magna -Arrumem suas coisas, é hora de partir- todos assentiram e se prepararam para a caminhada. Klaus pegou suas roupas, no quarto, a insígnia, e alguns de seus livros assim como o diário de Paracelso para ir. Seus cabelos cor de caramelo como sempre estavam penteados, e seus olhos furtivos. Ajudou Suzana a arrumar suas coisas mas de alguma forma ela estava mais fria e diferente do que era, aquela visão ou sonho realmente tinha mexido com ela, aumentando sua preocupação.

Assim como Katherine e Jack ambos pegaram suas mochilas e se puseram para o fundo da casa. Magna disse que iria ficar na casa junto com Fagner, Rom e Adam para protegê-la caso mais hags ou o dagda maligno viessem. Rose, no entanto, veio atrás deles silenciosa na forma de raposa ainda desconhecida por Jack e Suzana. Wagner orientou eles por uma breve trilha até que chegaram a um enorme freixo cujo caule era grosso e jazia dentro dele uma espécie de abertura ou toco repleto de musgo e plantas menores. Os seis pararam em frente a grande árvore e então o pai de Klaus advertiu;

–Este grande freixo foi fundado pelos antepassados gnomos da Baviera, eles fundaram esta árvore pelas sementes dadas pelo conselheiro Waeg I para que todos os descendentes de Meia-suja pudessem ir ao grande e anual conselho!- O gnomo agora se recordava da história que sua mãe lhe contava sobre como o bisavô dele tinha lutada na guerra dos Gnomos e como era conhecido por ser amigo do grande conselheiro, Waeg e primeiro antecessor do próprio Gaio. No bolso de seu jeans, ele tinha a insígnia de ouro, imaginou as histórias e aventuras que até então lhe aguardavam;

–Então... O senhor diz que por meio disso, poderemos ir até a Irlanda, que está a quilômetros de distância daqui?- perguntou Katherine um pouco cética;

–Ainda está em dúvida, Mishigan?- o olhar do sr. Wagner era muito desafiador fazendo Kathe se sentir um pouco minúscula. Eles encararam um pouco o freixo;

–Eu vou primeiro- disse Rose, na forma humana. Todos a olharam espantados;

–Você?- perguntou Suzana;

–Sem querer ofender, mas... você é exatamente a escolhida da profecia de Para..- falava Klaus. Rose o encarou acirradamente com seus cabelos vermelhos e disse;

–Está me desafiando, Klaus? Não sou medrosa como você- Ela podia ter envergonhado ele, mas quase tinha feito de Katherine rir. Wagner explicou como funcionava, era necessário apenas pensar no conselho, entrar na árvore, e atravessar pensando na entrada. Rose assentiu e entrou. Após cinco minutos, vendo que tinha dado certo, Jack se pôs a ir, logo depois Katherine e então Suzana disse que iria mesmo sem ligar para o que Klaus pensaria. Meio que contrariado, foi o último a restar e que estava ainda com Wagner, quando ia entrar, seu pai o parou e disse;

–Eu... eu não sou bom com as palavras como você, Klaus. Mas... eu...-falava o homem. O gnomo revirou os olhos e abraçou o pai, evitando fazer ambos derramarem lágrimas disse;

–Também te amo, pai- Eles podiam até brigar, mas aquela poderia ser a última vez que se viam. Cheio de coragem, confiou na esperança de Gaio em ser o embaixador do conselho, subiu por meio das raízes, sentiu um breve calafrio e atravessou alguns cipós e sentiu o escuro penetrante até que uma energia verde e mística, talvez tão antiga quanto sua linhagem acendeu sobre ele. A luz renasceu, e finalmente atravessou.


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Notas finais do capítulo

Obrigado