Royals escrita por Brave


Capítulo 6
04 - Opa... Parte II




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– Grávida? Como assim grávida? Como isso aconteceu?

Zachary a fitou com um olhar cansado e arqueou a sobrancelha esquerda.

– Quando o papai e a mamãe se gostam – Ele começou a gesticular o que dizia.

– Zachary! Essa parte eu entendi! Mas não existe uma coisa chamada preservativo? – Então Valentina se calou e falou num tom baixo – Ai meu Deus. Eu vou ser tia?

– Esse é o ponto – O loiro engoliu em seco – Você não vai ser tia.

– Mas Lorenzo e- Sua voz ficou presa no meio da frase – O que eu perdi?

– Lembra-se da ultima briga deles? Aquela que eles terminaram e ninguém acreditou que eles podiam voltar?

– Claro que lembro! Nós dois os reconciliamos.

– Durante o tempo em que eles estavam separados... Aurora... Enfim, você sabe como é.

– Mas... De quem é então?

O príncipe trincou o maxilar e estralou o pescoço, claramente desconfortável.

– Um soldado – Grunhiu.

Valentina teria rido se a situação não fosse tão séria. Sabia do problema que o amigo tinha com seus guardas e adorava provoca-lo com isso. Todavia, não era uma hora muito apropriada para isso. Confusa com o tanto de informação que acabara de receber, a ruiva apenas se sentou ao lado rapaz e o fez deitar em seu colo, onde começou a acarinhá-lo.

– E... Os seus pais?

– Ainda não sabem. Ela disse que vai contar depois do jantar. Quanto antes, melhor. E o seu irmão... Disse que não a abandonaria por nada. Vally – Ele se levantou para poder olhá-la nos olhos – O relacionamento deles é impossível. Você sabe disso.

A moça não respondeu, engoliu em seco e pôs o cérebro a funcionar. Não tinha se submetido a algo como A Seleção para ajudar seu irmão para ver tudo ir por água abaixo pela irresponsabilidade de Aurora. Valentina era boa em montar planos, deveria pensar em um agora.

– Seus pais vão querer casá-la o mais rápido possível. – Constatou – Mas não com qualquer um – Bateu os dedos impaciente no chão, forçando-se a pensar – Uma das tradições da Seleção é que a família das garotas venha ao palácio, não é? – Não esperou uma confirmação – O filho de um militar como Aspen Leger não é um partido tão ruim.

– Você acha que meus pais vão deixar que Aurora se case com um desconhecido?

– Eles não terão escolhas. Afinal, o que o povo diria ao saber que um membro da família real quebrou a maior lei de toda Illea: a da castidade?

– Eles poderão querer casá-la com qualquer outro de uma boa família. Talvez pensem em alguém assim que descobrirem.

– Então você os controlará. Fará com que eles pensem melhor. E quando “conhecer” meu irmão, comentará com sua mãe sobre como ele parece ser um cara legal e ela começara a prestar uma atenção um pouco maior nele, então ela irá comentar com o seu pai.

– Eu poderia apontar várias falhas no seu plano, mas minha cabeça está explodindo – Ele tornou a se deitar no colo dela.

– Melhor um plano com falhas do que uma falha sem planos.

Zachary não respondeu, apesar de Valentina estar certa de que ele teria rido da frase nada elaborada dela. O loiro continuou deitado, aceitando cafuné da amiga, fitando as nuvens. Ficaram em silêncio por alguns minutos até que ele se levantou novamente, apoiou-se ao braço esquerdo, de modo que seu corpo ficasse inclinado sobre o da garota.

– Nós poderíamos dar uma trégua daquela merda de aposta. Pelo menos por hoje – Sua voz não era sedutora como nas outras vezes, mas sim baixa e receosa, um pedido.

Valentina considerou, mas sabia que não poderia negá-lo isso.

– Eu odeio você, sabia? – Ela suspirou.

– Também te odeio – Zachary se levantou e a beijou, como há muito ansiava.

Seus lábios se preenchiam, suas línguas dançavam. Eles não podiam se lembrar da ultima vez em que se beijaram tão calmamente, sua relação era definida por guerras e armadilhas, um se sobrepondo ao outro, cada qual com sua superioridade. Não naquele momento. Ali estavam juntos, eram um verdadeiro casal.

Separaram-se relutante, mantendo as testas unidas, um respirando o ar do outro.

– Olha pra mim – Ele sussurrou. Valentina abriu os olhos e encontrou aquelas duas pérolas azuis à sua frente – Me diz que, se eu lhe escolhesse, você ficaria por mim, não por obrigação.

– Não – Respondeu em mesmo tempo – Não nasci pra isso, você sabe. Não seria uma boa rainha, não quero ser rainha. E é isso o que significa esta com você.

– Mas eu não quero uma rainha – Zachary se afastou, frustrado – Não quero nem mesmo uma esposa. Eu só quero ser feliz – Suspirou – Você poderia me fazer feliz.

– Zach... Você está triste, com medo por sua irmã, carente. Mas existem outras dezoito garotas naquele Palácio que querem ser sua esposa e rainha. Dois coelhos numa cajadada só.

– Você não ouviu o que o falei? Eu quero você, sempre quis, você sabe. Você é a minha melhor amiga, uma das únicas pessoas, se não a única, que eu posso confiar inteiramente.

– A única? – A ruiva revirou os olhos – E Lorenzo?

– Meu melhor amigo, mas transa com a minha irmã. Não tem como confiar nele.

– Elimine algumas garotas – Ela sugeriu ao acariciar o cabelo dele – Consiga tempo. Você pode se apaixonar por uma delas.

Zachary abriu a boca para responder, mas desistiu. Sabia como era inútil discutir com Valentina quando o assunto era relacionamento sério.

– Eu te odeio – Ele repetiu.

– E ainda assim quer passar o resto de sua vida comigo – Novamente, o príncipe ficou calado – E antes que eu me esqueça: Estavam comparando seu beijo ao beijo de uma flor á no Salão das Mulheres.

– Que ultraje – Ele resmungou – Deveria eliminá-la por isso. Qual o nome dela mesmo?

– Noelle – Valentina revirou os olhos – Você deveria saber o nome de pelo menos aquelas que beija. É uma questão de caráter.

– Caráter? Sério? Nós estamos na Seleção, docinho, o que mais falta aqui é caráter.

Ficaram em silêncio por mais alguns minutos, deitados um ao lado do outro.

– Seus pais falam disso? Da Seleção deles?

– Minha mãe sim. Meu pai não. Ele resmunga algumas coisas e sai de perto. E a sua mãe?

– Nenhuma palavra. Na verdade, ela mal conta sobre o meu pai. Eles sempre diziam que eram namorados desde jovens e isso sempre fez sentido. Aí num belo dia, eu descubro que ela fez parte de algo como a Seleção. Dá pra imaginar? E o pior de tudo, na época que ela supostamente namorava o meu pai. E ela não foi simplesmente uma Selecionada, ela ficou entre as três ultimas!

– Acabou o desabafo? – Então ele tornou a levantar parcialmente, apoiado num braço, sobre o corpo dela – Já pensou o que teria acontecido se nossos pais tivessem se casado? Nós seríamos irmãos.

– Ou nem existiríamos.

– O destino não seria tão cruel assim.

– Só queria que ela fosse honesta comigo.

Zachary deitou novamente e puxou Valentina para deitar-se a seu peito.

– Meu pai disse para eu te mandar embora. Disse que a minha mãe se sentia desconfortável com você.

– Nem nos casamos ainda e a sua família já me desaprova – Ela riu.

– Eu fui falar com ela. Perguntei de quem ela gosta, enchi o saco dela falando sobre opinião de mãe ser importante e ela se derreteu toda. Disse que ainda não conhecia nenhuma muito bem, mas que se você fosse parecida com sua mãe, então era a melhor escolha. – Ele parou por um momento antes de continuar – E disse também que nenhuma opinião deveria contar, nem mesmo a dela. Que eu devo escolher quem eu quiser, mesmo se não tiver nenhum motivo palpável para isso, caso contrário, acabaria como meu pai.

– Por que está me contando isso?

– Você costuma usar bem o cérebro. Descubra sozinha.

– Seu pai não gosta de mim.

– Tenta de novo.

– Não faço ideia.

– Meu pai é que se sente desconfortável com você. Minha mãe não foi escolha de meu pai, foi influencia de alguma opinião.

– Nossos pais tiveram um caso.

– Já pensou o que teria acontecido se nossos pais tivessem se casado?

– Já me perguntou isso.

– Queria ouvir a versão deles.

– Do que aconteceu?

– Do que poderia ter acontecido.

– Zach... – Foi a vez dela de ficar em cima dele, que aproveitou para acariciar suas costas, causando-a arrepios – Seus pais estão casados, pra que imaginá-lo com outra mulher?

– Porque eu vi o olhar da minha mãe quando falou tudo aquilo – Seu olhar estava vago e continuou assim por mais alguns instantes, até focar de novo nos de Valentina – Podemos falar deles outra hora?

– Do que quer falar?

– Não quero falar – O sorriso maroto voltou a seus lábios, antes de trocá-los de posição num rápido movimento, ficando por cima.


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