Demônios escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 5
Velhos amigos




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§E§

O carro passou pela grande placa do acampamento:
Acampamento Wereramp
Eu estava tão ansioso para ver tudo – e todos – novamente, as casas de madeira, o lago e a grande árvore...
Assim que o carro parou, eu desci colocando a alça da bolsa sobre o ombro direito.
Eu olhei em volta, tentando matar a saudade apenas com o olhar, mas o acampamento estava diferente, a casa de George, quer dizer, a casa de Margareth estava diferente, agora ela tinha dois andares e estava pintada de amarelo. Mas não era só a “Casa Central” que estava diferente, mas todo o acampamento: logo atrás das poucas casas de madeira que havia no acampamento, onde só havia mata, agora tinham novas casas de madeira, muito mais do que eu podia contar; quase todas estavam fechadas e com cortinas tapando a janela. Talvez não more ninguém nelas pensei apenas mais casas por precaução.
–Eric! – Clair saiu da grande casa cor de gema e veio correndo em minha direção.
Ela se jogou em meus braços e me deu um longo e forte abraço.
–Você não consegue mesmo ficar longe de confusão, não é?! – Ele me soltou e eu pude olhá-la melhor. Ela estava diferente...
Ela havia raspado o lado esquerdo da cabeça e jogado o restante do cabelo para o lado direito. Estava usando uma blusa tomara-que-caia rosa que realçava seus seios. Em seu ombro havia uma tatuagem de sol, o circulo do meio era solto dos “raios” que eram triângulos negros assim como o núcleo.
–Você fez uma tatuagem? – Perguntei.
–Há, não! Essa é a marca das bruxas – Ela disse sorrindo – Todas as bruxas tem, ou pelo menos tinham.
–Então você decidiu mesmo ficar?
–Digamos que agora eu tenha um motivo para ficar aqui. – Ela levantou a mão direita mostrando um anel com um diamante razoavelmente grande no dedo médio.
–Quem é o sortudo?
–O pai de Anabelle – ela disse meio envergonhada.
Como assim “o pai de Anabelle”?
–Andrei? – Ela assentiu antes mesmo de eu dizer o nome dele completo. Eu estava realmente surpreso. Antes os dois pareciam como cão e gato, sempre tentando matar um ao outro; e agora estavam noivos? O mundo parecia estar ficando louco.
–Espera um pouco – eu disse – Andrei está aqui no acampamento?
–Depois que George morreu, Margareth e Erlia decidiram permitir que Andrei comandasse o acampamento – Ela disse meio que com calma. Olhei para trás e vi Anabelle do outro lado do carro conversando com Peter, Julian não estava com eles. – Então aqui acabou se tornando uma de suas colônias. Por isso tantas casas novas.
Tudo explicado.

§M§

Coloquei o CD da Taylor Swift no meu aparelho de som, e apertei o play. Eu gostava de ficar ali sozinha no meu quarto, principalmente depois da morte do meu pai. E de Madeline ter sumido. Acho que ela havia ficado triste demais para enfrentar tudo aquilo. Enfrentar de cara o fato de o acampamento mudar.
Deitei na minha cama enquanto “Red” começava a tocar, era uma das minhas favoritas.
–Margareth! – Alguém disse na porta do meu quarto. Eu havia me esquecido de fechá-la.
Levantei e olhei, era Julian. Ele estava usando umas roupas estranhas, completamente diferentes das que estava usando quando havia saído de manhã.
–Eric está aqui – Ele disse com calma.
Eu me levantei e sai correndo do meu quarto. Eu podia tentar me enganar, e dizer a mim mesma que não sabia bem por que estava correndo pra vê-lo, mas não era verdade, eu sabia bem o porquê.
Eu ainda sentia algo por Eric! Eu havia ficado com tanta raiva quando ele escolheu Anabelle ao invés de mim. E também havia ficado com tanta raiva de Anabelle por descobrir que ela estava tendo algo com Eric mesmo sabendo que eu gostava dele. Mas aquele tempo que eu havia passado com Erlia e Nicole tinha me ensinado tanto sobre o amor.
Eu precisava esquecê-lo.
Mas mesmo que não com a mesma intensidade de antes, eu ainda sentia algo por aquele garoto magrelo.
Eu vi Anabelle perto do carro conversando com Peter assim que sai de casa, do outro lado estava Clair conversando com ele. Eric me viu assim que eu o olhei.
Corri em sua direção, sem me preocupar se estava descalça e se poderia me machucar, e só parei quando estava em seus braços. Era tão bom estar perto dele; sua pele parecia emanar um tipo diferente de calor aconchegante. Eu me sentia bem perto dele, como se estivesse abraçando... Meu pai.
–Olá pra você também, Margareth! – Ele brincou.
Eu quase havia o derrubado.
–Me desculpe é que... Eu estava com tanta saudade. – Eu o apertei mais um pouco e então o soltei, o olhando.
–Tudo bem, eu estava com muita saudade também. – Ele deu aquele sorriso vergonhoso. Encantador. – Então... Como você está?
Ele estava realmente preocupado, eu podia ver que realmente queria saber se eu estava bem, mas eu não queria ficar pensando naquilo, pelo menos não agora. Então apenas respondi:
–Estou bem.
–Sim, ela está muito bem! – Clair passou o braço sobre meu ombro. Ela havia sido uma ótima amiga nos últimos meses.
–Então Eric, que tal você guardar essa bolsa? – Eu estava mudando de assunto – Você quer beber alguma coisa?
–Na verdade eu gostaria muito de um copo de água – ele disse – estou morrendo de sede.
Nós começamos a andar em direção a casa, quando Andrei apareceu na porta.
–Anabelle, Peter. Venham ao meu escritório – ele disse de forma dura, ele parecia estar ficando mais irritado a cada dia que passava – Olá Eric! Seja bem-vindo ao acampamento. Novamente.
–Obrigado! – Eric respondeu em alto em bom e som, como se gostasse do fato de Andrei estar com raiva por ele ter voltado. – Eu acho.
Anabelle e Peter seguiram Andrei quando ele entrou e logo depois nós entramos.

§A§

–Pra inicio de conversa, você poderia começar a me explicar por que ele está aqui, Anabelle? – Ele se sentou na poltrona de couro que ficava atrás da mesa de madeira envernizada em seu escritório.
–Vampiros o atacaram novamente essa manhã. – Eu disse com calma para não estressa-lo, mas eu não estava nem ai se ele tivesse um “chilique”, seria até engraçado. – Tínhamos que protegê-lo... Eu acho que eles estão tentando chegar até mim atacando Eric, e conseqentemente chegar a você.
–Você pensa da mesma forma que sua irmã, Peter? - Ele perguntou, as vezes eu me surpreendia com seu bom e velho machismo, algo que ele havia trazido do seu tempo de humano.
–Sim... Pai! Nós achamos que talvez os vampiros do exército de Jonas não querem mais ser controlados - Peter afirmou. - Nós achamos que eles querem tomar o controle, querem ser os novos governantes de nossa espécie.
–Eu acredito em vocês - ele falou na maior "cara-de-pau". - Já faz três dias que eu mandei Rad ir a uma das principais colônias de meu falecido irmão e ele ainda não retornou. Temo que esteja morto.
Ou perdido em algum lugar bebendo sangue de mulheres indefesas; Rad podia ser um dos mais fiéis soldados de meu pai, mas naquele tempo que eu havia passado com ele pude ver que ele era um "viciado em sangue de mulheres virgens". Uma coisa tão Drácula.
–Então tudo bem o Eric ficar? - Perguntei, o mais inocentemente possível.
–Se ele está em perigo é por nossa culpa - o nossa nunca significou tão nitidamente uma singularidade quanto agora quando ele havia se dirigido há mim - então devemos protegê-lo até que tudo se resolva.
–Obrigado, Papai - Ele ficou com a expreção seria.
Fiz uma reverência e sai do escritório.

§§§

A viajem de Hunting City até o acampamento havia demorado mais tempo do que eu imaginava - ou talvez o tempo estivesse passando rápido demais. Eu estava na sala de estar da casa grande conversando com Eric, Margareth, Clair, Peter e Julian fazia mais ou menos duas horas e assim que olhei pra janela vi que o sol estava quase se pondo.
–Que estranho - Clair disse - Ou eu perdi minha noção de tempo ou o sol está adiantado demais. Quantas horas são?
–Quinze horas! - Peter disse olhando em seu relógio.
–Você não fez mais nenhuma de suas feitiçarias fez, Clair? - Julian brincou.
–Não, Julian eu não fiz nada.
Todos riram.

§E§

Todos se calaram assim que um grande estrondo se espalhou por todo o acampamento, o som vinha da entrada, isso era evidente.
–O que foi isso? - Disse Margareth.
–Eu não fiz nada! - Clair disse levantando as mão até o alto da cabeça.
–Vamos ver o que é. - Eu disse me levantando.
Todos corremos para fora da casa e tomamos um susto ao ver uma nuvem de poeira envolvendo algo - ou alguém - na entrada do acampamento. Todos os outros do acampemnto também chegaram perto para ver o que era.
A poeira começou a abaixar.
Lá embaixo da placa do acampmento havia um garoto de mais ou menos vinte e cinco anos, pele brozeanda e cabelos louros e encaracolados. Ele estava completamente nu; nem mesmo estava usando sapatos.
Nós nos aproximamos dele.
–Quem é você? - Clair perguntou antes de todo mundo.
–Eu sou um anjo do Senhor, Bruxa. - Ele disse de uma forma rude. Sua voz era bem madura para a idade que ele aparentava ter.
Espera um pouco, como assim "Anjo do Senhor"?
–Ta bom, se você é um anjo, o que está fazendo aqui? - Eu perguntei também de forma rude, não gostei da forma como ele falou com Clair.
–Estou aqui para protegê-lo, Herdeiro! - Ele disse olhando exatamente para mim, de uma forma mais calma.


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