Demônios escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 1
Prólogo - No presente


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste.
Legenda musical:
Neon Lights - Demi Lovato(I)



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O garoto mudava de posição a bolsa que carregava, primeiro no ombro direito e então no ombro esquerdo. Ele era rápido e forte o bastante para não se preocupar com qualquer ameaça que pudesse surgir das sombras da noite, mas o que ele temia era encontrar algum humano em seu caminho, a Líder havia dito que durante o ritual todos deviam estar em jejum, deviam estar sedentos por sangue.

Alguns segundos depois o garoto ouviu um som vindo da escuridão, ele se virou para tentar farejar, pra tentar saber o que era, e quase tomou um susto quando viu um dos seus companheiros parado na sua frente, com as roupas cobertas de terra.

-Jack! O que aconteceu com você? – O garoto perguntou.

-Tive que abrir uma cova – Jack respondeu levantando um saco preto de lixo. – E porque você ainda está aqui na rua? Sabe que a Líder não gosta de esperar...

-Eu estou com muita fome, e também muito cansado, quis guardar energia para um momento que realmente for necessário.

Jack passou a frente do garoto e continuou a andar, na mesma direção em que o garoto ia.

-Não importa, temos que nos apressar. Ela não vai ficar feliz em esperar por mais tempo. – Ele disse, e o garoto foi correndo atrás dele.

Eles chegaram ao velho museu abandonado, olharam em volta e farejaram o vento para ter certeza se não havia ninguém os vigiando.

Jack entrou primeiro, se espremendo entre as tabas que deveriam evitar a entrada do museu, e logo após o garoto entrou e enquanto ele se espremia para entrar a madeira fez um corte em seu braço. Ele movimentou a boca como se disse “Aaiii” sem emitir nem um som, mas a dor não durou muito, pois logo a ferida se curou. Jack olhou para trás fazendo com que o garoto se apressasse.

Eles passaram pelos corredores onde antes ficava peças históricas ou qualquer coisa que fosse bastante velha, e chegaram ao centro do museu, o lugar onde antes com toda certeza ficava a peça mais importante da exposição. No meio onde antes ficava uma pequena árvore uma fogueira havia sido acesa, havia algumas luzes espalhadas por toda a sala, mas apenas o brilho da fogueira já conseguia iluminar todo o lugar.

-Finalmente chegaram – disse alguém de uma cadeira giratória que estava de costas para a fogueira, e fora da visão de qualquer um dos outros que estavam no local. –Eu já estava começando a ficar impaciente.

-Desculpe senhora é que... – O garoto começou a falar, mas Jack o interrompeu com um balanço de cabeça que claramente dizia “Não”.

-Não quero saber de desculpas, apenas quero saber se trouxeram o que eu pedi. – A cadeira se virou, revelando uma garotinha de mais ou menos oito anos de idade, pele clara e cabelos escuros, usando um vestido de manga com babados que ia até a altura dos joelhos.

Ela desceu da cadeira com um pouco de dificuldade, era baixinha demais, e ainda por cima estava com a barriga um pouco inchada, não, ela não estava gorda, seus braços e seu rosto estavam magros, normais, mas sua barriga estava inchada, como se ela estivesse doente.

-Trouxeram? – Ela gritou, fazendo com que sua voz tremulasse, como se outra pessoa tivesse falado ao mesmo tempo em que ela gritava.

-Sim, senhora! – Os dois responderam juntos, levando o saco preto e a bolsa até uma pequena mesa que havia ao lado da cadeira giratória onde ela estava sentada há alguns minutos.

Ela sorriu. Um sorriso frio e ameaçador, e o garoto tremeu de medo enquanto deixava a bolsa sobre a mesa e se afastava.

Primeiro ela abriu a bolsa e soltou uma gargalhada.

-A cabeça de um primogênito da primeira espécie sobrenatural. – Ela tirou da bolsa a cabeça de um homem, seus cabelos castanhos estavam desarrumados e seus olhos estavam arregalados, em uma expressão de susto, sua pele que um dia fora morena agora estava roxa, com a marca de veias por todo o rosto. – A cabeça do herdeiro dos lagartons, a terceira espécie sobrenatural. – Ela colocou sobre mesa a cabeça de um homem de pele branca, em suas bochechas havia algo em um tom verde, pareciam escamas ou algo totalmente parecido, seus cabelos negros cobriam quase todo o rosto, e o garoto percebeu que diferente do primeiro o pescoço desse havia marcas de dentes, como se alguém tivesse mordido uma rocha.

A Líder gargalhou novamente, como se aquelas cabeças fizessem parte de uma coleção macabra, que ela amava acrescentar mais e mais peças.

-A cabeça da herdeira das bruxas, a quarta espécie sobrenatural. Tão raras. – Ela tirou da bolsa a cabeça de uma mulher, ela tinha a pele morena e os cabelos negros e encaracolados, seus olhos estavam abertos, mas transmitiam calma como se tivesse aceitado aquela morte. O garoto teve que admitir que ela era uma mulher realmente bonita.

A Líder abriu a saco de lixo e deu algumas palminhas, ela era apenas uma garotinha, mas agindo daquela forma parecia ainda mais uma criança mimada recebendo o presente que tanto infernizara os pais para ter.

-A cabeça do herdeiro dos lobisomens, a segunda espécie sobrenatural. Eu sempre te odiei George! – Ela disse olhando para a cabeça e logo depois a colocou junto com as outras, o homem tinha a pele levemente escura, os cabelos eram castanho escuro, na base onde seu pescoço havia sido cortado havia algumas marcas, parecia que haviam costurado o pescoço ao corpo para ser enterrado, e sobre sua face havia terra.

-Senhora, segundo o livro das bruxas, ainda faltam algumas... coisas, para que a maldição se acerte – disse um garoto de mais ou menos dezenove anos saindo da escuridão de uma sala onde as chamas da fogueira não iluminavam, com um grande livro nas mãos. Ele era alto e magro, a pele morena clara, os cabelos pretos estavam bem cortados, mas parecia que ele havia se esquecido da barba em seu rosto, que crescia de uma forma estranha.

-Sim eu sei: As duas asas do anjo e o oitavo herdeiro dos herdeiros completarão a maldição. – Ela disse revirando os olhos como se aquilo não tivesse importância. – Eu já tenho você Derac a primeira asa do anjo. E estou guardando aqui dentro de mim o oitavo herdeiro dos herdeiros – ela terminou passando as mãos sobre sua barriga.

-Mas senhora, esse não pode ser o oitavo herdeiro pois só se conhecem seis herdeiros dos herdeiros...

-Não seja tolo, Derac você não acha mesmo que eu me esqueci disso, acha? – Ela disse sorrindo. – Existe outra, que assim como eu, espera um filho do seu... irmão. O meu filho é o oitavo herdeiro dos herdeiros. Ele é o portador da grande maldição.

O garoto e Jack se olharam, os dois estavam assustados, na verdade estavam apavorados, mas o que podiam fazer...?

-Deixem tudo preparado, logo-logo iremos tirar meu querido pai da cela onde vive enclausurado há milênios!

A Líder se abaixou perto da cadeira giratória e pegou um pequeno aparelho de som, foi em direção à sala onde antes Derac estava e apertou um botão, então uma musica animada começou a tocar e ela começou a cantar junto com a cantora:

(I)Baby, when they look up at the sky

We'll be shootin' stars just passin' by

You'll be comin' home with me tonight

We'll be burnin' up like neon lights[...]

Ela podia ter mais de duzentos anos, mas ainda tinha a alma de uma garotinha mimada, e o garoto temia por isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que continuem a leitura, e que gostem dos capítulos que estão por vir.



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