Bruno

Acordei sentindo minha cabeça rodar, o teto rodava, o quarto todo rodava. Levantei da cama e caminhei ate o banheiro e quando me olhei no espelho vi a figura mais esquisita do mundo. Meus cabelos estavam armados e meus olhos vermelhos e fundos, culpa do choro da noite anterior. A noite anterior... De repente as lembranças da noite anterior encheram minha cabeça. Bruno seu idiota!Porque foi fazer aquilo?Por que disse aquelas coisas para ela?

Entro em baixo do chuveiro procurando uma resposta e ela não vem. Por que agi daquela maneira? Luna não me deve nada, nunca me deveu. Era é livre pra ficar com quem quiser.

Eu sei disso, mas isso não impede de me sentir estranho só de pensar que ela transou com outro cara. Terminou meu banho, volto para o quarto e deito na cama.

Luna... Ela tem ficado tempo demais na minha cabeça, na verdade não tem um minuto que eu não esteja pensando nela, nem mesmo quando estou com a Aline consigo esquecê-la. Ela sempre foi minha melhor amiga, desde o pré. Nunca tivemos essa fase de brigar, sempre estávamos juntos. Ela sempre me apoiou em tudo principalmente nas horas mais difíceis e eu sinto falta de tudo como era antes, sinto falta dela, eu... Amo ela!

É claro que amo!Sempre amei!Como nunca percebi isso antes?Como?

Era é tão claro, ate um cego se daria conta disso.

Ando de um lado para o outro no quarto relembrando os últimos dias e agora tudo esta claro na minha mente, me dou conta de que tenho sido muito estúpido com ela ultimamente, o nosso distanciamento é culpa minha. culpa dos meus atos idiotas. Como pude magoa-la tanto?Claro que foi sem querer, mas mesmo assim eu a magoei, a fiz sofrer e ela não merece isso!É hora de tomar uma atitude, eu preciso dela... Preciso dela na minha vida.

Coloco uma roupa qualquer e corro para a sala, não tenho tempo a perder. Paro na porta com a mão na maçaneta indeciso.

Será que ela vai querer falar comigo?Não importa!Eu preciso pedir desculpas a ela, preciso que ela me perdoe pelas coisas que eu disse na noite anterior e por tudo. Me encho de coragem e abro a porta.

Ela esta no portão e junto dela esta o Manoel. Senti toda minha coragem ir embora.

Ela sorri e parece feliz nos braços dele. Ela esta feliz.

Meu mundo se destrói inteiro, ela esta feliz com outro e eu não tenho direito de atrapalha-la agora. Volto para dentro de casa e vou para o meu quarto.

Eu a perdi e a culpa foi minha. As lagrimas agora correm livremente pelo meu rosto.

Entre minhas lagrimas chego à conclusão de que era o fim, não iria fazê-la sofrer mais. Não contaria sobre os meus sentimentos.

LUNA

E um mês se passou. um mês inteiro sem saber do Bruno. Como isso era possível se o garoto mora em frente a minha casa?Eu não sei, ele apenas sumiu. Na escola ele deu um jeito de trocar todas as aulas que tinha comigo e como a escola é grande, não precisa de muito esforço para não se cruzar nos corredores. E nem mesmo na casa dele era possível encontra-lo, ele nunca estava lá. Domingo passado dona Lurdes (mãe do Bruno) Nos convidou para um almoço e eu fui na esperança de encontra-lo e nada. Mas o pior de tudo isso é que essa ausência dele esta me matando!A falta dele dói, dói demais. Todas as noites quando fecho os olhos às lembranças da ultima noite em que nos vimos me assaltam: as batidas insistentes na porta, os olhos vermelhos, o cheiro da bebida e o pior de tudo... O ódio estampado em seu rosto. Ódio de mim.

E é isso que estou fazendo agora, sentada na varanda de casa, relembrando aquela noite enquanto observo a lua, esperando que ela me de uma resposta do que fazer.

Eu não deveria sentir tanta falta dele assim, afinal, estou com o Manoel e estou feliz. Não estou? É claro que estou! Manoel é perfeito, atencioso e engraçado. É o cara com quem qualquer menina sonha estar.

Mas você não o ama! Uma voz dentro da minha cabeça faz questão de me lembrar disso.

Involuntariamente olho para a casa do outro lado da rua e lá esta ele. Bruno parado no portão me olhando. Sinto algo se acender dentro de mim. Finalmente! Mas nossa troca de olhar dura apenas alguns minutos, logo ele se vira e entra na casa.

No dia seguinte ao meu breve “encontro” com o Bruno, É sexta feira. Ultimo dia de aula e depois teríamos duas semanas de férias. Na escola tudo o ocorreu normal, professores, aulas chatas, pessoas chatas, meus amigos tentando me animar e claro nem sinal do bruno.

Na hora da saída, como acontece toda sexta feira, Manoel me esperava no portão com um sorriso.

–Oi amor! Ele disse me abraçando.

–Oi amor. Respondi forçando um sorriso e retribui o abraço.

–Vamos?Eu tenho uma novidade. Ele disse enigmático.

–Surpresa?O que é dessa vez manu?

–Depois que estiver com a barriga cheia eu te conto.

Caminhamos ate o seu carro conversando sobre assuntos banais e depois fomos para o restaurante aonde íamos sempre almoçar.

–E então será que agora você pode me dizer do que se trata essa surpresa? Perguntei depois que tinha terminado meu prato.

–Eu fui chamado para jogar num time de basquete profissional! Ele soltou animado.

–SERIO?Que maravilha, amor! Alcancei sua mão sobre a mesa e a apertei com força.

Ele sorriu por um tempo, mas depois fez uma cara apreensiva.

–O que foi?Perguntei percebendo a sua mudança.

–Só tem um problema, vou ter que mudar de cidade.

–Mudar de cidade?

–É que o time é de nova York... Mas é uma grande chance.

Suspirei triste e abaixei o olhar.

–E quando você tem que ir?

Eu não queria que Manoel fosse embora, sem ele por perto eu sofreria em dobro. Mas nunca ficaria no caminho do seu sonho.

–Só final do ano, semana que vem eu vou pra resolver umas coisas do time,mas em definitivo só final do ano mesmo. Ele me olhava triste.

–Que bom, eu fico feliz por você, sempre foi o seu sonho. Abri um sorriso e ele correspondeu com um sorriso maior ainda.

–Amor, eu tenho uma proposta pra te fazer.

–Proposta? Arqueei uma sobrancelha curiosa.

–Você não quer vir comigo?

–O QUE? Quase engasgo com a saliva depois de ouvir isso.

–É serio!Lá tem ótimas universidades, você me disse que queria estudar psicologia e lá você vai poder e assim eu não ficaria longe de você.

Ele tinha um ar sonhador enquanto falava.

–Isso seria ótimo, amor, mas meus pais nunca me deixariam ir.

–Amor você não precisa decidir isso agora, tem seis meses para você convencê-los.

–Manoel... Eles nunca me deixariam ir com você, eles não são pais liberais que deixam a filhinha sair pelo país com o namorado.

–E se eu não fosse apenas seu namorado?

–Do que você ta falando?

–Luna, ate lá, já vamos estar com meses de namoro e eu vou te pedir em casamento!

–O QUE? Fico tão nervosa que derrubo o copo de suco que estava a minha frente.