O Filho Do Olimpo E O Cinto Do Amor escrita por Castebulos Snape


Capítulo 5
Todos Falam Sobre Meus Sonhos




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Eu me lembro de entrar no quanto, desabar na cama macia de penas deganso, mas não de dormir.

Já esperava sonhar com alguma coisa estranha ou muito ruim, todos os semideuses sonhavam com coisas assim. Normalmente com alguma coisa relacionadas a deuses, inimigos, historias antigas, essas coisas, mas como eu não sou normal, nem para um semideus, eu sonhava com meu próprio passado, com Erebus, com minhas famílias e amigos sendo, sei lá, massacrados por homens feito de trevas ou cavalos enfurecidos, ou galinhas do mal...

Devo admitir que tinha esperanças que a barreira mágica do Olimpo me protegesse dos sonhos com Erebus, mas nada relacionado a mim funciona do jeito que deveria funcionar. Nada.

Meu sonho começou como sempre começava: eu estava num lugar completamente escuro; tudo indicava que nu, não consegui ver se não; amarrado em uma mesa fria de metal e não conseguia me mexer, provavelmente Erebus estava me prendendo com sua própria energia negativa.

A escuridão se moveu a minha volta e eu resisti à vontade de dizer “Oi” ou dar boas vindas à minha cabeça para Erebus, isso provavelmente iria irritá-lo e ele me causaria muita dor (mas valeria a pena!). Detesto admitir, mas eu já tinha “visto” (eu nunca o vi de verdade era mais estar em sua presença) o cara tantas vezes que já o considerava um inimigo intimo.

Eu não esperava que ele falasse alguma coisa para mim. E não queria. Primeiro, bem, normalmente ele não falava só me fazia sentir dor, bem tinha sido assim nos últimos meses, antes ele falava antes de me causar dor, mas agora não precisava expressar seu ódio com palavras. Segundo, já era ruim ser torturado por um maluco, mas ter que ouvi-lo falar a noite inteira enquanto era torturado já passava dos meus pré-requisitos de crueldade.

Mas naquele sonho ele estava resmungando, paranoico e furioso, bem normal na verdade:

– Você não vai estragar tudo. Não vai me impedir. É minha chance. Já não basta ter me tirado Nix? Não vou deixar que destrua meus planos.

Pensei em alguma coisa irônica para dizer, me mostrar forte e corajoso, mas tudo que saiu foi:

– Então tá. Foi legal saber.

Erro terrível, só para constar. Já dá até para imaginar

Uma coisa pareceu perfurar meu fígado. Era como se ele estivesse pressionando os quatro dedos logo abaixo das minhas costelas com toda sua força de deus. Acho que fiz alguma coisa eficiente como... gritar louca e desesperadamente a plenos pulmões.

Imagine isso: com treze anos você é arrastado a um buraco escuro, sem fundo e cheio de gente muito má e lá é torturado por um psicótico que te odeia por algum motivo que você não entendia. Antes mesmo de completar catorze é atormentado em sonhos por esse mesmo maluco que está preso no buraco profundo e é a própria escuridão de lá. Você aprende que gritar, nessas horas, é a única (e melhor) coisa que se pode fazer.

– Jack! – gritou uma voz doce que, com certeza, não era de Erebus – Acorde!

Abri meus olhos com os sacolejos e abracei Afrodite com toda a força, ela estremeceu com o aperto na cintura, mas eu nem me abalei, queria me acorrentar nela se isso fosse impedir a dor de me tocar novamente. Eu estava inteiramente suado, meu corpo ainda doía e meus membros estavam tensos como aquilo. Ela afagou minhas costas e passou os dedos por meu cabelo molhado.

– Esta tudo bem, meu amor – disse ela parecendo estranhamente desesperada, sua voz tremia e suas mãos subiam e desciam por minhas costas, como se quisesse ter certeza de que eu estava ali – Acabou. Estou com você, lindinho. Ninguém vai te machucar

– Ele tem um novo plano – falei entre soluços – Temos que avisar aos outros. Erebus esta planejando alguma coisa.

Afrodite me colocou, com a ajuda de Frederick, vestido (amém, igreja!) debaixo do chuveiro quente. Isso ajudou a aliviar a dor e a tensão de meu corpo e a me fazer parar de chorar.

Devo dizer que tive a impressão que Frederick gostou de me ver sofrer porque tinha um sorrisinho debochado nos lábios de metal. Disse a para mim mesmo que era impossível que ele gostasse de me ver sofrer. Primeiro, ele era uma invenção de Hefesto não poderia ser mau. Segundo, ele nunca tinha me visto na vida (é assim que se fala? Como se chama a vida de uma maquina? Época de funcionamento? Valide? Vida útil? Tempo de garantia?) porque ele me odiaria?

Então a pergunta a qual nenhuma resposta, nunca, me satisfez veio a mente: Porque Erebus me odiava? Eu nunca tinha feito mal a ele, nunca tinha pensado nele, nem me lembrava dele na mitologia...Aparentemente ninguém tinha um bom motivo para me odiar.

Troquei minhas roupas por outras limpas e mais leves e me sentei no sofá da sala e segurei o chocolate quente com as duas mãos trêmulas, observado Afrodite ir e vir pela sala, enquanto tentava parar de tremer.

Afrodite estava enviando uma Mensagem de Iris para Iris, essa nos conectou a onze os deuses do Olimpo, a Nix e a Hades, aparentemente Héstia e Hera estavam com Zeus. Todos ficaram divididos em quadradinhos em minha “tela” de névoa.

– Conte sobre os sonhos – pediu Atena com uma cara preocupada de quem também estava dormindo. Foi meio estranho, mas compreensível: o dia estava ótimo para dormir, principalmente para aqueles que podem sem ter um deus primordial em sua mente.

– Bem – respondi com a voz tremula –, normalmente ele me faz sentir dor e não fala nada, antigamente resmungava coisas sobre Nix, a faca, mas parou, eu acho que não acha mais que sou digno de ouvi suas reclamações, ainda bem.Hoje ele disse que eu não ia me intrometer em seus planos de novo, que era a chance dele. Isso quer dizer que ele esta planejando alguma coisa, talvez até para sair do Tártaro. Por isso que Hades sentiu sua movimentação mais intensa, ele esta pondo em pratica, seja o que for que esta planejando. Precisamos descobrir o que é e, definitivamente, impedi-lo.

– Jack, por que você nunca nos contou sobre esses sonhos, nem mesmo no Solstício de Inverno? – perguntou Ártemis com cara de quem estava zangada, preocupada e se sentindo impotente. Minha mãe – Poderíamos ter ajudado você.

Comecei a coçar meu rosto ficando sem jeito, todos eles estavam decepcionados.

– Ele nunca disse nada importante, e eu estou tendo esses sonhos dês de a briga com Ares naquele Solstício de Inverno e não queria incomodar vocês, estão concentrados na preparação para guerra e são só sonhos, ele só estava com raiva e se divertindo...

– Sem contar ganhando poder – firmou Nix com cara de quem queira me bater com muita força e me jogar de volta no Tártaro, o que eu não duvidava que ela fosse capaz de fazer.

“Jack, sua mente tem barreiras mágicas que a Faca e a presença Vox formam. O fato Erebus conseguir sair parcialmente do Tártaro e passar por elas e quer dizer que está mais perigoso e poderoso. Uma coisa é fazer isso quando você esta no Tártaro ou no colégio outra, muito diferente, é quando você esta no Olimpo sob proteção. Você devia ter falado sobre isso no Solstício de Inverno.”

Aqueles olhos severos e infelizes me faziam sentir tanta culpa que quase entrei em depressão bem ali na frente dos principais deuses do Olimpo.

– Sinto muito – murmurei com a boca seca – Mas ele já tinha entrado em minha mente antes de eu cair no Tártaro, isso não significa que ele já estava forte naquela época?

– Ele não te causava dor antes de você sair do Tártaro – disse Hades.

– Causava sim.

Então percebi que eu não tinha contado daqueles sonhos para os Olimpianos. Contei os sonhos de antes de eu cair no Tártaro dos quais eu lembrava detalhadamente. Demorou bastante por que era um ano de sonhos.

– Então respondendo a sua outra pergunta: não e sim – respondeu Hades preocupado – Não porque você ainda não tinha as proteções que a Faca proporciona mesmo que, como você contou, Vox sofresse bastante tentando te proteger. Não foi lá um desafio para Erebus.Sim porque, bem, ele nem devia estar completamente consciente muito menos perseguindo alguém. Há quanto tempo você esta tendo esses sonhos?

– Dês de que matei o Píton, mas eles só ficaram mais freqüentes dois meses depois que eu voltei da missão. Espera, quando começaram as movimentações mínimas no Tártaro?

No Solstício de Inverno Hades falou sobre movimentações baixas que Erebus estava fazendo, provavelmente tentando se libertar do abismo, não era muita coisa e não estava adiantando muito, mas já era um avanço do inimigo.

– Dois meses depois que saiu do Hades – respondeu Perséfone.

Eu não consegui vê-la, mas Hades fez o favor de puxá-la para seu colo. Ele levantou as sobrancelhas para mim sorrindo orgulhoso como se perguntasse se ela não era incrível, eu consegui até rir.

– Jack – interrompeu, aparentemente enojado, Poseidon –, ele esta atormentando você. Seja lá o que esta tramando tem medo que você acabe com tudo.

– E é o que pretendo fazer, Poseidon – respondi raivoso – Ele não vai me intimidar por sonhos. Seja lá o que esta planejando não vou deixar com que aconteça. Erebus vai pagar pelo o que esta acontecendo. Ele vai se arrepender de ter declarado guerra a minha família – respirei fundo e consegui sorrir ao ver seu sorriso orgulhoso – Senhor Zeus a segurança mágica e o exercito continuam em alerta?

– É claro – respondeu Zeus também sorrindo orgulhoso para mim – Ares esta com o exercito a postos. Atena tem milhares de estratégias e modos de ganhar tempo. As forjas estão trabalhando incansavelmente. As barreis mágicas estão de pé vinte e quatro horas por dia. O Olimpo está bem protegido, muito bem protegido, meu filho. Os problemas são seus sonhos e a movimentação no Tártaro.

Eu senti uma onda de conforto tomar conta de mim. Todos sabiam que ser chamado de filho por alguém que eu admiro sempre me deixava mais feliz, muito feliz. Principalmente Hefesto, Zeus, Hades e Poseidon.

– É melhor avisarmos Quíron – disse Apolo sorrindo mais orgulhoso ainda. Eu desconfiava que o orgulho dele fosse relacionado ao fato de eu estar recebendo atenção de Afrodite.

– Já fiz isso – disse uma voz doce que interpretei como a de Iris – Nos conhecemos há um tempo, ele disse que vai ficar de olho e em alerta e disse que, Jack, sua prima tem muito talento no que se trata de irritar pessoas.

– Ah, eu sei! – murmurei – Obrigado, Iris.

Olhei para os deuses esperando mais alguma sugestão afinal eu tinha treze anos era praticamente um menino não podia saber como suceder. Para isso que servem os pais, deuses que são seus pais e, não acredito que vou escrever isso, os professores.

– Eu vou ajudar Hades na vigília ao Tártaro – disse Nix.

Percebam bem uma coisa: Hades é o Senhor dos Mortos e ela nem pediu permissão, é a deusa mais poderosa do mundo, acordada, e assustava Hades, não estava nem um pouco preocupada em lhe pedir permissão para fazer seja lá o que fosse.

– Todos vamos ficar me estado de alerta – afirmou Zeus – Enquanto isso, Afrodite, arranje um jeito para fazer esse menino dormir um pouco de maneira segura, porque aparentemente ele não dorme bem há meses. Por em quanto é tudo que podemos fazer.

– Vou fazê-lo dormir como um bebê! – ela deu de ombros e pereceu perceber que Frederick nos observava – Héfestos! – a imagem de Hefesto que tinha como fundo um braseiro tomou toda a tela, mas eu não duvidei que todos pudessem ver. Ele arregalou os olhos e pareceu pensar no que tinha feito de errado para ela chamá-lo na versão antiga de seu nome – Ou você tira esse maldito robô da minha cola ou eu vou seja lá onde é que você esteja e enfio sua cabeça no vaso sanitário de metal mais próximo. Entendeu-me?

Ela passou a mão por cima da imagem e um Hefesto atordoado, como cara de quem queria muito perguntar do que diabos ela estava falando, desapareceu.Até hoje acho que a melhor coisa que ele fez foi ficar quieto, senão ela gritaria mais e não deixaria com que ele falasse de qualquer jeito e eu já estava com muita dor de cabeça.


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