Referencias Alternativas escrita por Lotério


Capítulo 1
Réveillon




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Era uma magnifica noite de réveillon, mas não para todos. Pois enquanto fogos de artificio jorravam cores pelo céu, musicas tocavam e pessoas de todos os tipos comiam, bebiam e divertiam-se, existia certo alguém em certo lugar, que se aprofundava no desgosto e solidão, neste lugar estará tudo calmo, apenas ouvia-se a algazarra que ocorria ao lado de fora.

Este suposto local era um pequeno cômodo, encontrando-se entre outros semelhantes; ficavam lado a lado, separados por paredes; boa parte caia aos pedaços. Certas pessoas denominavam a região como favela, mas aqueles que ali viviam os chamavam de lar.

Com tudo, a “residência” que nos interessa, era a ultima de todas; precisava-se caminhar por um extenso corredor até alcançá-la; corredor este que naquele momento encontrava-se repleto de pessoas, sorrindo, gritando, festejando e completamente bêbadas. Todos falavam, dançavam e gargalhavam ao mesmo tempo, ocasionando um imenso barulho. Barulho que mal podia ser ouvido por quem sussurrava o próprio choro.

Dentro do cômodo, era um caos por completamente, tudo caia aos pedaços, desde a cama, cômoda com vestias velhas, até a mesinha que servia de armário. A única janela estava fechada, a porta trancada; mas o que a mantinha assim era apenas um barbante, que se enrolava na maçaneta e num prego na parede, a luz que cintilava sucintamente piscante, vinha do banheiro, mas era tão fraca que mal podia denunciar os olhos esverdeados da moça que estará sentada no chão encostada a cama.

Linda, de olhos verdes, longos cabelos ruivos, pele clara e lábios rosados. Jovem de presença, com ar de sabedoria e nobreza.

Lyane não era apenas uma garota com características elevantes, ela já fora um exemplo honroso, pois possuía graduação; estudara fora do país, realizava atividades voluntarias. Era um prodígio, conquistou diversos objetivos, e um dia já sonhou com outros; mas naquele exato momento, estava derrotada, desolada, e desejara que o mundo se rompesse e todos ao lado de fora morressem.

Lyane estava farta de sua vida, pois nada se gloriava, o homem que amara, deixou-a para traz. Homem perfeito aquele, maravilhoso, havia saído de seus sonhos, ou melhor, de seus pesadelos, pensou Lyane.

- Covarde, com muitos defeitos, e poucas qualidades! Idiota; medo, medo do que? Todos passamos por dificuldades... Me deixou, não me amava, já mais amou... Filho da mãe, acabou com minha vida, por sua culpa fui demitida... Seu ciúme... seu falso amor... já mais esquecerei dos seus atos, e quão me desfavoreceram!

Sozinha, desempregada, e sem um amor para amar, ou para lhe ajudar! Tudo piorava. Já não possuía mais emprego, e nem mesmo uma moradia digna.

Em seu casebre, tudo se desmantelava representado sua vida. A depressão que a consumia a cada dia, era tamanha, pois nenhuma atitude conseguia tomar, apenas chorava esperando os segundos que faltavam para o novo ano. Estava refletindo em como iria mudar sua vida. Se conseguiria recomeçar. Entretanto, combater sua depressão idealizando novas esperanças, e objetivos, nada adiantara; todas suas tentativas de vigorar-se eram falhas, deixavam-na mais depressiva, carente, e desgostosa com relação à própria vida. Afinal, ela um dia fora nobre, tivera a vida estável, e isso a deixava mais desolada. Lembrar-se do passado só piorava tudo, e naquele momento, foi à gota d'água, ao recordar-se da gloriosa vida que já mais viveria novamente; decidiu acabar com seu sofrimento.

- Não... não permitirei-me conquistar novas desgraças! - choramingou. Então se ergueu e dirigiu-se fraca, e lentamente ao desagradável banheiro. Pegou o primeiro frasco de remédio que encontrou em cima da pia; sem sequer olhar qual tipo de remédio havia pego, os despejou em sua boca; forçando-os para seu estomago, com a ajuda de goles d'água, e mastigando-os dolorosamente. O gosto era extraordinariamente amargo, mas este detalhe não a impediu; tinha de engoli-los.

Após terminar, não sentiu nada, a não ser o paladar desagradável presente em sua boca. Tomou um pouco d'água, e lavou o rosto. Apoiou-se na pia firmemente, e fitou a água escorrendo circularmente pelo ralo. Tudo parecia bem. A água acabou, e já nada havia para ver, mas sua atenção ainda estava estagnadano ralo, até ouvir alguém gritar seu nome, e bater na porta.

- Lyane, Lyane, sou eu... Marcos. Você esta ai? Lyane?

Era Marcos, aquele que lhe arrumara uma moradia. Lyane decidiu abrir a porta. Pois se sentia bem. Aproveitaria o momento para agradecer, afinal não era a melhor das ocasiões de sua vida, mas de fato Marcos a ajudou. Ele possibilitou um triunfo entre diversas desgraças.

Verdadeiramente, Lyane não queria ver, ou conversar com ninguém, nem mesmo Marcos. No entanto tinha de agradecer, pois se morresse tal ato já mais seria concretizado, embora sua tentativa de suicídio não houvesse triunfado. Melhor até então, visto que não pereceria aos seus pés.

Mas, quando a jovem soltou-se da pia, dirigindo-se a porta, tudo começou a girar, logo ela escorou-se novamente, segurando-a com sua mão direita, e fixou seu olhar na porta. Marcos ainda a clamava ao lado de fora. Ela tentou caminhar novamente; fracassou, não conseguia manter-se de pé; caiu sobre os joelhos, debruçando-se no chão, sua visão estava fosca, a voz de Marcos ficava cada vês mais distante; passou a sentir falta de ar, e enfraqueceu; deixando-se cair por completa no rustico e gelado chão. Respirava lenta e dolorosamente. Seu peito doía, o ar perdia-se. Tudo começou a escurecer suavemente. O desespero piorou tudo. Lagrimas passaram a escorrer de seus lindos olhos esverdeados.

Marcos desesperava-se do lado de fora; já estava preocupado; sabia que ela não tinha saído para lugar algum. Aquele local era perigoso, podiam ter feito mal a ela. Fato cujo qual tentava não pensar. Continuava chamando-a, mas nada ocorria. E todos a seus redor começaram, a notar sua angustia.

Os moradores, conheciam, bem uns aos outros, mas Marcos, e a moça daquela casa eram desconhecidos. Homem negro, alto, forte, de cabeça raspada, vestindo camisa branca, calça jeans, e calçando sapatos, figura um tanto diferente na região, gerando desconforto aos abitantes, pois estes temiam tudo.

Enquanto isso dentro do cômodo, Lyane, esgotava sua vitalidade, com pequenos e sucintos suspiros; podia ouvir distantemente Marcos gritar, mas não tinha forças para responder. Passaram-se alguns segundos, e a vida deixou seu corpo.

- Lyane... Gritou Marcos, pela ultima vês. Já estará mais do que desesperado. Decidiu então arrombar a porta; e com apenas um chute contra esta, conseguiu estourar o barbante que a segurava. A porta se abriu, permitindo-o ver Lyane estatelada no chão. Ele correu imediatamente até ela, e ajoelhou-se a seu lado; segurou seu pulso para saber se possuía batimentos, mas nada notou; colocou sua mão no pescoço da jovem, e também não sentiu nenhum bombear. Pegou-a no colo, e saiu; dirigindo-se a seu veiculo, que encontrava-se no fim do corredor. Todos espantaram-se ao vê-lo com a jovem nos braços. Ainda assim ninguém ousou perguntar, quem ele era, de onde vinha, o que fásia, e porque carregava a menina. Notaram o desfalecimento da garota, e matutavam, para saber se o brutamontes tentara ajudar ou piorar seu estado? e como havia sucedido o desmaio; por causa de um fato qualquer, ou ação do desconhecido invasor?

Marcos acelerou o passo, já não suportava os olhares mau encarados, a vigia-lo. Evitando esbarrar nos bêbados ,drogados e idiotas em seu caminho; finalmente alcançou a rua; principal entrada e saída, da comunidade. Esta possuía muitos corredores, onde ficavam as humildes casas.

O lado de fora era catastrófico, pois além de pessoas, aviam carros por todo lado, um movimento infinito, a cada momento saia e chegava um veiculo ou cidadão, e todos dirigiam-se ao mesmo local, o corredor central, para compra de drogas.

O carro de Marcos estava afastado da multidão, estacionado quase no final da rua. Gloriosamente, chegou a seu querido Corcel 75 vermelho, que por ventura estava intacto. Deitou Lyane no banco traseiro. Ao dar partida no Corcel, ouviu, alguém gritar seu nome, e quando olhou para o lado, avistou Luz, vir em sua direção!

- Marcos, precisamos conversar! - Gritou Luiz de onde estava.

- Sei que agora não é um bom momento! Pode ir, depois ligo pra você!

- Ok! - Gritou Marcos, em seguida acelerou e sai disparadamente. Viu no retrovisor a bagunça ser deixada para traz e com sigo o movimento. Tudo estava calmo, as ruas vazias, permitindo-o apreçar-se. Faltavam dez minutos para meia-noite. Logo chegou no hospital, pegou Lyane, e seguiu para recepção, deixando o carro completamente aberto, os enfermeiros de plantão avistaram-no com a moça desfalecida, agiram rapidamente, levando-a para o pronto socorro. Marcos sentou-se no banco da recepção, baixou-se, escorando seu rosto nas mãos, quando ouviu a recepcionista aproximar-se dizendo delicadamente.

- Senhor, sei que não é uma boa ocasião, mas... feliz ano novo! Desejo-lhe prosperidades! E forças!

- Muito obrigado, tudo em dobro! - Respondeu melancólico enquanto erguia-se para olha-la nos olhos.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler, espero que tenha gostado, por favor comente, e caso não tenha gostado, também comente, deixe sua dica ou pensamento! Muito obrigado!



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