A arma da mão esquerda escrita por vucku


Capítulo 2
Chevy Impala




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Após algumas horas na estrada, chegamos à cidade de Kansas. Os corvos da cidade nos acompanham voando em volta do carro. Alu observa os carros passando e sempre comenta e entra em êxtase assim que um carro antigo ou raro passa ao nosso lado. Ferrari dorme nos bancos traseiros.

Lembro-me da primeira vez em que vim aqui. Eu deveria ter cinco ou seis anos de idade, visitei meu tio Bobby em sua casa velha cheia de livros religiosos e antigos. Fora ele que ensinara a mim e a Alu a usar nossos poderes de médium.

— O que acha de visitar o tio Bobby? – Pergunto a Alu, achando que alguma resposta em relação ao meu acordo poderia ser obtida através de um de seus livros.

Ela concordou sem tirar os olhos da estrada e deu um berro quando avistou um Chevy Impala, que passou em uma velocidade absurda ao nosso lado. Ferrari acordou assustado com o berro de Alu e voltou a dormir quando viu do que se tratava. Os olhos dela brilharam e ela suspirou um “lindo” bem baixinho pra si mesma. Típico de uma fissurada em carros.

Peguei a pequena estrada que leva a casa de Bob, passando perto de um pântano, com árvores caídas invadindo a estrada. Cheguei ao cemitério de carros e Alu deu outro surto falando de carros de anos variados e de suas historias. Passei uns dois minutos atravessando o lugar até avistar a velha casa do Bob.

Quando chegamos perto, reparamos em um Chevy Impala estacionado ao lado de uma árvore na frente da casa do Bobby, o mesmo Chevy Impala que passou em disparada ao nosso lado na estrada. Alu segurou meu braço com uma mão e apontou para o carro com a outra gritando “lindo”... “maravilhoso”... e outras coisas do gênero, até que parou de gritar e olhou aterrorizada para a casa, mais exatamente para um garoto de uns 25 anos que estava mirando uma arma em nossa direção.

“ESQUIVA”... “ESQUIVA”... Alu ficou gritando para que eu desviasse e, sem muito sucesso, a minha linda Mercedes acabou recebendo uns três tiros. O rapaz parou de atirar para recarregar a arma, esse é o momento perfeito, enfiei o pé no acelerador e destruí meu carro com o Chevy Impala. Com a força do impacto, Ferrari, que até então havia fincado as garras no banco para não cair no vão entre os bancos traseiros e dianteiros, foi lançado contra os dianteiros e caiu no vão ficando entalado. Ele bufou irritado e de algum jeito conseguiu se desentalar e pulou no colo de Alu, que estava olhando aterrorizada para os carros destruídos e só parou de olhar para reclamar do peso de Ferrari em seu colo.

Meu plano funcionou, o rapaz deixou a arma cair no chão e olhou aterrorizado para o seu magnífico carro agora amassado, saiu correndo para dentro da casa. Desci do carro, Ferrari saiu logo depois de mim, mas a porta de Alu ficou presa. Fui até o lado dela e fiquei puxando sua porta enquanto ela a chutava do lado de dentro. Outro rapaz saiu da casa, enquanto o primeiro tem cabelos longos e é alto, esse tem cabelo curto e é baixinho.

— Mas que merda é essa? - Falou ele vindo em minha direção. Ferrari começou a rosnar e pulou em seu colo o derrubando e ameaçando mordê-lo caso preciso. O outro rapaz veio escondido e me pegou, me deixando imobilizada.

Quando olhei para o carro, percebi que Alu não estava mais lá dentro. Ela deve ter saído pela minha porta, deduzi. Por que não pensei nisso antes?

— Sam, tire esse cachorro daqui. – Disse o outro rapaz com o Ferrari rosnando.

O rapaz chamado Sam não teve tempo de fazer nada, pois Alu surgiu de trás da árvore o acertando com uma pá e o fazendo desmaiar. Ela nem pensou, quando o garoto caiu inconsciente no chão, ela saiu correndo e acertou o outro rapaz na cabeça, fazendo-o apagar também.

Achei a situação de certo ponto engraçada, duas meninas de quatorze e quinze anos conseguiram apagar dois rapazes de vinte e poucos anos. Genial.

Arrastamos os garotos com muita dificuldade para dentro da casa, os colocamos sentados em uma cadeira e os amarramos com cordas que encontramos na casa de Bobby. Ferrari correu para o sofá e se deitou, ocupando todos os 4 lugares.

— Eles estão possuídos? – Perguntou Alu.

Não disse a vocês ainda, mas o meu poder de médium me permite enxergar criaturas sobrenaturais disfarçadas. Por exemplo, um fantasma, se observado por olhos normais, poderá parecer invisível, mas para mim, eu veria uma aura contornando um corpo branco e no caso de um demônio, eu veria a pessoa, só que com os olhos vermelhos e exaurindo uma fumaça preta.

Observei os garotos em busca de alguma característica de possessão.

— Não estão. – Disse por fim.

Uma fração de segundos depois, um cara velho e gordo com um boné farroupilha abriu a porta. É o Bobby. Ele olhou assustado para dentro da casa. Queria saber o que ele estava pensando ao ver tal cena bizarra: duas garotas vigiando dois rapazes de vinte e poucos anos presos em uma cadeira e um cachorro gigante dormindo no sofá.

— Alu, Jay, o que vocês estão fazendo com o Sam e Dean? – Ele perguntou entrando sorrateiramente dentro de sua casa.

— Você conhece eles? – Perguntei.

— Conheço, e vocês também deveriam conhecer, pois eles são seus primos.


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