Orgulho escrita por Lostanny


Capítulo 1
1 — Você e eu.


Notas iniciais do capítulo

Não sei quando a Maka faz aniversário ou já provei feijão doce, mas estão aqui por mera conveniência -q* Eu uso a tradução do mangá publicado aqui então pra quem acompanhou o anime ou online pode estranhar então só avisando...

AMAAN - Shibusen
Doutor Morte - Shinigami-sama
Doktor Stein - Doutor Stein
Artífices - Artesãos



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Maka poderia sentir algo mais especial por Black Star? Quando brigaram outro dia, e todo mundo ficou do lado do egocêntrico, Maka sentiu uma dor horrível no peito, que depois deles fazerem as pazes passou. Mas quando parou para pensar, à noite em meio a uma estranha inquietação que a impedia de dormir, percebeu que a dor no peito não era por estar se sentindo injustiçada - caso assim fosse não teria voltado àquela hora quando estavam resolvidos, e sim porque ela teria sido a única que não estava ao lado dele, o que não fazia sentido já que fora ela que iniciou a discussão. Como poderia ter algum sentimento além da inveja que sentia dele? Black Star avançava, sempre se aperfeiçoando, enquanto ela ficava se remoendo por coisas pequenas.

Era lerda. Descuidada. Fraca. Se não fosse, teria impedido muitos males na sua vida como ver seu parceiro sendo ferido para protegê-la; a Inquietação se teria ido - e não acumulado, assim como a ideia de que fosse um suposto amor. Não nos apaixonamos quando encontramos na outra pessoa algo que nos falta? Black Star era uma representação de uma força que não estava nela...

Já fazia um bom tempo que não conseguia dormir direito, desde que se tornou consciente da Inquietação. Para ocupar aquelas horas debatia consigo mesma sobre seu dia-a-dia... Teve uma vez que sua alma sussurrou bem baixinho seu amor por alguém. Imagina? Talvez tivesse virado em uma esquina errada, onde a admiração e inveja que sentia se tornou algo mais profundo... Talvez há muito tempo essa mudança vinha acontecendo, pouco a pouco.

Não sabia lidar com essa situação, então negou o quanto pôde. Mas era um forte apego. Começou a ter olheiras, a perder a fome... Uma droga. Seu papel de mulher independente dos homens estava se esvaindo... Frustrante. E insensível ao seu estado o sentimento só acumulava...

Um dia Stein chamou seus dois alunos para uma aula particular. Desde que ambos os adolescentes o conheceram, só viam atuações estranhas de sua pessoa, e naquela vez não seria diferente. O Doktor pediu que entrassem em um cômodo que nenhum dos dois conhecia, e ficassem de frente ao outro se encarando. Segundos depois, em uma velocidade absurda para um ser humano normal, estavam presos por correntes que parecia roubar a energia espiritual, pois Maka se sentiu imediatamente tonta.

– Muito bem. Vocês ficarão aqui presos por três horas. - Stein falou como se tratasse do tempo.

– Pra quê isso Doktor Stein? - Maka exclamou tentando se manter em pé.

– É! Não posso sumir por três horas, as pessoas vão chorar sem a minha ilustre presença! - gritou Black Star, se remexendo em uma tentativa de sair dali apenas na força, mas não estava dando muito certo.

– Isso machuca! - reclamou Maka com irritação.

– Depois eu venho ver como estão se saindo. Se deem bem. - e assim o Doktor saiu do quarto como se não tivesse nenhuma preocupação ou no mínimo estava se divertindo.

Os artífices ouviram o som da porta se fechando e trancando. É. Estavam por si mesmos, sem nem o relógio para ver passar o tempo. Não demorou muito para Black Star continuar o que estava fazendo, se remexendo com sua força absurda. Maka poderia ficar o admirando, mas quando foram chamados ainda estavam em aula, e saber que ficaria três horas sem fazer nada não a agradava. Voltou a reclamar com o colega.

– Então para de perder tempo e me dá espaço! - disse Black Star irado com aquelas correntes. O tom de voz dele tão próximo a fez se arrepiar de leve por vários motivos.

– Se estamos presos... Claro que não dá! - rebateu tentando imitá-lo em vão, se surpreendia que o outro ainda conseguia se mexer tanto naquele estado, as correntes não pareciam lhe afetar em nada.

– Dá sim! É difícil para mim, mas vou afastar para que saia. Também, não deve ser muito difícil com essa falta de curvas. Hía-Huá.

– Se já pudesse me mover, eu arrancava seu cabelo. - ameaçava o garoto que continuava a rir.

– Hía-Huá. Quando eu falar “estrela” ouviu?

– Hã... Certo.

–... Estrela!

Ele foi para um lado - enquanto Maka ia para o lado oposto, abrindo um pequeno espaço entre eles. Usaram boa parte de suas forças para manter a formação, Maka conseguiu sair... Então Black Star sentiu a cabeça doer, era o Maka Chop. Aquilo era claramente uma declaração de guerra. Black Star lhe lançou um de seus olhares mortíferos para a garota e levantou as mãos ameaçadoramente, dizendo:

– Oh? Você quer receber a Punição Divina, pecadora sem curvas?

Livrando-se das correntes que já estavam folgadas, Black Star passou a correr atrás da Maka. A garota tentava se manter longe, mas não demorou muito para ser alcançada.

– Hi hi hahahaha! Pára! Perai! Eu desisto! - seus braços balançavam loucamente, o garoto tinha caído sobre ela, como se estivesse à caça de um coelho fugitivo, e lhe fazia tantas cócegas que a garota nem tinha como reagir.

Como um bom amigo Black Star disse:

– Claro! - mas não parou suas mãos - que não! Me diz que sou incrível!

– Por quê preciso dizer isso? É golpe sujo! - as bochechas da garota ficaram mais vermelhas - já estavam, pois há algum tempo que ria sem descanso - e sua voz tremeu um pouco.

– Aquele que irá superar Deus não usa “golpes sujos”, garota! - com um pouco de raiva, Black Star fez mais cócegas.

– Ok. Certo. Só dessa vez...

Para que não acontecesse nenhuma catástrofe fisiológica com a garota, que parecia que ia urinar ali mesmo a qualquer momento, Black Star diminuiu o ritmo das cócegas, até parar totalmente pela declaração a seguir:

– Você é incrível, Black Star.

Aquilo lhe saiu tão espontâneo que ambos ficaram sem graça. É. Pois nem a Tsubaki já tinha feito uma declaração tão aberta a respeito do garoto. Geralmente sua parceira concordava com o que dizia... Não por iniciativa ou conta própria. Black Star disfarçou como pôde a vermelhidão em suas bochechas - cruzando os braços e olhando para o teto, e disse:

– Ah, mas é claro! Já que só existe um incrível eu no mundo! Hiá-Huá...

– Ora, Black Star? Está vermelho? - o garoto congelou onde estava, devia ser a vingança da Maka em ação, ela ainda estava vermelha dos risos que dera anteriormente, mas era claro que também se enquadrava outro motivo.

– Não estou - Black Star falou rapidamente, tentando se manter firme. -... Só acho que merece uma recompensa por reconhecer minha grandeza!

– Então, posso te perguntar uma coisa? - ela parecia meio hesitante, e mais vermelha a cada segundo. Black Star nunca tinha visto a colega daquela maneira... Era impressão sua, ou aquela falta de jeito a deixava mais... Bonitinha?

– Sim. Qualquer coisa. - o garoto disse no impulso do momento.

–... Certo. - Maka respirou fundo e procurou alguma coisa no olhar do outro - Se você fosse melhorar alguma coisa em mim o que seria?

– Seus peitos. - Black Star falou automaticamente, levando um Maka Chop no crânio.

– Parece o Soul falando! Garotos... - Maka falou com fúria na voz.

– Calma aí, eu tava brincando... - o garoto colocou uma mão na cabeça para tapar o sangramento que apareceu com o golpe - Precisa mesmo de uma resposta? Cada um é único do seu jeito. Se eu mudasse alguma coisa deixaria de ser você, não? Apesar de que seria incrível se pudesse ser igual a mim! Mas não dá... Então eu não mudaria nada não.

–... Mesmo? Assim eu me sinto mal por antes, me desculpe...

– Nada. - Black Star fez um movimento com as mãos, dando pouca importância, e sorriu.

O tempo passou. Como não tinham mais nada para fazer, começaram a vasculhar a sala e acharam um baralho. Jogaram umas partidas - tentaram isso já que não estavam no clima de conversar alguma coisa após a cena anterior, estavam equilibrados, até que a porta se abriu e viram...

– Doktor Stein! - falaram em sincronia.

– Vocês me impressionaram. Não se passaram nem três horas e já chegaram nesse nível, acho que não preciso mais me preocupar. - Stein deu um sorriso que arrepiou ambos os alunos. Era um daqueles que diziam “Ah, sim. Eu sei de tudo”.

– Então Maka, como foi sua Terapia De Casal? - a garota ficou vermelha pelo que seu parceiro estava sugerindo.

Estava de volta ao seu apartamento. Era noite, e Maka já tinha feito o papel de “boa filha” - depois de ser liberada pelo Stein já tinham acabado as aulas, então acabou passando o resto da tarde espionando o pai em suas atividades suspeitas - só chegando “em casa” naquele momento.

– Mas que diabos, Soul? O que há de “cool” em só pensar nessas coisas? - Maka ficou de cara fechada após dar no outro um Maka Chop.

– Que isso... Eu só queria me divertir um pouco - Soul massageou a cabeça e, pelo que disse, Maka se sentiu um pouco culpada.

– Tá, desculpa.

– Mas você tem uma oponente difícil a enfrentar hein - Soul concordou consigo seriamente, com os braços cruzados.

– Hã? Quem é? - Maka perguntou curiosa.

– Você sabe. Ela tem mais disso que você - e Soul projetou um par de peitos nas suas mãos, imaginariamente, o que fez Maka ter vontade de estrangulá-lo, a culpa que sentia antes exterminada. - Tsubaki. Ainda ‘to falando do meu amigo.

– Tá, mas... Eu já conversei com a Tsubaki uma vez e ela disse que só o via, no máximo, como um irmãozinho.

– Ah, mas eu tenho mais habilidades nessa área da conquista, então me segue - Maka se aproximou do garoto meio hesitante e, ei, não era como se ela quisesse se declarar ao Black Star ou coisa do tipo! - a Tsubaki me parece mais tímida que você, não como Crona, mas ‘cê entende né. É bem possível que ela possa ter mentido para você, por vergonha ou alguma coisa de garota.

–... Eu não pensei nisso... - Maka murmurou consigo mesma, estranhamente alerta.

– Não é? A gente pode ir lá amanhã no apartamento deles colher dados.

– Como o quê? E ei, desde quando você é interessado nos meus problemas amorosos?

– Bem... É o dever da Arma cuidar da sua Artífice no que quer que seja. - falou ele firmemente.

– Sei não... Isso parece suspeito, mas ok... - suspirou, não ia adiantar nada quebrar a cabeça sobre.

Maka foi se deitar à noite com o coração acelerado. Não queria admitir, mas estava ansiosa com o que ia fazer amanhã. Devia estar com ciúmes. Caso não, por que lhe interessaria saber o que a Tsubaki sentia pelo Black Star?

Assustou-se ao ouvir batidas na sua janela, era bem tarde. Olhou para o relógio-despertador que informava ser outro dia e ela ainda não tinha pregado o olho.

– Black Star? Como chegou aqui? - falou baixo ao ver a silhueta familiar.

Como a noite estava quente, a garota tinha deixado a janela aberta; seu colega havia conseguido acessar seu quarto por ela. O garoto tinha seu sorriso de maioral iluminado pela lua macabra sorridente.

– Ah, eu estava escalando e acabei no seu apartamento.

– Conta outra! E pra quê escalar de capa? - a garota comentou já que aquele longo pano negro - preso nos ombros do outro, não era sua vestimenta habitual.

– Hum... Ok... Tava pensando em te dar um susto. Hoje não é seu aniversário? Por quê ainda estava acordada? Era pra ‘tá dormindo e ser acordada horrivelmente por mim!

– Não, eu estou bem assim... E estou surpresa por se lembrar, nem eu me lembrava até agora. - a garota disse dando um bocejo, e ignorando a pergunta de ainda estar desperta.

–... Vou ter que te dar outro presente... - ele pareceu pensar, enquanto o sangue da garota devia estar borbulhando naquele momento.

– E me assustar é um presente? - perguntou calmamente, enquanto pegava um livro qualquer da escrivaninha com a intenção de bater no garoto, dependendo da resposta.

– Claro - e ela não pensou duas vezes em acertá-lo.

– Ai! Por quê fez isso?

– Estou zangada! Se quer me presentear assim eu dispenso.

– Então, o que você quer? Só não pode ser muito caro.

– Ainda é pão duro! Certo... Então me dê um beijo! Não é de graça?

– Um beijo? - aquilo pareceu pegá-lo de surpresa e Maka sorriu, Black Star parecia bem mais fofo hesitante como estava.

– Sim - falou ficando vermelha, o embaraço enfim a atingindo, e rapidamente acrescentou -, mas não vou te obrigar. Se não quiser é só ir embora.

Maka voltou a se deitar, esperando que seu colega fosse embora. Mas ele ainda pareceu hesitar por um momento, logo voltando a sorrir, dizendo:

– Tive uma ideia melhor. Me procura no intervalo, tenho algo a dizer.

E saiu para a noite lá fora, provavelmente voltando ao próprio apartamento. O que ele teria para lhe dizer? Torcia que não fosse algo que lhe fizesse passar vergonha...

Não conseguiu dormir, apenas uma rápida soneca devido à exaustão. Teve de acordar xingando 10 minutos depois do cochilo devido ao despertador. Pegou seu uniforme e foi se vestir rapidamente ou não iria dar tempo de ajeitar seus cabelos; tinha ignorado o despertador o suficiente para ficar mais tarde. Chegando a cozinha, viu que Soul já tomava o seu café. Ele nada reclamou de seu atraso, apenas lhe deu os cumprimentos, já que era a vez dele cozinhar.

– Sua cara está péssima. - Soul lhe falou enquanto ela comia o arroz com feijão doce que o outro havia feito.

– É a normal. - respondeu de mau humor - isso era frequente quando não conseguia dormir cedo, o que havia se tornado comum.

– Bem, isso não é da minha conta, mas depois não reclame se ficar feia nas fotos.

– Fotos? - e Maka bebeu o suco que restava em um gole.

– É. O Kid me ligou ontem a noite para falar sobre a festa, e planejamos umas fotos em grupo. Aliás, parabéns.

– Obrigada. - sorriu, seu humor voltando aos pouquinhos.

– A Blair também vai para paquerar alguns gatinhos.

– WTF!? - Soul teve hemorragia nasal pela roupa provocante da gata. O mau humor de Maka voltou com tudo.

– Idiota! - e ela o acertou com um livro da sua bolsa. Mas depois se repreendeu mentalmente, tinha que aprender a ser mais calma. Afinal, não era culpa do Soul se ela não era tão sensual como a Blair... Era normal os garotos ficarem assim, isso foi o que Maka aprendeu com o seu pai pervertido nesses anos de existência. Era irritante, em todo o caso. Uma exceção podia ser só Black Star, já que ele só ligava para sua meta... Mas outro dia mesmo...

– O que foi? - ouviu Soul perguntar em confusão, mas a garota o ignorou. Ao virar, Maka deu de cara com a Blair, que estava apenas de top e um short curto.

– A Blair ‘tá vendo uma carinha triste. Quer que eu te ajude a escolher a roupa de hoje? - a gata a olhou de um jeito superior, o que deixou Maka ainda mais irada.

– Eu estou bem. Como eu não quero me atrasar para a aula eu já estou indo.

– Eu te acompanho, só espera eu arrumar isso. - Soul pediu, mas a garota ainda não estava a fim de perdoar aqueles dois então foi embora pisando o pé.

O dia correu tranquilo, ela não havia contado a ninguém sobre seu aniversário - além dos seus amigos, então não ouviu mais nada a respeito. Também não precisava, Maka não iria gritar ao quatro ventos sobre isso, até porque ela ainda não era tão importante... Talvez só a “melhor aluna” da classe, mas sem se gabar dessa vez... Veio o intervalo, ela estava pensando em ir se encontrar com os outros e saber o que o Black Star queria lhe dizer - apesar de estar receosa de que fosse mais uma das brincadeiras do garoto, a curiosidade de Maka era maior; mas seu pai resolveu ocupar seu tempo. Quer dizer, Spirit a levou ao telhado da academia e tentou lhe dizer alguma coisa, mas ficou enrolando.

Quando Maka já estava no limite da paciência, o pai lhe entregou um presente. Era de tamanho mediano, aquilo lhe pegou de surpresa. Mas aí ela se lembrou do seu último presente, quando recebeu seus resultados da última Super Prova Escrita e gelou, será que era outra coisa constrangedora? Fosse o que fosse abriu o presente... Eram livros. Suspirou com alívio, mais ou menos...

– Pai, obrigada, mas eu já li esses livros há algum tempo.

– Sério? Por quê da última vez que saímos você disse...

– Eu peguei emprestado com o Kid e a Tsubaki. - cortou o papo, Maka já estava farta daquilo e o intervalo devia estar em seu fim. Ela queria se encontrar logo com o Black Star e “ceifar” sua curiosidade, só que seu pai estava decidido em tentar ser legal.

– Eu comprei outro presente, no caso da minha Makinha não tivesse gostado do primeiro - e lhe deu um embrulho menor, Maka pensou se devia apreciar o esforço do pai pelo menos um pouquinho...

–... Você não ia presentear aquela mulher do outro dia com isso? - apontou para o colar que segurava fervendo de raiva.

– “do outro dia”...? Ah, ela viu...? - meu pai falou para si mesmo baixinho, mas como Maka estava perto o suficiente ouviu tudo, o que fez a veia em sua testa aumentar.

Levantou seu braço com a intenção de jogar aquilo o mais longe que ela pudesse, ouvindo do seu pai diversos tipos de desculpa, quando observou o pingente melhor e paralisou.

Era uma cruz prateada, com uma pedra vermelha em formato de estrela no centro. Maka se virou e foi na direção da porta correndo, apesar dos protestos de seu pai. Deixou os livros lá mesmo, depois ela pegava. Ainda devia ter um tempinho antes do sinal tocar. Será que ele ainda estava lhe esperando?

“Claro que não” Esse pensamento lhe ocorreu, fazendo-a dobrar a velocidade. Ela só queria acabar logo com aquilo, sua aparentemente eterna Inquietação.

Maka chegou ao pátio, e ouviu um grito de “surpresa” junto ao sinal. O som quase lhe fez ter um enfarte. Sério. A garota até colocou a mão no coração e sentiu o quanto batia rápido. Todos os seus colegas estavam ali, até o Doutor Morte*!

– E aí, tudo certinho? - ele fez um positivo com aquela mão gigante.

Havia um cartaz na frente do pátio com os dizeres “Parabéns Maka Albarn” e, se não estivesse se segurando, muito provavelmente não seriam apenas duas lágrimas que teriam saído dos olhos da garota. Apertou o colar que tinha na mão, e limpou o rosto rápido. Não gostava de chorar na frente das pessoas. Seus amigos Soul, Tsubaki, Kid, Liz, e Patty vieram conversar. Black Star estava devorando a mesa onde havia os salgados, doces e bebidas. Não havia nada diferente com a atitude dele... Não parecia estar a esperando para lhe dizer algo importante como dissera, estava apenas sendo ele mesmo. Uma atitude egoísta para com ela que tinha corrido com tudo que tinha para vê-lo. Entristeceu-se um pouco com a ideia de não poder saber o que ele tinha em mente, mas decidiu ignorar esse sentimento, colocando o colar no bolso e sorrindo para todos.

– Mas a festa não ia ser à noite? - perguntou a Soul que havia lhe informado antes.

– Meu pai deu uma missão de última hora, então não vamos estar aqui - Kid se referia a Liz e a Patty também, é claro.

– Então como queríamos aproveitar a festa todos juntos...

–... Resolvemos adiar, hehe. - Patty completou a fala de sua irmã gêmea.

– Obrigada, pessoal. - falou com emoção na voz.

– Não vai chorar, né? Não basta o papelão de agora... - Soul deu um suspiro e, dessa vez, Maka se segurou para não bater nele.

– Eu só fiquei muito surpresa! - cruzou os braços enquanto sentia seu rosto esquentar.

– Bem, vamos aproveitar... Não é todo o dia que o Doutor* nos libera das aulas - Tsubaki tocou num belo ponto. Conversaram mais um pouco, mas logo Maka se separou de seus amigos, ainda não havia lanchado e seu estômago reclamava.

– Prova esse.

Black Star estendeu um prato com biscoitos, na direção de Maka, quando a viu se aproximar; a garota se perguntou há quanto tempo ele estaria ali comendo, e qual seria o verdadeiro tamanho de seu estômago.

– Tá... - ela pegou um e provou - Oh, está muito bom! Foi a Tsubaki que fez?

– Ela só me deu a ideia... Fui eu que fiz - falou o colega cheio de orgulho de si mesmo - É o meu presente.

– Sério? Não sabia que conseguia fazer essas coisas... Inimaginável.

– É tão difícil acreditar que fui eu que fiz? - Black Star perguntou, comendo mais um pedaço de bolo, chateado.

–... Mas um garoto dar biscoitos para uma garota de presente... É uma revolução dos tempos! - a garota resolveu mudar de assunto.

Um nervosismo repentino a abateu, e colocou as mãos nos bolsos, de forma a ficar mais confortável. Ignorando o fato de que seus colegas iam e vinham, estavam conversando a sós finalmente!

– Eu sempre soube que nasci antes da minha era para revolucionar essa. Hía-Huá.

– Certo. Quero que revolucione uma coisa para mim.

– O que é? - Black Star perguntou com a curiosidade estampada em seus olhos.

– Fique com isso, por favor. - a voz de Maka falhou um pouco, mas não ia voltar atrás.

Afinal foi o jeito dele que havia lhe inspirado a isso.

– Um colar? Legal. - Black Star colocou o objeto no pescoço, onde ficou escondido pela sua roupa habitual - Mas assim eu vou ficar devendo... E detesto isso!

– Não liga. Eu ia jogar fora mesmo - Maka deu de ombros.

– Mesmo assim... Vai, olha bem para mim.

Black Star pediu com uma voz suave, que não era comum de sua pessoa. Maka nem percebeu quando atendera aquele pedido, esqueceu de tudo e o olhou. O instinto tinha sido mais rápido que a emoção e pensamento, então sua reação foi apenas ao de um arregalar de olhos quando sentiu aqueles lábios sobre os seus. Foi um selinho rápido. Somente alguém que estivesse prestando atenção neles desde o início teria percebido. Realmente, fazia jus ao lado ninja dele, furtivo... Não daria para ficar mais vermelha e chocada do que ela ficou, caros leitores. Até tinha se sentido tonta.

Já que não esperava que ele fizesse um ato dessa natureza para sua pessoa... Não era sexy como a Blair, ou calma como a Tsubaki, ou espontânea como a Patty, ou feminina como a Liz... Mas estava agradecida de alma por ter recebido algo daquelas mãos calorosas, daqueles lábios... O espírito dele tinha chegado ao dela.

– É melhor não ficar com essa cara de pateta, ou algum cometa cai e você nem percebe. - ele saiu correndo para longe ao se separarem. Ria, como se nada tivesse acontecido.

Era impressão ou tinha visto aquele cara tão orgulhoso envergonhado? Maka apressou o passo para o acompanhar, levantando o punho no processo, e gritando com uma raiva fingida:

– Black Star!

A Inquietação tinha ido embora.


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Notas finais do capítulo

Atualizada no modo "terceira pessoa", deu um pouco de trabalho, mas gostei como ficou, acho que assim fica mais claro né, diga-me você ai que chegou agora, agradeço pela paciência -k. O Maka Chop brilhou nessa fic não xD Enfim, estou postando uma outra fic de Soul Eater (que ia ser uma Original mas acabou em Maka x Crona enfim) se estiver interessado é só acessar a minha conta. Sei. Colocar um monte de ponto de vista em um mesmo capítulo pode ficar confuso, vou tentar evitar isso em meus próximos trabalhos...