Einsamkeit escrita por keca way


Capítulo 1
One Shot




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Fazia dois longos anos que Tom tinha partido, sem deixar nenhum rastro ou notícias de onde estava. Bill ainda se lembrava da noite em que ele partira. Ele próprio havia pedido isso, mas Tom não precisava realmente ir. Estava nervoso, não sabia o que fazer, só queria ficar sozinho. E foi exatamente o que conseguiu: ficou sozinho por dois longos anos.

Agora ele olhava a figura magra, com músculos espalhados pelo corpo, e o tórax nu exposto em sua cama, bem ao seu lado. Mas mesmo assim não se sentia feliz. Sabia que ele partiria. Tom nunca admitiu que o amasse, embora soubesse ser a única pessoa que existia no coração do loiro. Bill olhava o rosto ao seu lado, com expressão serena, os lábios curvados num sorriso satisfeito, os olhos fechados, dormindo pelo cansaço do corpo, pela noite intensa de ambos.

‘Ele vai me deixar novamente... Eu sei disso.’ - pensava enquanto tirava alguns fios de cabelo do rosto do outro.

Estava tão mudado... Agora tinha os cabelos negros iguais aos seus. Já não usava mais seus dreads, apenas tranças estilo jogador de basquete. Tinha também uma fisionomia mais madura. Não era mais um garoto, já era um homem. Assim como ele próprio, que sofrera durante os anos ausentes da presença da pessoa que considerava a mais importante pra ele.

 

“Eu nunca te esqueci...”

 

Bill lembrava das palavras do mais velho quando teve seu encontro com ele há pouco menos de três horas. Era tão estranho... Ainda mais agora que finalmente havia superado a falta que ele fazia – ‘Dois anos, por que agora? Tinha que ser logo agora? Estava disposto a reconstruir minha vida, e ele volta como se nada tivesse acontecido!’

O moreno mais novo se levantou da cama um pouco revoltado. Lágrimas surgiam em seus olhos, mas ele prometera que não choraria mais. Ainda mais por ele, que nunca lhe deu o valor que merecia. Andou lentamente até a janela, sentindo a brisa daquela noite. Chovia, mas mesmo assim o tempo não estava frio. Bill fechou seus olhos, e logo a lembrança de todo o ocorrido invadiu sua mente, revivendo cada detalhe que o levou a seu futuro, que considerava melancólico.

“Era noite de natal. Bill havia acabado de chegar da França. Havia saído do aeroporto, indo direto para sua casa. Fazia três anos que morava sozinho na Califórnia com seu irmão. Estava tão feliz. Há menos de um ano tinha percebido que a relação de carinho que tinham um pelo outro é mais do que carinho de irmão, e há pouco menos de um ano se entregaram loucamente a paixão que os consumia, e esse era o motivo de tanta felicidade.

Bill entrara sem fazer barulho. Tom havia lhe dito que tinha uma surpresa. Passariam o natal juntos, sem família e sem amigos. Somente os dois, e o amor que tanto sentiam aflorar cada vez mais. Entrou e foi direto pra cozinha. Colocou o que havia comprado para a pequena ceia deles em cima da mesa, e olhou para o pacote em suas mãos. Havia comprado um presente para o irmão, e por mais que a tradição dos dois fosse não dar presentes, ele queria muito presentear Tom naquela data tão especial. Ainda mais por que após alguns dias, celebrariam seu primeiro de muitos anos juntos.

Sorriu radiante, olhando no relógio. Estava cedo. Havia dito para Tom que só conseguiria chegar em casa após as 23:00, mas conseguira sair em um vôo mais cedo, acabando por se adiantar em duas horas. Não se agüentava de ansiedade. Fazia uma semana que não o via. Havia ido a Paris visitar uma amiga, e acabara de retornar, morrendo de saudades do seu tão amado irmão, e não se agüentava mais nenhum minuto. Ainda podia se lembrar com muitos detalhes da primeira vez o que o beijara.

Era ano novo. Estavam na Alemanha, e Simone havia intimado os dois a passarem o natal e o ano novo com ela e o padrasto. Ele lembrava exatamente que estava em sua casa, mais especialmente na varanda, onde Gordon e Simone estavam, juntos de sua avó e Tom. A família estava completa. Estava tão feliz, há muito tempo não os via todos juntos.

Estava olhando o céu. Logo a contagem regressiva começaria. Estava ansioso. Mais um ano. Mais um ano maravilhoso vinha pela frente. Estava tudo perfeito. Ele e Tom estavam estudando em Nova York, morando sozinhos, e cada vez mais o carinho entre eles cresciam. Bill o amava mais do que tudo, desde sempre. Mas nunca teve coragem de dizer. Não achava certo. E exatamente por isso ficava quieto, apenas pensando se Tom sentia o mesmo por ele.

Estava distraído quando sentiu braços rodearem sua cintura carinhosamente, e logo pôde sentir o hálito doce do irmão em seu pescoço.

- Bill... Podemos conversar? – Foi a única coisa que ele disse, o que já fez Bill se arrepiar todo só pelo contato. Ele se virou imediatamente, sentindo o irmão o soltar, e o acompanhou para o pequeno jardim que havia na casa da avó, onde tinham duas balanças, onde costumavam brincar quando pequenos. Bill se sentou em uma delas esperando o que Tom tinha para falar.

Tom continuava quieto, apenas parado em sua frente. Bill estava curioso e, com um sorriso lindo, resolveu perguntar o que acontecia.

- Então, Tom? O que queria falar de tão especial, pra ser a sós?”

- A tradição do ano novo, nos E.U.A, é que não se passe sozinho. Precisamos passar com as pessoas que amamos. – Dizia sorrindo, se aproximando de Bill, ficando logo à sua frente, evitando que o moreno continuasse a se balançar.

- Eu sei, e estamos. Com nossa família! – Bill sorriu e abraçou o irmão pela cintura, sentindo novamente a sensação do corpo dele junto ao seu.

- Não estou falando desse jeito, Bill... As pessoas que realmente amamos! – Assim que terminou de falar pode ouvir a contagem regressiva vindo da rua, onde seus pais e avós estavam, já preparados para ver os fogos.

Assim que os fogos começaram a voar pelo ar e estourar um a um, Tom levantou o queixo de Bill levemente e juntou os lábios dele aos seus em um beijo carinhoso e calmo. Bill se assustou pela reação do irmão, mas não teve coragem de afastá-lo. Apenas retribuiu, demonstrando tudo o que sentia por ele.

Tom continuou o beijo por mais alguns segundos, acariciando de leve a nuca de Bill, fazendo o corpo do mais novo estremecer, se entregando totalmente a aquele momento.

- Ich liebe dich! – Disse baixinho, com seus lábios ainda próximos aos de Bill, que mantinha os olhos fechados, com medo de que se os abrisse tudo não passasse de um sonho bom.

Bill alargou mais seu sorriso com suas lembranças, e continuou seu caminho até o quarto que dividia com Tom. Subiu as escadas lentamente, segurando o pequeno pacote azul com seu característico e tão lindo sorriso nos lábios. Sorriso esse que perdeu assim que terminou de subir as escadas, invadindo o corredor.

Parou por um segundo, e seus olhos se encheram automaticamente de lágrimas. Podia ouvir gemidos baixos, gemidos vindos do seu quarto, os quais ele podia identificar muito bem como sendo de seu irmão e de uma vagabunda qualquer. Bill não queria acreditar que aquilo era verdade. Continuou a andar lentamente, já sentindo a face queimar pelas lágrimas que caíam involuntárias pelo seu rosto. Tinha vontade de gritar, de quebrar tudo. Ainda mais agora, que a cada passo que dava os gemidos se intensificavam, ficavam mais altos. Estavam quase no êxtase. A vagabunda gemia cada vez mais alto o nome de seu irmão, e isso doía tanto no seu peito.

Se apoiou na porta. Não teria coragem, não queria acreditar – ‘Ele me prometeu.’ – Era a única coisa que vinha na cabeça de Bill. Se lembrava agora da primeira das muitas brigas que tiveram, desde o começo do caso dos dois. Se lembrava de tudo que passara nesses quase um ano. Que Tom por mais que fosse carinhoso, nunca lhe dava a mesma atenção que dava às suas amantes. Bill sabia que ele tinha essa necessidade. Ele dizia que era uma doença, mas nada fazia para mudar – ‘Eu não valho a pena?’ – Chorava cada vez mais agora. – ‘Eu não posso te satisfazer, então preferes fazer sexo com qualquer vagabunda do que comigo?’ – Essas eram sempre suas perguntas quando Tom fazia isso. – ‘Prometeu não fazer de novo, eu confiei em você!’ – Mais lágrimas, e junto com elas, a coragem. Ainda ouvia os gemidos, virando quase gritos pelo prazer, que ele sabia que com certeza estavam tendo. – ‘Só queria uma distração? Era isso não era? Por que hoje? Logo hoje?’ – Finalmente colocando a mão na maçaneta e abrindo a porta de uma só vez.

Assim que ouviu a porta sendo aberta, a garota empurrou Tom de cima dela, fazendo-o parar imediatamente. A única coisa que o mais velho conseguiu fazer, devido ao susto, foi dizer o nome do irmão baixinho e se cobrir com uma parte do lençol, enquanto a garota fazia o mesmo com a parte restante deste. Bill não disse nada, mas Tom podia sentir o ódio e a mágoa no silêncio do mais novo.

- Podem continuar! Só vim pegar algumas roupas! – Bill disse sem pensar, indo em direção ao guarda-roupa, deixando cair o presente que comprara com tanto carinho para Tom.

Tom sussurrou qualquer coisa ao ouvido da loira oxigenada ao seu lado. Qualquer coisa que a fez levantar de uma só vez, colocar suas roupas e logo em seguida sair do apartamento. Bill continuou no quarto sem dizer nenhuma palavra, sem nem ao menos encarar Tom, que se levantara colocando suas roupas também.

- Bill...

- Eu não quero saber! –Interrompeu ainda tentando manter a calma. Pegando algumas roupas do mais velho começando a tacá-las para fora do guarda-roupa.

- Bill, para com isso! – Tom foi em direção ao menor e segurou seu pulso com força. Bill tentou se soltar em vão. Aproveitando o momento de fraqueza de Bill, Tom o fez virar e encarou os olhos do menor, com a maquiagem borrada, repletos de lágrimas que caíam sem vergonha alguma.

- Você me prometeu... – Bill sussurrou, sem conseguir mais se controlar - Por quê? Me dê um motivo! Eu não sou bom o suficiente pra você? – Esperou uma resposta, que não veio, e logo continuou – Me solta! – Disse se debatendo um pouco, mas Tom não fez o que lhe foi pedido. Pelo contrário, abraçou Bill, colocando a cabeça dele em seu peito, aconchegando-o – Já disse pra me soltar, eu tenho nojo de você! – Finalmente conseguindo se separar com um empurrão forte que quase fez o mais velho cair.

Tom olhou Bill friamente e segurou forte seu ombro, assustando um pouco o mais novo. Ele nunca tinha visto o irmão com aquela expressão, mas mesmo assim não se deixou intimidar.

- Bill... Você nunca me entende... Você sabe que tenho essa necessidade!

 Bill soltou-se novamente dos braços do irmão, não segurando um riso nervoso por alguns segundos.

- Foder é o que você quer, não é? Por que não me pediu? Eu nunca te negaria nada, você sabe disso! – Disse um pouco alterado pelas lágrimas, que insistiam em cair.

- Não fala assim, Bill! Você sabe que eu te amo... – Tom deu um passo à frente e tentou acariciar o rosto de Bill para limpar suas lágrimas, mas o moreno acertou um tapa forte em sua mão.

- NÃO TOCA EM MIM! EU JÁ DISSE, TENHO NOJO DE VOCÊ!

Tom ficou estático por um tempo. Ficaram apenas se olhando. A mágoa era visível no olhar de Bill, assim como era o arrependimento nos de Tom.

- Me perdoa! Te amar não é o suficiente?

- Não, não é! Tom, não foi uma vez, não foram duas, muito menos três... São quase todas as noites! E eu finjo não ver nada, não saber de nada, só pra te ter ao meu lado... Mas dessa vez eu não vou te perdoar...

- BILL, ISSO É UMA DOENÇA!

- ENTÃO VAI SE TRATAR! COMIGO VOCÊ NÃO FICA MAIS! OU VOCÊ VAI EMBORA, OU VOU EU!

- Bill, eu te amo! Eu não te forço a fazer sexo comigo por que eu sei que você nem sempre está afim, não é como eu... E é por te amar que eu...

- CHEGA! – Gritou, fazendo Tom parar – Não quero ouvir suas desculpas! – Soluçou, fazendo uma pausa – Então, você vai ou eu terei que ir?

Tom engoliu em seco, pegou a mala no guarda roupa, e pôs as roupas que Bill jogou ao chão.

 Bill sentou na cama, chorando muito. Escondeu seu rosto entre as mãos. Na verdade, ele não queria que Tom fosse embora. Mas ele sabia que o irmão voltaria, e não seria a primeira vez. Ele sempre voltava... Mas daquela vez seria diferente. Daquela vez realmente perderia por um longo tempo quem sempre o acompanhou nos 18 anos de sua vida, quem ele sempre amou.

Após arrumar suas coisas, Tom se dirigiu a Bill. Retirou as mãos que cobriam seu rosto, segurando o queixo dele e o beijou. Bill não correspondeu, empurrando-o.

- Tem certeza que é isso que você quer? – Bill fez um sinal positivo com a cabeça, sem conseguir falar. Tom o soltou – Desculpa, Bill... – Foi a última coisa que o moreno ouviu da boca de seu irmão durante dois longos anos”

O moreno continuava na janela. Pensava no que faria, no que aconteceria a partir daquele momento. Não sabia o que fazer. Sua mente estava a mil. Estava feliz pela volta de Tom, mas sabia que tudo aconteceria de novo, como antes. Tom nunca iria mudar, ele sabia disso. Mas mesmo assim não podia deixar de amá-lo. – ‘Eu não posso aceitar isso. Não é por que eu o amo que vou aceitar ele me trair desse jeito...’ – Respirou fundo. – ‘Eu o quero só pra mim... É tão difícil ele entender isso? Idiota!’

- Te dou um beijo se você me disser no que esta pensando. – Tom disse sorrindo, abraçando o gêmeo por trás, fazendo Bill sentir um arrepio bom percorrer seu tronco. Como tinha saudade daquele abraço... Como tinha saudade do hálito do outro batendo em seu pescoço, daquela voz rouca... Sentiu seu peito doer, com vontade de chorar. Mas não chorou. Apenas disse calmamente, com um tom de indiferença, sem encará-lo.

- Por que você nunca me respondeu? Por que nunca atendeu meus telefonemas, nem deu pelo menos um sinal de vida? Você poderia estar morto e eu não saber... – completou baixinho, ainda sem encará-lo – Por muito tempo a mãe me perguntou de você e eu não sabia o que dizer... Nem mais pra faculdade você foi! Por que você fez isso? – Passando um pouco de mágoa na voz, continuando logo em seguida, antes do mais velho responder – Foram dois anos, Tom, não dois dias... Mas o pior foi você ter voltado e fingir que nada aconteceu... – Deu uma risada baixa. Tom sabia que quando Bill fazia isso era por nervosismo. Sabia que ele estava magoado, sabia que o havia preocupado. Mas tinha que fazer isso de uma maneira ou de outra. Não queria fazer Bill sofrer, mas sabia que tudo que o irmão sofreu nesses dois anos seria muito pouco comparado ao que ele o faria sofrer se ficasse.

- Bill... - começou sem nem ao menos saber direito o que dizer – Ia ser pior se eu ficasse, nós dois sabemos disso. Você pediu para eu ir, e eu fui! – disse sem o encarar, voltando para cama, se sentando em seguida, ainda observando o irmão, que continuava na janela - ... Não há como esquecer isso?

- Esquecer?! – Disse Bill, incrédulo, encarando o outro – Tom, você não sabe quanto eu sofri! Dois anos não significaram nada pra você?

- Você me ama? – perguntou sério, cortando o irmão.

Bill não disse nada. Apenas foi até ele e o abraçou, se aconchegando no seu colo. Deu-lhe um beijo demorado, e então disse baixo, quase num sussurro.

- Eu queria que as coisas fossem assim tão fáceis como você pensa... Queria poder esquecer...

- Bill, eu nunca quis te forçar a nada... Eu realmente te amo, e era exatamente por isso que nunca te forcei a fazer sexo comigo. Tinha noites que eu enlouquecia com seu cheiro, sua pele roçando a minha no meio da noite enquanto você dormia... Mas eu me controlei ao máximo, e era por isso que eu saía pra satisfazer o que me deixava tão enlouquecido. E mesmo assim, era o seu nome que eu chamava, era contigo que eu queria estar...

- Era só me pedir! Eu nunca te neguei... – disse baixinho, acariciando seu rosto de modo carinhoso. A ausência do irmão falava mais alto. Bill não queria mais brigar. Somente entender.

- Eu não queria te machucar, eu sei que você não é igual a mim. Eu queria a toda hora, a todo momento, mas não do jeito que sempre fazíamos. Eu queria... Intenso, selvagem... Violento. Mas eu nunca iria te submeter a isso. Sexo não é importante, o que importa é o amor.

- Sexo faz parte, Tom. E por mais que você não goste da pessoa com quem faz, ainda é uma traição. Eu só te queria comigo, todo momento, queria pode te satisfazer. Você não sabe o lixo que me senti quando te vi com aquela... – disse passando um pouco de raiva na voz – Eu queria poder matar aquela vagabunda, e conseqüentemente você... – disse baixinho, encarando o irmão novamente nos olhos - Eu só queria que... Que você me desse o valor que dá às suas amantes... – murmurou triste, voltando a encarar as próprias mãos, uma posicionada no peito nu do irmão, e a outra em seu rosto – Qual é o meu problema? É por que não tenho seios? Sou tão estranho assim ao ponto de não ter desejos por mim?

- Não é isso, Bill... Eu só queria que você me entendesse...

- É, acho que nunca vou entender... – se levantou do colo do mais velho se deitando na cama e se cobrindo com o cobertor, encolhendo-se – Boa noite, Tommy. - sussurrou baixinho.

Tom não disse nada, apenas voltou a deitar ao seu lado, sem o tocar. Se sentia culpado, tentava realmente entender por que o fazia sofrer tanto. O amava demais, queria somente vê-lo feliz – ‘Não devia ter voltado... Só o fiz sofrer mais...’ – Tentou não pensar em mais nada. Sabia que seria difícil, que Bill não o perdoaria tão fácil. Depois de um tempo, sem nenhuma solução, Tom apenas fechou seus olhos e voltou a dormir.

 

Bill se preparava para sair de casa. Estava lindo. Sua maquiagem era característica, forte e pesada como sempre. Havia mudado seu penteado há pouco tempo. Estava com um moicano que caía com uma franja sobre um de seus olhos, dando um charme todo especial em seu visual. Vestia uma calça Jeans colada como a camisa, sobre a qual estava seu casaco preferido. Era a primeira vez, desde que seu irmão fora embora, que Bill iria sair sozinho. Havia cansado de esperar, de chorar por ele. Queria curtir a vida, e esquecer aquele que um dia foi a pessoa mais importante nela. Mesmo sabendo que isso seria impossível, pois Tom já era parte dele. Estava disposto a tudo para esquecê-lo pelo menos por essa noite.

Apagou a luz do quarto e fechou sua janela, se dirigindo sorridente pra sala. Parou em frente ao seu espelho, olhando uma última vez para seu reflexo, admirado por ver um sorriso sincero e radiante em seus lábios. Naquele dia fazia exatamente dois anos que Tom sumira sem dar nenhuma notícia, e foi exatamente neste dia que Bill decidira mudar sua vida e esquecê-lo de vez.

Já se preparava pra sair, colocando sua carteira e as chaves do carro no bolso, quando ouviu a campainha tocar. Bufou em contragosto. Quem seria àquele horário? Já passava das 11 horas da noite! Foi a ela desanimado, e abriu sem nem mesmo verificar quem era no olho mágico, se surpreendendo com a figura alta e magra tão parecia consigo mesmo na porta.

- To... Tom? – foi a única coisa que conseguira dizer, já que o mais velho nem lhe deu chances, agarrando-o pela cintura, conduzindo-o pra dentro da casa.

Fechou a porta atrás de si e pressionou Bill contra a parede. O mais novo não teve tempo de dizer nada, pois seus lábios foram atacados pelos do mais velho, com suas ânsias e desejos. Bill correspondia no mesmo ritmo frenético, com mordidas e sugadas fortes, meio inconsciente, pela falta de contato de ambos durante tanto tempo.

- Eu senti tanto sua falta... – o mais velho sussurrou. Seu hálito batendo no pescoço do outro antes de atacá-lo, fazendo Bill se entregar totalmente às suas carícias. Suas mãos já percorriam todo o corpo do outro, sem ao menos pestanejar. O desejo contido por esses dois anos separados quase explodindo.

Bill tentava resistir ao máximo. Não queria acreditar que, depois de tanto tempo, ele estava de volta, e, sem nenhuma explicação plausível, estava ali, lhe beijando com desejo, acariciando seu corpo. Mas gemia baixinho, sem conseguir ao menos pensar direito. Era difícil pensar em alguma coisa com o que estava acontecendo, com aquelas sensações e arrepios involuntários pelo seu corpo.

Mordeu o próprio lábio quando sentiu sua camisa ser retirada e a boca do irmão substituir as mãos que antes brincavam em seu peito e mamilos. Sentiu Tom sugar forte ali, fazendo-o se contorcer levemente de prazer, gemendo um pouco mais alto pelo êxtase que sentia com o simples toque do mais velho.

Aquilo estava enlouquecendo-o. Bill ainda tentava manter a racionalidade, tentando se afastar do irmão, mas não agüentava mais. Nem mesmo queria mais afastar-se. Era exatamente isso que sonhara, tantas e tantas vezes durante esses anos. Queria poder sentir o cheiro dele, que agora era tão penetrante em suas narinas. Queria poder sentir a pele de Tom roçar novamente na sua, sentir sua língua e seus carinhos quentes pelo seu corpo. Acabou se perdendo em sensações e sentimentos, e, quando se deu conta, já estavam ambos sem roupa. Tom o pressionava por trás contra a parede, e não hesitou muito antes de estocá-lo, ao passo que sua mão o estimulava na frente. Gemidos e gritos agudos podiam ser ouvidos saindo da boca de Bill. Como ele ansiava por aquilo... 

E assim passaram a noite juntos, entre estocadas fortes, gritos, gemidos, ânsias e sentimentos, raiva, amor, e desejos... Muito mais desejos, cada vez mais forte, mais violento, selvagem, como nunca haviam feito em todo o tempo que passaram juntos. E após praticamente a noite inteira nesse misto de sensações, acabaram por não agüentar mais o cansaço do corpo, adormecendo um do lado do outro.

 

Bill abriu lentamente seus olhos. Já havia amanhecido. Os raios do sol batiam no seu rosto, incomodando-o com a claridade. Levantou e fechou a cortina, que se mantinha aberta desde a noite anterior. Olhou em volta e não encontrou o irmão. Resolveu descer.

Ainda nas escadas, avistou um imenso buquê de rosas, e, junto com este, um cartão. Bill foi até o buquê, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. Já desconfiava do que se tratava.

Pegou o pequeno cartão, logo reconhecendo a letra de seu irmão. O abriu devagar, e, antes mesmo de terminar de lê-lo, as lágrimas transbordaram em seus olhos. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo de novo.

Chorou, acabando com todas as flores do buquê sobre a mesinha de centro, rasgando suas mãos com os espinhos, sem ao menos sentir a dor causada por isso, que com certeza era bem menor do que a dor que sentia dentro de seu peito. Sentou-se no chão, com as mãos sangrando e a carta, agora ensangüentada, ainda na mão direita. Levou-a ao peito, abraçando suas pernas logo em seguida para chorar mais uma vez.

Ele havia partido. E dessa vez para sempre. Não voltaria mais, Bill sabia bem disso.

Obrigado pela noite maravilhosa que tivemos, eu nunca vou esquecer. Me desculpe, Bill, mas realmente não podemos ficar juntos. Toda essa pressão de sermos irmãos... Eu sei que nunca te falei, mas isso nunca saiu da minha mente. Eu te amo muito, e é exatamente por isso, por não te querer ver sofrer, que resolvi partir. Desculpa por ter voltado após tanto tempo, mas eu te devia uma justificativa. Eu te devia desculpas. Meu plano não era deixar que tudo acontecesse como aconteceu. Iríamos somente conversar, nos despedir da maneira que deveria ser feita, mas eu não consigo me controlar quando estou ao seu lado. Desculpa por te abandonar outra vez, mas eu sei que você será muito mais feliz sem mim. E por mais que nós amemos - pois eu sei que você também sente o mesmo - não podemos ficar juntos.

Eu te amo muito, Bill. Você é e sempre será o meu único e verdadeiro amor.

Mais uma vez me desculpe.

 

Tom.


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Notas finais do capítulo

antes de mais nada obrigada Naih por ter betado minha fic... espero que tenham gostado, não deixem de deixar seus reviews

bjos e até a proxima ^^