O Crepúsculo do Eduardo escrita por AmandaC
Assim que eu abri os olhos, para mais um dia nublado, procurei imediatamente pela presença de Clara.
Ela estava, maravilhosamente, sentada na cadeira do computador.
Saltei da cama e fui até ela, abraçando-a docemente. Argh, já acordei romântico. Isso é péssimo.
Mas eu estava feliz com a presença dela. Feliz demais.
- Fico feliz que tenha ficado. – comentei, passando a mão em seu rosto duro e perfeito, gravando em minha mente cada detalhe.
- Eu disse que iria ficar. – ela respondeu, um sorriso divino em seu lindos lábios.
Senti vontade de beijá-la. Mas tinha certeza que estava com mau hálito.
- Preciso ir ao banheiro.
Ela sorriu.
- À vontade.
- Minha mãe?
- Já saiu. Não se preocupe.
Corri para o banheiro e escovei os dentes com a maior pressa, senti as gengivas protestarem contra aquele espancamento. Voltei para o quarto, perdendo o fôlego ao vê-la no mesmo lugar.
Ela é tão linda!
- Você saiu? – reparei em suas roupas, quando dei uma nada modesta olhada em seu corpo escultural.
- Queria estar apresentável. E eu já tinha ouvido a melhor parte. – ela deu uma risadinha. A voz parecia música.
- Ouvido? – estranhei.
- Sim. Você não costuma falar. Mas quando fala é muito melhor. – ela sorriu, um brilho nos olhos verdes.
- O que eu falei? – fiquei apavorado. EU tinha sonhado com ela, obviamente. Não costumo sonhar, mas quando acontece a coisa é sempre grandiosa. Hoje tinha sido meio bobinho. Ela era a princesa e eu o príncipe, num cavalo branco – ahhh que vergonha. Que eu não tenha falado isso! Que eu não tenha falado isso!
- Você disse que me amava.
- Ainda tem como me fazer de machão e negar isso? – resmunguei.
- Acho que não. Você é minha vida agora, Eduardo. Minha vida.
Eu a abracei e dessa vez não resisti, tentando beijá-la. O toque foi surpreendente e maravilhoso. E como sempre, durou alguns segundos apenas. O suficiente para me deixar ofegante.
Clara me afastou.
- Hora do café da manhã. – anunciou, a voz controlada.
- Eu vou ser o lanche? – zombei.
Ela fez uma careta.
- Hora de você lanchar. – especificou.
- Hmm, primeiro engorda o lanche para depois comer? – provoquei. Ela se levantou com agilidade e me puxou para fora, outra careta em seu belo rosto com meus comentários.
Enquanto eu comia, ela me contou que tinha planos para hoje.
- Que planos? – fiquei curioso.
- O que você acha de conhecer minha família?
- Hmm, visitar o covil dos vampiros?
- Está com medo? – ela sorriu, esperançosa.
- Claro que não. – resmunguei. – Só não sei se eles vão gostar de mim. Sabe como é. Eu sou humano... Eles sabem que eu sei?
- Não se preocupe com isso. Eles sabem de tudo. Não temos segredos. Ainda mais por que é difícil com minha leitura de mentes, Elidia vendo o futuro e tudo o mais.
- E Joaquim fazendo você ficar ansioso para contar mais.
- Você prestou a atenção. – comentou, com aprovação.
- Sei fazer isso... raramente.
Ela me olhou, um sorriso travesso em seus olhos.
- E você deve me apresentar a sua mãe também.
- Acho que ela já te conhece. – lembrei a ela.
- Como sua namorada, eu quero dizer.
- Ah. Mas isso está errado. – resmunguei, para o choque dela. – EU é que deveria pedir você em namoro. Isso não é comum.
- Como se algo aqui fosse comum. – ela retorquiu.
- Ainda assim. – reclamei.
- Tudo bem, miss Machão. Faça você mesmo.
Eu não era muito bom nisso.
- Hã, Clara, você quer, hmm, namorar comigo?
- Quero. – sua voz parecia de um anjo caído do seu.
- Bom, então você deve me apresentar a sua família. E eu a apresento a minha mãe. Para oficializar, entende.
Ela revirou os olhos.
- Tudo bem agora Eduardo? – ela parecia irritada, mas seu sorriso estragava a tentativa.
- Por mim tudo ótimo. – sorri, galanteador, passando a mão em meus cabelos.
- Já terminou seu café?
Pulei na cadeira.
- Sim.
- Vá se vestir... Vou esperar aqui.
Eu olhei para ela, zangado.
- Minha fala. – lembrei.
- Fala Eduardo. – ela fez uma cara de tédio.
- Agora que terminei vou me arrumar. Me espere aqui. – fiz uma voz de mandão, bem falso.
Ela riu.
- Se você fosse assim... – ela não concluiu.
- Você iria torcer meu belo pescoçinho machista. – terminei, com um grande sorriso. – Adoro relacionamentos selvagens. Já venho. – e subi as escadas, cantarolando comigo mesmo.
Namorado da Clara.
Isso só pode ser um lindo sonho.
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