Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 5
Cap 4: Dançando




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/463629/chapter/5

Gumo e Airon a olhavam um pouco aturdidos.

– Então? – Perguntou Airon levantando uma sobrancelha, um pouco incomodado pela interrupção.

– Eu... Preciso tentar uma coisa. – Disse Zara falando baixo e se levantando rápido. Falava mais consigo do que com qualquer outro.

Sentia-se ridícula por tentar algo assim, mas não fazia ideia de por onde começar a dobrar fogo, jamais tinha sequer acendido uma vela com dobra.

Correu para fora da caverna sendo facilmente seguida por Sozen. Parou em cima de uma rocha alta e ficou olhando o oceano lá embaixo. Estava de dia e o céu estava limpo. O sol estava alto em meio a imensidão azul.

Tão poderoso e tão controlado. Pensou a menina.

Fechou os olhos e ficou ali, em pé, embaixo do sol quente.

Gumo e Airon a observavam de longe, enquanto Sozen estava sentada há um metro da menina.

Zara começou a sentir seus ombros queimarem, a pele de seu rosto ficava cada vez mais quente e seu couro cabeludo parecia que pegava fogo.

Pegava fogo.

Zara levou as duas mãos até a cabeça e tocou no alto da mesma, estava quente como nunca.

O fogo é vida, é luz.

Repassava mentalmente. A jovem avatar abaixou as mãos e abriu os olhos. Ela não sabia por onde começar.

Sozen levantou-se e caminhou até a frente da menina. Zara abaixou-se para ficar com o rosto na altura da cabeça da criatura e mostrou-lhe as duas mãos com um sorriso triste.

– Não faço ideia de por onde começar. – Disse a menina. – Eu nunca chamei ninguém para dançar... – Admitiu com um riso tristonho. Sozen tocou com o nariz nas mãos de Zara, empurrando-as de volta para a menina.

A jovem avatar pôs-se de pé novamente e olhou para Sozen.

– Não quero lutar, Sozen. Quero dançar. – Falou inocentemente. Tentava se lembrar de alguma dança típica da Tribo da água, mas logo se repreendeu.

– Airon! – Chamou num grito alegre e virou-se para ele sorrindo. – Pode me ensinar a dançar? – Pediu ainda gritando por estar longe dele.

– Mas eu só sei dançar danças da Nação do Fogo! – Ele gritou de volta, sem entender mais nada naquela menina.

– Perfeito! – Gritou de volta fazendo Gumo rir.

Airon se aproximou se jeito.

– Tudo bem... Temos três danças típicas. A dança de bailes reais, a dança de festas comuns e a dança em homenagem aos espíritos. – Falou ele meio sem jeito. – Qual você quer que eu ensine? – Perguntou por fim.

– Qual você dança pior? – Perguntou com um sorriso traquina.

– A dos bailes, com certeza. – Disse ele incomodado.

– Então é essa que eu quero. – Pediu a menina.

Durante o resto da tarde, Airon ensinou a dança de Baile da Nação do Fogo. Logo Gumo se juntou à aparente brincadeira.

Tratava-se de uma dança sem casais, onde os movimentos eram simétricos e muito exigentes do físico do dançarino. Eles faziam arcos com as mãos e com as pernas, alguns pulos baixos e até mesmo se abaixavam.

Airon mostrou que as mulheres tinham uma maneira diferente de fazer alguns movimentos, por causa das roupas que usavam. E no final da dança todos terminavam de pés juntos e com as mãos próximas da cintura.

Ao fim da tarde, os três já estavam cansados de dançar, e aquela “brincadeira” havia lhes rendido várias risadas. Mas Zara, ao invés de ir dormir como os outros dois, ficou do lado de fora olhando para a Lua.

– Sabe La... Para mim sempre foi fácil ter você como guia. – Falou para a Lua. – Eu confio em você... É difícil ter que confiar em outra presença, uma tão diferente... O Sol é tão quente... Hoje a tarde quando fique no sol eu me senti queimada... Como pode ser vida? O Sol me feriu sim, ele me queimou...

“Mas... quando eu estava dançando, eu não senti o sol me queimar...” Pensou por fim.

A menina ficou de pé e repetiu a dança que aprendera, com apenas algumas alterações. Não conseguia dobrar fogo.

– Eu não consigo. – Disse por fim, parando de dançar desanimada. Olhou para o Templo atrás de si e suspirou. – Eu quero te achar. – Sussurrou pensando em quem estaria dentro da Ilha.

Gumo e Airon acabaram de ir dormir... Pensou olhando para Sozen. Ela já estava um pouco maior, chegava a ser assustador a velocidade como ela crescia. Um arrepio percorreu Zara ao pensar que Sozen ficaria do tamanho que ela é no mundo espiritual.

– Sozen. – Chamou sussurrando. O animal não a olhou, obviamente, apenas levantou e recolocou a pata no chão. – De manhã estaremos de volta, certo? – Perguntou referindo-se a ir explorar o templo.

Sozen tocou novamente a pata no chão e balançou o longo rabo, entusiasmada, fazendo Zara sorrir.

Juntas, Avatar e sua companheira começaram a subir a montanha. As pedras eram um pouco íngremes e Zara poderia ter dobrado a terra para ajudar, mas como o objetivo era explorar o local, não faria sentido algum viajar rápido.

Durante a noite o solo avermelhado chegava a ser assustador. A ausência total de plantas na ilha também amedrontava um pouco a menina. Quanto mais alto a menina subia, mais forte era o vento que parecia vir de todas as direções. Aos poucos Zara se amaldiçoou por não ter trazido o casaco com o qual viera do Polo Norte.

Quando chegaram juntas à porta do Templo, Zara sentiu um arrepio por todo o seu corpo e seus pelos se eriçaram. Sozen não parecia muito confiante de entrar lá, mas ambas sabiam que precisavam.

O vento que batia no templo e passava pelas brechas soltava um estranho assobio que Zara tentava ignorar. A menina olhou ao seu redor para encontrar alguma fonte de água, mas só havia o mar. Certamente não conseguiria dobrar agua que vinha de tão longe, precisaria confiar-se em sua dobra de terra caso algo acontecesse.

Depois de muita hesitação, Zara finalmente tomou coragem de abrir as portas do templo, mas não entrou. Lá dentro estava escuro demais, e os quatro andares superiores pareciam que iam desabar a qualquer instante.

Zara deu um passo adiante antes que desistisse por medo. O templo estava escuro demais para ser visto com clareza, apenas pequenos raios da luz lunar conseguiam entrar pelas brechas das janelas fechadas. Zara dava passos silenciosos, assim como Sozen.

Airon acordou assim que o sol nasceu. A fogueira havia se apagado sozinha e Gumo dormia num canto. O rapaz deitou-se de volta, irritado por sempre acabar acordando cedo demais, quando finalmente percebeu algo estranho. Zara e Sozen não estavam lá.

Levantando-se num pulo, Airon correu para fora da caverna e olhou para os lados, desnorteado.

– Droga! – Praguejou correndo o mais rápido que pôde em direção ao templo. – Eu devia ter percebido! – Amaldiçoava-se.

Ela estava olhando para lá o tempo todo, eu não devia ter deixado passar mais de um dia aqui nessa maldita ilha. Pensava irritado, entrando em desespero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!