Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 42
Cap 41: Surge a Lotus Branca




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Seu corpo estava esgotado, embora sua mente e espírito estivessem intactos.

Gumo suspirou, entristecido, e a segurou no colo. Avalon não sabia o quê fazer, como fazer. Sentia-se totalmente alheio ao mundo ao redor de Zara, e ser um peso morto era algo que o ofendia profundamente.

No dia seguinte, quando Zara acordou, Avalon já não estava lá.

Acordou no seu quarto com a grande silhueta negra de Sozen deitada ao seu lado, com os olhos fechados e a respiração compassada, e Gumo do outro, sentado numa cadeira e olhando janela a fora. Lembrava-se de pouco do que havia acontecido, estava preocupada com Airon.

A noite já havia caído, e Zara sentia-se esgotada.

– Gumo... - Chamou com a voz baixa, e o menino logo voltou-se para ela. - O que você sabe sobre Pa'Akay? - Perguntou. Há algum tempo não pedia ajuda ao amigo, e naquele momento sentia-se eternamente grata pela amizade dele.

– A dor no mundo. - Ele falou com a expressão triste. - Dizem que Pa'Akay é a encarnação do espírito da dor no mundo. - Completou. Zara parou um pouco, pensativa.

– Eu conheci a Princesa Litta, Gumo. - Revelou Zara, sentindo-se um tanto culpada por não ter dito a ele no mesmo dia que aconteceu. Ele parecia mais interessado.

– Como assim? - Perguntou.

– Na casa de Tenzin, Sozen me levou ao mundo espiritual, e ela estava lá. - Disse. - Estava triste, dizia que esteve me esperando desde quando eu era Aang, e o próprio Aang apareceu lá...

"Ela era Pa'Akay, a encarnação da dor, assim como eu sou a encarnação do Avatar. Pelo que entendi, Aang a deixou morrer, e assim outro Pa'Akay nasceu... Se chama Phelia."

Zara parou de falar por algum tempo, deixando o amigo processar as novas informações.

– Como ela era? - Ele perguntou depois de algum tempo, com um sorriso triste e nostálgico no rosto.

– Linda. - Disse Zara. - Com os cabelos claros, e olhos cor de caramelo. Estava vestida de branco quando eu a vi. Mas estava sempre muito triste... Devia estar um pouco aliviada por parar de sentir dor... Mas...

– Triste por uma criança ter tomado o seu lugar... - Completou Gumo, e Zara assentiu. - Assim, tudo faz sentido. - Ele disse, e logo Zara se interessou.

– Tudo o quê? - Perguntou Zara.

– Pa'Akay está sempre sentindo todas as mais terríveis dores que o corpo humano permite que sinta. - Explicou. - A unica maneira de diminuir essa dor, como uma anestesia, é atravez do chi de outras pessoas. Quando mais chi, mais tempo se passa com alívio da dor, e quanto mais quente o chi, menos dor de sente. Significa que...

– Que alguém está alimentando Phelia, para amenizar a dor dela. - Completou Zara, sentando-se na cama. - Alimentando com dobradores, e principalmente de...

– Fogo. - Completou Gumo. Eles se entreolharam por longos segundos, quando uma lágrima inesperada escorreu pelo rosto de Zara. Gumo sentou ao lado dela na cama. - O que foi? - Perguntou com a expressão triste.

– Airon. - Disse a garota. Gumo suspirou, preocupado. - Precisamos sair daqui. Gumo... Eu preciso fazer alguma coisa. - Falou, a voz estava intensamente triste e preocupada.

Fazer as pazes com Li foi mais difícil do que parecia. A mulher não olhou mais para Zara com os mesmos olhos, era como se finalmente tivesse percebido que Zara era o Avatar. Os treinos de dobra de metal eram muito difíceis para Zara.

– Você dobrou metal no estado Avatar. Significa que você sabe essa dobra. - Dizia Gumo para incentivá-la. Por alguns segundos quase funcionava. Dois dias se passaram e Zara não fez mais que erguer alguns pedaços pequenos de metal.

Na tarde do terceiro dia, alguns visitantes apareceram.

– Li. - Chamou Dofu. Zara e Li estavam treinando no dojo da mansão, enquanto Gumo assistia e incentivava a garota. - Querem entrar. - Disse gesticulando para Zara e todo o seu treinamento. A Avatar estava com uma calça preta e um top da mesma cor, descalça e com os fios curtos presos num rabo de cavalo pequeno, exceto as mechas da frente que não alcançavam a parte de trás da cabeça.

Antes de deixar que os visitantes entrassem, Zara vestiu um colete do Reino da Terra e amarrou uma faixa na cintura, para cobrir-lhe o torso semi-nu. Assim que permitiu a entrada, um garoto com cerca de 17 anos entrou no dojo, seguido por uma mulher em seus 35, e um senhor, já tendo aparentemente mais de 60. Todos usavam roupas do Reino da Terra, e todos tinham um broxe muito bonito, branco e brilhante, embora discreto.

Poderia passar despercebido à alguns, mas não a Zara. Reconheceu o símbolo assim que os viu.

– Lotus Branca. - Disse a garota, demonstrando estar, supostamente, um passo a frente deles. Li e Gumo se entreolharam, mas nada sabiam sobre uma flor de lotus branca.

O senhor que entrara por último tinha a cabeça completamente raspada. Literalmente completamente raspada, pois não tinha barba, cabelo, ou sequer sobrancelha. Era um homem de aspecto muito peculiar, e vestia roupas nobres, com detalhes que, nas classes mais baixas seriam amarelos, eram dourados. O broxe era aproximadamente do tamanho de uma unha, e não brilhava, ou chamava nenhuma espécie de atenção. O senhor usava óculos, estes com uma armação simples, lentes redondas e um fio de uma haste à outra, para que pudesse mantê-lo pendurado no pescoço.

A mulher era estonteante. Ela tinha a pele negra e olhos esverdeados como esmeraldas. Os cabelos eram de um tom tão claro de loiro que era praticamente branco. Os fios eram curtos como os de um rapaz, exceto na lateral esquerda da cabeça, onde uma mecha maior pendia amarrada por um enfeite dourado de metal. Usava um kimono verde com a faixa dourada que cobria todo o seu corpo, e o broxe da Lotus Branca repousava sob seu peito.

O rapaz, que entrou primeiro, usava uma roupa completamente preta por baixo de um sobretudo verde claro, que era preso folgadamente por uma faixa dourada com um grande laço folgado e bem feito. Ele tinha a pele bronzeada e os cabelos grandes, negros, assim como seus olhos. Usava óculos com lentes retangulares, e tinha as mãos nos bolsos do sobretudo. Era magro e tinha um aspecto inteligente porém emotivo que decepcionou um pouco Zara. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo alto, com um trança até perto da nuca. O broxe da Lotus Branca repousava no centro de seu laço.

– É um grande prazer revê-la, Li. - Disse o senhor. Zara fitou Li de canto, sem entender o que se passava.

– Pena que não posso dizer o mesmo, já que não me lembro de você. - Disse a mulher, austera e clara como sempre.

– Ah, eu não a culpo. - Ele disse com um suspiro nostálgico, que pareceu um tanto quanto falso para Zara. - Eu era amigo de sua mãe, me chame de Fong. - Pediu com educação. Ele deixou um silencio desconfortável no ambiente, esperando que Li falasse algo, mas ela apenas ergueu uma sobrancelha, fitando os outros dois.

– Perdoem-me a falta de educação. Estes são Masi e Kaiksa. - Disse apresentando o rapaz e a mulher. Ele encarou Li com um sorriso travesso por algum tempo, e olhou para Zara e Gumo.

– Estes são Zara e Gumo. - Disse Li, repetindo sarcasticamente a apresentação de Fong. Ele encarou Zara por um longo momento, seguindo os olhos para Gumo.

– Vejo que está treinando a garota. - Ele disse, se aproximando de Li, e falando de Zara como se ela fosse uma qualquer. Foi quando ela percebeu que não sabiam sobre ela. Não faziam ideia de que ela era o Avatar.

– Não precisa ser muito gênio para deduzir, mas parabéns. - Bufou Li. Estava estressada por um orador burocrático ter interrompido sua aula.

– Sabe que nós viemos todo esse tempo tentando fazer nossos melhores dobradores de terra aprenderem à..

– Dobrar metal? - Interrompeu Li, e soltou uma gargalhada forçada e grosseira que, por um momento, agradou Zara. - Por favor, você mauricinhos nunca vão dobrar metal. Me admira que tenha dobradores de terra. - Insultou a mulher, sem ligar para os olhares assustados de Gumo e Dofu, muito menos para os ofendidos de Masi e Kaiksa.

– É uma pena temperamento tão difícil na única dobradora de metal do mundo... - Ele disse, fechando os olhos dramaticamente enquanto fazia sinal de negação com a cabeça. - Sua mãe estaria...

– Muito orgulhosa.- Sussurrou Zara, interrompendo acidentalmente a discussão dos dois. Só então Fong virou-se para a garota e a fitou dos pés à cabeça.

– E você é... ? - Ele perguntou ainda com o sorriso sarcástico, insinuando invalidez para com a garota.

– Alguém que você nunca vai ter debaixo de sua asa, Jhen Fong. - Disse Zara com um sorriso quase maligno.

– Eu não lembro de ter dito o meu primeiro...

– Não disse. - Interrompeu Gumo com um sorriso orgulhoso. Zara estava aprendendo a acessar as memórias de Aang, e acreditava que aos poucos, alcançaria as memórias de avatares anteriores.

– Ou melhor... Debaixo de suas pétalas. - Corrigiu Zara.

Conforme os milésimos de segundo se passavam, Zara analisava o chi dos três. Era fácil saber que Fong e Kaiksa eram dobradores, pois seus chis eram mais fortes que os de Masi.

– Como se me valesse de algo. - Ele retrucou, sem saídas válidas para os argumentos da menina.

Gumo soltou uma risada baixa e pomposa que atraiu o olhar de Masi. Ele passava os olhos de Gumo para Zara, e vice-versa. Estava preparado para conhecer Li, havia lido tudo o que podia sobre ela, e era nela ela que suas atenções deveriam, supostamente, estar focadas.

Fong parecia irritado com os dois, mas logo voltou-se com a expressão mais calma para Zara.

– Com conseguiu fazê-la ensinar? - Perguntou, e Zara sorriu de canto, olhando para Li e para Gumo antes de encarar o homem mais uma vez. Sentia seu chi gelado, e o de Kaiksa quente.

– Talvez tenha sido o meu charme. - Disse brincando, e vendo seus amigos rirem. Até Dofu, que apenas assistia a cena, começou a rir.

Fong suspirou e apertou as mãos diante de seu corpo. Zara sentia o chi dos dois, e por alguns segundos fechou os olhos para ver a cor deles.

– Olhe pelo lado bom, ela não tem nada para te ensinar. - Zara disse, misteriosa. Masi franziu o cenho por alguns segundos, assim como Fong. A outra mulher não demonstrava emoção alguma, mas a confusão nos rostos de todos os outros a fez rir um pouco. - Metal é coisa de dobrador de terra, Jhen Fong. Você não dobra a terra. - Ela disse rindo.

– Ele não dobra nada. - Falou Masi, cruzando os braços diante de si. Por alguns segundos Zara pensou ter errado e soltado uma informação errada. Mas o olhar estupefato de Fong não lhe desmentiu.

– Mesmo? - Zara perguntou encarando Masi, e logo voltou-se para o senhor, aproximando-se um pouco dele. - Que pena. - Falou por fim, virando-se de costas e indo até gumo para pegar uma garrafa com água e tomar alguns goles.

– Quem é você? - Sussurrou Fong. Li suspirou, entediada com toda aquela conversa.

– Ora, vamos. O que veio fazer aqui, Fong? - Ela bufou, chamando mais uma vez a atenção dele. Por mais alguns segundos, ele encarou Zara. Ela estava de costas para ele, olhando-os por cima do ombro com um sorriso vitorioso no rosto.

– Bem... - Começou, voltando-se para Li. - Sabe que o novo avatar já deve ter quase 17 anos, Li. Nós estamos enviando equipes de busca para o Polo Norte e para o Polo Sul a partir da semana que vem, e queremos... gostaríamos, que você ensinasse a dobra de terra e a de metal. Temos os melhores dobradores de fogo e água do mundo, e buscamos por Tenzin para a dobra de ar, as realmente achamos que você seria a melhor para ensinar a dobra de terra. - Falou. Li parecia quase boquiaberta, mas reteu-se num sorriso trapaceiro.

– Parece que ela está alguns pequenos passos na frente de vocês. - Disse Zara, endireitando a postura e voltando-se mais uma vez para os três. Colocou as mãos atrás do corpo e levantou a cabeça, quase que autoritariamente. Gumo sentia uma chama de orgulho queimar-lhe o peito ao ver Zara, aquela menina que há dois anos treinava dobra d'água com ele, inflar o torso com tanta maestria em sua dobra.

Fong a encarou quase desentedido, mas logo endireitou a postura. Kaiksa abaixou a cabeça e cerrou os olhos brevemente, quase desconfiada.

– Perdoe-me. - Pediu Fong após alguns segundos, fazendo uma reverência. Zara olhava-o de cima a baixo mais uma vez.

– Então, Jhen Fong... - Comentou a Avatar. - Por quê não contar ao seu... companheiro... que você é dobrador? - Perguntou. O homem fechou os olhos por alguns segundos e sentiu o olhar de Masi recair sobre si.

– Na verdade... - Disse Masi, se aproximando do senhor. - Ninguém sabia. - Concluiu.

Fong suspirou pesadamente.

– Pelo visto temos uma grande mudança de planos. - Disse com a voz cansada.

Zara começava a perceber coisas repentinamente. Sentia e enxergava o chi de fong, e dele emanava o gelado e fluído tão conhecido pela menina, a dobra de água. Mas havia algo num tom escuro de marrom, que ficava entre o chakra do seu pescoço e o do peito. Algo que impedia o azul de chegar às mãos...

– Você não dobra a água. - A menina sussurrou, deixando uma lágrima lhe escapar. Quase podia sentir a dor de ser um dobrador e não ser apto a dobrar.

– Não mais. - Ele corrigiu, e a encarou por longos segundos. - Avatar, se importa de darmos uma caminhada? - Perguntou o homem, e Zara prontamente negou, acompanhando-o porta a fora com toda a curiosidade que podia oferecer.


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Notas finais do capítulo

A fic está ficando grande demais, sei que é difícil acompanhar. Vou diminuir a postagem e aumentar os capítulos, para acabar mais rápido. Vocês já devem estar fartos de mim... ^^'