Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 22
Cap 21: Encontrando Muraoka




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– Avatar, agradeço-lhe pela oportunidade de estar aqui, tem a minha palavra de que não guiarei ninguém por este mesmo caminho. Não revelarei a ninguém a entrada para este templo. – Disse Avalon, deixando a jovem Avatar ainda mais constrangida. – Não me sinto com permissão de estar aqui. – Sussurrou por fim, num tom de voz quase triste e decepcionado.
Zara se ajoelhou diante dele, que pareceu quase desesperado por ter o Avatar se pondo naquela situação. Ela o encarou ternamente, quase não parecia ter a idade que tinha.
– Avalon, primeiro filho de Gorion e de Azana, a Bastarda de Ozai. – Ela começou a falar quase carinhosamente. – Você está me ajudando em minha missão. Você é merecedor de um pouco mais do que ter suas cicatrizes curadas, e ter permissão para estar aqui. – Concluiu o raciocínio e levantou-se. – Agora faça o favor de levantar para continuarmos. Deve estar próximo ao meio dia e estou com fome. – Ela falou quase brincando com ele.
Avalon a olhava estupefato. Levantou-se sem tirar os olhos da garota, que agora dava-lhe as costas, caminhando pelas estranhas ruas do templo enquanto procurava algo que pudesse dar-lhe algumas pista. Ele só não sabia se era de comida ou do monge.
Não estava próximo do meio dia, mal havia dado dez da manhã quando chegaram ao topo. Zara e Avalon procuraram algum sinal de vida durante a manhã inteira. Havia um pátio repleto de troncos de madeira relativamente finos, onde Zara imaginou que fosse precisar treinar a dobra de ar. As torres pontudas lhe chamavam atenção, ela não imaginava como haviam construído aquele lugar.
Foi por volta das duas horas da tarde que finalmente encontraram algo. Quase atrás da montanha, uma construção muito simples soltava uma fumaça quase imperceptível. Zara e Avalon se entreolharam, hesitantes, antes de se aproximarem um pouco, silenciosamente.
Era uma casinha pequena, que não combinava com as construções do grande templo. Era de pedra amarelada e tinha o telhado de telhas esverdeadas, assim como as outras construções, mas em seu topo havia uma chaminé, e as portas eram de madeira clara e velha.
Quanto mais se aproximavam, começavam a ouvir uma voz feminina reclamando docilmente com algo. "Ora, mas que bagunça que você fez!" Disse a voz, seguido de um suspiro. Avalon ficou para trás por um momento, enquanto Zara se colocava diante da porta.
– Ikki, você vai pra fora, agora! – Disse a voz feminina. No instante em que Zara ia bater na porta, a mulher a abriu, colocando para fora um lêmure que saiu saltitando e se pendurando pelo templo. A mulher ficou estupefata, encarando Zara, e vice-versa.
Tinha cabelos compridos e pretos, olhos grandes e também escuros. A pele clara parecia macia, e as roupas eram de tons de laranja e amarelo. Era uma nômade do ar. Ela parecia que ia começar a falar algo, até que seu olhar se prendeu à Avalon, atrás de Zara.
– O que um Militar da Nação do Fogo faz aqui? – Perguntou a mulher, mas não com um tom de raiva, apenas curiosa. Tinha a voz calma e agradável.
– Ele me trouxe aqui. - Disse Zara, olhando de canto para Avalon para em seguida fitar a mulher, enqaunto sorria gentilmente.
– E quem seria você? - Perguntou mais uma vez, virando-se por completo para Zara.
– Desculpe. - Falou a jovem Avatar, juntando os punhos diante do corpo e fazendo uma breve reverência para a mulher. - Meu nome é Zara, venho do Polo Norte. E este é Avalon, da Nação... do Fogo. - Disse, sentindo-se tola por repetir a informação que a própria mulher já tinha dito.
A mulher a encarou por algum tempo, e com um sorriso simpático pediu que entrassem. Tratava-se de Muraoka, que de início não revelou muito sobre si. A mulher ofereceu comida para os dois em sua pequena e aconchegante casa, que estava bagunçada graças ao pequeno lêmure.
Zara contou-lhe a história dos desaparecimentos, e deixou para revelar a sua identidade apenas no fim. Muraoka não pareceu nada surpresa, e fitava os dois com expressão sincera e sábia. Estavam sentados no chão, num circulo, enquanto tomavam um chá que Muraoka fazia com as ervas da montanha.
– Mas o que uma menina da Tribo da Água do Norte tem a ver com tudo isso? - Perguntou Muraoka a certa altura da conversa. Zara a encarava fixamente, pensando em como revelaria sua identidade para aquela mulher. Sentia que Muraoka era a única que poderia guiá-los até um monge.
– O mundo inteiro tem tudo a ver com isso, Senhora. - Disse a garota, chamando a atenção mesmo de Avalon, que estivera distraído com pensamentos durante toda a conversa das duas mulheres.
– Eu gostaria de entender a razão. - Falou então Muraoka, incentivando Zara a continuar a sua fala. A garota pensou por algum tempo.

– É por causa do pouco caso de resto do mundo, que situações como essas ainda ocorrem. As pessoas não deviam depositar a culpa e a responsabilidade apenas no Avatar. – Disse Zara, pensativa. – Se alguém está fazendo isso, foi por influência de outro alguém, e esse alguém não sou eu, nem você, nem ele. Nenhum de nós tem culpa, assim como as vítimas também não. A próxima vítima pode ser eu, você, ou ele, que não temos culpa. Então todos nós temos tudo a ver. – Concluiu.

Muraoka a fitou durante um longo instante.

– Tudo bem, eu te ajudo. – Falou a mulher, deixando Zara e Avalon sem entender. Muraoka olhou para os rostos confusos dos dois antes de rir um pouco. – Achavam mesmo que eu não sabia que você é o Avatar, Zara? – Perguntou a mulher, deixando a jovem Avatar sem palavras por um instante.

– Vai nos ajudar a encontrar o monge? – Perguntou Zara, hesitante e fazendo a mulher rir.

– Não sei se te agrada, mas posso oferecer uma nômade do ar bastante experiente. – Ela disse levantando-se e colocando sua xícara na pequena pia. – Agora descansem aqui enquanto eu vou separar algumas coisas. Começamos amanhã.

Muraoka não se demorou mais de alguns segundos na cabana, e logo Zara e Avalon estavam sozinhos. Um clima tenso surgiu, mas Zara o ignorou, estava cansada psicologicamente, e sentia falta da criatura negra e peluda ao seu lado. Suspirou quase em total silêncio, antes de ir lavar sua xícara e a de Muraoka, que estava na pia.

Ela tinha aquilo. Ela tinha aquele jeito pessoal e íntimo de lidar com a situação. Zara era uma garota que sabia impor seus limites melhor do que qualquer um que já vi. Tentar entende-la era como invasão de privacidade, e pensar em pergunta-la era quase uma agressão física. Ela me deixava sem opções a não ser esperar quieto. Ela havia me trazido para aquele lugar fabuloso, havia curado minhas cicatrizes e aberto alguma coisa lá fundo, alguma coisa que esteve sempre fechada.

A tarde estava próxima do fim e Zara estava meditando enquanto Avalon permanecia sentado encostado no canto da parede, aparentemente adormecido. Muraoka ainda não havia voltado, e a jovem Avatar estava com muito sono.

Talvez não tenha problemas eu dormir na cama dela...

Pensou, olhando para a cama diminuta de Muraoka. Decidiu que não podia, seria invasão de privacidade demais. Então Zara sentou-se ao lado de Avalon, no chão, e deitou-se em seu colo, não demorando para adormecer.


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