Guardiã da Insanidade escrita por Rocker, valdz


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Sentimos muitíssimo pela demora, mas é que a criatividade tinha realmente nos abandonado, foi super difícil escrever, mas os próximos não vão demorar muito. E obrigada pelos reviews que tivemos no primeiro capítulo ;) Ah, a foto no início e da fantasia da Alex, okay?! XDD
Rocker.



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Capítulo 2

Alex

Saí do banheiro enrolada na toalha, e fitei-me no espelho. O mesmo de sempre. Cabelos castanhos e longos, olhos verdes vivos, baixinha e rosto delicado. Não que eu não gostasse da minha aparência, mas às vezes eu sentia uma vontade louca de mudar alguma coisa em mim. Só para não parecer tanto com minha irmã. Suspirei profundamente e fui colocar a fantasia.

Hoje, eu e Petti fazíamos treze anos. Ela havia implorado para papai - já que mamãe é muito rígida - fazer uma festa a fantasia em comemoração. Ainda lembro-me de sua fala fajuta que usou para ele se irritar e aceitar o pedido dela.

– É uma questão de vida ou morte, papai... - sussurrei, nervosa, imitando a voz fina e irritante de minha irmã.

~*~

Assim que terminei de vestir a fantasia que havia escolhido, fui à frente ao espelho, fitando-me mais uma vez.

Uma camisa com mangas, de um cinza meio empoeirado e ruço. Um short curto, preto com as pontas desfiadas e o tecido meio gasto. Uma bota de couro que ia até acima do joelho, em uma cor indefinida entre o vinho e o roxo escuro, uma fivela cinza, com duas aberturas no par direito e uma no esquerdo. O braço esquerdo estava enfaixado e a faixa gasta estava suja de tinta vermelha, como se fosse sangue. Uma capa cinza, gasta, rasgada e suja com a mesma tinta, cobria a peruca de cabelos negros e longos e os ombros. E, para finalizar a dark fantasy, um cetro que era maior que eu, dourado e com argolas na ponta.

Minha irmã surtou quando soube que eu usaria minha fantasia preferida, mas eu nem liguei. Eu disse que se ela me obrigasse a ter minha festa de treze anos como fantasia, teria que me aguentar usando isso. Chegava até a ser engraçado. Eu como uma guerreira noturna, e ela provavelmente como uma princesa. Ainda tive que ouvi-la me ameaçando, dizendo que eu iria pagar por estragar a festa dela desse jeito. Como se usar uma fantasia assim em pleno Halloween fosse crime!

Sorri, satisfeita com a fantasia, e saí do quarto - e dei de cara com Petti. Ela estava cômica. Não me segurei, e ri com vontade.

Ela estava com o cabelo metade liso metade encaracolado, seu vestido rosa e alaranjado era todo bufante e cheio de “brilhinhos”, e seu salto era exageradamente alto. Sua maquiagem estava incompleta no lado direito, seu brinco era horrível de tão grande, e seu colar era pior ainda. Ela ainda usava uma coroa rosa choque no alto da cabeça, e na sua mão estava um pequeno cajado dourado, com uma pedra no topo, azul. Ela me fitou furiosa, e saiu batendo o pé, mas no meio do seu caminho, ela quebra o salto e cai, fazendo com que o vestido caia todo para frente. Eu caio na gargalhada, caindo de joelhos de tanto rir. Ela bufou frustrada e foi para seu quarto, irritada.

~*~

Eram oito horas da noite, algumas pessoas já invadiam a sala principal do lugar que meu pai havia alugado. O lugar era enorme. Era como uma casa; havia a cozinha, a sala de estar, alguns quartos, banheiros e até uma piscina. Tudo de mármore branco, parecendo um lugar celestial. Eu fiquei maravilhada, mas Petti insistira em enfeitar tudo do jeito mais brega existente. Pouparei os detalhes para evitar um pdv– ponto de vômito.

– Alex! - chamou-me alguém.

Girei a cabeça na direção da voz e vi Willian e Jamie. Um de Jack Sparrow e o outro de Jack Frost. Que fofos!

– Willian! Jamie! - exclamei animada, abraçando-os.

– Belo lugar. - disse Willian, depois de se aproximar de mim, obsevando o lugar.

– Parece tudo de gelo... - sussurrou Jamie, o tom de encanto.

– Sim, parece. - disse eu, depois de rir. - Mas nada que minha irmã não tenha conseguido estragar. - brinquei, dando uma piscadinha para eles.

– Então... O que achou da nossa fantasia? - perguntou William, apontando para ele e para o primo.

– Lindos. - exclamei com um sorriso, envolvendo os dois em um abraço lateral. - Os dois Jack’s da minha vida!

Eles riram e eu acompanhei.

~*~

Quando percebi, já era uma da madrugada. Algumas crianças foram pra casa, como Jamie. Agora, só havia adolescentes pela casa toda. Os adultos sumiram. Os garotos bebendo energético - não que alguns não tenham conseguido batizar a bebida -, as meninas dançando ridiculamente para chamar a atenção deles, outros encharcando a casa por conta da piscina, algumas coisas quebradas pelo chão, nos quartos havia algumas pessoas se pegando... Aqui parecia uma boate. Era traumatizante.

Resolvi comer o bolo, todos estavam distraídos mesmo.

Caminhei até a enorme geladeira, e retirei o bolo coberto por chantili branco, com alguns morangos por cima como decoração, tradicional. O coloquei sobre o balcão no centro da cozinha e procurei um garfo. Quando voltei a minha antiga posição, o bolo havia sumido. Quer dizer, a plataforma que o segurava ainda estava lá, mas o bolo... Puf!

– Mas que droga! - gritei, jogando o garfo no chão. - Droga de festa! Droga de aniversário! Droga de...

– Epa, epa, epa! - ouvi alguém atrás de mim. Olhei para trás, e não vi ninguém, mas quando me virei para frente novamente, dei um grito com a proximidade de Jack Frost, comigo. O Jack Frost real desta vez. - Calma.

Respirei fundo. - Jack Frost?

Ele assentiu com a cabeça e eu abri um sorriso. Ele retirou algo detrás de suas costas. Uma fatia de bolo inteirinha.

– Mas como...

– Ser invisível, às vezes, tem suas vantagens. - ele sorriu para mim.

– Pode ficar para você, Jack.

– É de que sabor?

– Acho que... Chocolate amargo.

– Não gosto. - ele fez uma expressão de nojo. Dei uma pequena risada. - Pode ficar.

– Obrigada. - sussurrei, e agarrei o pratinho com o bolo, caminhando em direção as escadas. - Você vem?

– Ahn... Claro!

Eu ia subindo as escadas, comendo o bolo, em silêncio. Finalmente havíamos chegado ao último andar, infelizmente, vi Petti no corredor. Ela conversava com um garoto.

Ignorei quando eles olharam para mim, e continuei andando.

– Hey! - gritou novamente, alguém atrás de mim. Virei, enquanto revirava os olhos. - Segura aqui pra mim?

Revirei os olhos novamente, e agarrei o copo, enquanto o garoto corria na direção do banheiro. Aquela bebida cheirava bem...

– Não beba. - ordenou Jack ao meu lado.

– Por que não?

– Não. Beba. - disse ele entre dentes.

– Ah, mas a festa já está uma droga mesmo... - e eu meti o líquido garganta abaixo, ignorando as instruções de Jack.

A bebida queimava meu pescoço, meu estômago. Meus olhos ficaram embaçados, minha boca seca, minha cabeça doía. Minha mente se esvaiu de qualquer pensamento. Quando dei por conta, já havia voltado ao normal.

– Viu? - respondi á Jack, rouca. - Estou bem.

– Se você diz. - ele deu de ombros.

– Pirralha, vai limpar lá embaixo, e para de falar sozinha. - Petti ordenou.

Cara, tudo que eu mais odeio é receber ordens, ainda mais da vaca da Petti. Toda minha raiva e ódio por ela se acumularam, e agora, iriam explodir à qualquer momento.

– Cale a sua boca! - gritei, irritada.

– Cale você, idiota! - berrou de volta. - Agora vou retocar minha maquiagem. Melhor do que discutir com uma morta-viva.

Ela riu, e caminhou até o banheiro. Eu puxei meus cabelos, e corri escada á baixo, pegando uma faca na cozinha, pensando em pegar mais um pedaço de bolo, pra tentar ignorar a dor de cabeça que começava forte atrás dos olhos, e fingir que minha irmã não existe.

– Ela é chata assim mesmo? - perguntou Jack, vindo atrás de mim.

– Você não tem ideia. - resmunguei de volta, antes de perder a linha de raciocínio.

~*~

E a próxima coisa da qual eu me lembrei, num flash de alucinação, foi que eu estava em um banheiro. Flashes assumiam o comando da minha mente, e eu não tinha qualquer consciência do que eu estava fazendo. Eu apenas sabia que tinha sangue. Muito sangue. Escorrendo pelas paredes, manchando a capa da minha fantasia e as faixas que envolviam meus pulsos.

E então, de repente, sem mais nem menos, eu estava com minha irmã no banheiro. Ela estava jogada no chão, suja de sangue, com um ferimento horrível aberto no meio da coxa e um no abdómen. A faca que eu tinha pego pra comer outro pedaço de bolo estava ainda em minha mão. Mas estava também suja de sangue. E então, antes que eu pudesse raciocinar novamente, meus pais entraram no banheiro, gritando comigo, me insultando e me olhando como se eu fosse insana.

Minha irmã estava no hospital, seus ferimentos eram graves. Eu estava na delegacia. Estavam discutindo para onde eu iria. Fizeram alguns exames e disseram que eu havia ficado uma louca psicopata, e que ficaria em um manicômio judicial durante três a cinco anos. Que ótimo, eles não perdem por esperar.


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