Em nenhum momento me deu sono, não demorou muito e o dia amanheceu. Logo o pessoal começou a descer as escadas sonolentos.

–Bom dia. – Mary Ann e Katerina falaram pra mim.

–Vou tomar um banho e a gente sai Dallas. – falei e subi as escadas, ignorando as meninas.

Entrei no quarto das meninas, peguei uma roupa e entrei no banheiro. Tomei um banho gelado e me vesti.

Desci as escadas correndo e vi Dallas todo arrumado junto com Lucy, Trevor e Tyler.

–Vamos? – perguntei pegando uma maçã em cima da mesa. – Ainda tem gasolina no carro na volta a gente coloca mais.

Lucy, Dallas, Tyler e Trevor assentiram.

–Pera aí, vocês vão? – perguntei me referindo aos três indivíduos que estavam perto da porta.

–Sim, eu os chamei, podemos precisar de ajuda e Kate concordou em cuidar da casa e da Mary Ann e da Katerina. - Dallas disse.

Dei de ombros, peguei meu facão e me despedi das duas que estavam sentadas comendo.

Eu fui dirigindo, Dallas sentou no banco do passageiro, Lucy, Trevor e Tyler sentaram no banco de trás. Todos nós estávamos com facões.

Dallas disse exatamente o local que ele havia visto a delegacia e segui para lá.

–Eu entro primeiro e depois ligo e tento me comunicar, ok? – Dallas disse.

Eu e Lucy assentimos.

Dirigi o carro até um beco escuro e fiquei esperando a ligação de Dallas.

De repente meu celular começou a tocar.

–Alô? – falei.

–Kimberly, aqui está vazio só alguns zumbis na frente da porta da delegacia, câmbio desligo. – Dallas disse e deu uma risadinha no final da frase.

“Câmbio desligo”? Esse menino andou se drogando?

–Ok, então vamos? – Lucy disse quando eu parei o carro na frente da delegacia.

–Cara, esses zumbis são uns burros, eles não perceberam que a gente tá aqui. – falei.

–Alguém vai ter que chamar a atenção deles. – Tyler disse.

–Eu vou. – eu e Trevor dissemos juntos.

–Tudo bem, tomem cuidado. – Lucy disse.

Saímos do carro e eu olhei para Trevor.

–Pronto? – perguntei.

–Pronto.

–EI ZUMBIS! VEM CÁ VEM, ME COMAM, MERDA DE DUPLO SENTIDO! – gritei e sai correndo para trás da delegacia.

–SUAS COISAS LINDAS, VENHAM AQUI! – ouvi Trevor gritar vindo atrás de mim, os zumbis estavam nos seguindo, quando nós chegamos atrás da delegacia a gente começou a matá-los e logo depois veio Lucy e Tyler para nos ajudar.

–Está tudo bem com vocês? Não foram mordidos nem arranhados, certo? – Lucy perguntou.

–Não, estamos bem. – Trevor disse voltando para frente da delegacia onde Tyler e Dallas estavam.

–Algum problema? – perguntei.

–A porta da delegacia já foi aberta e tem um morto ali, por isso os zumbis estavam ali, alguém já veio aqui e deixou ele para trás. – Dallas disse andando até o morto, eu fui logo atrás.

–Ele tá aí faz muito tempo? – Lucy perguntou vindo com Trevor até o morto.

–Não, no máximo uma hora. – eu digo agachada ao lado do cara.

–Como você sabe? – Tyler me perguntou.

–Vejo CSI a muito tempo, sou louca por mortes e minha mãe era perita isso ajuda um pouco. – eu disse me levantando e entrando na delegacia.

–x-

Às vezes ser louca por mortes tem lá suas vantagens... Enfim, quando eu entrei a delegacia estava toda revirada, eu olhei para trás onde meu irmão estava e lhe falei:

–Alguém já entrou aqui e provavelmente levou tudo. - falei

–Eles levaram tudo mesmo. – Tyler disse.

–Ei gente venham aqui. – Dallas gritou de algum lugar, eu segui a voz dele. –Bem, essa delegacia pelo jeito tem dois andares e temos que abrir essa porta.

–Simples, destrancamos. – Lucy disse e todos nós olhamos pra ela. – O que foi?

–A gente não tem tempo pra ficar procurando chaves para destrancar portas, só isso. – falei.

–Ah, desculpa então. – ela disse e se virou para revirar algumas gavetas.

–Ei, alguém tem um grampo? – Dallas perguntou.

–Achei um! – Lucy disse e foi até Dallas que estava descendo as escadas e lhe entregou o grampo.

–Obrigado. – ele pegou o grampo e me deu. – Toma.

–Pra que isso? – perguntei olhando o grampo.

–Sua idiota! Você é a delinquente aqui, sabe muito bem abrir portas trancadas. – Dallas disse.

–Nossa, quanto amor e carinho pela minha pessoa. – eu falei destrancando a porta com o grampo. – Pronto. – Dallas subiu e nos chamou.

–Venham até aqui! – Dallas disse com o tom voz nervosa.

Eu fui a primeira a subir.

–Meu Deus. – falei.

Ali em cima tinha uma vista linda de quase a cidade inteira, mas esse não era o problema ou o motivo de Dallas ter nos chamado aqui. O motivo era que além tinha pessoas mortas ali em cima. Crianças, adultos...

–O que... – Lucy olhou para a cena e deu um gritinho. – Meu Deus... Quem fez isso?

–Com certeza foram outros humanos, porque zumbis não seriam inteligentes o suficiente para dar tiros em humanos. – Tyler disse.

–Matar outros humanos? Por quê? – Trevor disse ficando do meu lado.

–E eles nem eram zumbis, eles eram sobreviventes. – Dallas disse.

–Mas porque trouxeram eles aqui para cima? – Lucy disse.

Todos nós estávamos prestando atenção nos corpos, depois de um tempo eu ouvi o barulho de uma arma sendo destravada.

–EI VOCÊS. – um homem gritou fazendo todos virarem para eles.

–COMO É A VIDA DE VOCÊS QUE VEM DE FININHO ATRÁS DAS PESSOAS? – eu gritei, sim, gritei não estava com medo de um cara alto, com tatuagens, fortão, metido a besta.

–Como ousa falar assim comigo garota? – ele me olhou com nojo.

–Com a boca. – respondi dando um passo a frente e mostrando a língua e logo sendo puxada por Dallas.

–Calma. – ele disse. - Não queremos brigar!

–Quem são vocês? – Lucy perguntou firme.

–Vocês que deveriam se apresentar, a gente chegou aqui primeiro. – um garoto ficou na frente do cara fortão.

Meu Deus, esse menino é lindo, olhos castanhos, cabelos castanho claro...

–Podem ir falando, depois a gente se apresenta. – o menino continuou.

–Então abaixem as armas. – meu irmão disse com voz firme e eles abaixaram.

–Agora se apresentem. – ele disse me encarando, cara, quero dar um soco nele.

Minha vida não pode ficar pior do que já estava. Poderia...?

–Bem, cada um de nós vai se apresentar, falem a idade e o nome, por favor. – Lucy disse. – Me chamo Lucy e tenho 32 anos.

–Trevor, 16. – ele disse encarando com raiva o cara tatuado, bem todos eram tatuados.

–Tyler, 16.

–Dallas, 18. E tem mais três meninas no nosso grupo, mas elas ficaram cuidando da casa que estamos. Kate de 17, Mary Ann de 15 e Katerina de 15 também.

Cara, que falta faz uma metralhadora nesses momentos, atirar na cabeça de cada um... Seria um paraíso ouvir cada um gritando de dor... Enfim.

–Anda fala. – meu irmão cutucou meu ombro.

–Porra, pra que eles precisam do meu nome? Eles não vão precisar deles mesmo depois que tentarem nos matar. – bem, medo eu tenho. Mas não to afim de demonstra-lo agora.

–Gatinha, presta atenção, fala logo o seu nome e sua idade. Se não eu estouro sua cabeça com essa minha arminha aqui. – o menino que eu achei bonitinho levantou seu revólver. – Então fale logo.

–Abusado. – falei levantando uma sobrancelha.

–Amor atira logo nessa garota a voz dela tá me tirando do sério. – uma menina disse para o garoto me olhando com nojo, que voz fina do cacete.

–Ana fica quieta. – o garoto disse.

–É Ana fica quieta. – eu disse Ana com bastante ironia se é que vocês notaram.

–Fala logo. – Tyler bateu no meu ombro

–OK, OK. Kimberly, 17 anos. – eu vi o garoto do “fala vocês primeiro” dá uma risadinha.

–Ela é a mais chata do grupo. – Dallas disse.

–Cala a boca se você não quiser morrer hoje, Dallas! – falei.

–Acho que é a hora de vocês falarem os seus nomes e idades. – Lucy disse.

–Meu nome é Justin e tenho 18 anos. – o menino bonitinho disse.

–Meu nome é Diana, mas me chame de Ana tenho 18 anos e sou a namorada do Justin. – ela disse dando um sorriso e logo depois lascando o beijo em Justin, melosos...

–John, 35, sou tio do Justin. – o cara fortão disse.

–Sou Jackson, mas me chamem de Jack tenho 17 anos. – um garoto que eu nem tinha visto ali apareceu.

–E esses dois... – John trouxe para frente duas crianças. – São Jasmine e Jason, irmãos do Justin.

De todo o pessoal daquele grupo os mais simpáticos eram as crianças.

–Foram vocês que fizeram isso? – Lucy perguntou apontando para as pessoas que estavam mortas no chão.

–Não, a gente entrou aqui pela porta dos fundos e isso já estava aqui. – Justin disse.

–Ata, claro que eu vou acreditar em vocês. – falei me virando.

–Kimberly, nada de arrumar briga. – Dallas disse me puxando pelo braço.

Ouvi aquele tal de Justin murmurar “pelo menos o irmão dela é legal”. Revirei os olhos.

–Mini–capeta olha aqui, se você não acredita em mim, foda-se. – Justin disse e se virou.

–Ei, espera, vocês tem casa? – Lucy perguntou para o grupo, mas ela olhava para as crianças.

–Não. – John disse com uma voz triste.

–Bem, se vocês quiserem dormir uns dias lá na nossa casa... – Dallas disse olhando para mim.

–Claro. – o tal de Jackson disse dando um sorriso de orelha a orelha.

–QUE? ELES NÃO VÃO DORMIR LÁ EM CASA PORRA NENHUMA. – gritei.

–Cala a boca, eles vão dormir lá sim, algum problema peste? – Dallas me olhou.

–CLARO, TODOS! UM BANDO DE ESTRANHOS DORMINDO NA NOSSA CASA? AH CLARO. – gritei novamente.

–Eles vão dormir lá. Ponto final. – Lucy disse. – As crianças precisam de um lugar confortável.

–BELA HORA PRO INSTINTO MATERNAL APARECER, NÉ LUCY? – gritei e revirei os olhos. – OK, tudo bem. Mas se eles nos matar, a culpa é de todos vocês. – eu disse e fui até a porta aonde eles provavelmente teriam entrado aqui.

Nesse momento ouvi um grito estridente vindo do lado de fora da delegacia.

–MAS QUE PORRA É ESSA? – falei e olhei por uma janela, vi que era uma menina, ela estava correndo de cinco zumbis. – MAS O QUE AQUELA DOIDA TA FAZENDO?

–Alguém tem que ajudá-la. – Jackson disse.

–Sério gênio? – falei irônica. – Me da isso aqui! – falei e peguei a arma de Justin.

Corri até a janela mais próxima e dei um soco no vidro fazendo tudo quebrar, vários pedaços de vidro entraram no meu braço. Não liguei e pulei a janela, corri em direção à menina e comecei a atirar nos zumbis, logo todos estavam mortos.

–Obrigada, obrigada, obrigada. – a menina correu até mim e me abraçou.

–Ei, me larga. – falei e empurrei a menina pra longe. – Você foi mordida ou arranhada?

–Não. – ela disse tremendo.

–Ótimo, vem comigo.

Peguei a menina pelo braço e a arrastei para dentro da delegacia. Assim que chegamos lá todos me olhavam assustados e Justin ficou me olhando maravilhado.

Joguei a menina no chão e entreguei a arma para Justin.

–Que é? Nunca me viram, não? – falei com raiva e voltei para o lado do meu irmão.

–Quem é você? – John perguntou a menina.

Ela tinha cabelos negros e olhos cinza, os cabelos dela estavam molhados e a maquiagem que ela provavelmente usava estava escorrida em seu rosto.

–Sou Amber Davis. – a menina disse tremendo.

–Quantos anos você tem? – perguntei.

–Tenho 16. – ela disse se levantando.

–Você tem um grupo? Tem alguém com você? – Lucy perguntou.

–Não, sou a única. Meus pais foram mortos na minha frente, eu consegui fugir, moro aqui perto se vocês precisarem de um lugar pra ficar... – eu a interrompi.

–Já temos casa. E acho melhor você voltar e ficar lá com seus pais. – falei com raiva.

–Ela vai ficar com a gente. – Lucy disse. – E Kimberly seja sociável.

–Foda-se. – falei.

–Pessoal... Acho que a gente fez um pouco de barulho e esquecemos a porta da frente aberta... – Tyler disse voltando para cima (quando ele tinha saído de perto da gente?) e fechando a porta com força.

–O que? – Lucy disse assustada. – Meu Deus é agora que moremos...

–Calma a gente vai conseguir sair daqui. – falei. – Eu espero... – completei em voz baixa.

–Bem aqui tem uma escada. – Justin disse apontando para uma escada de emergência do lado de fora do prédio.

–Ela está bem velha, será que vai aguenta todos nós? – John disse analisando a escada.

–Bem, se aquela gorda não for, ela aguenta. – Diana disse apontando pra mim.

–Meu Deus, eu mereço isso? Eu prefiro beijar um zumbi do que ter que aguentar ela. – eu disse olhando pro céu. – Garota, fica quieta por que se não... Eu juro que te jogo para os zumbis. - fuzilei Diana com o olhar.

–Sem briga, esse momento é sério. – John disse descendo as escadas. – Venham descendo por ordem de idade do menor para o maior.

Dos adolescentes a ultima que iria descer era a insuportável da Diana, por que ela ficou com medo de descer atrás do Justin.

Desci as escadas depois que a estranha da Amber desceu.

–Bem, pelo jeito conseguimos. – Dallas disse me abraçando e eu dei um empurrão leve nele.

–Você sabe que não rola, odeio que me toquem. – falei.

–Desde quando? - Dallas perguntou.

–Desde agora, imbecil.

A gente estava andando tentando dar a volta na delegacia pra entrar nos carros – sim, o grupo fantástico que a gente acabou de conhecer tinha um carro –, mas eles estavam cercados de zumbis...

–Eu não tenho nenhum plano no momento. – John disse nos olhando e se encostando à parede.

–Matá-los? – eu disse olhando para John.

–Vamos matá-los então. – Trevor disse erguendo o facão. – Vamos. – ele correu na direção dos zumbis e começou a matá-los.

E todos nós fomos para a zona dos zumbis e começamos a matá-los.

A gente estava conseguindo matá-los... Até que um zumbi caiu em cima de mim, ele tentava morder meu braço onde os cacos de vidro estavam com certeza porque estava ensopada de sangue.

–DROGA ALGUÉM ME AJUDA. – eu gritei tentando manter a boca do zumbi bem longe do meu braço.

–KIMBERLY! – ouvi a voz de Justin.

Ele correu até mim e arrancou a cabeça do zumbi.

–Pronto gatinha.

–Obrigada. – eu disse e matei um zumbi que está prestes a mordê-lo por trás. – Pronto.

–Agora você não está me devendo nada, poxa. – ele fez uma cara triste.

–Dá para os pombinhos nos ajudarem aqui? – ouvimos a voz de Tyler, olhei pra ele e vi que ele estava ajudando Amber que estava com cinco zumbis avançando nela.

A gente conseguiu matar todos, então nós guardamos as nossas armas nos carros e fomos em um posto de gasolina e depois fomos para casa.