Zumbilândia - Matar ou Morrer. escrita por The Huntress


Capítulo 26
Salvar crinças é um desafio.


Notas iniciais do capítulo

Oe pessoas :) eu estou MUITO feliz com o comentário dessas três pessoas > MariCota3010, Lady Riddle Malfoy, Luna Wolfstein, obrigada mesmo gente, o comentário de vocês me motiva a continuar escrevendo :3



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Justin

O carro deu um solavanco, fazendo minha cabeça bater no vidro da janela. Abri os olhos e percebi que havia caído no sono, Kimberly estava ao meu lado, ela piscava os olhos incontrolavelmente como se estivesse tentando tirar um cisco ou impedir que lágrimas caíssem. Olhei para o banco de trás e vi que Erika e Drake estavam dormindo tranquilamente. Kimberly parou o carro no meio da estrada e simplesmente saiu do carro, ela sentou no meio da pista e fechou a porta do carro, não sei se ela havia percebido que eu estava acordado, mas se percebeu simplesmente não ligou para isso.

O fato de Kimberly estar sentada no meio da rua teria me incomodado se fosse a alguns meses atrás, mas agora, eu só estava estranhando o motivo dela estar daquele jeito. Sai do carro sem fazer muito barulho para não acordar o casal que estava no banco de trás, dei a volta no carro e vi que Kimberly estava, na verdade, deitada no asfalto da estrada. Os cabelos ruivos estavam todos espalhados pelo chão, os olhos azuis brilhavam, tão claros como o céu em um dia de verão. Sempre me perguntei se Kimberly teria ou não sardas, e se ela tinha, por que escondia. Deitei ao lado de Kimberly e segui o seu olhar, ela estava olhando para as estrelas.

–O que aconteceu? - perguntei.

–Cansaço - ela respondeu.

–Se você quiser, eu posso dirigir.

Ela balançou a cabeça, negando.

–Não é cansaço físico... Quer dizer, eu realmente preciso dormir um pouco. Mas o meu cansaço é o psicológico. Eu sinto como se a minha cabeça fosse explodir a qualquer momento.

–Você só precisa se preocupar menos, quer dizer, nós estamos aqui. Estamos bem. Estamos conseguindo nos virar bem, não é?!

Kimberly suspirou.

–E se nós não conseguíssemos mais nos manter bem? - ela me encarou. - E se nós morrêssemos?

–Kimberly, nesse exato momento, nós estamos bem e vivos. Do futuro, só Deus sabe. Para de tentar adivinhar as coisas.

Ela voltou a olhar para o céu.

–É que eu já perdi meus pais, não suportaria perder... - ela parou de falar subitamente. Por um momento meu coração deu um salto.

–Não suportaria perder...? - incentivei.

–Eu não suportaria perder mais ninguém!

Assenti, frustrado.

–Sinto falta dos aviões - ela disse.

–O mundo está acabando, Kimberly. Você ainda vai sentir falta de muita coisa.

–Nós vamos achar a cura, Justin.

–E se não acharmos?

–Temos que ter esperança, afinal. - ela revirou os olhos.

Kimberly levantou do asfalto e entrou novamente no carro. Fiquei um tempo pensando no quanto eu não entendia Kimberly e no quanto eu queria decifra-la. Sentia que minha cabeça iria explodir se eu continuasse pensando um pouco mais em Kimberly. Acho, talvez, que ela não era a única psicologicamente cansada.

Levantei do asfalto, dei a volta no carro e entrei no banco do passageiro. Drake começara a roncar baixinho e eu me limitei a rir. Kimberly revirou os olhos e pisou fundo no acelerador. É, eu realmente não acho que um dia vou atende-la.

Kimberly

Não gosto de ficar muito próxima de Justin. Quer dizer, é como se toda a minha razão se esvaísse. Não que isso fosse uma coisa boa, afinal, eu tinha Austin.

A saída de Brownsville foi realmente insuportável. Os carros haviam sido largados no meio da estrada, o que dificultava a passagem do nosso carro. Justin e eu acordamos Drake e Erika e nós saímos do carro, fomos empurrando os carros para fora da estrada até que o nosso caminho estivesse livre. Quando chegamos perto de um BMW preto, ouvimos um choro vindo lá de dentro, nós quatro nos encaramos e fomos caminhando lentamente até o carro. Eu abri a porta direita do banco traseiro, ali estavam uma mulher e uma criança. Justin abriu a porta traseira esquerda e Drake e Erika apareceram atrás dele, Justin e eu trocamos um olhar confuso e encaramos a mulher que abraçava a criança.

–Ei! - chamei. A mulher virou o rosto na minha direção. Ela suava tanto que eu, por um segundo, pensei que ela tivesse tomado um banho. Seus cabelos castanhos estavam um emaranhado estranho, seus olhos castanhos estavam opacos e sem brilhos, quase em um tom de cinza. Quando seus olhos encontraram os meus, eu lembrei rapidamente da menina que me atacou no banheiro da minha antiga escola. Senti um frio percorrer minha espinha.

–Por favor... Levem a minha filha... - ela disse. Sua voz estava tão baixa que parecia um sussurro.

–Quem é você? - Justin perguntou.

–Salvem... Ela - a mulher disse, entre soluços.

–Senhora, você foi ferida? - Drake perguntou.

–Só... Levem ela - a mulher apertou os olhos. Parecia que ela estava sentindo dor.

–Mamãe - a garotinha disse. - Quem são eles?

–São uns amigos da mamãe, meu amor. Vai ficar tudo bem, ok? - a mulher disse, a garotinha assentiu.

A mulher desceu do carro segurando a menina nos braços. A garota não devia ter mais de sete anos, tinha cabelos curtos de um tom de castanho e seus olhos eram cor de mel. Ela apertava contra o peito uma boneca de pano que estava manchada de sangue. Quando a mulher colocou os pés no chão, tive que segurá-la para não desabar no asfalto, a garotinha saiu do colo da mãe e ficou a encarando.

–O que aconteceu? - Erika perguntou. Ela, Justin e Drake haviam dado a volta no carro e vieram para o meu lado.

–Meu marido... Ele... Ele... Me mordeu - a mulher disse. Ela mostrou o braço e nós vimos nitidamente que faltava um pedaço de carne ali, a garotinha deu um gritinho e se escondeu atrás de Justin. Ele ficou encarando a garota com um olhar que me fez pensar que ele daria um tiro nela.

–Mamãe, você tá bem? - a garota perguntou, olhando para a mãe.

–Meu amor, - a mulher tentou sorrir. - eu amo você, tudo bem? Fique com essas pessoas. Sei que vão cuidar bem de você.

A garotinha correu e abraçou a mãe, a mulher fazia o possível para não encostar o braço mordido na filha. Ela deu um beijo na testa da garotinha, sussurrou "eu te amo" e a empurrou para perto de Erika. Não deu muito tempo de empunhar minha katana, a mulher se transformou tão rápido que minha única reação foi dar um pulo para trás. A garotinha começou a chorar e Justin deu um tiro na cabeça da mãe dela.

–x-

O choro foi ficando cada vez mais alto a cada segundo. Aquela garota não parava de chorar em nenhum momento, Erika e Drake já tinham feito de tudo para fazê-la ficar calada, mas ela não cooperava. Minha cabeça já estava latejando e eu já havia perdido a paciência a muito tempo. Parei o carro e desci, mandei Erika ir dirigir enquanto eu sentava no banco de trás. A garotinha ficou me encarando por um longo tempo, seu olhar sempre parava na minha katana e então ela voltava a chorar. Deus! Que inferno!

–Garota - chamei. Ela me olhou. - Ta vendo essa kantana aqui? - ela assentiu. - Essa katana, vai atravessar sua garganta se você não calar a boca, entendeu?!

Ela assentiu e se encolheu para o lado de Drake. Ótimo, pelo menos tinha ficado quieta.

–Qual seu nome? - Drake perguntou a ela. A garota ficou passando a mão pelo cabelo da boneca e então olhou para ele.

–Eleanor - respondeu.

–Certo. Eleanor, você sabe o que está acontecendo com as pessoas ultimamente? - Drake passou as mãos por seus cabelos.

–Sim. A mamãe disse que as pessoas estão virando... - ela franziu a testa como se não conseguisse se lembrar. - Hã... Como é mesmo aquele nome? Ah, sim, zumbis.

Drake assentiu.

–Nós não podemos ficar fazendo barulho se não esses zumbis vão aparecer e vão nos machucar, então você não pode ficar chorando. Você entende, Eleanor?

A garota assentiu, triste.

–Ótimo - Drake sorriu, satisfeito. - Agora, tente dormir um pouco.

A menina se aconchegou nos braços dele e dormiu instantaneamente. Eu franzi a testa, olhando para Drake.

–Não sabia que você tinha jeito com criança - falei.

Ele deu de ombros.

–Crianças não precisam ser ameaçadas, Kimberly. Espero que tenha aprendido isso.

Revirei os olhos e me aconcheguei no banco do carro. Por mais que eu não quisesse deixar aquela garota para trás, nós não poderíamos ficar com ela. Não poderíamos entrar no México, ir atrás de um doutor e ainda cuidar de uma garota de sete anos. Nós já tínhamos problemas demais.

Erika estacionou o carro em uma pousada. Nós nos certificamos que não tinha nenhum zumbi por ali e entramos. Drake e Erika resolveram dividir o quarto com Eleanor, e eu e Justin tivemos que dividir um quarto. Ok, eu não queria ficar perto dele, mas o que eu podia fazer? Ultimamente eu estava aceitando tudo. Nós deitamos na cama imensa de casal que havia no meio do quarto, longe o suficiente para nem enxergarmos um ao outro.

–Não podemos ficar com ela - falei.

–Eu sei, mas o que vamos fazer? - ele perguntou.

–Não sei, mas nós temos que resolver.

–Certo, resolvemos isso ao amanhecer - Justin disse, virando de lado. - Boa noite, Kim.

–Salvar crianças é um desafio. Me lembre de nunca mais fazer isso!

Justin riu e adormeceu. Demorei um pouco, mas logo já estava ficando inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor :3



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