“You're the voice I hear inside my head” escrita por Douglas Antônio


Capítulo 9
I’’ll nerver love this way again




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Eu não consegui dormir aquela noite. Minha razão e emoção travavam uma batalha desde aquelas palavras de Carlos. Mas em um momento da noite, a razão venceu e tomei a decisão que ela concordava. Olhei no relógio, eram quase 3 da manhã. Comecei o mais silenciosamente possível juntar cada uma das poucas roupas que não estavam guardadas, na mala. Em poucos minutos ela estava fechada na sala e eu já havia trocado de roupa, pronto para partir. Em meu coração sentia o peso de tomar aquela decisão e voltei ao quarto, acreditando que talvez isso me ajudasse a amenizar tudo que sentia dentro do peito. Mas foi pior, ver Joe de bruços na cama dormindo tranquilamente como um anjo fez com que lagrimas enchessem meus olhos.

Você precisa ser forte! Disse a mim mesmo, era o melhor para nós dois. Você não quer ser o responsável pelo fim da carreira dele. Dizia a voz da minha mente. E ela estava certa. Peguei um pedaço de papel que encontrei na sala. E escrevi um bilhete que dizia:

Me desculpe.
Acho que não consigo ir mais longe.
Adeus.

Droga, eu que quase sempre sabia usar as palavras tão bem para fazer as pessoas sentirem o que eu queria passar para elas, mas dessa vez elas me faltaram. Dessa vez elas não me foram nada úteis. Eu resolvi deixar o bilhete na sala. Eu sabia que se voltasse ao quarto, poderia correr o risco de acordar Joe ou de não ir embora dali.

No relógio marcavam aproximadamente 5 da manhã. E ouvi a última chamada do meu voo para casa. Meu telefone tocou e meu coração pulou ao ver a foto dele. Ele já devia ter acordado e está hora visto o bilhete.

Seja forte. Disse a mim mesmo. Ignorei a chamada, desliguei o celular e segui o caminho de volta para casa. Dentro do avião comecei a ouvir aquela playlist de músicas de quando estamos na fossa, como se isso fosse ajudar em alguma coisa. Mas deixei que meus pensamentos vagassem, eu que queria voltar uma nova pessoa daquela viagem, atingi até certo ponto meu objetivo. Apenas não sabia dizer se havia deixado meu coração para trás ou se ele havia voltado comigo dividido em muitos pedaços.



Duas semanas haviam se passado desde a minha volta para casa. Ele havia para sua casa nos Estados Unidos três dias após eu ter deixado o hotel com todo o pessoal da sua banda, pelo menos foi esse o anuncio que havia visto na TV. Mesmo em casa, ele havia tentado me mandar várias mensagens e me ligava várias vezes ao dia. Mas eu ignorei todas elas. E a cada vez mais sentia aquela dor aumentar dentro de mim. Eu que nunca entendi do amor, havia me tornado um expert na matéria de sofrer nele em tão pouco tempo.

E não era nada escondido, todos a minha volta perceberam as mudanças em mim. Perceberam que aquela viagem havia me mudado, apenas não sabiam o que havia acontecido. Mas ao passar dos dias, sem muitas mudanças. Um a um foram me enchendo de perguntas bem especificas sobre a viagem ou sobre pessoas que havia conhecido dela, qualquer coisa que fizessem sentido para eles que conseguissem explicar minha tristeza. Começou com meu pai:

—O que aconteceu na viagem que te deixou assim? – disse ele diretamente, eu apenas ignorei a pergunta.

Logo após minha mãe, que havia me chamado para ir comprar algumas coisas com ela.

—Como são as comidas no rio? – disse ela.

—São boas. – respondi.

—Alguma que gostou em especial? – perguntou ela novamente.

Apenas balancei a cabeça negativamente.

—Nenhum restaurante que você foi com alguém? – perguntou ela. E eu entendi onde ela queria chegar. Apenas sai de perto para pegar mais algumas coisas.

Depois meu irmão e meus amigos mais próximos que eu ainda acredito que foi mandado pela minha mãe. Nenhum deles obteve respostas para suas perguntas.

No mesmo dia que J.…ele foi embora também. Felipe reapareceu e me mandavam mensagens cada dia, procurando sobre novos assuntos para me distrair. Ele foi o único que me fazia sorrir de tempos em tempos nesses dias e mesmo com as minhas variações de humor que iam desde uma raiva extrema de tudo até uma grave tristeza e ele suportou tudo com paciência ou apenas ignorando essas mudanças de humor.

Sempre me contava sobre os pacientes dos seus plantões e me perguntava sobre meu dia ou os livros que eu estava lendo. Ou alguns dias que ele se inspirava para as perguntas e perguntava sobre qual a minha raça de cachorro favorito ou qual a cor que me trazia uma ideia ruim. Perguntas sem muito sentido. Mas eram elas que me faziam esquecer os problemas.

E haviam também os sonhos. Era a única prova que Joe era real. Era a única maneira que eu conseguia lembrar seu rosto com perfeição. Em todos os sonhos ele me perguntava a mesma coisa:

—Por quê? Por que não lutou pela gente?

—Você sabe que foi melhor assim. – disse para ele.

—Eu não quero ser o responsável pelo fim da sua carreira.

Seus olhos ainda estavam em lágrimas.

Eu então acordava no meio da noite com o coração apertado. Pensando quando eu conheci Joe, ele estava bêbado. E se por minha causa ele estivesse voltado aquela vida de beber e se drogar como se não tivesse mais na vida do que isso. Eu não me perdoaria por isso. E por isso sempre olhava notícias em sites de fofocas, procurando algo sobre ele.

No início da terceira semana, eu já havia voltado ao trabalho. Quando cheguei lá meu telefone tocou. Era uma mensagem de Felipe.

—Vou te visitar. – disse ele.

—Oi? – respondi.

—Vou para sua cidade neste fim de semana. – disse ele. – Não quero desculpas, vamos sair!

Suspirei. Não havia o que discutir. Então fechei a tela do celular sem dar uma resposta. Mas meu telefone tocou. Sem olhar o número atendi acreditando que seria o Felipe, afinal ele sempre fazia isso se eu demorasse responder.

—Já entendi que não tenho escolha. – disse.

—Que bom. – disse uma voz feminina. – Pode começar me encontrando na hora do seu almoço. Aproveita e já pede a tarde de folga, nossa conversa vai ser demorada.

Quase deixei o telefone cair no chão, meu corpo todo tremia. Não podia acreditar que estava falando com Demi Lovato ao telefone. Nem sem anos eu me acostumaria com isso.

—Demi! – disse. – É realmente você?


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