“You're the voice I hear inside my head” escrita por Douglas Antônio


Capítulo 6
Deixa eu gostar de você




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Quando minha consciência voltou, eu não queria abrir os olhos. Senti uma pressão no meu dedo, algo que me incomodava no braço e um pequeno bip. Tudo aquilo eram sinais bem claros para mim. Mas eu abri os olhos, porque precisava confirmar. Eu estava num hospital. Jane então estava ao meu lado.

—Você está bem? – disse ela.

—Sim. – respondi. – Eu acho.

—Que ótimo. Vou chamar o médico para que ele te examine mais uma vez.

Foi quando olhei para a janela e percebi que a noite havia caído. Vi meu celular próximo a cama. Fui com um pouco de dificuldade até ele, graças aquela agulha que permanecia em minha veia. Então vi as horas. Eram quase 22 horas. Passei boa parte do dia dormindo. Que maravilha. Além disso haviam ligações da minha mãe. Ela deveria estar pirando depois da segunda ligação, porque haviam mais de 15 delas.

Eu resolvi apenas responder uma mensagem que estava bem, que não havia o que se preocupar. Que eu havia ficado sem bateria e como eu estava em uma praia mais distante, não consegui responder mais cedo até chegar no hotel. Ela não acreditou muito na história, mas não quis render. Disse que no outro dia me ligaria novamente e não precisava dizer mais nada para falar que eu deveria esperar aquela ligação para conversar com ela.

Coloquei o celular no lugar novamente, quando entrou o médico, seguido por Jane e Joe. Ele passou na frente dos outros dois e foi até mim.

—Como está? – disse ele, colocando a mão no meu braço. Eu tirei rapidamente e respondi:

—Quem é você?

—Ele perdeu a memória. – disse ele colocando a mão na cabeça. E então pegou no braço de Jane. – Ele bateu a cabeça com muita força?

Não consegui segurar a risada vendo o desespero dele. E ele logo entendeu que eu apenas estava fingindo tudo com ele.

—Só não vou fazer nada com você agora, porque eu estou realmente preocupado. – disse ele, se sentando no sofá que havia perto da cama e esperando que o médico me examinar.

—Boa noite. – disse o médico sem ao menos olhar para o Joe. – Sou o Doutor Felipe.

—Como está meu paciente que estreou meu plantão de hoje. – disse ele.

—Estou bem doutor. – disse. – Nem sei porque vim parar aqui.

—Por favor. – disse ele. – Me chame de Felipe. – E então passou a mãos sobre seu cabelo. Felipe tinha a pele bronzeada, típica de cariocas, corpo todo malhado, aquela barba bem-feita, olhos castanho-claro.

O médico me fez várias perguntas, mediu minha pressão e olhou os resultados dos demais exames.

—Acho que você só passou por emoções demais. – disse ele por fim. – Não há nada de anormal nos seus exames.

—Então já posso ir para casa, certo doutor? – disse já começando tirar aquela aparelhagem.

—Não tão rápido. – disse o Felipe. – Preciso de companhia no meu plantão essa noite e você deve ficar de observação. – disse ele.

Jane estava ao lado de Joe, traduzindo cada palavra. E ela parecia realmente ter traduzido cada palavra, porque Joe não estava com a cara nada boa para Felipe.

—Tem certeza, doutor? – eu disse, ele me olhou feio. – Felipe. – corrigi.

—Sim. – Falando nisso, acho que é melhor que todos vão também embora. – disse ele, olhando para Jane e Joe. – Você precisava de menos emoção.

—Eu vou ficar. – disse Joe.

—Você não vai. – disse Felipe. – Deve saber respeitar as ordens médicas.

Joe olhou para mim e depois para o médico. Eu apenas fiz para que ele fosse. Ele não deveria aumentar ainda mais aquela confusão. E se alguém descobrisse que ele estava naquele hospital, tudo seria mais complicado. Ele teria que dar explicações e isso só faria que a confusão toda aumentasse.

Ele se aproximou da cama, empurrando Felipe.

—Só vou porque está me pedindo. – disse ele.

— Pense em toda a confusão que seria se alguém soubesse que você estava aqui. – disse para ele.

—Você tem razão. – disse ele. – Ainda precisamos conversar.

—Acho que amanhã vai ser complicado, com o show. – eu disse.

—Podemos almoçar juntos e você vai ao show comigo. – Já passei seus dados para a entrada VIP.

Apenas sorri e apertei a mão dele sobre a minha e ele saiu.

—Lovatic? – disse Felipe para mim.

—Sim. – eu disse.

—Já temos algo em comum. – foi o que Felipe me disse, enquanto Joe fechava a porta. Ele me olhava e para Felipe também. Seu olhar estava um pouco complicado de decifrar, mas uma das emoções era clara.  Medo.

Felipe conversou comigo durante horas. Ele parecia tão apaixonado pela Demi, como eu era. Mas havia muito mais em comum com ele. Ele sonhava em conhecer os mesmos lugares que eu. Falava dessas viagens com tanta paixão que eu nunca vi em ninguém. Até porque era lugares não tão famosos.

Felipe amava ler livros como eu e conhecia cada um dos meus livros favoritos. Quanto mais conversava com ele, mais eu percebia sobre seu sotaque. Que não era como os dos cariocas. E assim eu descobri que ele não era dali, apenas morava naquela cidade pouco mais de dois anos. Ele então olhou o relógio e disse que precisava ver outros pacientes e que eu precisava descansar para estar bem para o show da nossa Demi no dia seguinte, mas que ele viria logo pela manhã me dar alta e ver como eu passei a noite.

Eu assenti e ele saiu apagando as luzes do quarto. Paz. Mas ela durou muito menos do que eu imaginava. Cinco minutos depois ouvi a porta abrir e permaneci com os olhos fechados. Podia ser o Felipe querendo conversar de novo e mesmo ele sendo um cara super legal, eu não queria conversar naquele momento. Não com ele pelo menos.

Senti alguém próximo da minha cama. E começou a mexer no meu braço. Parecia que não tinha escolha e abre os olhos. Mas para minha surpresa, lá estava Joe.

—Te acordei? - disse ele.

—Não. – disse para ele. – Mas o que está fazendo aqui?

—Acha mesmo que ia passar a noite naquele apartamento sozinho?

—Sim. Era o que eu achava.

—Estava esperando aquele médico sair. – disse ele fazendo aquela cara de tédio.

—Não entendo por que está falando assim do Felipe.

—Achei ele bem ousado, pedindo para você chamar ele pelo nome.

—Ele só quis ser gentil e criar intimidade.

—Gentil? Não mesmo. – disse ele.

—Não vamos brigar. – eu disse. – Não foi para isso que veio aqui,

—Não.

—Então por que voltou?

—Eu não queria te deixar você sozinho. Não hoje.

—Ainda temos que conversar.

—Não até ter certeza que você está bem.

—Estou bem.

—Mas não completamente. – terminou ele. – Tem espaço nessa cama para mais um.

Balancei a cabeça positivamente e arredei um pouco.

Joe então se deitou do meu lado e começou a mexer no meu cabelo. E assim eu voltei ao mundo dos sonhos uma outra vez. Quando acordei novamente, já eram quase 3 da manhã. Estava deitado no peito de Joe e ele com uma das mãos em volta de mim. Ele ainda dormia como uma criança.

—Eu devia ter falado isso já. – comecei a falar. – Eu te devo desculpas por muita coisa. Eu te tratei mal quando nos conhecemos, mas agora sei que não foi sua culpa. Você não foi um vilão nessa história e sim um herói. Eu devia me desculpar por ter interrompido nosso beijo na outra noite. É que eu já tive uma cota de experiências que deixaram meu coração em cacos. E daqui dois dias, você será apenas uma lembrança para mim e eu não serei nada para você. Mas você é mais irresistível do que eu queria.

Ele ainda estava em um sono profundo. Essa era a única maneira que eu podia ter falado tudo com ele. Passei a mão sobre o rosto dele e encostei meus lábios no dele. Ele se mexeu e eu fiquei com medo de ter acordado ele, sorte a minha que não. Então me aconcheguei para voltar a dormir. Tinha sido um dia muito agitado, mas essa noite também foi bastante agitada.


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