- Talvez um dia você entenda...

- Acho que nunca vou entender.

- É porque você tem o emocional de uma pedra.

Ambos riram, afinal, quando se esta numa situação tensa, qualquer chance de rir é bem vinda.

- Sakura... acho que não temos futuro.

- Você diz isso por que sente rancor ou por que tem medo que aconteça tudo de novo?

Ambos não se encararam, sabiam a resposta.

- Nunca tentamos de verdade depois que deu errado...

Ele a olhou nos olhos depois da afirmação, sabia que tiveram um relacionamento conflitante no passado, e que sempre voltavam a mesma coisa, a mesma situação. Parecia que nada mudou.

- E por que você não diz não? Afinal, assim não começaria o ciclo vicioso novamente.

- Porque eu não consigo dizer não para você Sasuke...

Sempre aquilo, sempre a dificuldade de falar uma simples palavra, que mudaria tudo. Será que era tão difícil? Sim, era. Ambos sabiam que quando ele procurava ela novamente, ela sempre diria sim.

- E por que? Por que não consegue dizer não?

- Porque eu te amo Sasuke.

Sempre aquelas três palavras voltavam a assombrar ambos. Ditas por ela, nunca ditas por ele, mas sempre presentes.

- Podemos ser amigos.

- Nós dois sabemos que isso sempre da merda.

Ambos riram novamente, afinal, quando eram somente ''amigos'', sempre rolava algo mais. Fosse um simples beijo ou sexo ardente dentro de um carro.

- O que você pretende fazer então?

- Sabe que eu e Ino tentamos algo, mas ela é simplesmente burra demais. Não consigo ter uma conversa com ela que não seja sobre sapatos.

Ela segurou o riso. Era verdade que sua eterna inimiga finalmente havia conseguido uma chance, mas que ela estragou tudo. Exatamente como Sakura havia feito a mais de um ano atrás, quando Sasuke finalmente se abriu com ela e ela o feriu do pior jeito possível.

- Eu também tenho medo... toda vez que me procura eu tenho medo que tudo se repita...

- Eu sei.

- Eu sempre vou amar você, não importa o que aconteça ou com quem eu estiver, você sempre vai estar lá.

- Sinto lhe informar que é a mesma coisa pra mim.

Ambos tornaram a se encarar novamente, percebendo o quanto estavam perto.

Num movimento tímido, ele acaricia o rosto dela, e ela simplesmente fecha os olhos, sentindo.

- Sabe que sempre vai acontecer isso, não sabe? Parece que fomos destinados a ficar juntos mas simplesmente não conseguimos.

Ele sorriu triste. Sabia que era verdade. Mas também sabia que a amava, como nunca amou ninguém na vida.

Ela abriu os olhos e uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto. Doía vê-la sofrer, doía mais até que o próprio sofrimento. Algo tinha que mudar. Mas ele não conseguia. Sempre estariam destinados a isso? A acabar assim? Sofrendo cada um no seu canto?

Ela se aproximou mais dele, colocando uma mecha que cobria seus olhos escuros atrás da orelha. Cada um fitando a boca do outro. Um desejo iminente.

Beijaram-se como nunca, como se fossem morrer ali. Consumindo o sofrimento de não conseguirem ficar juntos. Por apenas um momento, aquele momento, ninguém precisaria mudar. Por apenas um instante, eles iriam deixar aproveitar-se do toque dos lábios, do abraço apertado.

Dizem que amar é fácil, que é a única coisa que se precisa. Infelizmente não é. As vezes as pessoas tem que fazer escolhas, sacrificar coisas. As vezes não adianta somente amar alguém e não fazer nada para que de certo. As vezes mudar é preciso.

Mas muitas vezes as pessoas não mudam.