Imagine Asas... escrita por Hoolingan


Capítulo 2
Capítulo 1 - Imagine penas e molhos...


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que esse cap. não ficou muito bom, mas a história ainda tá no começo e, bem, o começo é sempre meio parado, mas eu queria que vocês soubessem um pouquinho da personagem principal, já que o prólogo não dizia nada sobre os personagens. Boa leitura!

Ps.: As palavras em itálico corresponde ao pensamento da Luna, já que a narração é em 3ª pessoa.
Ps².: Esqueci de dizer que postarei um cap. por semana.



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Ela acordou sozinha e com frio. O fato de estar deitada no chão gelado e enrolada no edredom, indicava que havia caído da cama sem perceber, mais uma vez. Com a garganta seca, a menina tateou a cabeceira da cama em busca de um copo com água. Sonhara... o que sonhara? Não se lembrava. Decidiu tomar um banho para se livrar da preguiça. Tomou cuidado com os arranhões que restara do seu acidente.

Era difícil fechar os olhos por um instante, sem se lembrar do barulho da lataria daquele carro branco se chocando contra a moto. Foi um acidente grave. Luna fora arremessada da moto, fraturado uma costela e esfolado toda a parte de trás de seus membros e tronco. Mas depois de três meses e meio, só sobrara arranhões e pequenos hematomas.

A janela batia com a força do vento. O ar gelado que invadia o quarto arrepiava a pele da garota. A imagem que se projetava no espelho não era das melhores. Veja bem, Luna possuía uma cicatriz que se destacava entre as outras, não pelo fato de ser a maior ou de ter uma coloração mais avermelhada do que as demais, mas o que a deixava intrigada era a forma que ela fazia em suas costas. Um “V” no alto de suas costelas, em perfeito alinhamento com os ombros. Aquilo provocava uma absurda coceira constante, como acne no primeiro estágio.

E agora vem a parte que choca.

Nos primeiros dias que Luna notara a cicatriz, raciocinou que seu problema com acne havia voltado. Ela pressionou a região que mais coçava, exatamente como seu dermatologista recomendou que não fizesse. Aguentou a dor até que uma pontinha branca foi cuspida pela pele. No começo, pensara que se tratava de algum tipo de pus de uma espinha qualquer. Apertou, apertou e apertou. Mas não importava o esforço que fazia, aquilo não se desgrudava de seu corpo. Então ela decidiu puxar. Foi como um fio de cabelo sendo arrancado, um calafrio percorreu seu corpo. Uma pena. Quase não pode perceber, pois a vermelhidão de seu sangue cobria boa parte da cor branca. Luna havia ficado tão perplexa que som algum ousou sair de sua boca. Ela sentiu uma gota de sangue escorrer do buraquinho que a pena deixou nas suas costas.

Visitou o médico no outro dia, mas o Dr. Stlinger parecia não ter respostas e apenas receitou uma pomada ante acne. Uma semana se passou e Luna se acostumou com o fato de ficar mais parecida com um frango. Duas ou três vezes ela repetiu esse processo de auto depenação. Passara noites em claro pesquisando anomalias genéticas pelo google. Não encontrou nada parecido com o seu caso, mas tantas outras histórias que pareciam impossíveis de acontecer também. Se conformou com o seu problema, pois não queria que pesquisadores abrissem seu corpo para estudar a sua doença, não queria uma equipe de televisão acompanhando o seu dia a dia. Afinal, uma hora ela ia descobrir o que estava acontecendo.

Do lado de fora, o dia estava triste. O céu nublado e vento forte.

O bairro onde o prédio de Luna ficava não era lá essas coisas, aliás, era um pouco perigoso. Havia algumas casas abandonadas e muros pichados. Do lado do seu edifício, existia uma construção nunca terminada. De tanto tempo morando ali, a garota já estava acostumada. A única coisa que ainda a amedrontava era o percurso de uma quadra que tinha de fazer para chegar até a parada do ônibus viva e com sua bolsa, de preferência.

“Aparentemente, até o transporte público teme entrar aqui”, foi isso que escutou de sua mãe quando alugou o apartamento.

O que não deixava de ser verdade. Entretanto, quando Luna mudou-se da casa de seus pais, sua intenção era morar mais perto do trabalho, morar perto de um mercado, perto de uma praça talvez. Ter a vida independente que todo recém formado em Direito quer. Óbvio, seu trabalho não era o melhor do mundo, afinal, estudar quatro anos a mesma coisa e ainda ter que passar em um exame final para só então, preste atenção, só então se tornar advogada e ser obrigada a passar a tarde inteira dentro de uma sala sem janelas, arquivando pilhas e pilhas de pastas amarelas. De vez em quando, ficava com as verdes também. As azuis ficavam sob a responsabilidade de sua colega, Alicia, e as vermelhas com o Peter. As outras cores eram de setores diferentes.

Nas últimas semanas, Luna recebera uma pequena promoção. Tinha de servir café. Não era realmente uma promoção, porém, desse modo ela conseguia sair daquela sala apertada e sentir um pouco dos raios de sol que vinham da janela do lado da cafeteira. A questão era que agora ela tinha trabalho dobrado. Arquivar pastas amarelas e/ou verdes, recolher as tais pastas das mesas das pessoas que realmente trabalhavam como advogados e servir café ou, nesse caso, buscar o almoço da sua chefe.

– Ela te mandou buscar o que? – Peter perguntou com a voz um pouco exagerada.

– En-chi-la-da e uma coca diet – Luna procurava sua bolsa.

– Comida mexicana? Ele gosta de comida mexicana?

– Eu sei lá... Mas ela também me deu dinheiro, caso eu quisesse comprar alguma coisa pra mim.

– A Srta. Ascari é mexicana, Alicia? – Peter gritara, o que quase rendeu um ouvido surdo para Luna.

– Ela não é mexicana! É italiana. – Alicia virou a cadeira. – Ela deve estar querendo agradar o novo advogado familiar, Ruan, do setor seis.

– Claro! – Peter exclamou. – Como não pensei nisso antes? Não esqueça de despejar todo o vidro de pimenta na comida, Luna.

– E perder meu emprego? Não. Acho até que vou gastar o troco e comprar alguma coisa pra nós três. Sabe? Passar a tarde inteira arquivando pastas e comendo besteiras parece uma boa ideia.

Após anotar os pedidos dos seus amigos, Luna saiu para procurar um restaurante mexicano. Não fora tão difícil encontrar um. Pagou o restaurante e não se esqueceu de passar em uma loja de doces para levar as exigências de seus amigos. Ao voltar, o elevador parou no quinto andar, onde o setor cinco ficava, e ela se dirigiu a sala da sua chefe.

– Aqui Srta. Ascari – Luna colocou o almoço na mesa. – Mais alguma coisa?

– Não, Luna. Muito obrigada. – A chefe nem fez questão de olhar para a garota.

Nada para que Luna ficasse surpresa. Amanda Ascari não era a pessoa mais agradável do mundo, pelo contrário. Certa vez, Luna escutou sua chefe cochichando com outra supervisora do setor cinco sobre ela.

“Pelo menos ela é boa com o café”, disse Amanda. Devia ver como sou boa em cuspir neles também, Luna pensou na hora.

– Luna! – Amanda a chamou antes que ultrapassasse a porta. – Onde está o molho que eu pedi?

– Ah, o molho! – de que molho ela está falando? – Que cabeça a minha! Esqueci na minha sala, já volto.

Me ferrei. Luna usara todo o molho na comida, com a intenção de deixar apimentado, porém, tinha esquecido de comprar outro. O restaurante ficava a uns 10min. do prédio. Vai dar tempo, vai dar tempo, tem que dar. Correu, procurou sua bolsa e desceu escadas à baixo. Eram longos cinco andares, mas não teve tempo para esperar o elevador.

Quando Luna atravessou a rua, percebeu uma barraquinha. Não a tinha notado antes, mas se aproximou. Sua cicatriz estranhamente começou a coçar. Bem, nada mais a surpreendia. As mercadorias pareciam alguns diferenciados tipos de temperos. Tomara que tenha a droga do molho.

– Com licença, senhor. Tem algum tipo de tempero mexicano que você possa me vender?

– Depende. O que você procura? – O vendedor perguntou.

– Qualquer molho apimentado que você tiver.

– Ah! Eu tenho um perfeito aqui. – Ele se abaixou e entregou um vidrinho – Teve sorte, é o último!

– Muito obrigada. Esse já deve servir. – A garota abriu e cheirou o líquido. – Quanto custa?

– Vinte dólares. – Tem ouro derretido aqui dentro?

– Tudo bem. – Ela entregou o dinheiro ao vendedor. – Obrigada, o senhor salvou minha vida.

– De nada, Luna. – Ele disse e voltou a mexer nos temperos.

– O que? – como aquele vendedor, que até pouco tempo atrás não estava ali, sabia o nome dela?

– O que? – o cara parecia confuso.

– Você disse meu nome. – Luna não lembrava de ter dito seu nome à aquele desconhecido. – Como sabe meu nome?

– Você disse.

– Não, eu não disse.

– Disse sim, eu ouvi.

– Não falei, não. Como sabe meu nome? Anda me espionando?

– Olha, garota, você disse seu nome. Como eu iria saber se nem te conheço? – O vendedor ficou mais sério. – Você comprou seu tempero, agora saia daqui, por favor. Você está atrapalhando os fregueses.

Luna olhou para trás, não tinha notado a enorme fila que se formara atrás dela. Decidiu não discutir com o carinha da barraca, pois se lembrou que tinha ido apenas até o almoxarifado buscar o tal molho para sua chefe. Precisava correr, se não a Srta. Ascari não acreditaria.

O molho foi entregue e Amanda acreditara em sua história. Finamente, ela podia voltar para sua salinha sem janelas, junto de seus colegas, para continuar arquivando pastas. E assim fora a tarde inteira, arquivando pastas, servindo café e pensando se havia ficado louca.

Pessoas não acertam o nome de estranhos do nada e penas não saem das costas de humanos.


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Notas finais do capítulo

A verdade é que eu estava escrevendo esse cap e quando terminei achei que estava muito grande, daí tive que dividi-lo em duas partes, por isso o final desse jeito. Não se preocupem, já tenho metade do cap 2.

Obrigada por comentarem no prólogo, me deu muita inspiração para fazer novos capitulos... E eu respondi os reviews passados pelo celular e deu um problema com os acentos, me desculpem. Mas a culpa continua sendo do Nyah que não faz um app para celular do site!

Bom, era isso, comentem ou curtam se quiserem...