Nico gostava de observar o mar. Não por causa de Percy, mas porque achava bonito e interessante. Se tornara até comum encontrar o garoto sentado no mesmo lugar, encarando aquele azul infinito.

Um filho de Hades olhando a água. Irônico, não é? Se não, é pelo menos estranho.

Deixou as mãos escorregarem pela areia fria e áspera, enquanto deixava a mente vaguear para longe, enquanto observava as ondas. Achava-as tão bonitas. Elas se cresciam e cresciam apenas para quebrar, e logo depois, ser levadas de volta para o mar.

Gostava de comparar esse processo com a vida humana. Eram bem parecidos se você parasse para comparar. Os seres humanos também cresciam, não só no físico, mas também no trabalho, na sociedade, na economia, sabedoria etc... Mas Nico não entendia uma coisa. Por que diabos nós temos que passar todos os nossos anos tentando prosperar na vida se depois tudo iria acabar, assim que morrêssemos?

Nico odiava pensar na vida. Motivo? Depois de alguns pensamentos consequentes a esse, acabava lembrando de Percy. Seu motivo para passar 70% das noites em geral, acordado, sem nada para fazer senão pensar no moreno de olhos verdes.

Odiava tudo em Percy Jackson. Dos pés à cabeça e vice-versa. Odiava seu sorriso. Odiava seu jeito alegre. Odiava o fato dele ser bonito. Odiava a preocupação dele. Odiava que ele quisesse se aproximar de Nico. Amava odiá-lo.

Parece que esse último parágrafo escrito ficou sem sentido. Sinto muito, irei rescreve-lo agora.

Amava tudo em Percy Jackson. Dos pés à cabeça e vice-versa. Amava seu sorriso. Amava seu jeito alegre. Amava o fato dele ser bonito. Amava a preocupação dele. Amava que ele quisesse se aproximar de Nico. Odiava amá-lo.

Sim, Nico di Angelo, o Rei Fantasma, estava apaixonado. Pior, estava amando. Pior ainda, um garoto.

Por pura raiva de si mesmo, parou de pensar em Jackson. Cortou os pensamentos como se corta um papel. Papel lhe lembrava cartas.

São coisinhas estúpidas, na visão do di Angelo. É incrível como várias pessoas perdem seu tempo depositando palavras em um pedaço de papel em branco. Sem falar naquele conselho ridículo que dão... "escreva uma carta para a pessoa e depois jogue-a fora". Fora as de amor, que pessoas apaixonadas (lê-se: idiotas) escrevem declarando-se para quem amam...

Se Nico odiava cartas tanto assim, devia ter reconsiderado a decisão de deixar aquela na porta do chalé de Poseidon...