Eu estava no saguão em frente ao salão onde convidados, minhas madrinhas, padrinhos e meu príncipe (?) me aguardavam. Uma sensação estranha me percorria, amor, felicidade, junto ao forte medo do que poderia acontecer. Eu já havia visto Morriarty sentado na última fileira, discretamente diga-se de passagem. O vestido que deixava meus ombos a mostra escondia uma arma em baixo da saia. Senhor Carter estava comigo, fez questão de me acompanhar até o altar:

— Pronta minha querida? — Ele me olhou com ternura ajeitando meu véu.

— Acho que estou. — Sorri de para ele que retribuiu.

O nervosismo tomou conta de mim, até que ouvi uma voz muito familiar.

— Será que posso falar um minuto com a noiva? — Mesmo depois de tudo, sua presença me caiu como um alívio, algo bom tomou conta de mim.

— Pai! — Eu corri e o abracei, uma das poucas vezes em que ele retribuiu o abraço passando carinho, me senti confortável. — Me desculpe Faster, eu me excedi. — Me afastei dele com os olhos merejados.

—Não tem problema, nós dois passamos por muita turbulência até aqui. — A expressão de Faster estava diferente, não tinha todo aquele rigor de sempre.

—Esquece, eu estou feliz que você veio. — Disse sinceramente.

—Você é a noiva mais linda que já vi, e olha que eu conheci uma noiva extremamente linda em minha juventude. — Ele disse me parecendo emocionado. — Seria pedir muito que você me desse a honra de te levar até o altar?

—Até onde eu sei você é meu pai não é? O pai conduz a noiva.

Ele beijou minha mão de leve, depois disso contei a situação ao senhor Cárter que após me abraçar voltou para o salão, aproveitou para avisar que eu estava entrando. Faster me estendeu seu braço e as portas do salão se abriram.

Ao som da clássica música da entrada de noivas, dei meus primeiros passos, ao meu lado, meu chefe, o cara que me criou. Todos os convidados me receberam em pé, exceto um, porém dele eu já esperava. No altar vi as cinco expressões surpresas pelo meu acompanhante, mas juro que vi um pequeno sorriso, esboçado, nas minhas irmãs. Elas, como eu, sabiam que por mais que tentássemos fugir, Faster sempre seria fortemente ligado a nós.

Aquela passarela me parecia uma caminhada de quilômetros, conseguia ver alguns rostos conhecidos, meus colegas de empresa, que eram praticamente minha família, a verdadeira família de James. E quem diria, até o senhor Sanders estava entre os convidados. Faster me levou até o altar, pela primeira vez na vida me deu um beijo na testa e foi se sentar junto aos convidados. James estava tão nervoso e feliz como eu, suas mãos suavam presas as minhas. O juiz de paz seguia cerimônia citou algumas palavras bonitas sobre matrimônio até o momento dos votos:

—Primeiro gostaria de dizer que a partir de hoje, aconteça o que acontecer estaremos juntos, eu darei minha vida para te proteger. Você é a mulher mais incrível da minha vida, mesmo com nossos obstáculos e defeitos nunca desistimos e não vamos desistir.— A jura foi feita olhando meus olhos. — Eu, James Timothy Carter prometo, amá-la e respeitá-la: na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, todos os dias do meu viver. — James olhava fundo nos meus olhos enquanto colocava a minha aliança.

—Você é meu príncipe, sempre foi e não me importa o que aconteça eu estarei junto a você, sempre! — Minha vez de jurar, tomada pela emoção. —Eu Nicole Vallentina Willians, prometo amá-lo e respeitá-lo: na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, todos os dias do meu viver. — Coloquei a aliança nele, mas senti uma fisgada em meu coração, um mau pressentimento.

—O noivo pode beijar a noiva. — O juiz falou.

James ajeitou meu véu e me beijou, um beijo terno, feliz, emocionado, eufórico, lágrimas escorreram pelo meu rosto, ele as secou e olhou para mim:

—Eu te amo! — Ele sussurrou.

—Eu também te amo!. — Respondi também sussurrando.

—Eu cumpri minha promessa Willians, mas os votos acabaram. — A voz firme de Moriarty ecoou o salão.

Rapidamente homens com o uniforme da Rache entraram pelo salão, todas as saídas foram bloqueadas. De baixo do altar Jace tirou uma metralhadora rapidamente, em poucos segundos todos os agentes do lugar estavam armados, até mesmo Keith segura um revólver. James segurava minha mão.

—James a sua família e a Pandora tem que sair daqui. — Disse baixo.

—Fiquei calma noiva, não machucarei nenhum civil. — Moriarty vinha em direção ao altar, alguns agentes miraram nele.

—Ninguém atira nele! — Ordenei. — Me diga de uma vez por todas o que você quer?

—O nome da minha empresa já diz, vingança. Não é Faster? — Ele encarou Faster que apontava uma arma para ele. — Ou deveria dizer, Nicholas Faster Willians? — Moriarty disse olhando para mim.

—Nicholas Willians, ai Geova, Faster quem proibiu Nick de remover o Willians. — Eleanor gritou surpresa.

—Nick eu ia te contar, juro que tentei tomar coragem…

—Poupe suas palavras, traidor, Diana não gostaria de saber que graças a você uma das filhas dela foi morta e a outra é assassina. — Moriarty gritou.

Minha cabeça estava dando voltas, já não sabia mais o que estava acontecendo, aquilo tudo levava as respostas que eu sempre procurei, mas que agora eu queria continuar sem ter.

—Faster o que ele está querendo dizer? — Lola perguntou tão confusa quanto eu.

—Vamos lá Nicholas seja um homem de verdade uma vez em sua vida! — Klaus provocou.

—Eu sou seu pai Nicole, você é minha filha, fruto do meu amor por Diana. — Ele disse se engasgando.

—Seu amor por Diana. Que piada, ela me amava. — Moriarty disse com raiva. — Nicole seria minha filha. Minha! Se você não tivesse a mania de tentar tirar tudo que é meu, não te bastou trapacear para pegar meu cargo no serviço secreto, teve que roubar minha mulher e minha filha. — Ele berrava furioso.

—Você era estéril Klaus, nunca realizaria o sonho de Diana de ser mãe. Você sempre foi fraco, nunca soube lidar com problemas. Você não a amava é só um doente. Você a matou! — Faster respondeu cheio de ódio.

—Nicole é minha filha. Diana era minha mulher, louca por mim. Victória era o podre fruto de seu casamento forjado com ela, eu eliminei o fruto podre, assim como a árvore ruim. E você velho amigo é o próximo. — Moriarty berrou.

Jace já tinha dado um jeito de tirar a família e os amigos de James do salão, os agentes desarmados também fugiram.

—Você não é homem Moriarty, nunca foi, se esconde atrás de uma arma. — Faster o encarou com superioridade.

—Escolhi um ótimo esconderijo. —Ele sorriu e atirou.

Alguns tiros mais foram disparados. Moriarty desapareceu entre a confusão de agentes, mas foi seguido por Keith e James. Eu e as meninas corremos para junto de Faster que ainda estava vivo:

—Nicole. — Ele chamou com dificuldade. — Me desculpe, me desculpe por ser um pai ruim, por esconder seu passado, por te abandonar. — Ele tossiu um pouco. — Eu tentei reparar o erro, mas Moriarty interferiu e me deixou desarmado. Eu amava sua mãe e sua irmã. Você é extremamente parecida com Diana, principalmente o olhar e o cabelo. — Ele fez uma careta e apertou a ferida em seu peito.

—Faster, eu não posso deixar você ir agora, não posso perder o último da minha família.

—Lola, Eleanor. Muito obrigada por serem as melhores filhas que um homem poderia ter, obrigada por cuidar das minhas meninas, vocês serão sempre irmãs. Protejam Nicole, agora ela precisa de você mais do que nunca, me prometam que ficarão juntas e que continuarão sendo a melhor equipe do nosso mundo.

—Eu prometo Faster, mas não nos deixe, você é nosso pai. — Lola já estava com o rosto inundado e o rosto vermelho.

—Ela tem razão, não quero ver o senhor em um carro fúnebre, pelo menos não um de verdade. — Eleanor chorava de um jeito mais discreto.

—Vocês são minhas meninas, meu trunfo, eu as amo. Agora vou voltar para os braços de Diana, Moriarty só conseguiu nos juntar. Nicole, tome cuidado e esqueça sua sede de vingança. Agora todas as contas foram liquidadas! — Eu o abracei, nós três ajoelhadas confusas e tristes em perder o homem que nos criou.

Faster ficou acariciando minha mão até seu último suspirar, com meu coração apertado beijei sua testa, Els fechou seus olhos, Lola estava parada sem reação. A essa altura o salão estava quase vazio, agentes da nossa empresa perseguiram os agentes alemães até fora do lugar. Os pouco que restaram tentavam contatar ambulância, haviam outros feridos. De repente ouvimos um estrondo, mais alguns tiros. Senti mãos ásperas me arrancarem do abraço com o corpo morto de Faster. Um pano branco foi violentamente colocado na frente do meu nariz, eu tentei resistir. Minha última visão foram os nossos três rapazes longe correndo em nossa direção, o corpo de James foi perdendo o foco até tudo escurecer.

Quando acordei, senti um desconforto, estava em um metal frio, minha cabeça estava dolorida, tudo estava ainda mais confuso. Olhei para um lado e vi Eleanor encolhida em um canto. O corpo da Lola estava ainda adormecido do lado aposto.

—Onde estamos?— Perguntei em um fio de voz.

—Provavelmente, sobrevoando a Alemanha.

—O maldito jogo doentio não acabou? — Grunhi com raiva.

—Se eu estiver certa, infelizmente creio que estou, o jogo está começando agora.