In the flesh escrita por Mean, SheWolf, Paperback Writer


Capítulo 27
Relógio solar


Notas iniciais do capítulo

Ahoy!
Espero q gostem, amores!



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Nem mesmo Psicose me alegrou.

Keith deu típicas cochiladas durante o filme, provavelmente ainda cansado por causa do dia. Acordou a tempo de ver o final do filme, resmungando vez ou outra as falas. Ainda sentia meus olhos marejados pelos acontecimentos da parte da tarde, mas não era decepção, era culpa.

Era minha culpa termos aberto o cofre de Faster. Se eu tivesse ficado quieta, não teríamos brigado com ele. Mas eu consigo ficar em silêncio? Não. Esse é um dos meus maiores problemas. Se eu sei de algo, eu preciso mostrar que eu sei. Meu orgulho não costuma se pronunciar, mas quando resolve...

Encarava a tela de descanso de meu computador, várias bolhas de sabão batendo umas nas outras. Ainda conseguia ver os créditos do filme onde eu tinha parado, ainda tentava ter coragem para colocar outro filme, afinal, estava sem sono algum.

– Não está com sono? – Keith perguntou, de olhos vermelhos e voz arrastada. Neguei com a cabeça. – Bom, quer fazer o que, então? Eu tenho uns trabalhos sobre Skinhead em algum lugar da sala, se quiser me ajudar a corrigir...

– Aposto que a maioria está idêntica ao da Wikipédia... Então não, obrigada. – Sorri.

– Sinto falta da época em que ficávamos na biblioteca da escola, fazendo a tarefa de casa. – Ele sorriu, arqueando as costas para frente, e consequentemente me obrigando a fazer o mesmo, mexeu no mouse e começou a procurar algum outro filme. – Alguma sugestão?

– Você sair de cima de mim? – Disse, fazendo-o rir. – Ah, que imaginação fértil. Mas... Se não se incomodar, Iron Lady, sempre choro nesse filme.

– Seu amor pelo Partido Conservador* me incomoda. – O moreno sorriu, clicando no icon do filme.

Mais um motivo para eu poder chorar. Talvez ele nem perceba que tem algo a ver com Faster.

Me acomodei entre suas pernas, encostando minha costa em seu tórax. Passou os antebraços por minha cintura e os cruzou, numa tentativa de abraço.

Não se passaram dez minutos do filme e eu já comecei a chorar. E para minha infelicidade, os soluços foram bem presentes. Até mesmo Keith, que tem um sono consideravelmente pesado, acordou.

– Mas que diab... – Ele começou. – Ahn.. Tá tudo bem, Els?

– É o f-f-filme. – Justifiquei.

– É o caralho, eu sei que você a odeia. – Keith pausou o filme. – Então... É o Faster?

– É. – Ah, merda. – Mas deixa quieto...

– Hm... Não. – O moreno suspirou. – Então, vamos lá, o que diabos te angustia?

– Ah o F... – Parei quando Keith levou o dedo indicador os lábios, apontando a porta com o queixo.

Então é melhor você correr, ruiva. Por que eu sou rápido.”

E logo em seguida, sons de passos no chão.

Alguém teria a noite animada. E esse alguém não seria eu.

– Prossiga. – Ele disse.

– Poxa, Faster extrapolou, sabe? E isso foi minha culpa. Se eu não tivesse dito a senha...

– Pensando assim, então, a culpa é do Faster. Se ele não tivesse te tirado da cadeia, você jamais saberia a senha.

– Ah, Keith. Você entendeu. – Resmunguei, sentindo-o entrelaçar os braços e me dar um abraço. – Mas olha, foi minha culpa também dizer pra você ir para a Alemanha. Foi minha culpa não ter atirado no Moriarty quando eu pude...

Keith revirou os olhos, irritado.

– Você realmente acha que se eu te culpasse por causa daquilo, dormiria com você?

– Síndrome de Estocolmo. Não vamos esquecer da Audrey Garland.

– Cale a boca. Deveria parar de ler Edgar Allan Poe, sabe?

– Nunca. – Sorri, limpando as lágrimas com a costa da mão.

– Hm... Grease então?

Concordei, enquanto me curvava para colocar o filme.

Acabamos perdendo para o sono mais ou menos na metade do filme. Keith desligou o computador e o deixou no criado mudo, enquanto se ajeitava na cama, ao meu lado.

– Boa noite. – Ele disse, se virando.

– Boa noite. – Respondo.

E logo, o silêncio me cansa.

É nessa hora que trocamos juras de amor?

Não, essa é a hora que você dorme.

Acordei com o movimento ao lado da minha cama, Keith passava a mão nos cachos, despenteando-os mais do que já estavam.

– Que nervosismo é esse? Até parece que fomos numa festa, transamos e agora você descobriu que não usou camisinha.

– Ah, que gracinha. – Ele disse, se virando. – Nossos filhos vão ser transparentes.

– Ao menos, vão ter olhos claros. – Respondi, sentando na cama.

– E talvez, um nariz grande.

– Dês de que um se chame Adolf, por mim tudo bem.

– Sendo assim, o outro se chama Benito.

– Meu Deus, a que ponto chegamos! – Eu ri, abraçando suas costas enquanto ele ria.

– Els... A Nick... A gente tem que manter ela aqui de manhã, lembra?

– Ah, é... – Me levantei e fui correndo até o quarto dela, abrindo a porta e com felicidade percebendo que ainda estava dormindo.

– Que horas são? – Keith perguntou. – Quero ver se você ainda sabe ver as horas pela posição do sol.

– Meio dia... E... Quinze?

– Vinte. Tsk... Tsk... – Ele sorriu. – Quer chá?

Concordei com a cabeça, me sentando no sofá enquanto ouvia a água cair na chaleira.

A voz de James era linda, principalmente ecoando pelo salão da maneira que estava. Nick estava maravilhada, assim como todos nós. Jace sorria orgulhoso do seu “gostoso”, com Lola aninhada ao seu braço. Mas ela não sorria. Ah, o que diabos perturbava a ruiva?

Confesso, chorei durante a música. Eu não sou feita de ferro, sei reconhecer quando algo é fofo o suficiente para me arrancar tais lágrimas. Mas com todos prestando atenção na música, fui atrás de Lola, que embora estivesse com olhos mortos, continuava bela.

Ela me contou o que a angustiava. Lola sabe manter sua muralha intacta por um bom tempo, independentemente da situação. Mas bastou uma “traição” para desmoronar. Eu tinha raiva do Faster, não por nos ocultar o seu passado, bom, isso também, mas principalmente por fazer isso com minhas “irmãs”.

– Foi lindo, não? – Nick perguntou, com um sorriso nos olhos e nos lábios.

– Melhor impossível. – Eu disse.

– Até fez vocês chorarem... Meu Deus... – Ela riu.

– James é um cara de sorte. Mas... Você é ainda mais, sabe como é, com uma despedida de solteiro que euzinha vou fazer...

Nick riu, indo para o carro acompanhada de James. Eu fui atrás, com Lola, Keith e Jace.

– Ah, Els... Eu só não sei como vou fazer essa despedida de solteiro com esse ânimo... – Lola me sussurrou.

– Ah, Lola... Como diria a minha vó, tudo passa, até uva passa.

– Que merda, Eleanor.

Dei de ombros, rindo.

Mas minha vó, de certa forma, estava certa. Nick estava feliz, e como se fossemos trigêmeas siamesas dividindo o mesmo cérebro, estávamos felizes também, só não tínhamos reparado


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