In the flesh escrita por Mean, SheWolf, Paperback Writer


Capítulo 15
Waterloo


Notas iniciais do capítulo

Alô, Alô, aqui é a PW, queria dizer que adoro vocês leitores, o Keith, Abba e o Moriarty, porque Moriarty é minha diwa. Bjs.



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Eleanor’s POV:

Nick estava para receber alta do hospital. Lola saíra em uma missão. Eu e Faster cultivávamos o silêncio na sala de espera.

Não é que eu odeie o Faster ou algo assim, mas mesmo depois de tudo, eu ainda não me sinto à vontade com ele. Como nós dois tivéssemos segredos obscuros que não compartilharíamos com ninguém. Talvez ele realmente tenha. Francamente? Eu não duvidaria.

–Lola me disse sobre um papel que você recebeu... Escrito em código morse... – Ele começou. – Sabe, poderia ter me falado sobre isso, poderia ter lhe ajudado.

–É, poderia. – Cruzei os braços.

– Waters – Era estranho, o cara que me adotou me chamava pelo meu sobrenome. – Você não pode esconder o que faz de seu chefe barra pai.

–Ok, chefe. – O provoquei.

–Pare. Vamos, Waters. Deixe disso, eu também estou atrás do assassino da Vic.

–Não disse que não estava. – Vi o médico em vestimentas brancas vindo em nossa direção. – A senhorita Willians foi liberada?

O médico afirmou com a cabeça e disse que ela nos esperava na entrada. Seguimos até lá em silêncio. Nick estava bem pálida, mas fora isso, parecia bem. O cabelo loiro caindo em cascata pelos ombros e um sorriso cansado modelando os lábios.

Cansado ou falso?

Depois de Battersea, ainda confias em mim?

Ainda sorri quando me vê?

Faster deu-lhe um abraço e eu fiz o mesmo assim que ele a soltou.

Tudo certo? – Sussurrei.

Sim.

Olhei-a com a maior cara de “Sei que não, mas tudo bem.” e saímos em direção ao carro de Faster. Um Rolls Royce preto e incrivelmente assustador. Esse carro era constantemente ligado ao fato de ser também um carro funerário. Toda vez que entrava, me sentia a caminho do meu próprio funeral.

Faster deixou Nick em nosso apartamento e pedi para que ele me deixasse na Oxford Street, dizendo que queria visitar uma loja lá. Na verdade, a casa de Keith era pelas redondezas, acho que o visitar não mata.

Assim que desci do carro, andei umas duas ruas e virei para a esquerda. O prédio acinzentado continuava lá. Entrei e cumprimentei o porteiro, chamei o elevador e procurei o botão do 11º andar.

Assim que as portas abriram, corri para a janelinha que tinha no corredor. Ficava no alto, tinha que ficar na ponta dos pés para enxergá-la, mas quando conseguia ver toda a Oxford Street, ficava maravilhada. O big ben longe, marcando as horas, muito perto do belo Tâmisa. E pensar que foi por essas ruas que Victória caiu nos braços de Morfeu para toda a eternidade.

É tudo tão bonito, mas tão falso ao mesmo tempo.

–A senhorita está bem? – Uma velhinha perguntou, me fazendo virar até ela. Era toda magrela e corcunda, parecia que iria desmontar se respirasse mais forte.

–Ah, sim... Obrigada... Hm... Precisa de ajuda com essas compras? – Apontei para as três sacolas que ela carregava.

–Não! – Ela parecia ofendida. Eita porra... – Eu tenho braços fortes o suficiente para carregar míseros sacos de arroz! – A senhora caminhou até sua porta, sussurrando – E pensar que eu fui enfermeira na segunda guerra, não acredito que tem a cara de pau de achar que eu preciso de uma maldita ajuda!

Soltei um riso nasalado e toquei a campainha do apartamento 1106, e esperei. Nada. Encostei o ouvido na porta e ouvi a cafeteira funcionando, não é possível que aquela bicha louca não tenha escutado. Toquei de novo e finalmente ouvi a bendita chave sendo girada na fechadura.

A cara cansada de Keith apareceu na porta, olhos verdes cansados e cachos despenteados, vestia uma camiseta grande do Arsenal, embora eu jurasse que ele torcia para o Manchester United, vai saber.

–Te acordei? – Perguntei.

–Acordou. – Ele revirou os olhos.

–Posso ir embora.

–Nah, pode ficar. – O moreno abriu mais a porta, me deixando passar e segurando meu braço para que eu me virasse. – Aliás, eu tenho que te entregar uma coisa... Eu até te entregaria antes, mas não sei aonde é sua casa...

Ele me deu um rápido beijo e enquanto ele foi pro quarto, escrevi meu endereço em um papelzinho, para eventuais visitas...

Keith voltou para a sala com uma bolsa bege de couro, ri quando a vi.

–Meu Deus! – Exclamei – Isso ficou com você por quanto tempo?

–Hm... Dês do dia que eu fui te buscar na Baker Street. Eu ia te entregar, mas como disse, não sabia seu endereço, e vamos lá, eu pareço um travesti carregando isso. – Rimos

–Oh! Achei que você era um travesti! – Fiz uma cara de surpresa.

–Então você sente atração por travecos? – Ele riu e andou até a cozinha para pegar café.

–Quem disse que você me atraí? – Sorri assim que ele voltou, aproveitei e tomei um pouco do café.

–Hm... Não sei... – Sentamos no sofá enquanto a ironia rolava solta na sala. – Uma noite por ai... Duas pessoas desocupadas... Chuva...

Calado – Dei um tapa no seu ombro. – Você praticamente me sequestrou!

–Eu?! – Ele apontou para si mesmo segurando o riso – Dês de que eu me lembre, você concordou em vir até aqui! – Ele parou para rir. – E não fui eu que tirei minha roupa!

–Anuncie na rádio! – Começamos a rir.

Quando me dei conta, estava deitada em seu colo, ambos vermelhos e sem fôlego, com várias lágrimas nos rostos e vez ou outra ainda gargalhando.

–É nessas horas que eu sinto falta da Quarrybank High School. – Comentei, passando meu dedo pelo nariz comprido do homem.

–Eu também sinto falta do meu nariz reto.

–Shiu, você fica melhor assim. Também fica melhor vestido de Cherie Currie enquanto canta Cherry Bomb.– Lembrei-o de uma certa festa, o moreno torceu o nariz.

–Shiu... Eu tinha bebido. Sabe, eu dou aula no Quarrybank. Professores me lembram dessa festa. Professores!

Comecei a rir. O rapaz não ficava bem com o cabelo liso e pintado com um amarelo gema. Não vamos esquecer o fato de que ele não sabe rebolar; muito menos numa roupa apertada.

Uh, eu deveria ter gravado aquela festa.

Assim que paramos de rir, alcancei minha bolsa que estava aos pés do sofá e comecei a mexer lá. Primeiramente, só vi a faca, mas passando a mão pelo forro, senti algo retangular e fino. Puxei e vi um cartãozinho branco. Meu estômago despencou quando li “Moriarty & taxis”.

Ok, eu acabei por gritar quando li o nome.

–Els...? – Keith me encarava. Não respondi.

No verso do cartão tinha uma mensagem.

Ok, Moriarty. Seus enigmas estão me cansando.

Adivinhe, cara ave.

Sob mim a água corre. Dia após dia. Noite após noite.

A Inglaterra já foi vitoriosa sob minhas costas.

‘I couldn’t escape if I wanted to.’“

–Keith... – Chamei-o, ainda olhando para o papel.

–Diga? – Ele leu o que tinha no cartão. – Hm... Isso não é Abba? Sabe? Aquela banda do “Dancing queen, Young and sweet, only seventeen” – Cantou. – A sua música.

–É, a minha música há seis anos. – Mais uma festa humilhante. Acho que podemos pular essa parte.

–Ok... Então... Eles estão falando de Abba. Abba é sueco, né? – Dei de ombros. – Ok. Sob mim a água corre...

–É uma ponte. – Disse.

–É. Eu pensei em um barco.

–Ponte.

–Ok. Ponte. Hm... A Inglaterra já foi vitoriosa...

–O professor de história é você. Em qual ponte a Inglaterra ganhou uma batalha?

I couldn’t escape if I wanted to... Oooh... Argh! Eleanor! Eu já cantei isso pra você! Tenho certeza!

–Querido, você já tentou cantar até Menudos! – Peguei o papelzinho e continuei lendo.

Ok. É uma ponte. A Inglaterra já venceu algo nela... Keith, desista, você não canta bem.

–Waterloo! Eleanor! É a ponte de Waterloo! A música chama Waterloo! A Inglaterra venceu a França na ponte de Waterloo, na época que era império do Napoleão! Aahh Els! – Ele riu, aliviado, eu ri de nervosa. – Waterloo!

Depois de descobrimos, eu tinha que avisar Lola e Nick. Quando peguei o celular, milhares de mensagens da Nick pipocavam em minha tela.

Eleanor Johanna! Cadê você?” “Menina, aparece!” “EEEEEEELLLLLLSSSS” “PS. Estou bem.”

–Els... A Nick e a Lola que você fala... Eram aquelas gurias que apareciam no colégio as vezes? Uma ruiva mal encarada e uma loira com uma irmã mais nova...?

Vic.

–É... São... Keith... Eu tenho que ir. Ah Deus, muito, muito, muito obrigada! Você deve me odiar as vezes...

Sempre. – Ele riu. –Nah, você é muito mais agradável do que alunos que sabem do seu passado obscuro.

–Eu ainda vou ter aqueles vídeos. – Peguei minha bolsa.

–Temo que você realmente faça. – Ele abriu a porta.

–Nah, você sabe que eu vou. –Um beijo rápido e a porta fora fechada novamente. –Volto algum dia. – Sorri. O elevador já me esperava. Foi só descer e pedir um taxi.

–Para onde? – Ele perguntou.

Regent Street ou Waterloo Bridge?

Nick e Lola ou Moriarty?

Amigos ou inimigos?

Perguntas ou respostas?

–Regent Street, por favor.

Assim que cheguei no prédio azul, começava a garoar. O porteiro não estava lá, então apenas chamei o elevador, apertei meu andar e aguardei. Assim que dei de cara com a porta branca do nosso apartamento, entrei. Ninguém atendeu.

Ótimo, hoje é meu dia.

Toquei de novo. Lola atendeu.

Lola. Com. Os. Olhos. Vermelhos. E. Inchados.

–Lola... O que aconteceu?! – Eu a abracei, vendo Nick logo atrás. A loira apenas sussurrou “Jace”. – Eei! Vai ficar tudo bem!

Vai ficar tudo ótimo quando irmos para a ponte de Waterloo também. Só falando...

–Ele descobriu, Els! Não vai ficar tudo bem!

Descobriu o que, Senhor?

–Jace descobriu que a Lola é A Lola White, não a Srt Miriska.

–Ok. Eu ainda não entendi nada. Mas assim... Temos que ir para Waterloo. Isso é fato.

–Waterloo?

–Vic. Eu cof cof Keith cof cof descobri umas coisas.

–Ok. Depois vamos. – Nick se voltou para Lola, que estava encolhida no sofá.

Qual parte do “temos que ir” vossa mercê não entendeu?

Recebi um olhar feio de Nick. Acho que ela queria que eu consolasse a Lola. Bom, eu fiz isso.

–Lola, vamos lá! – Balancei seu ombro. – Você é uma assassina, ele é um assassino, vocês seriam perfeitos! O único problema é que... Vocês tinham que se matar... – Sussurrei a última parte. – Mas... Lola... Ele poderia estar tentando te matar. Ninguém garante. Sério. Você já superou tantos términos... Esse não vai ser diferente.

–O problema, Eleanor, é que aquilo não era paixão, era amor.

Você já amou, Waters?

–Lola... – Precisamos ir para a merda da Waterloo Bridge – Por favor...

–Não se deixe abalar por ele. – Nick disse.

Obrigada, Nick!

– M-mas... – A ruiva gaguejou.

–Mas o caramba! Lola, o Jace não é o único homem do mundo, sabia?

Relutante, Lola levantou do sofá, enxugou as lágrimas e afirmou a cabeça.

–Ok. Agora, Els, pode nos levar até a Waterloo Bridge.

–Levar quem, cara pálida? – Eu ri.

–Você tem um carro...

–Tinha. Descobri que as coisas são mais legais desmontadas. – As duas reviraram os olhos e sorriram.

Lola demorou um pouco para retocar a maquiagem, mas assim que ficou pronta, descemos e procuramos um táxi. O que levou, no mínimo 10 minutos.

Explicamos ao motorista (Praticamente surdo, diga-se de passagem) que queríamos ir para Waterloo e não para Abbey Road Studios, ele nos levou. Francamente, achei o taxi um pouco caro. Mas quem somos nós para reclamar em vista da qualidade de vida que nossa amada rainha proporciona? (N.A: A autora desse capítulo adora a rainha. Ok? Ok.)

Assim que chegamos, cada uma correu para um canto a procura de qualquer coisa estranha. Eis que eu vejo o Moriarty.

Ele realmente me cansa.

–Olhe quem temos aqui! – Exclamou o moreno – A dancing Queen mais adorável do mundo.

Franzi o cenho. O homem logo explicou:

Dancing Queen é do Abba. Waterloo também. Você descobriu o enigma. Parabéns.

Seu riso frouxo no final da frase foi algo que me irritou a certo ponto que tateei os bolsos da minha calça. Exato. Eu não trouxe nenhuma arma. Realmente estou ficando desprevenida. Acho que vou começar a culpar o Keith por isso.

–Lola! Nick! – Gritei. Pude ver as duas correndo até mim. Nick levava um revólver nas mãos.

Obrigada, Jeová.

–Ei, ei, ei... –Moriarty deu um passo para trás. – Sem violência!

–Sem violência o caramba! – Nick gritou com raiva. –Vamos, o que você tem para dizer?!

–Hm... Vocês demoraram. Dei uma pista para a corujinha. Acho que ela inda não sacou. – Mais um riso frouxo. – Uh... Desculpem, vocês deveriam ter chegado no dia em que foram atrás de uns supostos assassinos da Willians jovem, mas acho que não foram tão rápidas.

Não. Você não foi rápida, Waters.

–Nah, - Ele continuou. – Vocês me entediam as vezes, sabiam? Tão... Sem reação... Enfim. Aproveitem o resto de tarde.

Moriarty simplesmente foi andando como se aquilo fosse totalmente normal. Novamente, senti gostas de chuva caindo por minha costa. O rosto de Nick estava vermelho. Lola estava logo atrás. E lá estávamos nós três, observando um homem incrivelmente insuportável, mas belo, indo embora.

Um disparo. Poderia ter acertado seu pé. Mas a mira de Nick era precisa demais para erar. Era apenas para chamar sua atenção.

–Ah Nicole... Diga, o que quer? – Ele voltou para nós. Os olhos sempre inexpressivos.

–Minha irmã.

–Você quer um corpo em decomposição? O quer por que? Só porque aquilo tem valor ara você? Ela está apodrecendo. Não é a mesma, ela não vai conversar com você, não vai interagir. Fim de linha, Nicole. Espero que tenha se despedido dela.

Lola tinha mais lágrimas nos olhos. Eu também tinha. Provavelmente Nick também.

–Ah, só mais uma coisa, Willians – O moreno disse – Eu não trouxe vocês aqui sem motivo. Waterloo não tem só aquelas histórias que se aprendem na escola. Elas tem um significado para vocês. Esse foi o último lugar que Vic visitou com vida. As duas trouxeram-na aqui. – Ele apontou para Lola e eu. – Boa sorte. Que a memória das duas funcione. Ah, não perca suas balas comigo. Eu sou o elo perdido, se lembra? Sou quem garante a liberdade, não é mesmo, Waters? E meus assuntos não estão acabados com você, Willians. Se cuide, White. Tenho piedade suficiente para poupar quem está de coração partido.

Dessa vez ele não olhou para trás.

–-

Minhas pesquisas não estavam realmente concluídas. Não achei nada que eu não soubesse sobre a Vic. Moriarty e Brianna não me deram respostas.

Nick e Lola estavam na minha sala, estávamos sentadas em torno da mesa e tomávamos chá. Lá fora tinha uma grande tempestade se formando.

–Eu... Eu realmente não sei o que aconteceu na ponte de Waterloo. Não me lembro. – Disse.

–Lembro-me de passearmos. – Lola disse. Sim, ela estava superando o termino com o Jace. Pelo menos era o que parecia. – Passamos por lojas que vendiam LP’s. Você e ela ficaram vidradas em um... Não me lembro qual. – A ruiva riu.

–A quick one. Do The Who. – Rimos novamente. – Isso eu lembro.

–Nós passamos pela Oxford Street. – Lola contou. Senti meu estômago bancar o elevador ao lembrar que o apartamento de uma certa criatura era perto dessa rua. Vou culpá-lo por isso também. – Vimos alguns instrumentos. Sempre fazíamos isso.

Nick apenas escutava. Era uma boa ouvinte, amava isso nela.

–É. Tomamos um café e fomos para o apartamento novamente. – Completei.

–Mas não passamos por Waterloo.

Senti meu estômago cair novamente. Nada relacionado ao Keith. Lembrei subitamente de que passamos por Waterloo sim. Merda.

–Passamos por Waterloo. – Disse. – Sentamos na beira da ponte e imaginamos como seria se pulássemos e nadássemos para fora de Londres. Como nos sentiríamos livres. Ela disse que sentiria frio. Nós rimos. Se lembra?

Lola franziu o cenho, mas logo arregalou os olhos.

–Lembro! Ah Deus! Mas... o que isso tem a ver com... Com tudo?

–Quer saber? – Nick se pronunciou. – O Moriarty já disse. É uma pista perdida. Estamos num jogo de merda criado por ele ou por sei lá quem. Se os dados caírem no número certo, ponto para nós. Se cair no errado, pode custar as nossas vidas. Esqueçam Waterloo. São apenas lembranças.

Esqueçam Waterloo. São apenas lembranças. Nosso problema agora é direto com o Moriarty.


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Notas finais do capítulo

Hey! Gostaram? Sim? Não? Algo precisa melhorar? Só dizer! :3



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