Lembranças escrita por Kyle


Capítulo 1
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Minha primeira fic sobre esse casal.Espero que gostem.



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Silêncio.Nada ao redor.Nem luz ,nem escuridão.Somente um cinzento e profundo vazio.Sua prisão.Sua punição.Isolamento total.De qualquer contato com o exterior.Mas eles se esqueceram.Esqueceram de levar com eles as lembranças.E através delas ele podia alcançar o mundo lá fora muitas vezes se quisesse.Mas ele não queria mais alcançar o lá fora.Porque doía.E ele já suportara a dor tempo demais.E estava cansado.

Quanto tempo se passou?Ele era absolutamente incapaz de dizer.Talvez milênios,quem sabe apenas alguns séculos.Tudo era tão absolutamente igual que era quase como se o tempo não passasse.Quase.Havia apenas uma coisa que marcava alguma diferença naquele lugar solitário.Seus sentimentos.Eles mudavam lentamente dentro dele,como insetos apodrecendo em teias de aranhas.Tornando-se apenas carcaças.Vazios.Desde que fora encerrado ali ele vira seu ódio e seu ressentimento se apagarem lentamente.Não Fazia mais sentindo odiá-los.Odin,Laufey,Sif,Asgard,Jotunein,Middgard, tudo isso era tão desprezível.Ser rei?De Asgard?Pfff.Ele era um Jothun ninguém jamais permitiria.De Jothunein então??? Oh claro sendo somente o assassino do antigo soberano.Aquele povo com certeza o receberia muito bem.Middgard então?Não esse mundo não valia à pena.Ele não queria mais ser rei.Na verdade nunca quisera o trono em si.Almejara o respeito isso sim,e muito.

Quisera desesperadamente ser digno.Aquele dia perdido nas curvas de sua memória,onde seu pseudoirmão fora eleito para tomar o trono. não fora o simples fato dele ser o eleito o que o magoara.Fora a forma como fora feito.Como se ele não fosse uma opção sequer hipotética.Porque não era nem de longe digno.Um maldito mago jamais seria digno de coisa nenhuma.Frágil demais,fosse entre asgardianos fosse entre jothuns.Ele não passava de uma aberração meramente tolerada.Afinal como o destino podia ser mais irônico com alguém?O filho renegado de Laufey que foi criado como príncipe de Asgard,o jothun que dominava o fogo, o guerreiro que era melhor em magia que em combate.Ele era em si mesmo uma contradição tão grande que não podia culpar ninguém por não respeitá-lo.Não mais.

Sabia que sempre fora genial.Portador de uma mente tão brilhante que beirava a insanidade.Mas ainda assim era uma mente racional e inigualável.Até descobrir que jamais alcançaria seu objetivo de ser digno o suficiente para livrar-se das sombras daqueles ao seu redor .Isso destruiu as emoções que sustentavam sua visão mais racional.E a loucura o tornara cego para às falhas de seus planos.Mas ali naquele lugar isolado cansara-se da loucura também e via com exatidão cada falha em seus planos de dominação.Tanto que dificilmente poderia ser impedido se tentasse novamente.Mas ele simplesmente não tentaria.Não desejava tentar.

Estava tão desesperadamente cansado.Não ferido,não irritado.Exausto.E assim sendo deixara de lutar.De buscar razões para seguir vivo e foi assim que pouco ele passou a registrar o tempo com o desaparecimento gradual dessas emoções.E depois parara de lutar para reprimir um sentimento,tão antigo que ele já não podia dizer quando surgira.Seu amor por Thor.Não o elo fraternal que se supunha que ele deveria ter pelo outro.Não.Um amor e um desejo que eram tão carnais e sublimes ao mesmo tempo que poderiam subitamente enlouquecer qualquer outro.Mas Loki era feito de contradições,ele enlouquecera muito mais sutilmente que qualquer outro e esse sentimento fora empurrado com tanta força para dentro de si que por um tempo não pudera ser totalmente consciente dele.E sua sanidade se manteve perigosamente equilibrada em outras emoções.Até que elas se estilhaçaram e toda sua racionalidade com elas.E agora quando ela volta à tona trazia consigo esse amor que não podia mais ser ignorado.

Esse sentimento que o consumia lentamente,como uma chama acesa determina a arder até que ele se tornasse um monte de cinzas.Algumas vezes ele acreditava que ser por alguma razão pudesse ver seu coração enxergaria um T gravado nele.Como uma marca feita com ferro quente bem ali no centro de seu peito gelado.Sua mente parecia encontrar um prazer doentio em rememorar cada momento,cada toque,cada mísero detalhe da convivência dos dois.Eram essas lembranças que doíam.Que o faziam desejar não poder alcançar mais o mundo lá fora através delas.

Aqueles malditos olhos azuis,profundos e misteriosos como abismos povoavam seus sonhos inquietos.E cada vez que despertava ele não conseguia parar de se perguntar se o loiro lembrava dele.Se ao menos por algum momento,por menor que fosse, sua existência importava ao outro.Por vezes descartava a idéia sem querer abrigar esperanças inúteis.Por vezes se permitia pensar que o outro sentia sua falta.E em alguns instantes de maior descontrole ousava imaginar-se correspondido.

Ele não conseguia dizer quando esse amor nascera,mas parecia que sempre estivera ali.Escondido e crescendo dentro de si,influenciando suas decisões ,marcando seus passos sem que ele ao menos se desse conta.Descobrira que jamais o quisera morto,apenas desejava destruir esse sentimento silencioso que o devorava silenciosamente por dentro.E agora mais do que nunca queria que aquele sentimento acabasse,mas sabia,simplesmente sabia, que ele não terminaria.Fazia parte de seu espírito e enquanto ele existisse esse amor também resistira.

Quando tudo que esse sentimento trazia se tornava insuportável ele se rendia.E permitia que lagrimas alcançassem seus olhos e corressem livres por seu rosto.Lágrimas amargas e doloridas.Seu choro era silencioso,nenhuma exclamação, nenhum grito.Apenas as lágrimas umedecendo seu pescoço,suas roupas.E com elas uma parte de si perguntava ao nada : ’Quando vou ver você de novo?’,porque essa pequena parte se negava a acreditar que jamais o veria outra vez.Mas ele em um momento ou outro sempre conseguia silenciá-la,e era quando normalmente as lágrimas terminavam.Deixando um rastro de dor e resignação para trás.

Algumas vezes ele pensava que não tinha dito adeus a Thor.Não tivera a chance.O loiro estivera em seu julgamento e passara todo tempo o encarando com seus olhos azuis cheios de dor e decepção.Mas naquele momento sua boca estava presa com aquela maldita mordaça.E desde que os guardas o retiraram do palácio para que recebesse sua punição ele não o vira novamente e jamais dissera nada.E sabia exatamente o que diria a ele se tivesse tido a oportunidade.Cerrando os olhos ele sussurrou como se suas palavras tivessem poder de cruzar o universo até ele: “Eu ainda te amo para sempre”.

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O deus do trovão encarava o céu chuvoso de Asgard deitado em uma colina sem se importar com a água fria sobre si.Aquele era um lugar muito especial para si.Era ali que ele e Loki costumavam se encontrar quando ainda eram meninos que adoravam estar juntos e jamais se separavam por muito tempo.Ali aos pés de uma árvore que parecia fitá-lo ele se escondia de tudo e todos tentando alcançar aquele tempo onde as coisas eram simples.Fechou os olhos por um momento permitindo-se mergulhar numa lembrança em especial

“Os dois deuses meninos estavam deitados lado a lado na colina olhando o céu noturno até que o loiro quebra o silêncio:

–Loki?-chamou fazendo o menor se voltar a ele.

–O que é?-o outro perguntou o encarando com seus grandes olhos verdes.

–Você acha que é possível amar uma pessoa pra sempre?-perguntou Thor hesitante.

–Depende.-respondeu o moreno sério.

–De que?-quis saber o loiro.

–Primeiro de quanto tempo dura esse pra sempre.Até o Ragnarok?-perguntou Loki.

–Pra sempre é pra sempre Loki.Isso quer dizer até o Ragnarok e mais além.-disse Thor encarando atentamente a expressão do irmão menor.

–Sim.Eu acho que sempre vou amar nosso pais.-informou o pequeno.

–E eu?Você não me ama?-perguntou um tanto ofendido por não ser incluído entre os seres queridos de Loki.

–Talvez.-disse o moreno com sorriso torto.

–Talvez?-perguntou o loiro incrédulo.

–Está bem Thor.Eu te amo.-cedeu o pequeno.

–Até quando?-questionou o loiro com um sorriso tímido.

–Acho que pra sempre.-disse Loki ganhando um sorriso gigantesco como resposta.”

De volta ao presente o deus suspirou pesadamente.Sentia tanta falta do outro que não conseguia mais deixar de passar as noites ali perdido em todas aquelas lembranças.Tentando entender o outro.Tentando descobrir onde e quando havia falhado tanto com seu Loki.Escondeu o rosto entre as mãos e sentiu a chuva piorando,se tornando uma tempestade.Gostaria de ter dito tantas coisas a ele e não tivera a oportunidade.Gostaria ter gritado ao outro seu segredo antes que fosse tarde.

Talvez se houvesse confessado ao seu irmão o quanto o amava e necessitava dele ao seu lado,não como irmão caçula mas como seu companheiro teria evitado muitos problemas.Não sabia se o deus das trapaças poderia corresponder seus sentimentos tão pouco fraternais mas com certeza usaria isso ao invés de tentar destruir um planeta.E assim mesmo que mentisse,e usasse esse amor insano que Thor carregava desde a adolescência estaria ali.Em Asgard ,em segurança.E principalmente ao seu lado.

Sentiu um gosto salgado atingir sua língua e se deu conta que chorava silenciosamente.Suspirou e limpou o rosto.Chorar não adiantava nada.Tinha que ser forte e esperar um pouco mais.Assim que os ânimos estivesse mais calmos em seu reino ele fugiria.Iria até Loki e o tiraria daquela prisão de nada.E confessaria seus sentimentos a ele.Sem se importar se o outro iria zombar dele.Simplesmente não aguentaria segurar todo esse sentimento dentro de si por muito mais tempo.Mas a questão é que não sabia quanto mais ainda teria que esperar.”Quando vou ver você de novo?” se perguntava todas as noites.

Olhou para o céu chuvoso como se seu olhar pudesse atravessar a barreira de nuvens,as estrelas e alcançar Loki.Seu Loki.O deus das travessuras que tornava sua vida divertida.Que fazia com que ela valesse a pena.Tudo era tão cinzento e sem graça sem ele.Tentara por muitas vezes esquecer esse amor que por tanto tempo pensara proibido.Saltava de cama em cama buscando alguém capaz de substituí-lo.Pensou ter conseguido com Jane Foster até se dar conta que a única coisa nela que o fazia querer ficar a seu lado era o brilho em seus olhos.Aquela luz sutil que prometia uma travessura a qualquer instante.A luz que ele amava tanto,nos olhos errados.Não podia seguir se enganando e enganando a ela.Decidiu enfrentar de vez aquela verdade:amava Loki.Para sempre.Ele somente ele e mais ninguém.

Por vezes se perguntava se o moreno pensava nele.Se lembrava que um dia tinha amado Thor.Ainda que fraternalmente.Se lembraria de como eles eram antes.De porque se amavam.Naquela noite o deus do trovão decidiu que faria com que o moreno se lembrasse.A qualquer custo.E sussurrou desejando que de alguma forma suas palavras alcançassem o seu amor: “Eu te amo Loki.Até o Ragnarok.E mais além.”

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Você não se lembra

Quando vou ver você de novo?

Você partiu sem um adeus, nem uma única palavra foi dita

Nenhum beijo final para selar qualquer pecado

Eu não tinha ideia do estado em que estávamos

Eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado

E um olhar errante, e um peso na minha mente

Mas você não se lembra, você não se lembra?

A razão pela qual você me amou antes

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

Quando foi a última vez que você pensou em mim?

Ou você me apagou completamente de suas memórias?

Porque muitas vezes eu penso onde eu errei

E quanto mais eu penso, menos eu sei

Mas eu sei que tenho um coração inconstante e inseguro

E um olhar errante, e um peso na minha mente

Mas você não se lembra, você não se lembra?

A razão pela qual você me amou antes

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

Eu te dei o espaço para que você pudesse respirar

Eu mantive minha distância, assim você iria ser livre

Eu espero que você encontre a peça perdida

Para trazê-lo de volta para mim

Por que você não se lembra, não se lembra?

A razão pela qual você me amou antes

Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez

Quando vou ver você de novo?


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Notas finais do capítulo

Tradução da música Don´t you remeber.Adele